terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O LIVRE-ARBÍTRIO EXISTE?



      SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO - Existe ou não existe?
      Amigos,
      Quantas vezes acreditamos que um ensinamento, uma afirmação, uma questão, explicação ou resposta, em particular sobre assuntos religiosos, seja  mesmo  verdade, devido a termos confiança em suas fontes! Observem o que coloco abaixo, sobre conceitos profundos e, para as religiões, graves e básicos, que muitos consideram verdade, mas que não são:  
       Leiam o trecho a seguir:
      "E como os pensamentos não são verdadeiramente nossos, também não são nossos os desejos, as vontades que eles despertam e, conseqüentemente, nem as escolhas (livre-arbítrio) de fazer isto ou aquilo. Logo, nem mesmo somos responsáveis por nossas obras (pelo fazer), como disse o sábio e místico Paulo: "é o Sr que opera em nós o querer e o fazer!". 

      O amigo X estranhou e perguntou: Então as escolhas que fazemos, sejam certas ou erradas, não são, verdadeiramente, nossas?! Se não são, porq é que as religiões afirmam que nossos sofrimentos decorrem de fazermos escolhas erradas, que levam danos ao nosso próximo?

      Resposta: Você tem mesmo liberdade de escolher? Consegue se recordar de alguma coisa, por mais simples, fácil, corriqueira e sem conseqüências significantes que seja (como escolher um lápis, uma cor, um copo d'água ou de refrigerante, ou sentar-se nesta ou naquela cadeira), ou complexa, de conseqüências sérias, incertas e/ou perigosas (como matar alguém ou declarar uma guerra, qualquer coisa), que tenha decidido/escolhido fazer, em toda sua vida, ou que tenha observado na vida de alguém, que tenha sido uma escolha livre? 

      Todos nós escolhemos o tempo todo, desde que a consciência chega até que se vai mas, se o amigo bem observar, verá que nenhuma escolha é “livre” ou verdadeiramente nossa. Todas elas, sem exceção, estão totalmente “presas” ao passado, ao que já aprendemos, de bom ou de mau, nesta escola do bem e do mal que é a vida.

      Observe: de onde nascem as escolhas? Simplesmente brotam de nossa cabeça ou de nossa vontade?  Sem dúvida, vêm de nossa vontade mas, e nossa vontade de onde vem? Quem produz ou é responsável por nossa vontade? 

      Veja, a seqüência psicológica é esta: escolhemos fazer ou não fazer, ter ou não ter, ser ou não ser, isto ou aquilo, porq nos veio a vontade de assim escolher. Mas, de onde vem a vontade, senão do desejo? E de onde vem o desejo, senão do pensamento (imaginação, associação, lembranças, expectativas, esperanças...)? Concorda? 

      E de onde vêm os pensamentos? São criações nossas, são verdadeiramente nossos? Somos nós que provocamos seu nascimento, que lhes damos origem? Não e nunca! Os pensamentos são provocados por algo que está fora ou além de nós (além de nós espíritos, pois pode estar em nosso próprio corpo material). 

      Este é o processo: ações, eventos, coisas exteriores, -> captadas ou percebidas por nossos canais de ligação com o mundo – visão, audição, olfato, paladar, tato, ou por alguma sensibilidade paranormal; -> dão lugar a reações interiores - interpretações pelo cérebro, ou área psicológica -> que dão lugar aos pensamentos -> que podem, ou não, se associar com aquilo que já está arquivado na memória, resultante de idêntico processo anterior, -> que modificam ou não o pensamento inicial; -> do pensamento vem o desejo de ter ou não ter, ser ou não ser, fazer ou não fazer aquilo que percebemos no exterior; -> do desejo nasce a vontade, forte ou fraca, de conseguir ter ou ser etc...; -> daí resulta a decisão ou escolha de agir para concretizar o escolhido.    

