quarta-feira, 28 de abril de 2010

COMO ENTENDER O CHAMADO (8)

CONTINUAÇÃO DAS TENTATIVAS DE ENTENDER AS PALAVRAS DE JESUS

‘... ide, antes, às ovelhas perdidas’ (os que chegaram ensinem o ‘caminho’ aos que ainda não chegaram e, por isso, estão perdidos, pois não conhecem a verdade)...


‘Por onde andardes anunciai o reino de Deus’ (ensinai como chegar lá, coisa que, parece, as igrejas não fazem),

‘Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios... ’ (aquele que chegou ‘lá’ está convencido, pois conheceu a verdade e tudo, então, lhe é possível fazer; o ‘campo das infinitas possibilidades’, citado por Maharish Maharesh Yogi).

‘Recebestes de graça, de graça dai.’ (‘não é por vossas obras, mas pela graça de Deus que sois salvos’; assim, aquele que conheceu a verdade ensine como se chegar a ela, como Jesus e outros sempre ensinaram; infelizmente, as religiões organizadas não deram ênfase a esses ensinamentos, que são os mais importantes, dos quais, assim, muitos foram esquecidos).

‘O operário seja digno do seu salário... ’ (‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’; se você busca com perseverança, seriamente e sem preconceitos, será digno do percebimento que terá).

‘Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes’ (usai vosso raciocínio e inteligência), ‘mas simples como as pombas... ’ (isto é, nada receeis; sede humildes e confiantes; afinal, toda escolha vem de Deus; embora não compreendamos, tudo é obra de Deus, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’).

‘Sereis, por minha causa, levados aos tribunais e diante de reis e governadores. Dai testemunho a eles. Não vos preocupeis com o que haveis de falar: ser-vos-á inspirado... ’ (‘o Senhor opera em nós o pensar, o querer e o fazer’; não temos a paternidade nem de nossos pensamentos; então, por que nos preocuparmos? Não adianta ‘espernear’; a escolha não é nossa, conforme as palavras de Jesus e a filosofia da física quântica).

‘Sereis odiados’ (hostilizados, incompreendidos, considerados loucos, tolos) ‘por causa de meu nome..., mas aquele que perseverar até o fim será salvo... ’ (‘batei, pedi, buscai... ’, isto é, teime, persevere, mesmo que os demais não o compreendam. Como disse o sábio: ‘Não seremos compreendidos nem pelos que mais nos amam, porque eles, abençoados sejam, estão dormindo e julgam que quem está despertando está ficando louco’; e Paulo: ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’; e, ainda, Jesus: ‘Que te importa a ti! Segue-me tu’).

‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma..., temei, antes, aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena... ’ (de novo, como não escolhemos, tudo pode nos suceder. Tudo é incerto e, portanto, imprevisível. Talvez, por isso, Krishnamurti tenha recomendado indiferença e uma boa dose de humor, frente aos eventos da vida. Temamos, sim, a ignorância, isto é, o não-percebimento, que pode nos ‘precipitar’ na ‘escuridão de um estábulo’, no dizer de Boheme, na geena (sofrimento), pois ainda estaremos sem compreensão das coisas do mundo. Mantenhamos a mente aberta, sem preconceitos e sem receios tolos. Busquemos o auto-conhecimento, que a meditação pode nos dar. Não esqueçamos as palavras de Paulo: ‘estudai de tudo e guardai o que for bom... ’).

‘Nada sucede sem a vontade do Pai... ’ (a escolha não é nossa, logo nem a decisão).

‘(a Pilatos:) Nenhum poder teríeis se do alto não vos fosse dado’ (idem).

‘Quem der testemunho de mim diante dos homens, também dele eu darei testemunho diante do Pai... Aquele, porém, que me negar diante dos homens, eu o negarei diante do Pai.’ (dar testemunho, isto é, divulgar e seguir o que ele ensinou; aquele que não fizer isso será, com certeza, porque não teve o percebimento, não compreendeu, e a ‘negação frente ao Pai’ são os muitos pesares que, inevitavelmente, ainda o acometerão, porque ainda não compreendeu).

