domingo, 29 de maio de 2011

EGO E ILUSÃO

Ego e ilusão




Nossa identificação com o “ego/eu/mente” e seus conteúdos, é a causa de todos os problemas do mundo.

Quando se consegue ir além dessa ilusão, com a eliminação do ego, todos os males cessam.

Os conteúdos e processos mentais (que estão na mente/eu/ego) vêm do condicionamento trazido pelas tradições, culturas, costumes, sociedade em que vivemos, crenças, religiões, suposições. Todas essas coisas nos enchem a mente de ilusões, que formam um verdadeiro véu que não nos permite uma visão correta da realidade. A identificação com esses conteúdos nos trás a experiência de um ‘eu/ego’ condicionado e ficamos presos às ilusões.

Transcendida essa identificação com o ego, cessam os condicionamentos e, com eles, cessa o ‘eu pessoal’, que nada mais é que um “feixe” de memórias que provocam os conteúdos da consciência com os quais nos identificamos.

Após essa transcendência, pensamentos e emoções ainda passam pela mente, mas não há mais qualquer identificação com eles, e tem-se a experiência a que damos o nome de bem-aventurança porque, não havendo identificação com conteúdos mentais dolorosos (pensamentos e emoções dolorosos), não há mais experiência de sofrimento.

Sem condicionamentos, ficamos livres das identificações com conteúdos inconscientes ou conscientes que destorcem a interpretação da realidade, e a consciência é capaz de uma percepção clara e precisa que, no budismo, chamam de ‘espelho de cristal’, porque reflete fielmente a realidade. Cessam toda a ignorância, sofrimentos, conflitos, problemas.

Por isso o Cristo afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” e o Buda: “A iluminação é o fim de todos os sofrimentos”.

Não havendo mais identificação, o espelho e aquilo que ele reflete, o sujeito e o objeto, são percebidos como uma coisa só. A consciência, agora, é percebida como sendo aquilo que antes ela observava (Krishnamurti: o observador é a coisa observada), porque percebe-se que o observador ou ego, produto ilusório da identificação, é irreal. O indivíduo se vê como consciência pura em unidade com tudo, idêntico a qualquer outro indivíduo. Vem daí a conhecida afirmação dos místicos de que ‘todos somos um’ (Jesus: “Eu e o Pai somos um”), e não mais surgem pensamentos que possam ferir os ‘outros’. Amor e compaixão são expressões naturais desse estado.

Todos os relatos de experiências dessa espécie deixam bem claro que elas só acontecem quando se vai além dos limites da mente, além do ego condicionado. E como a comunicação entre diferentes estados/níveis de consciência é difícil, as descrições em geral são incompreensíveis na visão do homem comum. Assim, é fácil rejeitar essas experiências sem qualquer análise, considerando-as sem sentido ou patologias, erro cometido por alguns dos mais notáveis profissionais de saúde mental do mundo.

Nesse estado, a pessoa se vê como pura percepção, incondicionada, eterna e, também, experimenta ser tudo o que existe. Nas profundezas da psique humana, cessadas as identificações (que nos limitam) com os conteúdos mentais, isto é, com o ego, a percepção não encontra limites à sua identidade e se percebe como aquilo que está além do espaço e do tempo, aquilo a que a humanidade deu o nome de Deus (‘eu e o Pai somos um’). Por isso, afirmou Bugental: ‘Para mim, Deus é uma palavra usada para indicar nossa subjetividade inefável, o potencial indescritível e inimaginável que está dentro de cada um de nós’.



Palavras de alguns que passaram pela experiencia:

Catarina, mística cristã, séc. XV: “Meu ser é Deus, não por uma simples participação (minha nele), mas por uma transformação autêntica de todo meu ser”.

Hui-Neng, séc. VI, fundador do Zen Budismo: “Nossa própria natureza do ser é Buda (desperto, iluminado, livre do sofrimento) e, fora dessa natureza, não há outro Buda. Só há Um e somos esse Um”.

Ibn al-Arabi, sufista, séc. XII: “Tu és Ele, sem qualquer limitação, se conheceres tua própria existência dessa maneira”. .

Moisés de Leon, cabalista, séc. XIV: “Deus, em sua manifestação suprema, na plenitude de seu ser, é chamado “Eu”.

Padmasambhava, budista, séc. VII: “A única verdade está dentro de nós. Ela é Buda e Buda somos nós”.

Meister Ekhart, monge cristão, séc. XIII: “Percebo que Deus e eu somos um só”.

Monsoor al-Halaj, sufista, séc. X: “Eu sou a verdade”.