      Reflita bem sobre isso, e me diga alguma coisa. Vc vai verificar que os pensamentos não são verdadeiramente nossos; não são provocados por nós. Nem mesmo temos controle sobre eles (e isto podemos comprovar por um teste de dois minutos e um pouco de boa vontade). 

      São eles e, conseqüentemente, a mente (eu inferior, mente inferior, condicionada ou localizada etc) que nos comandam e, por isso, vamos daqui para lá, de lá para mais além, acertamos ou erramos, gozamos ou sofremos, e ficamos acreditando que fomos nós mesmos que escolhemos acertar ou errar, gozar ou sofrer.

      Por isso, disse Paulo, o apóstolo que levou o cristianismo ao mundo então conhecido, mas cujos ensinamentos não são plenamente aceitos pelas doutrinas cristãs, porq aparentemente (só aparentemente) discordam de ensinamentos de Jesus: “É o Sr que opera em nós o pensar, o desejar e o fazer!”, mostrando que nem os pensamentos, nem os desejos e, conseqüentemente, nem as escolhas e ações/obras são verdadeiramente nossos. 

      No mesmo sentido, disse tb: “... como se tivésseis algum pensamento como de vós mesmos, pois todos os pensamentos vêm de Deus!”. E, talvez para que não estranhássemos o fato de que sofremos mesmo que as escolhas erradas não tenham sido “nossas”, ainda disse: “Não é por vossas obras que sereis salvos...!”  

      Muitas revelações que vêm de desde séculos ou milênios A.C até nossos dias, e revelações da ciência moderna afirmam: “A escolha não é nossa!”

      Mestre e sábios afirmaram: “aquele que pensa que escolhe é imaturo: está ainda no jardim da infância das coisas do espírito e, dificilmente, chegará à graduação universitária!” 
      Jesus também disse coisa semelhante.
      Mas, vejam bem, não é pelo fato de sábios, a ciência, Paulo terem dito isso, que temos de, ou devemos crer que a escolha não é nossa, mas, pelo fato de que, facilmente, podemos provar que isso não é verdade. (Já colocamos várias vezes no FE como fazer essa comprovação).

      Abç.
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PEQUENAS QUESTÕES

Re: Fora da caridade não há salvação?

      
Olá, amigo Moreno espírita, como aconselham a doutrina espirita e, sem dúvida, todos os homens sensatos, vamos raciocinar acerca do texto que vc trouxe. Assim, apresento algumas questões que ele provoca:

      - se reencarnamos para, como vc disse, vencer as imperfeições morais e evoluir, qual é a causa de tantas vezes usarmos o livre-arbítrio para fazer escolhas que, afinal, nos dificultam vencer as imperfeições morais e a nossa evolução? 

      - se, ao sermos criados não possuíamos imperfeições morais, onde as adquirimos? Na erraticidade? Ou adquirimos imperfeições na mesma escola para onde somos mandados para aprender a nos livrar delas? 

      - se estamos na matéria para dominá-la, porq é que tantas vezes deixamos que ela nos domine, pois cometemos erros sobre erros que nos fazem continuar apegados aos atrativos que ela oferece?

      - se nossa Evolução espiritual depende de nosso trabalho, porq é que, mesmo podendo escolher pelo livre-arbítrio praticar ações boas, escolhemos praticar ações más?
   
      - se cada pensamento, sentimento, palavra e atitude devem ser disciplinados e educados para a iluminação de nosso Espírito, qual é a causa de teimarmos em não educá-las nem em discipliná-las, tanto que ainda estamos escolhendo transgredir as leis de Deus? 

      - se precisamos de luz para nossa evolução, porq é que tantas vezes trazemos escuridão para nós mesmos?

      - se podemos usar o livre-arbítrio para escolher nos libertar dos vícios, como vc disse, porq é que não o usamos para isso e, conseqüentemente, ainda continuamos viciados em tantas coisas? 

      - se podemos usar o livre arbítrio de modo a agir sempre no caminho do bem, qual é a causa de não o usarmos para isso, tanto que os sentimentos negativos, que vc lembrou, de desonestidade, de ódio, da revolta, da vingança, da falsidade, do racismo, da mentira, da preguiça, da raiva, do ciúme, ainda nos assaltam tantas vezes?