‘Quem não toma sua cruz e me segue, não é digno de mim... ’ (quem não compreende que não há escolha, e que, por isso, tudo é imprevisível, não se livrará dos pesares, dos medos e conflitos. Somente quem busca (isto é, quem toma sua cruz, o trabalho de buscar) é digno da libertação que a busca pode trazer; ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’).

‘Aquele que tentar salvar sua vida, perdê-la-á... ’ (vida, isto é, prestígio, riquezas, poder, tudo aquilo pelo que os homens, em geral, pensam que vale a pena viver; tudo isso são distrações, perturbando a meditação e o conseqüente percebimento, sobretudo se houver apego; tudo isso nos faz perder o percebimento, que constitui a verdadeira vida).

‘O reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam... ’ (aqueles que destroem o estabelecido, o convencionalismo e o condicionamento; os que não se amarram nem ao passado, nem ao futuro, isto é, não se prendem às lembranças nem às expectativas; isso não deixa de ser violência contra a cultura e os costumes, mas é atenção ao presente, ao aqui-agora).

‘Vinde a mim todos vós que estais aflitos e eu vos aliviarei. ’(os que chegam lá são aliviados. Jesus deve ter dito: ‘ide ao Eu’, isto é, penetrai no mais profundo de vós mesmos e encontrareis alívio, pois é ali onde está Deus e ali, no dizer de Buda, está ‘a cessação de todo o sofrimento’. Teresa de Ávila, às noviças: ‘não entrareis no reino dos céus se não entrardes primeiramente em vós mesmas, pois é dentro de cada uma de nós que Deus está’).

‘Em minha doutrina e procedendo como eu procedo, eu que sou manso e humilde de coração, achareis repouso para vossas almas... ’ (seguir seus preceitos, exemplificados por sua conduta (prática), torna possível a percepção da divindade em nós, fato que elimina todo o sofrimento, trazendo repouso para nossas almas).

‘A boca fala do que lhe transborda o coração...’ (sem dúvida, se estamos convencidos de que a felicidade está ‘ali’, em nosso íntimo, não nos calaremos, como Jesus, João Batista, Buda, Krishnamurti, Giordano Bruno e outros, que enfrentaram a morte por não se calarem, na tentativa de abrir os olhos dos demais para essas verdades).

‘A terra semeada, que produz cem por um, é aquele que ouve minha palavra e a cumpre...’ (aquele que chegou ‘lá’ de nada mais necessita e sua ação é sempre produtiva).

‘O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem semeia em seu campo...’ (uma minúscula semente; o trabalho, aparentemente, inglório, tolo, sem gozos, se comparado às atrações do mundo, à porta larga), ‘mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças...’ (o reino quando alcançado é cheio de bem-aventurança, e não se compara aos atrativos do mundo, que se apresentam, à visão humana, como coisas mais vantajosas).

‘Vai, vende tudo o que tens e terás um tesouro no céu. Depois segue-me...’ (isto é, desfaze-te de todas as coisas que te distraem, que te prendem, das quais necessitas e, por isso, dependes delas; depois, com atenção, aprofunda-te no ‘eu’; estarás livre para a meditação e poderás encontrar aquilo que Jesus e os místicos encontraram: o tesouro da verdade que liberta).

‘As raposas têm suas tocas, e as aves têm os seus ninhos, mas (quem me segue) não tem onde repousar a cabeça... ’ (pelo desapego de todas as coisas, pela incompreensão dos demais, que ainda estão adormecidos e julgam que quem está despertando é tolo, insano e, por isso, o hostilizam, na tentativa de levá-lo de volta à vida comum; portanto, teime, bata, peça...; ‘que te importa a ti, segue-me tu’).

‘Segue-me e deixe que os mortos enterrem seus mortos... ’ (dedica-te ao mais importante, isto é, à busca da verdade, do auto-conhecimento; já estás despertando, abrindo os olhos, começando a viver; por isso deixa que os que ainda dormem, que estão mortos para a verdade, continuem seu sono e não sejam obstáculo em teu caminho nessa busca).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

COMO ENTENDER O CHAMADO (7)

COMO ENTENDER O CHAMADO

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus...