Shankara, hindu, séc. VIII: “Não participo da ilusão ‘eu’ e ‘tu’, ‘isto’ e ‘aquilo’. Sou a realidade sem começo e sem fim. Sou Brahman, o primeiro sem segundo, a bem-aventurança sem fim, a verdade eterna e imutável. Resido em todos os seres. Agora, eu sei que sou Tudo”.

E Jesus: “Eu e o meu Pai somos um”.

Santa Catarina de Gênova: ‘O meu eu é Deus e não reconheço outro Eu senão meu Deus’.

São Bernardo: “Se a alma difere de Deus, a alma difere de si mesma”.

Quanto mais encantados com o mundo, mais distantes de Deus

Um amigo colocou que “quanto mais identificados com a matéria, mais distantes de Deus”.


Observe, amigo, que afirmar que “quanto mais identificados com a matéria, mais distantes de Deus” é apenas outro modo de dizer que “quanto mais ignorantes do que somos ou da verdade libertadora, mais distantes de Deus”, pois é fato que, então, mais estaremos presos à matéria, aos atrativos do mundo; nossas ilusões serão mais “ativas”. Todos os atrativos do mundo se referem à matéria. A igreja primitiva, talvez por seus teólogos, ou pór aqueles que se destacaram na busca de Deus, mostrou sabedoria ao elencar os pecados capitais, todos eles vinculados às coisas materiais. Evidentemente não tinham o significado que posteriormente a igreja deu à expressão “pecado capital”, prática que, pela visão da igreja de hoje, pode levar a penas eternas, mas guarda semelhanças pois, enquanto esses defeitos persistem, o trabalho de meditar é impedido ou prejudicado e o homem não chega à se libertar do ego e, consequentemente, não chega à realidade última, que traz felicidade absoluta (céu).

À medida que aumenta a compreensão acerca do mundo e da armadilha que é a vida, e que o homem percebe que não encontra, no mundo, solução para seus problemas, mas vai se distanciando das coisas da matéria que antes o atraiam pois que essas coisas, aos poucos, mostram que não mais satisfazem, que não preenchem suas mais altas aspirações. E instala-se nele o desencanto pelas coisas materiais que, por mais satisfatórias e mais duradouras que sejam, não trazem as soluções definitivas almejadas. Isso tem sua valia, pois leva aquele, que já começou a refletir sobre “o porque de tudo isto”, a buscar algo mais e algo mais e algo mais..

Assim, quanto mais nos afastamos das coisas do mundo, mais próximos ficamos de Deus (e vice-versa)..

Como vc disse, o mundo não passa de uma grande escola, mas é uma escola tanto do bem quanto do mal pois é aqui que o ego aprende a desconfiar, a ser violento, a matar, roubar mentir (o decálogo), enfim, a ser mau e se torna cheio de imperfeições. Em nenhum lugar além do mundo o ego se enche de imperfeições e defeitos morais.

domingo, 22 de maio de 2011

BOM ÊXITO NA VIDA FUTURA

BOM ÊXITO NO FUTURO‏




Um amigo afirmou que só a prática do bem é garantia de uma vida feliz no futuro. Como lhe perguntei se se referia a um futuro imediato ou “definitivo”, fez uma nova pergunta:

“Qual a utilidade de se saber se o texto diz respeito a um futuro imediato ou definitivo??”

Cel: veja q sua afirmação foi que só a pratica do bem garante bom êxito na vida futura. A pergunta, de se se refeira a um futuro imadiato ou defnitivo, se deve ao fato de que, praticando o bem podemos ter um futuro (amanhã, o mês q vem etc) bom em virtude do reconhecimento e até do apoio daqueles q por nós foram beneficiados pela prática do bem. Mas, nenhuma valia traz para se alcançar o futuro definitivo, isto é, um futuro sem a sujeição ao ego; pratique quanto bem puder, que o ego continua ali, firme, agindo. No entanto, conheça a verdade e estará libertado definitivamente. Como diz o roshi: “vc pode roubar o pão da boca do faminto, que nenhum dano sofrerá”.


Até logo mais,

NÃO NOS ILUDAMOS COM PALAVRAS BONITAS

Amigos, como gostamos de ouvir ou ler palavras como essas que nos enchem de esperanças, reconfortam ante os problemas do dia-a-dia da vida, trazem tranqüilidade; no entanto, não percebemos que apenas são belas e, de modo algum, nos suavizam os dias.