      - se podemos, como vc disse, vencer a nós mesmos, porq é que não vencemos?

      - se o sofrimento, a dor, são provas que a Lei nos impõe (e que, sem dúvida, implicam em sofrimentos, muitas vezes terríveis e insuportáveis) para, como vc diz, exercitar nossa inteligência, raciocínio, a força de vontade, a resignação, como entender esses sofrimentos se, pela DE e pela perfeita justiça, todos os nossos sofrimentos são sempre merecidos e justos, e só sofre quem age contra as leis de Deus?
      
      - se, para conquistar a própria evolução, temos, como seu texto diz, de sofrer, onde estará a justiça divina pois, pela DE e pela Justiça de Deus, só sofre quem transgride as leis de Deus?

      Imagino que o amigo não vá responder tantas perguntas mas, pelo menos, reflita sobre elas.

      E veja, meu amigo, que seu texto, como “milhões” de outros, diz, ou ensina, sempre a mesma coisa:  apenas “o que fazer” mas, nunca, o “como fazer”: 

      O seu texto, como milhares de outros, diz "o que fazer": conquiste sua evolução - não se enfraqueça - use suas possibilidades mentais e morais para vencer as provações - creia em Deus - vença os vícios, os maus pensamentos, maus desejos, os hábitos maus - não seja egoísta, desonesto, mentiroso, nem maldoso, preguiçoso, raivoso, falso etc etc.

      Meu amigo, “o que fazer” sabemos, pois todos nos dizem o que fazer; falta-nos aprender o “como fazer”, que ninguém, nem religiões, nem religiosos, sabem ensinar! 

      A solução para todas as imperfeições está em ter amor, em amar, certo? Mas, quem é que ensina "como fazer" para ter esse amor que ainda não temos?

      Meu amigo, para simplificar, esqueça tudo que está acima, e tente responder, apenas, está única pergunta: “qual é a causa dos sofrimentos dos homens?”, ou "por que vc é bom?", ou "por que vc é mau?". 

      Essas são perguntas muitas vezes repetida, mas nunca respondida de forma definitiva por nenhuma doutrina do mundo e por nenhum de seus seguidores! Todas as respostas que lhe dão são sempre meias-respostas, pois sempre questionáveis.

      Será que os amigos que, neste fórum, reprovam nossas mensagens têm resposta a essas perguntas, respostas que, parece, são tão simples e evidentes?

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A VINGANÇA

      Amigos,

      Qual é a finalidade desse debate tão longo sobre a vingança? 

      Me desculpem o que vou dizer. Não estarão todos apenas perdendo tempo com essa discussão? Não será apenas curiosidade ou desejo de ilustração? 

      Qual é a finalidade de compará-la, ou de julgá-la melhor ou pior que a justiça dos homens? De tentar compreender se ela cabe a nós, à justiça dos homens ou à de Deus? De procurar conhecer os males que ela pode causar no que vinga, ou pensa em se vingar, ou naquele que é, ou poderá ser alvo da vingança? 

      Saber que a vingança é um mal, ajuda a evitar o sentimento de vingança? Saber que, também para o vingador, a vingança é um mal, ajuda a evitá-la? Saber o que é a vingança, os males que ela pode causar, modificará o sentimento de ódio que está em nós? 

      Ou, o que é a mesma coisa, saber o que é o ódio, ou a falta de amor, que isso é um mal que pode resultar em conseqüências assustadoras, fará que nosso ódio se vá ou que nosso coração se encha de amor? 

      A vingança não e uma entidade em si mesma; é um sentimento, sentimento de ódio, raiva, de falta de amor, de impotência. Mas, pensem, quem de nós consegue, devido ao fato de saber o que é a vingança, afastar ou anular em nosso coração, o sentimento de ódio que ali se instalou?  