ATENÇÃO: Embora o escrito aqui seja longo, compõe-se de textos curtos que podem ser lidos um por um, aos poucos, sem perder muito tempo.
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"Se não perdoardes aos homens suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará... ’ (quando tiveres amor e compreensão suficientes para perdoar as ofensas dos outros, talvez seja sinal de que estás próximo da percepção do Pai; aí, verás que nada há a ser perdoado a ninguém; não escolhemos os erros nem os acertos; toda escolha vem de Deus; talvez, ignorantes por não termos chegado ainda lá, julguemos que não somos perdoados, pelo Pai, pelos erros que praticamos e que, por isso, ainda somos castigados, pois, para nós, ainda haverá sofrimento, sinal de que estamos distantes daquela percepção, distantes da compreensão).


‘Não ajunteis para vós tesouros na terra...’ (trarão mais apego e tornarão mais difícil a busca, pois isso traz preocupação, desatenção, medo que são obstáculos à meditação). ‘Ajuntai tesouros nos céus... ’ (isto é, buscai a Deus cuja percepção é o maior tesouro que se pode encontrar, inimaginável e incomparável, tanto que quem o deseja até ‘abandona pai e mãe’, ou ‘vende tudo o que tem para comprar aquele campo’).

‘O olho é a luz do corpo; se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado; se teu olho estiver em mau estado, todo teu corpo estará em trevas; se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser tuas trevas...’ (o olho, o canal mais importante e perfeito de comunicação com o exterior, que nos proporciona a percepção do mundo e sua interpretação pela mente; se esse canal é são, isto é, se já proporciona a interpretação correta, será porque tivemos a percepção do divino; então conhecerás que tu mesmo és muito mais do que aparentas ser porque já superastes os condicionamentos; para isso, autoconhecimento, que só pode vir com a meditação...; se teu olho é são, isto é, se já vês sem obstáculos (se já interpretas corretamente) é que tens aquela percepção, estás iluminado; se teu olho está em mau estado, isto é, se ainda interpretas erradamente, é sinal de que estás ainda condicionado pelas crenças, religiões, cultura, ilusões, suposições, isto é, estás ainda distante da percepção de Deus e, para ti, ainda haverá trevas, sofrimentos e conflitos).

‘Ninguém pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e às riquezas... ’ (dinheiro, poder, glória, fama, tudo que o dinheiro, o poder ou outra qualquer coisa pode comprar, o que faz aumentar o orgulho ou a vaidade de ter mais, que, como vimos, são obstáculos à meditação).

‘Não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, como vos vestireis...’ (nada escolhemos e o Pai é o supridor, o suprimento e o suprido; a preocupação não nos deixa viver no presente eterno; faz-nos viver com as lembranças das coisas que não fizemos ou que fizemos no passado e, com a imaginação naquilo que temos a fazer no futuro, no vir a ser; assim, sempre lembrando ou esperando, nunca estamos no Agora (que é o único tempo que existe), fato que mostra que não estamos atentos ao presente; a atenção impede a dissipação de energia necessária para o despertar, energia que se perde com as operações mentais).

‘Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo o mais vos virá por acréscimo... ’ (este é o mais importante trabalho que o ser humano tem de fazer, senão porque deveria, esse estado de bemaventurança, o reino, ser buscado em ‘primeiro lugar’, ser a primeira coisa a ser procurada? Com o percebimento do divino, estaremos completos; à luz dessa percepção cessam todos os conflitos, ignorância, dores e necessidades; e, conforme Jesus, é o que deve ser feito em primeiro lugar, antes de qualquer outra coisa, pois essa condição, o reino, é maior que qualquer outra posse ou bem. Encontrado o reino compreenderemos a afirmação de Jesus quando disse: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, porque isso é a nossa libertação de toda a ignorância e de todo o sofrimento).

‘Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã... a cada dia basta seu cuidado... ’ (as experiências do dia-a-dia trazem amadurecimento; por isso, sempre atenção ao presente, particularmente às nossas reações internas, psicológicas, decorrentes da percepção dos eventos externos, do mundo. Não nos preocupemos com os dias futuros, nem com os dias passados, pois isso nos afasta da única coisa real, o Agora... Atenção, apenas, ao presente sem fim, que é a própria eternidade; e, além disso, não nos esqueçamos de que não escolhemos, não decidimos nada em nossa vida, embora nos pareça que escolhemos e que decidimos).