Pois vejam: "Não menosprezes a força interior que Deus te conferiu como dom natural”. Como devemos fazer para atender este conselho? E o q devemos fazer para crer e confiar que essa força interior está em nós apenas a espera q a utilizemos? Como fazer isso? Basta q pensemos, ou imaginemos, q essa força nos foi conferida por Deus e que está ao nosso dispor? Basta crer que as podemos utilizar para o bem? Basta isso?

Texto:

“Essas energias superiores estão em ti, basta somente que as liberte prezar e um fluxo energético te guiará melhor ante tua própria existência”.

Cel: Palavras belas e q tentam levar a acreditar q sua aplicação é simples, q não exige nenhum esforço: “basta que as libertes e um fluxo energético te guiará melhor em tua existência”, diz o texto. Contudo, como “libertar” tais forças para q as apliquemos para o bem nosso ou de outrem? O texto nada diz a respeito!

Texto:

“O acontecimento não é o que ocorreu, mas sim o que fazes com aquilo que ocorreu. Podes tornar pior ou suavizar tuas tribulações pelo jeito com que reages a elas”.

Cel: as palavras deste último parágrafo estão certíssimas, mas continuam não nos ensinando como devemos obrar, como usar essa força interior para suavizar as tribulações de nossa vida; tb não ensina como fazer para “reagir frente às tribulações para q não nos afetem tanto”. Diz somente que o jeito com q reagimos a elas poderá tornar nossa vida mais suave. Como se compreender isso? Porque o texto não é claro de modo que seja compreendido por todos? Porque, pelo que parece, guarda os esclarecimentos necessários, nas entre-linhas?

Texto:

“Tua dor será sanada. Teu conflito, extirpado.

Tua ansiedade, apaziguada. Tuas buscas sempre encontrarão porto feliz. Usa abundantemente tua luz interior e terás maior lucidez e discernimento em tua casa mental. As soluções fluirão mais fáceis, se te integrares nesta força íntima que habitam em ti,

pois és herdeiro de Deus”.

Cel: aqui está a comprovação exata do que coloquei acima: trazem esperanças, nos acalentam a existência, como a mãe q cantarola, suavemente, embalando o filhinho nos braços para que ele se esqueça do mal-estar q está sentindo. Apenas isso. Diz q devemos fazer isto e aquilo, confiar, crer, e que, então, nossos problemas serão minorados ou mesmo solucionados, concordam? E termina, novamente nos dando esperanças de dias melhores, pois “somos herdeiros de Deus”.

Com toda sinceridade, amigos, não compreendo como muitos se satisfazem com textos semelhantes, inspiradores, mas vazios de conteúdo significativo. Afirmam que isto e aquilo, coisas poderosas e sábias estão dentro de nós, mas não nos ensinam onde está a chave para trazê-las para nossa vida.

É preciso colocar estas coisas q eu disse, ou muitos permanecerão na ilusão de que nada necessitam fazer para suavizar a vida mas, ao mesmo tempo, nada conseguem fazer quando as tribulações vêm, pois não lhes foi mostrado como usar a força q está em nosso interior.

Que o autor desse texto e tantos outros q escrevem poemas, belas histórias e textos inspiradores, não fiquem apenas nos trazendo esperanças; mostrem o que se deve fazer e como.

Fiquem em Deus.

CARTA A UM AMIGO - 20/05/2011

Amigo, cito voce:

“.. como o próprio amigo nos fala para substituir a palavra 'Deus', 'mundo' por vida e experiências.... dificilmente 'Deus' e 'mundo' terão os significados iguais como o amigo diz!”.

Cel: amigo, lembre-se que as palavras são apenas símbolos da coisa que representam, conforme os homens convencionaram; as palavras não são a coisa. Peço-lhe, então que não substitua a palavra Deus por nenhuma outra; esqueça-a e corrija: onde está Deus escreva: o eterno fluir da vida, o conjunto de todos fenômenos, a poderosa força que faz tudo acontecer desde a semente se tornar árvore, o sêmen se tornar ser independente do organismo materno, a força/energia que cria tsunamis, que move o universo e até confundimos com o caminhar do tempo, levando tudo do passado para o futuro. Há, como o amigo deve saber, muitas coisas “do espírito” difíceis ou impossíveis de serem expressadas pela linguagem dos homens; há muita coisa que não pode ser comunicada, não por ser proibida ou “oculta”, mas porque nossos idiomas não têm condições de expressar. Lembre-se de Paulo que no terceiro ou quinto céu (??) viu e ouviu coisas “inefáveis” e do Buda, quando o inquiriam acerca da “máxima experiência”: “Essas perguntas são irrelevantes; venha e veja por si mesmo”. Muitos aconselharam a mesma coisa; como é difícil comunicar e se fazer compreender, dizem: “Procure ter sua própria experiência!”.