      Podemos, quando muito, controlar ou evitar a exteriorização desse sentimento, evitar que se manifeste, evitar que cause danos ao desafeto, ao inimigo. 

      Mas controlar ou evitar ou fazer cessar ou que se modifique esse sentimento que está em nosso peito, quem consegue fazer isso? Isso está fora de nosso alcance. E não fomos nós que o colocamos ali! 

      Quem é que controla ou comanda o sentimento de vingança, o sentimento de amor, ou de ódio, ciúme, inveja, ou de pena, dó, qualquer sentimento? Esse controle não depende de nossa vontade, do mesmo modo que esses sentimentos não dependem de nossa vontade de tê-los ou não tê-los, e nunca nascem espontaneamente em nós, ou causados por nós. 

      Os sentimentos, quaisquer sentimentos, não os controlamos,  pois nem mesmo sabemos “como fazer” isso. Sobre sua exteriorização ou manifestação, sobre isso “podemos ter, embora nem sempre”, algum controle mas, só isso!

      Todos esses sentimentos, a que chamamos de “doenças da alma” ou de defeitos morais, imperfeições, se resumem num só: no desamor, na falta de amor. Desse modo, qualquer um pode perceber que o único remédio para todas essas doenças também é um só: ter amor, conseguir que o sentimento de amor exista em nosso íntimo, em nosso coração. 

      Mas, quem, qual doutrina ou religião, filosofia ou ciência, sabe ensinar como fazer para que o amor exista em nosso coração? Sem dúvida, nenhuma pois, a amar ou a ter amor, ninguém sabe ensinar e ninguém aprende, nem com conselhos, nem com ensinamentos escritos ou falados, nem com exemplos de quem quer que sejam. 

      No entanto, não estamos totalmente desamparados, à deriva. Há, sim, quem ensine a como fazer o “trabalho” que, eventualmente, apenas eventualmente, e se estivermos no ponto de fazer isso, que possa nos fazer compreender como fazer para que, em nós, nasça e frutifique o amor.

      Nosso amigo Antonio Renato nos trouxe a correta e sábia afirmação de que “tudo depende de nosso progresso moral”. Verdade absoluta! Mas, e de que depende nosso progresso moral senão de nosso trabalho esforçado para que tenhamos em nós a virtude do amor?

      Por isso é que perguntei acima: “não será apenas perda de tempo, ou só curiosidade, ou desejo de ilustração ou de erudição?”  Por que não usar esse tempo para a tentativa de chegar a compreender, a conhecer, a saber o “como fazer” para que em nosso coração exista amor?

       É só isso que nos "salvará" e é só isso que pode melhorar o mundo!

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SOBRE A MEDITAÇÃO

    
   
      Sobre a MEDITAÇÃO.

      Sua finalidade é levar à extinção do ego (eu inferior, mente inferior, mente condicionada). Com isso se consegue conquistar o domínio sobre os pensamentos, os desejos, a vontade e, conseqüentemente, sobre as escolhas. Extinto o ego, cessa o único obstáculo entre nós e Deus.  
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      Um amigo escreveu:

      “Há algum tempo, venho tentando praticar a meditação. Apesar da correria do dia-a-dia e do pouco tempo de que disponho, pude perceber algumas coisas.

      "Não sei se estou de todo correto porém, com esses exercícios, senti que a nossa mente tem vida própria e o tempo todo tentei “expulsá-la” de mim. Insistente, ela vai e volta, trazendo lembranças, pensamentos muitas vezes sem sentido, desnecessários e mesmo indesejáveis...

      "Pude constatar que não somos a nossa mente e conseqüentemente não somos o que pensamos ser...

      "Como posso ir mais além? Como posso me conectar com o sagrado? Me vejo, muitas vezes, sem caminho a seguir.

      "Um abraço"
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      Resp: É assim mesmo pois, desde q abrimos os olhos para a vida, somos condicionados, pelas tradições, culturas, costumes, religiões, sociedade, suposições... a crer q somos nós mesmos q pensamos, que decidimos, que escolhemos, que fazemos de nós o que somos, que somos os construtores de nosso futuro, de nossa felicidade ou infelicidade. 