‘Não julgueis..., não olheis o argueiro no olho de vosso irmão...’ (nem sabemos o tamanho da trave que está em nossos olhos; nada escolhemos; o argueiro no olho do irmão (o erro, o defeito, o vicio) não foi culpa dele, portanto; quando não nos preocupamos com julgamentos etc, não estamos dissipando energia que é necessária para o ‘satori’...).

‘Não lanceis aos cães as coisas santas...’ (para muitos, o momento de se interessar pela auto-realização ainda não chegou; como no budismo Zen: ‘se você tem alimentos (conhecimentos) sobrando, deixe a porta aberta e os alimentos à vista; aquele que desejar, entre e se sirva’; não force ninguém. No entanto, Jesus ensinou que se deve colocar a luz, não sob o alqueire, mas sobre o velador, para que ilumine a todos. Mas, disse também: ‘Não atireis perolas aos porcos que eles as destruirão com as patadas’, isto é, nunca tente impor sua verdade).

‘Pedi, buscai, batei...’ (isto é, seja perseverante na tentativa de ir além; tente e tente a meditação).

‘Quem dentre vós dará uma pedra ou uma serpente se vosso filho vos pedir pão ou peixe? Se vós, que sois maus (que ainda não percebestes), sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem...’ (novamente, pedi, buscai, batei, isto é, perseverai... pois as coisas que o Pai tem para nos dar são inimagináveis; como Paulo falou: ‘vi e ouvi coisas inefáveis’).

‘Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os Profetas... ’ (isto é, isto resume os ensinamentos do velho testamento para uma vida melhor no espaço-tempo; agora, Jesus trouxe novas lições, não só para uma vida melhor, mas para a calma da mente e a preparação para a percepção da verdade; remorsos ou culpas são obstáculos à meditação, pois perturbam a atenção...).

‘Entrai pela porta estreita, pelo caminho apertado... ’ (a porta larga e fácil é a já conhecida, a vida comum; a estreita é a da busca, a desconhecida, incompreendida por muitos, e pode levar a Deus; é estreita só na aparência... e, aparências não são a verdade. Segundo os sábios, ‘o mundo aceita e segue o caminho tradicional’, a porta larga e fácil, imitando e repetindo os mesmos erros, sempre e sempre e, por isso, sofre... )

‘Pelos frutos os conhecereis...; uma árvore boa não pode dar maus frutos... ’ (pelos frutos conhecereis os que estão próximos ou que já chegaram ‘lá’; a estes, o estarem ‘lá’ lhes despertou discernimento e compaixão; só agirão corretamente, só darão bons frutos, pois tiveram o percebimento).

‘Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo... ’ (‘não dão bons frutos’ porque ainda errarão, pois não conheceram a verdade; os que ainda não chegaram ‘muitos pesares ainda terão’, como diz o poema Zen; mas não como castigo, e sim porque permanecem na escuridão, sem compreender e, assim, continuarão no ‘fogo’ do sofrimento).

‘Nem todo aquele que diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai...’ (essa vontade é a vontade daquele que ensinou: ‘Buscai em primeiro lugar o reino de Deus... ’ Este versículo é importantíssimo, pois mostra claramente o que deve ser procurado em primeiro lugar na vida de qualquer um; não as riquezas, o amor, o poder, a paz, ou a felicidade, mas o reino dos céus que, quando encontrado, supre todas as necessidades; nada mais precisa ser buscado; ‘... tudo o mais virá como acréscimo’. Analise e perceba!).

‘Aquele que ouve minhas palavras e não as cumpre é semelhante a um homem insensato que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi sua ruína.’ (se não chegaram lá, ‘muitos pesares ainda terão’. As palavras mais importantes de Jesus devem ter sido estas: ‘Buscai em primeiro lugar o reino... ’, coisa que os insensatos, isto é, os ignorantes das coisas de Deus, não fazem; por isso, é como se houvessem construído sua casa sobre a areia; por mais que queiram e alcancem aquilo que, no espaço-tempo, ambicionam, nunca estarão completamente felizes porque logo estarão desejando novas coisas que os satisfaçam, novas satisfações).