Cito o amigo:

“Muitas pessoas conhecem o mundo apenas através de convenções e conceitos, e infelizmente, ao longo de sua vida tem entedimentos diversos sobre 'Deus' e 'mundo'. Quando vamos dar uma explanação sobre um determinado tema, devemos tomar cuidado para não confundir a mente das pessoas, que muitas vezes, já é confusa”.

Cel: concordo com o amigo, é verdade; contudo, o Buda também se expressou usando concepções intrigantes, que muitos não entenderam e não entendem ainda; Jesus e Paulo e outros mestres e até a própria ciência de hoje. muitas vezes não são compreendidos em muitos aspectos; por isso, Jesus disse: “Quem puder compreender, compreenda!’, e também o Zen: “Se compreendemos, as coisas são como são; se não compreendemos, as coisas são como são!”

Amigo:

“O amigo fala, aparentemente, com autoridade que o universo e as forças que impulsionam o todo são a realidade última, mas com base em que?”

Cel: não amigo, eu não disse isso: a realidade última é aquilo a que damos o nome de Deus, a Consciencia Una, Universal, o início e o fim de tudo, a Mente de onde tudo vem e para onde tudo vai, como dizem as escrituras o Alpha e o Ômega; e, dentro desse conceito de “tudo”, aí estão as forças, o universo, os seres do universo, você e eu, e o que mais que seja manifestado ou não manifestado.

Amigo:

‘O pensamento de que pode haver algo além do universo e as forças que impulsionam o todo, já surgiu na mente do amigo?”

Cel: se o amigo se refere a algo além do universo material, é evidente que sim; o que existir “dentro” ou “fora” do universo (ou “universos”, como dizem hoje), além ou acima, não no sentido espacial, mas em qualquer sentido que seja, tudo está no domínio do Todo Absoluto, isto é, “é” o Todo Absoluto.

Amigo:

“A respeito do karma, me refiro a não dar valor a atual existência, achando que a vida é negativa e fonte de sofrimento. Isso é bastante relativo e não é tão simples assim”.

Cel: amigo, essa questão de vida “negativa”, o que significa? Negativa em que aspectos? Se no aspecto do sofrimento, de ser fonte do sofrimento, ninguém pode fugir dessa verdade. O que tentou o Buda ensinar; senão a libertar-se da doença do mundo, o sofrimento? Tanto que quando lhe perguntavam o que era a iluminação, respondia: “É o fim de todo sofrimento”. O que disse Jesus: “... a verdade vos libertará”, e assim por diante. Observe que para “todas” as religiões ocidentais e, talvez, para as demais, o que mais existe no mundo é o sofrimento. Daí a busca de escapar da vida e se chegar a um futuro ou condição de felicidade duradoura. Essa é a luta de todos, sem exceção: ir para além do sofrimento e chegar ao seu oposto exato, que é a felicidade. Tudo que o homem, do mais puro e sem mácula, ao mais pervertido e perverso que seja, faz no sentido do bem ou no sentido do mal, tem exatamente a finalidade de ser mais feliz ou menos infeliz. Concorda?

Um abraço.

CARTA A UM AMIGO - 21/05/2011

CARTA A UM AMIGO – 21/05/2011


Texto de msg anterior:

"Devemos procurar ensinar o que cada um deve fazer, não para sentir amor, mas para “ser” amor."

Cito o amigo:

“Quem somos nós para ensinar algo a alguém, senão a nós mesmos?”

Cel (msg atual): desconheço sua filosofia de vida, se tem uma crença ou religião, se já conheceu o que disseram os mestres e sábios tanto do Oriente quanto do Ocidente; desconheço se tudo, para o amigo, se resume no que está contido nas mensagens deste site (Anjo de Luz). De qualquer modo lhe perguntarei: o q deseja significar com “só podemos ensinar a nós mesmos”? É obvio que,. se o amigo se refere a que toda sabedoria, felicidade e amor já estão dentro de nós, concordo inteiramente. Mas são apenas palavras, pois não as experimentamos ainda. Se é isso, concordo! Mas, são mesmo só palavras, ou o amigo já penetrou em seu próprio “eu”, já se libertou de todos os obstáculos para a percepção de Deus?

Outra pergunta, na suposição de q o amigo conheça alguma coisa dos evangelhos cristãos: lembra-se deste conselho de Jesus: “Não coloque tua luz sob o alqueire, mas sobre o velador para que ilumine a todos”? E observe que ele não se dirigia somente aos profetas, aos discipulos, aos sábios, mas ao povo em geral, ao homem comum; lembra-se? Se o amigo conhece algo que pode ser de auxilio à compreensão de alguém mais, esconderá esse algo só para si? Tenho certeza que não! Isto, com certeza, responde a sua pergunta inicial, concorda?