      No entanto, como vc percebeu, nenhum comando, ou controle, temos sobre os pensamentos. Eles se originam de percepções de eventos que ocorrem fora de nós (fora ou além de nós espíritos; não fora de nós corpo material), que captamos com nossos canais de relacionamento com o mundo. 

      Eles apenas vêm, permanecem pouco ou muito tempo, e se vão, nos fazendo bem ou mal, e também nos levando a fazer o bem ou o mal, independentemente de nossa vontade, pois tantas vezes contra ela. Como disse Paulo, o porta-voz do cristianismo: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer!”, e mais: “... como se tivésseis algum pensamento como de vós mesmos, pois todos os pensamentos vêm de Deus!” 

      (A palavra 'Deus', aí, significa esse Todo infinito, esse fluir incessante que é a vida, essa força, ou energia, que cria e movimenta desde os mais insignificantes "quantas" de energia e partículas, aos mais imensuráveis universos e que, como uma correnteza irresistível, nos leva daqui para lá, e de lá para mais além, nos colocando em jardins floridos e perfumados, ou em fétidos lodaçais).     

      Por isso, como agimos sempre de acordo com os pensamentos, pois acreditamos que são verdadeiramente nossos, fazemos tantas coisas absurdas, e sofremos e fazemos outros sofrerem, muitas vezes qdo queremos fazer exatamente o contrário. E, tb exatamente, devido ao fato de estarem fora de nosso controle ou comando, é que somos levados daqui para lá e de lá para mais além, e q somos o q somos neste instante.

      Se tivéssemos comando sobre eles, eventualmente, chegaríamos a eliminar o ego e estaríamos naquela condição a que damos o nome de "iluminação"; saberíamos quem e o que somos; a ignorância e seus consequentes medos, sofrimentos etc cessariam. Como disse o Buda: "essa percepção de o que somos realmente, a iluminação, é o fim de todos os sofrimentos", como disse Jesus: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"; como disseram outros, "é a bem aventurança, a felicidade sem mácula".

      E como os pensamentos não são verdadeiramente nossos, também não são nossos os desejos, as vontades que eles despertam e, conseqüentemente, nem as escolhas (livre-arbítrio) de fazer isto ou aquilo. Logo, nem mesmo somos responsáveis por nossas obras (pelo fazer), como disse o sábio e místico Paulo: "é o Sr que opera em nós o querer e o fazer!". 

      Assim, talvez para q não pensemos ou estranhemos q sofremos por obras que “fazemos”, mas q verdadeiramente não fazemos, Paulo, também afirmou: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus!”. Jesus, também, falou coisas nesse mesmo sentido, mostrando que as escolhas não são nossas, que a escolha não é nossa nem mesmo para seguir seus ensinamentos: "Ninguém vem a mim, se o Pai que me enviou não o mandar a mim!"

      A prática da meditação tem somente esse objetivo: assumir o comando sobre os pensamentos, sobre a mente, o que implica em eliminar o ego. Se conseguirmos isso, o ego, único obstáculo entre nós e Deus, se vai, e podemos perceber e dizer, como Jesus e tantos outros: "Eu e o Pai somos um!".

      Por isso, disse o maior (?) profeta do Antigo Testamento: "Aquieta-te e sabe: eu sou Deus!", isto é, se vc conseguir controlar sua mente, fazendo-a cessar de operar, aquietar-se, vc perceberá q não é mais você que está aí onde vc está, mas Deus. Como os mestres afirmam: “Ou o eu; ou Deus!”. 

      Esse é o único trabalho q precisamos fazer: dominar a mente, aquietar a mente, resultado que somente se alcança com a meditação. (Obs: meditar não é uma palavra apropriada pois meditar, no sentido em que os espiritualistas usam essa palavra, é estar "absolutamente atento"). E isso é realmente trabalhoso e difícil devido a estarmos num corpo material, devido a nossos condicionamentos e a nossa cultura ocidental, que impõem enormes dificuldades para esse trabalho.