‘A tua fé te curou...’ (não a fé na palavra do pastor, do sacerdote, mas a fé-convencimento vinda de um ‘insight’ que, instantâneo, pode acontecer não ser percebido pela nossa mente (inconsciente, portanto), ou vinda da percepção de Deus; para aquele que ‘percebeu’ não há obstáculos; ‘tudo o mais virá por acréscimo...’, como ensinou Jesus).

‘Que te importa a ti? Segue-me tu.’ (não se importe com o que o mundo faz, diz, ou pensa; ‘não ponha outra cabeça acima da sua’, como ensinam os sábios; seja você mesmo, independente e sem apegos; procure sua própria experiência, sem deixar que a opinião dos outros o perturbe e o faça afastar-se do caminho).

‘Porque receais, gente de pouca fé?’ (se não cremos, estaremos cheios de medos; tentemos, ao menos, experimentar. Alguém só pode afirmar que algo é falso, ou absurdo, depois de experimentá-lo ele mesmo).

‘São os doentes que precisam de médico...’ (os sãos, os que chegaram ‘lá’, não mais precisam, nem de religiões, escrituras ou crenças, nem de mais nada, pois ‘o demais lhes virá por acréscimo’).

‘Não vim chamar os justos, mas os pecadores.’ (idem).

sábado, 3 de abril de 2010

COMO ENTENDER O CHAMADO (6)

Uma tentativa de interpretar as palavras de Jesus como estão nos Evangelhos, de conformidade com o entedimento dos misticos e da filosofia da moderna fisica quantica. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que como nós, ainda estão na escuridão da ignorancia, exageros ou absurdos


O PAI NOSSO

‘Quando orardes, entrai no vosso quarto (dentro de vós mesmos) e, fechada a porta (da visão, da audição etc, isto é, cessada a ação dos sentidos e da mente) orai a vosso Pai que vos ouve em oculto (no mais íntimo de vosso ser; orai em silêncio, a ‘oração de recolhimento’, ensinada por Teresa de Ávila e pelos místicos, oração sem palavras ou pensamentos, oração em que todos os sentidos, memória e esperanças são ‘recolhidos’; oração sem qualquer movimento ou operação da mente; essa oração, se bem feita, pode resultar na ‘oração de quietude’, na qual há completo silêncio mental, o ego cessa (‘ou eu, ou Deus’) e, com ele cessam todos os condicionamentos e ilusões, e a ‘coisa’ pode acontecer... (MT 6:5). Como disse o profeta do Antigo Testamento "Aquieta-te e sabe: eu sou Deus". Aquiete totalmente sua mente; quando o silencia é total, é sinal de que o 'ego' se afastou, não está mais presente, interferindo com seus 'ruidos', e abriu 'espaço' para o percebimento de que "eu sou Deus".


A oração ‘Pai Nosso’, contida nos Evangelhos, é bem possível que fosse assim, pois Jesus já conhecia a verdade de que era ‘um com o Pai’; sabia que todos somos um só; que a vontade de Deus sempre é feita.

‘O Pai nosso está no céu e em todo o universo; seja o seu nome, Eu Sou, que é o mesmo ‘eu sou’ de todos nós, considerado sagrado por todos (considerado de suma importância, pois representa a propria divindade
a Consciência Universal, o objetivo de todos nós). Venha a nós a percepção de que somos de seu 'reino', de suaa mesma natureza ('fomos criados à sua imagem e semelhança'). Que saibamos que a vontade de Deus é feita, inapelavelmente, tanto em nós (pois a escolha, as decisões  não são nossas), na terra, como nos céus, e em todo o universo (portanto temos de aceitá-la, pois não há o que fazer contra ela; não há como fugirmos dela). E que  tenhamos, cada dia, a energia (o pão) para o impulso necessário para nos levar a essa percepção. Perdoemos sempre os nossos devedores, isto é, aqueles que nos fizeram qualquer mal (pois as ações que fazemos, como as que eles fazem, não são nossas ações; nada escolhemos, pois “É o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer”). Que não caiamos na tentação de praticar atos errados, dos quais mais tarde mais tarde nos arrependamos (e, por isso, soframos remorsos); e saibamos, pois, livrar-nos da prática de todo o mal e, por experiência própria, que o reino divino de poder e glória já é nosso desde todo o sempre. Assim seja’