Cel em msg anterior:

"Percebam Deus em vocês."

Cito o amigo:

“Esse é o primeiro passo. Depois vem a manifestação da divindade e a unicidade”.

Cel: sim, amigo, mas esse primeiro é também o último passo (se no primeiro passo percebemos Deus em nós); o primeiro (estou novamente me reportando ao cristianismo) é fazer aquilo, que o mesmo mestre citado acima, aconselhou que deve ser feito “em primeiro” lugar: “buscar o reino de Deus...”; o último passo, é um passo sobre um abismo gigantesco, é o percebimento de Deus, da verdade libertadora; a partir daí nenhum passo a ser dado; quem chegou a isso, chegou “lá”; deixou para trás, e para sempre, as flores e ilusões do caminho, “ressuscitou”. Não há mais perguntas, nem há mais necessidade de respostas; chegou-se ao objetivo final. A manifestação da Divindade e da unicidade, são concomitantes com o resultado da “busca do reino”, de perceber que Deus está em nós. Não haverá, portanto, para esse que chegou “´lá” nenhuma necessidade de manifestação da Divindade ou da percepção da unicidade. Ele já chegou ao lugar de onde nunca saiu, senão pela ilusão do ego.

Cito o amigo:

"A VERDADE é indizível e cada um deve experienciá-la internamente, dentro de suas vivências pessoais”

Cel: nssas palavras desejo colocar pequeno reparo: ninguém experimenta ou experiencia a Verdade dentro de suas vivências pessoais (a não ser q o amigo esteja dando a essas palavras significação q desconheço).

Cito o amigo:

“Pobre mente humana que acha que tem o controle de alguma coisa”.

Cel: aqui, amigo, vc está perfeito: a mente localizada nem mesmo pode reivindicar a paternidade de seus pensamentos, desejos e ações, sejam eles no sentido do bem quando no do mal; os “nossos” pensamento não são nossos... Paulo: “É o Senhor q opera em nós o pensar...”.

Cito o amigo:

“Quando a consciência se expande, a mente esperneia e quer a qualquer custo manter o controle e mostrar o quanto sabe e entende. Essa reação é parte da dualidade.

E esse camihno, como todos os outros, também é certo, pois todos os caminhos levam ao mesmo lugar, sejam eles mais longos ou mais curtos.”

Cel: quando a consciencia se expande nenhuma mente espernea, nem quer manter o controle, pois qdo a consciencia se expande a mente já deixou de existir; era apenas ilusão. Quando a consciencia se expande o ego cessa suas operações; então mente passa a ser Mente; Consciencia localizada, passa a ser Consciencia não localizada, una, divina, universal.

E esses caminhos não são caminhos; são apenas desvios que a nada levam... o caminho é um só como a verdade é uma só (a não ser que estejamos falando de outra coisa). Será que estamos falando da mesma coisa? Eu falo do caminho que leva a Deus, da verdade que liberta de todas as dependencias. Suponho que o amigo, também.

Cito o amigo:

“Portanto você, eu e todos estão no caminho certo, pois conscientes ou não, somos UM e estamos em Deus como Deus está em nós. Essa aceitação é parte de unicidade”.

Cel: novamente o amigo colocou palavras certas, exceto ao dizer “nessa aceitação”. A aceitação leva a alguma compreensão? O desejo de aceitar pode provocar o nascimento de alguma realidade, ou apenas provoca mais ilusões? O acreditar que “somos um” pode levar à experiencia de perceber que todos “somos um”? Ou de que “somos um com Deus”? Não; a aceitação não faz isso! Para chegarmos a essa percepção temos de, obrigatóriamente, seguir um “único” caminho, o da eliminação da fonte de nossas ilusões, o único obstáculo que nos afasta de Deus, o caminho que leva à morte do ego.

Um abraço, amigo.

CARTA DE UMA AMIGA - 22/05/2011

Carta de uma amiga



A amiga disse:

“... se a física quântica fala que não existe a realidade fora do observador, a realidade só existe no já”.

Cel: a física quântica afirma isso, amiga? Tem certeza? Se afirma, será que não estão querendo significar que “a realidade material” (a realidade que observamos, vemos, cheiramos etc) só existe quando há observador? Sem observador não existe matéria e a “realidade material” é a única que conhecemos e percebemos!