      Assim, no Bagavad Gita, a “Sublime Canção da Imortalidade”, do Mahabarata, épico clássico do hinduísmo, 
considerado um verdadeiro manual de psicologia-evolutiva do ser humano, escrito há mais de cinco mil anos (3 mil anos antes de Cristo), está:

      “Arjuna, o ‘representante’ dos homens, desolado se lamenta: “Como dominar a mente? Ela é como um cavalo selvagem, indomável!”, ao q Krishna, o ‘representante’ de Deus, afirma: “Sim, é difícil, mas não é impossível!””.

      Os pensamentos são a mente; a mente são os pensamentos. No mesmo sentido do que disse o profeta do Antigo Testamento, como citado mais acima, H.P. Blavatysk, uma das figuras mais notáveis do século XIX, fundadora da Teosofia (literalmente, “Sabedoria Divina”), e que
 surgiu em um momento histórico em que a religião estava sendo rapidamente desacreditada pelo avanço da Ciência e da Tecnologia, disse: 

      “A mente é a assassina de Deus; mate a assassina!”

      E, Masaharu Taniguchi, fundador da Seicho-no-ie (“A casa, ou o lugar, ou o caminho do progredir infinito”), disse: 

      “Quando o ego se afasta, Deus se manifesta!”.

      Nas práticas da Raja-Yoga (yoga real, a yoga da meditação, da ligação com Deus) usa-se a repetição do mantra “Om... na... mo” q, para uns, tem o significado de “Om (Deus)... na (não)... mo (eu)”; do mesmo modo, para uns, “Seicho-no-ie” tem o mesmo significado: “Deus-não eu”.

      Isso mostra q a percepção a q devemos chegar é q “não sou eu q estou aqui; é Deus”. Para mestres e sábios, e para a ciência moderna, e para muitos outros, todos somos Deus, todos somos um só. (“Eu e o Pai somos um!”), “OS” espíritos são “O” Espírito.

      Como afirmam cientistas quânticos, “a mente é a única coisa q não tem plural” e, ainda, “só existe uma mente, e nós somos essa mente!”

       Muitos outros afirmaram a mesma coisa e, por isso, tantos foram, devido à ignorância de poderosos, como mostra a história antiga e a da Idade Média, penalizados com a morte pela crucificação, pelo fogo, esfolados ou sepultados vivos; outros, obrigados a se calarem para sempre, outros... 

      Assim, aconteceu com Jesus, e outros, naqueles tempos mais longínquos. Mais perto de nós, Giordano Brunno, monge (queimado vivo), Meister Eckart, monge (que só não foi executado pelo fogo, porq morreu durante o processo), Teilhard de Chardin, sacerdote (obrigado ao silêncio até o dia de sua morte) e, bem mais recente, Leonardo Boff, monge, que teve de se afastar, ou foi excomungado (?) da Igreja de Roma.

      Tereza de Ávila, hoje santa e doutora teologal da igreja de Roma, que por pouco não foi também levada ao tribunal da igreja, por dizer coisas como esta: "Atenção! Atenção! Atenção!", e “... é insensatez tentar ir aos céus para encontrar Deus, pois Ele está desde sempre dentro de cada um de nós”; e João da Cruz, hoje santo dos católicos, que passou grande parte de sua vida de sacerdote da Igreja, preso nos cárceres dos conventos, por dizer coisas semelhantes. 


      MEDITAÇÃO – PORQ TENTAR?

      Amigos,
      A "tentativa" de meditar nada mais é, do que uma tentativa de permanecer exatamente no “aqui – agora”. Observem que o ego não “funciona”, não opera, não existe, no presente/presente, no exato instante (no agora); e que nós só podemos operar com nossos sentidos, ou com memórias do passado e expectativas qto ao futuro, exatamente no presente/presente (no agora).

