quinta-feira, 4 de março de 2010

CONSCIÊNCIA CÓSMICA OU ILUMINAÇÃO

TESTEMUNHO DE UM HOMEM QUE PASSOU PELA EXPERIENCIA:

Richard Maurice Bucke, psiquiatra canadense, saia de uma reunião com amigos onde as conversas giravam sobre assuntos amenos e elevados. Sua mente estava em paz, tranquila quando, na carruagem em que vinha, viu-se envolvido por uma luz intensa. 
Essa experiencia ele tenta explicar a seguir:

‘De súbito, sem qualquer aviso, vi-me envolvido por uma nuvem rubra. Por um instante pensei em fogo, um grande incêndio na grande cidade. Em seguida, conheci que o fogo estava dentro de mim. Logo depois me senti exultante, uma alegria imensa, acompanhada de uma iluminação intelectual impossível de descrever. Entre outras coisas, não passei apenas a acreditar, mas vi que o universo não é uma coisa morta, porém, ao contrário, é uma presença viva; tomei consciência da vida eterna em mim mesmo. Não era uma convicção de que eu teria a vida eterna, mas a convicção de que sempre tive vida eterna. Vi que todos os homens são imortais; que a ordem cósmica é tamanha que, sem sombra de dúvida, todas as coisas funcionam juntas para o bem de tudo e de todos; que o principio do mundo e de todos os mundos é o que chamamos amor e que a felicidade de todos é absolutamente certa’. ‘Essa experiência está além das palavras e símbolos (Paulo: ‘vi e ouvi coisas indizíveis’); a) a pessoa, de repente, sem aviso, tem a sensação de estar mergulhada numa chama ou nuvem cor de rosa ou avermelhada, ou de que sua mente está preenchida por essa nuvem; b) no mesmo instante, se vê banhada por uma emoção de alegria, confiança, triunfo, salvação (esta palavra não representa exatamente o que significa a coisa, mas é a convicção de que a salvação não é necessária, pois o esquema do universo já é nesse sentido. É um êxtase muito além de tudo imaginado. Isso foi relatado em todo o tempo por aqueles que passaram por ele. Assim, Gautama (o Buda), em seus discursos, preservados pelos Sutras; Jesus (o Cristo), em seus sermões e parábolas; Paulo, nas Epistolas; Dante, no Purgatório e no Paraíso; Shakespeare, nos Sonetos; Balzac, em Serafita; Whitman, em Folhas da Relva; Eduard Carpenter, em Rumo à Democracia; Pascal, em seu Amuleto Místico e outros mais); c) simultaneamente, recebe uma iluminação intelectual impossível de ser descrita. Como um raio apresenta-se à sua consciência uma concepção clara (uma visão) que lhe dá o significado e direção do universo. A pessoa não passa simplesmente a crer, mas vê e sabe que o cosmos não é matéria morta, mas presença viva. Que os seres sencientes são partículas de morte relativa num oceano infinito de vida. Vê que a vida do homem é eterna; que a alma do homem é tão imortal quanto Deus. Que o universo é construído e ordenado de tal forma que, sem sombra de dúvida, todas as coisas funcionam juntas para o bem de todos; que o principio criador do mundo é o que chamamos amor e que a felicidade de todos é absolutamente certa. A pessoa conhecerá, em alguns instantes de duração dessa experiência, mais do que poderia conhecer em muitos anos com os melhores mestres. Aprenderá o que nenhum estudo jamais ensinou nem poderia ensinar. Obtém, sobretudo, uma concepção da totalidade (da unicidade, do Todo) que excede a qualquer outra concepção, imaginação ou especulação. Tal concepção torna velhas, insignificantes e até ridículas todas as tentativas anteriores de apreender o significado do universo e seu sentido. Os mistérios maiores não lhe são revelados: ele os contempla. Vê a origem de todos eles, de todos os contrastes e princípios discordantes, de toda dureza e suavidade, severidade e brandura, doçura e amargor, amor e sofrimento, bem e ‘mal’, céu e inferno. Junto com essa elevação moral e iluminação intelectual surge uma consciência de imortalidade. É muito mais do q uma convicção, é muito mais simples e elementar; é uma certeza absoluta e total de que sempre foi assim. O medo da morte, que faz sofrer a todos, cai como um manto velho, não como resultado do raciocínio, mas simplesmente desaparece. O mesmo acontece com a noção de pecado; não que a pessoa agora escape do pecado, mas ela deixa de ver no mundo qualquer pecado do qual deva escapar. Essa iluminação é como deslumbrante relâmpago numa noite escura que ilumina tudo que se acha oculto à mente; é a visão total. Mesmo a aparência da pessoa pode se tornar semelhante à de quem está sob intensa alegria (a transfiguração de Jesus, a felicidade estampada no rosto de Whitman, a luz na fisionomia de Moisés). Há uma gigantesca ampliação da consciência e das faculdades intelectuais independentemente de qualquer processo de aprendizado. O individuo percebe que absolutamente não é um individuo ou um ‘eu’ separado, uma consciência separada das demais e do mundo (Que tudo é Um). Adquire, instantaneamente, uma capacidade infinitamente maior de conhecimento e de iniciativa para praticar qualquer ação (sabedoria). Sabe que o universo está construído para a felicidade de todos; que a existência continua para além do que chamamos morte.

Resumindo: ‘1) luz subjetiva; 2) elevação moral; 3) iluminação intelectual; 4) consciência de imortalidade; 5) perda do medo da morte; 6) perda da noção de pecado; 7) desponta subitamente; 8) o fascínio adquirido pela personalidade que faz com que os demais se sintam atraídos por ela; 9) a aparência de ‘transfiguração’, muitas vezes percebida pelos outros; 10) com tudo isso vem uma certeza esmagadora de que o universo, exatamente como sempre foi e como é neste momento, é tão completamente correto e perfeito que não necessita de qualquer explicação ou justificativas além da de que ele simplesmente é. A existência não apenas deixa de ser um problema; a mente fica tão maravilhada diante de tudo, das coisas e fatos, incluindo até aquilo que, comumente, seria considerado ‘o pior’, que não consegue encontrar palavras para expressar a perfeição e a beleza da experiência. Vem-lhe a impressão de que o mundo se tornou luminoso e transparente, enquanto sua simplicidade dá a impressão de que tudo é ordenado por uma inteligência suprema. É comum perceber que todo o mundo se tornou seu próprio corpo e que o indivíduo sente que aquilo que ele é, não apenas se tornou assim com a experiência, mas que sempre foi aquilo que tudo o mais é. Percebe que a existência individual é apenas um ponto de vista adotado por ‘alguma coisa’ desmedidamente maior do que ele mesmo. O cerne da experiência parece ser a convicção ou compreensão de que o ‘agora’ imediato, seja qual for sua natureza, é a meta e a realização de todo o viver. Êxtase emocional, sensação de profundo alivio, liberdade e leveza e, com freqüência, um amor quase insuportável pelo mundo, fluem dessa percepção. E a compreensão disso tudo nunca se apaga’.






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