Mais uma coisa: a realidade é, exatamente, sempre “já”, pois não podemos ver, ouvir, cheirar, sentir... nem no passado, nem no futuro; todas as nossas percepções são “instantâneas”, num presente eterno, que não tem passado, nem futuro.

Amiga:

“... o autor fala que não podemos nunca ter memória do agora ou já, em um segundo tudo se torna antigo, então na verdade o que pensamos que somos é um aglomerado de memórias sendo depositada uma após a outra construindo uma realidade fictícia sobre nós mesmos, pois o ser é eterno, não passa , não acaba, não pode estar no passado, o personagem sim é finito”.

Cel: veja, amiga, embora o presente seja o único tempo que existe, pois ele é a eternidade em que já vivemos, e passado são apenas memórias, e futuro são apenas expectativas, em nosso modo (relativo) de compartimentar o tempo existe mesmo o presente? O que é o presente senão uma linha “invisível” e sem duração alguma, ligando o passado com o futuro? O “presente” é apenas o nome que damos à essa linha divisória. Quando o futuro “chega”, instantaneamente se torna passado, concorda? Assim, futuro não existe para nós senão como expectativas e quando “chega” se torna, instantaneamente, passado, e o passado não existe para nós senão como memória. O único que existe é a eternidade, um presente eterno.

Amiga:

“O que somos quando o corpo acaba? Quando a história do EGO não tem mais função?”

Cel: somos aquilo a que damos o nome de Deus, uma Consciência única, sem centro, sem periferia, que cria isso a que damos o nome de “universo material”, que não compreendemos qual sua finalidade (se é que existe alguma) e nem porque estamos “aqui”.

Amiga:

“Penso que isso é o que todos esses pensadores vem sempre alertar, assim como a Doutrina Espírita nos mostra: a obsessão, fixação do Espírito em um aglomerado de sentimentos de posse, raiva, egoísmo construídos pela memória dos vários personagens que viveu.”

Cel: o Espírito/Deus não tem memória, pois todo o tempo para ele é agora, como todo lugar é aqui. Para a Consciência do Universo, portanto, não existe nem passado nem futuro. Como recordar o passado se o passado para o Espírito é agora? Como ter expectativas quanto ao futuro, se o futuro é agora?

Amiga:

“Rohden enfatiza a total concentração no momento assim como os orientais falam da não dispersão, e total atenção, sendo a dispersão o maior dos pecados”.

Cel: pois era exatamente essa a concepção existente no primitivo cristianismo (o dos primeiros séculos): a atenção, a maior das virtudes; a distração, o maior dos pecados. Lembre-se das parábolas sobre a necessidade da atenção, a das virgens insensatas, a do ladrão que pode chegar a qualquer momento... Tereza de Ávila, a repetida recomendação que fazia às noviças era: “Atenção! Atenção! Atenção!”. É tb isso que o Budismo ensina: “abandone o filme emotivo-imaginativo”, significando permaneça no aqui-e-agora; não no passado, pelas emoções, nem no futuro, pela imaginação.

Como Rohden e os místicos orientais afirmam,

concentração/atenção no momento é o treinamento para o trabalho da meditação. “A mente é como um cavalo selvagem, como disse Krishina a Arjuna, no Bhagwad Gita, mas, com determinação e paciência, pode ser domada”. A tentativa de meditação não é apenas a tentativa de aquietar/domar a mente? Podemos acalma-la, com todos esses condicionamentos, que nos envolvem, e nos fazem estar todos os instantes pensando, falando, ouvindo, imaginando, avaliando, conceituando? Nunca, se não formos capazes de, com determinação e paciência, tentar. Temos de tentar acalmar o cavalo, para que a mente/ego se acalme, e a meditação chegue.

Lembre-se dos mestres Zen: “Lavar louça, lavando louça” e: “Chupar laranja, chupando laranja”.

Até mais. Abraços a todos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

PORQUE DEVEMOS CONHECER OS DOIS LADOS DA MOEDA.

Amigos,


Ao falar que devemos conhecer os dois “lados da moeda”, isto, o lado belo e bom da natureza, ou da criação, ou da vida, assim como o lado feio e ruim, o motivo não é apenas “mostrar que nem tudo é beleza, felicidade, paz, e que existem muitos momentos tristes... etc”.