A oração não conteria pedidos a Deus, mas exortações, lições aos homens; não há nada a pedir a Deus porque tudo já é perfeito; apenas não percemos isso devido ao fato de, ainda, nãoconhecermos a verdade . Afirmam os sábios e, hoje, a filosofia da física quântica, que nada fazemos por nós mesmos, não escolhemos, nada decidimos; logo, não há o que perdoar ou pedir para nós ou para outrem; já estamos ‘lá’, só nos falta a percepção desse fato, percepção que é a coisa mais importante a ser tentada pelo homem, como disse Jesus ('Buscai em primeiro lugar...'), como asseguram os iluminados e os grandes psicólogos da moderna psicologia transpessoal e outros, como o renomado psicoterapeuta Carl G. Jung. Com também disse Jesus, essa percepção é mais importante do que tudo o mais, do que qualquer outra conquista ou posse. "Aquele qu não abandonar pai e mãe...", a parabola do homem que encontrou o tesouro, e se desfez de tudo que possuia, para comprar 'aquele campo', a história do jovem que desejava primeiro enterrar seu pai etc.

COMO ENTENDER O CHAMADO (5)

‘Não jureis de modo algum... Dizei somente ‘Sim’, se é sim; ‘Não’, se é não. Tudo o que vai além disso vem do maligno...’.
Sê sempre sincero, leal, franco, amigo, honesto de modo que todos creiam em ti, sem necessidade de juramentos; agindo assim, as condições mentais (tranqüilidade) para a meditação melhoram. Se não agimos assim é porque estamos ainda mergulhados na ignorância; na escuridão que representa o maligno...


‘Não resistas ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe, também, a esquerda. Se alguém te tirar a túnica, dá-lhe, também, a capa. Se alguém obrigar-te a andar uma milha com ele... ’.
Sê pacífico, sereno, paciente, mesmo que te julguem tolo, fraco, covarde...; lembra-te que ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’, como disse Paulo; e a serenidade é um dos requisitos para a preparação da mente que tenta a meditação; e, ainda, segundo as escrituras e, hoje, também a física quântica, nós não escolhemos, não decidimos nada, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

‘Dai a quem vos pede e não fujais daquele que vos quer pedir emprestado...’.
Quando auxilias alguém, estás auxiliando a todos em geral, e, logo, a ti mesmo; não esquecer que todos nós somos apenas um.

‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e maltratam...’.
Esse é o ponto de vista do iluminado; ele compreendeu que a harmonia entre todos é importante para a qualidade de vida e, logo, para a tentativa de meditação; e mais: a escolha, a decisão para fazer alguma coisa não é nossa, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

‘Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?’
Que fazeis de mais? E, por cima, estais ainda na ignorância, errando, pois todos somos um e ninguém escolheu ter esse ou aquele comportamento. Ainda mais, o amor verdadeiro só se adquire quando se tem o percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’, que a perseverança na meditação pode trazer. Antes desse percebimento não existe amor; somente apego, admiração, afeto, dependencia.

‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito... ’.
Busque a Deus, a verdade, cujo encontro traz tudo aquilo que denominamos perfeição; isso se pode conseguir pela meditação; e Jesus disse: ‘buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus, que tudo o mais virá por acréscimo’, isto é, com o auto-conhecimento, que é o percebimento de quem realmente somos, não teremos necessidade de mais nada; estaremos plenificados e livres: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’.

‘Que tua mão esquerda não saiba o que faz a direita... ’.
Dá teu auxílio, amor, vibração, atenção, em segredo; ninguém precisa saber; se permites que outros saibam, é provável que te enchas de orgulho e vaidade, coisas que constituem distrações e perturbam a meditação. Conforme o cristianismo primitivo, o cristianismo ensinado por Jesus, a distração ou desatenção era o mais grave pecado, pois era o mais sério obstáculo à meditação, e a maior virtude era a atenção.