      O pensamento (ação do ego) nunca está focado no presente mas, ou no futuro imediato ou distante, ou no passado imediato ou distante (por isso, podemos dizer que o ego é resultado da desatenção, da desatenção). E é essa desatenção que nos leva a todas as alegrias e acertos e/ou a todas as tristezas e desacertos, portanto aos sofrimentos que vemos no mundo. 

      Tanto que, no primitivo cristianismo, a maior virtude era a “atenção” e o maior pecado, a “desatenção” (os chamados "pecados mortais" se baseiam nisso). Nós, ninguém, vê, ouve, cheira, saboreia, toca, sente ou pensa ou se recorda do passado, ou planeja ou imagina o amanhã, senão no presente (no agora), nunca no passado ou no futuro; nossos sentidos só agem no agora e no aqui. 

      Assim, quando há “total atenção” na ação de cada sentido, ou pensamento ou o que quer que seja, o ego não está presente, cessa de operar, pois suas operações só existem qdo estamos “desatentos” pensando, imaginando, devaneando (espírito perfeito + ego = espirito obscurecido = homem; homem, ou espirito obscurecido – ego = espírito perfeito). E a total e absoluta atenção "mata" o ego, pois impede o nascimento de pensamentos, já que pensamentos etc, como está acima, só surgem qdo estamos desatentos. 

      Krishnamurti (em mais de 80 livros),  Yogananda (Sociedade da Auto-Realização), Nisagardatta ("I am that", "Eu sou Aquilo"), Benoit ("A Doutrina Suprema") e muitos outros, mais antigos ou mais modernos (como Ken Wilber - em "O Espectro da Consciencia", Amit Goswami - em "O Universo Autoconsciente, como a consciência cria o mundo material", enfatizam sobremaneira a "atenção": quando a atenção ao presente é total não nascem pensamentos; dizem que façamos, assim (me parece que está num texto do “máscaras de Deus”): atenção total às diferentes partes do corpo, sentir cada centímetro, sentir os pontos onde há tensão, pontadas, leves dores, mais sensíveis, a testa, o couro cabeludo, boca, a nuca, indo descendo, assim, até a sola dos pés; se essa atenção é desviada por um ruído, luz, o que for, retomar a atenção às partes do corpo; fique atento a tudo, inclusive, ao ruído do carro ou do avião que passa, a tudo, às paredes da sala, aos móveis, às cores das roupas dos demais, mas, sempre voltando às partes do corpo; tudo com atenção total. (Muita literatura diz: atenção absoluta à ponta do nariz, atenção ao umbigo, ao centro da testa etc. Na AMORC, à luz de uma vela; na yoga e outras, a um som, ou mantra). 

      Diz Nisagardatta que, se se consegue, nas primeiras práticas, permanecer totalmente atento por 1 minuto que seja, já é uma vitória. Todos esses exercícios, como os de Ramana, de atenção ao “eu sou”, têm o mesmo objetivo: tirar o comando da mente/ego, dos pensamentos de sobre nós, e o assumirmos. Repito o que já foi dito anteriormente: no Bhagawad Gita, a Sublime Canção da Imortalidade, Arjuna, simbolizando o homem, diz, consternado, para Krishna, q simboliza Deus: “Senhor, como dominar a mente? Ela é como um cavalo selvagem!”, e Krishna lhe responde: “Sim, é difícil, mas não é impossível!”. 

      À medida que se fazem mais e mais tentativas, deve acontecer que o tempo de atenção melhore e, quando se consegue atenção total e completa por tempo mais longo (?) sente-se que, naqueles intervalos, o ego se foi. Então, cessadas as operações do ego, aquietada a mente, entra-se em contato com o próprio eu, espírito puro e perfeito que sempre foi; percebemo-nos identificados e nos confundimos com o Espírito que sempre fomos (”Eu e o Pai somos um!”), mas que o ego não nos permitia perceber. Quanto mais exercícios, mais avançamos na tentativa de meditar.

      Abraços a todos.
   
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