Nosso objetivo de sempre é mostrar outra coisa, muito mais séria e importante para nossa compreensão da vida e do mundo, para a realização espiritual. O fato é que nos enganamos a nós mesmos o tempo todo ao ficarmos emocionados com as coisas boas e belas e tudo o mais que de elevado e inspirador existe, e ficarmos receosos ou penalizados, como dizem as doutrinas cristãs e muitas outras, frente aos males e sofrimentos do mundo, por considera-los que são da responsabilidade das criaturas divinas por, pela própria vontade, procederem erradamente. É; por isso, que desejamos mostrar que as “coisas” quase nunca são o que imaginamos ou o que desejamos que seja e que estamos totalmente iludidos, vivendo como num sonho do qual desejamos despertar.

Queremos mostrar que a natureza/as características da “criação” (que nos “afetam”de desde o princípio de nossa vida), o homem e tudo o mais nela incluído, nos iludem frequentemente. O homem se torna esperançoso de que um dia, amanhã, mês que vem, no próximo ano, as coisas melhorarão; contudo esperança não passa de imaginação, de desejo, de idealização, ilusão. Como a vida, o mundo, a natureza é “neutra” e o fluir dos acontecimentos é sempre incerto; e como tudo aquilo a que nos apegamos e em que depositamos confiança para nos proporcionar felicidade, é impermanete, podendo cessar de um momento para outro, quando menos esperamos, realmente tudo pode mudar, nos trazendo mais felicidade ou nos trazendo mais infelicidade. Como toda luta do homem, sem exceção de nenhum, é no sentido de conquistar condições para agora, amanhã ou no futuro, ser mais feliz, o que só pode ser alcançado com a eliminação do sofrimento, ele se torna cheio de esperanças pelo que as religiões e tradições ensinam: se agir com amor, humildade e solidariedade, será mais feliz. No entanto, nem a ciência, nem a filosofia, a psicologia, nem atos de amor e solidariedade, nem crenças e religiões oferecem solução definitiva para o sofrimento e para o crescimento moral dos homens. Trazem apenas efêmeros lenitivos; soluções passageiras, que agem como um refrigerante num momento de calor; o efeito refrescante passa logo e o calor volta. Nos enchemos de esperanças pelo que as doutrinas dizem: que o céu nos espera, que essa é a intenção do Criador, tanto que enviou Jesus, o Cristo, para nos salvar; que ele morreu pela humanidade, que redimiu os homens, que lavou a multidão de pecados, e outras coisas mais; mas tudo isso é mesmo verdade? Quem foi salvo, quem foi redimido? A humanidade de depois de Jesus comete os mesmos desacertos da de antes dele; talvez piores! O homem está orando, suplicando, pedindo perdão e auxilio, forçando sua própria natureza para agir caridosamente, se auto-flagelando, se reunindo em grupos para preces, para visualizar e mentalizar o amor e a paz, e o mundo continua como está, talvez se tornando mais doente em sua moral, como todos podemos ver: guerras, desentendimentos, crimes hediondos, tráfico de drogas, pedofilia, abuso do poder, desonestidade, corrupção, exploração dos semelhantes, enfim, uma lista longa e cansativa!

É isso que pretendemos mostrar e, por isso, sempre pedimos que se reflita: que devemos voltar a atenção para outras direções e não só para nossa crença particular, que se diz ou que acreditamos seja possuidora da solução; que abramos, sem preconceitos tolos, o leque de buscas, como sabiamente Paulo aconselhou e, também sabiamente, a codificação espírita recomendou. Então, talvez, percebamos que a solução, para o homem ser feliz, não está nas religiões, nem no exercício forçado de atos de amor ao próximo, nem no surgimento de “emoções” elevadas, como aquelas provocadas pelas belezas da natureza, a que muitos se referem tantas vezes. “Emoções” só contribuem para “retardar” o avanço do espírito; mesmo as emoções de amor nada produzem, senão bem-estar, felicidade momentânea, efêmera; O que efetiva e eficazmente produz o crescimento é o “sentimento” de amor. As emoções provocadas por atos de amor, nada mais são que sensações do ego, nascidas de coisas exteriores ao espírito; nos envolvem e agradam, e nelas ficamos enlevados como se trouxessem algo mais do que temporária satisfação. O amor, ao qual precisamos chegar, para conhecer a verdade que liberta, é “sentimento” “interior”, do espírito; nada tem a ver com a “emoção” provocada por atos de amor, que é apenas resultado de eventos exteriores. O “amor” está já em nós, como em nós “habita o Senhor”; o espírito é amor puro e incondicional. O que nos impede de o expressarmos livremente, são as interpretações equivocadas do mundo, trazidas pela ótica do “ego”, que nos sufoca a visão da realidade. A solução definitiva para todos os males, problemas e sofrimentos, isto é, para sermos felizes, é retirar a máscara do ego, pois este é o único obstáculo entre nós e a felicidade, a bem-aventurança que é Deus.