COMO ENTENDER O CHAMADO (4)

‘Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue de modo algum andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida'.
O caminho, para se seguir Jesus, é para dentro de nós, em direção ao ‘eu’; como disseram Jesus, Paulo, Sto Agostinho , Teresa de Ávila e tantos outros sábios, ‘o reino de Deus está dentro de nós’; para aquele que chegou onde está Deus não haverá mais trevas; somente luz e bem-aventurança; pela iluminação o mundo não mudará, mas nossa visão do mundo será totalmente mudada para melhor, para a realidade, e teremos, não mais a escuridão da ignorância, mas a ‘luz da vida’.


‘Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja..., mas aquele que os guardar e ensinar...’.
Este é feliz, pois, se souber ensinar, é porque já chegou ‘lá’, como Jesus, Buda e outros; aquele que violar os mandamentos sofrerá, não pela violação, mas porque ainda não chegou lá (sofrimento natural para todos que não chegaram, pois a compreensão, fruto do percebimento do sagrado, ainda não lhes despontou).

‘Todo aquele que se irar contra seu irmão...’.
Ainda não compreendeu; ira-se contra si mesmo, pois, conforme as tradições místicas e, hoje, a própria ciência mais avançada, ‘todos somos a mesma consciência’; por isso Jesus afirmou: ‘o que fizerdes a um destes pequeninos, a mim mesmo o fizestes’.

‘Reconcilia-te, primeiro, com teu irmão;... só então vem diante do altar fazer tua oferta... ’.
Nada de ressentimentos; a escolha não é nossa, como ensinam os místicos e as escrituras e, hoje, a física quântica: ‘é o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’; em conseqüência, nem o acerto, nem o erro são nossos; logo, nem o irmão, nem nós somos culpados; e, se há ressentimentos, não há a tranquilidade necessária para a tentativa de meditação.

COMO ENTENDER O CHAMADO (3)

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nos evangelhos, de conformidade com o entendimento dos místicos e da filosofia da atual física quântica. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que, como nós, ainda estão na escuridão, exageros ou absurdos.

‘Orai e vigiai... ’
Oração ou meditação, e atenção; esteja sempre atento a tudo que faz, não para não errar, mas apenas para estar atento; quando há atenção completa não nascem pensamentos, fato que faz o ego se afastar, não interferindo com suas associações, interpretações, emoções, expectativas e memórias; e quando o ego se afasta, não há identificação com o conteúdo mental, pois este também se afasta. O conteúdo mental é o próprio ego. Não havendo a identificação com o conteúdo mental, cessam os sofrimentos e conflitos. E, quando o ‘eu não é, Deus é’, reza o Velho Testamento; e, ainda, como disse o profeta: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus!.


‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha, do que um rico entrar no reino dos céus...’
Não por ser rico, mas pelo inevitável apego aos bens, o que constitui medo, preocupação, distração, desatenção, obstáculos à uma existencia tranquila e à meditação. Esta pode nos mostrar aquilo que realmente somos.

‘Bem-aventurados os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da justiça, os que são caluniados e perseguidos por causa do meu nome. Alegrai-vos e exultai porque é grande vossa recompensa nos céus... ’.
Esses são os que chegaram ou estão chegando ‘lá’; são considerados pelos demais como tolos, ultrapassados, ridículos, fracos, loucos; mas, na realidade, são bem-aventurados; sua recompensa é grande: descobriram a jóia oculta e estão cheios de felicidade; nada lhes abala o ânimo...; eles são a luz do mundo e o sal da terra. (Mt 5).

‘Vós sois o sal da terra, a luz do mundo...’.
Vós, isto é, os que chegaram lá, pois dão sentido às coisas. Os sábios afirmam: a vida só tem significado quando se chega lá, isto é, quando se tem a percepção daquilo que realmente somos. Enquanto não se chega lá, enquanto não se tem o percebimento do que realmente somos, somos apenas subumanos e a vida não tem sentido; é fútil e cheia de conflitos e de sofrimentos.

‘Brilhe vossa luz diante dos homens...’.
Ao que teve que seja apenas um vislumbre da ‘coisa’ não lhe é possível calar-se; vejam os exemplos de Jesus, Meister Echkart, Giordano Bruno e tantos outros, que enfrentaram a morte, mas não deixaram de fazer sua luz brilhar, cheios de compaixão pelos que não conheciam, ainda, a verdade; para eles, o sofrimento e a ignorância cessaram; para estes, continuam. E Jesus aconselhou a não se colocar a luz sob o alqueire, mas sobre o velador para que ilumine a todos... (Mt 5:15).

COMO ENTENDER O CHAMADO (2)

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nos evangelhos, de conformidade com o entendimento dos místicos e da filosofia da atual física quântica. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que, como nós, ainda estão na escuridão, exageros ou absurdos.

‘Ou Deus ou Mamon'.
Felicidade ou sofrimento? Escuridão ou luz? Seguir os ensinamentos de Jesus ou continuar com os condicionamentos que nos dão interpretação enganosa, ilusória, das coisas do mundo e o conseqüente sofrimento?.


‘O caminho estreito e pedregoso... ’.
Abandonar o velho caminho que já estamos acostumados a percorrer pelo condicionamento em que o ego está mergulhado; nós o supomos mais seguro e suave e de porta mais larga e nele depositamos toda nossa confiança, por ser nosso velho conhecido; e partir para o desconhecido, que nos traz insegurança e medo, mas aí é onde está o novo, a novidade. Tudo aquilo que é conhecido (e o ‘eu’ é tão somente produto do conhecimento) tem de cessar para que encontremos o novo, o desconhecido, o sagrado).

‘Renúncia...’.
Ao pensar, ao modo de conhecer dualista, ao passado e ao futuro, que não passam de lembranças e expectativas, imaginações e suposições, ilusões e opiniões, dissipadoras de nossas energias psiquicas, que devem ser acumuladas para o despontar do ‘satori’, a percepção do sagrado.

‘O Reino de Deus deve ser tomado pela espada’.
Quem não se violentar e destruir o hábito e o condicionamento de pensar, interpretar, conceituar, julgar tudo o que os sentidos apreendem ou que a memória e as associações trazem, não poderá ‘entrar’ no reino; essa entrada exige reserva de energia psíquica que é constantemente dissipada pelas operações mentais: pensamento, imaginação, lembrança, preocupação, expectativas, emoções, raciocínio etc., coisas que não permitem que o cérebro fique em silêncio, coisas que constituem o ego e, como essas coisas devem cessar, temos de fazer cessar o ego, fato que a meditação pode proporcionar.

COMO ENTENDER O CHAMADO (1)

COMO ENTENDER O CHAMADO 

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nos evangelhos, e de outros sábios, de conformidade com o entendimento dos místicos e da filosofia da atual física quântica. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que, como nós, ainda estão na escuridão, exageros ou absurdos.


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‘Aquele que olhar para trás não pode seguir-me... ’ (desprender-se do passado, que é o próprio ‘eu’, dos planos e desejos que deixou para o futuro (e, portanto, estão na memória, no ego), e partir para o novo trabalho, o trabalho para a busca do reino (‘Buscai, em primeiro lugar o reino de Deus...') sem ter saudades, sem ficar preso às coisas antigas; deixar as lembranças e viver com atenção no presente, no Agora; só assim se segue Jesus. O passado é memória, e esta é que forma o ego, com todos os seus conflitos, medos, dúvidas, ilusões, crenças, suposições; temos, pois, de fazer cessar o passado, a memória, o ego. São finitos, e o finito nunca poderá perceber o infinito).

‘Aquele que não abandonar pai e mãe para seguir-me, não é digno de mim... ’ (a busca é tão enfatizada por Jesus que ele diz que pai e mãe não são tão importantes quanto ela; ‘seguir-me’ não é imitá-lo ou acompanhá-lo, mas seguir seus ensinamentos sendo o mais importante o ‘buscai em primeiro lugar... ’; ‘não é digno de mim’ significa não poder chegar à consciência crística, se não segui-lo).