Até mais...

SOMOS O QUE A VIDA FAZ QUE SEJAMOS

Amigos,


Alguém, estudioso, disse:

“A família, as influências do meio em que vivem, a comunidade, a sociedade etc, podem ser, para "alguns", o motivo da entrada nos vícios. Mas , “para alguns”, porque não “para todos”...”

A resposta é: exatamente porque as “infinitas” influencias, vindas de todas as experiências da vida, desde que viemos à existência, nos fazem desiguais. Isto é, as lições recebidas nesta escola, do bem e do mal, que é a vida, não são iguais para todos e nos colocam em níveis diferentes de aprendizado, de compreensão; acrescente-se, a essas lições, a força da genética que nos vem desde os mais remotos ancestrais e nos moldam a constituição fisiológica, o cérebro, certas capacidades, num sentido positivo ou negativo e, talvez, a constituição psicológica ou parte dela.

Disse: atingir

“Mas, não somos responsáveis por tudo aquilo que nos acontece? Porque no mesmo ambiente de maus exemplos, uns se tornam viciados ou maus e outros não?”.

É verdade que isso ocorre com freqüência, mas somos todos perfeitamente iguais para que respondamos igualmente às influencias da vida? É a desigualdade que permite que os exemplos nos atinjam de modos diferentes; uns se deixam influenciar mais facilmente que os outros. Somos diferentes, uns dos outros, tanto no aspecto fisiológico, quanto no psicológico, não é verdade? Mas, analise: “Antonio” não se curva aos exemplos viciosos, mas “João”, se submete a eles. Será que João quer ser diferente de Antonio nesses aspectos, simplesmente porque quer ser diferente? Será que João se viciou simplesmente porque quis se viciar? Porque agiram desigualmente? Será que Antonio resistiu somente pelo fato de querer resistir? Alguém possui uma vontade mais forte do que outro, simplesmente porque quer possui? Não é a vida, com todas suas lições vindas das diferentes experiências de cada um, que os tornam diferentes nas ações, nas respostas aos exemplos, na maior ou menor força de vontade para resistir ao que é nocivo? Você é uma pessoa boa, honesta, humilde, solidária simplesmente porque quer ser assim? Porque o outro não tem essas mesmas qualidades que você tem? Porque não quer ter? De onde vem essa desigualdade (que traz sofrimentos desiguais) senão de nossa escola de vida? O mau é mau porque quer ser mau? O bom é bom porque quer ser bom? Não existe uma diferença entre o bom e o mau? De onde vem ela? Você poderá dizer: “da alma, do espírito, do caráter, da vontade, do carma”, certo? E eu lhe perguntaria: “e de onde vem essa diferença de alma, de espírito, de caráter, e de vontade?” Nós mesmos as colocamos em nossa alma? Nós mesmos fizemos nossa vontade ser no sentido do bem ou do mal? Analise!

Disse:

“Quantos jovens e mesmo adultos passam pelos mesmos infortúnios, na mesma família, na mesma escola, com os mesmos pais e "escolhem" um caminho diferente ao do vício...”

Como já vimos, isso é verdade, mas como saber se todas as influências recebidas, a todos os instantes, até por gêmeos, que vivem sob o mesmo teto, são iguais? Aí entram inúmeras variáveis que não temos condições de verificar. Dores e sofrimentos, satisfações e alegrias, fisiológicos e psicológicos são iguais para todos que estão, por muito ou por algum tempo, nas mesmas condições de vida? E veja que essa é apenas “uma” variável!

Disse:

“Pedras podem existir no caminho de muitos, uns pisam e nada sentem, outros se sentem incomodados, mas pisam e vão adiante, tornando-se mais fortes e outros machucam os pés e deixam de caminhar”.

Exatamente, é isso que vemos o tempo todo; é isso que as religiões colocam: que uns aceitam suas provas e outros reclamam. E porque as reações são diferentes entre uns e outros, as suas das minhas, senão porque somos seres diferentes, porque a vida nos fez diferentes? Ou será que reagimos diferentemente porque temos vontade de agir diferentemente? A amiga, o amigo, alguém pode vislumbrar outra explicação? Gostaria de saber qual é.

Nós não somos os formadores de nosso caráter, de nossas qualidades ou defeitos; não somos nós que nos fazemos, que nos construímos como somos. É a vida, com suas inumeráveis influencias sobre nós, que nos constrói o caráter, que nos faz deste ou daquele jeito, bons ou maus, honestos ou desonestos, inocentes ou criminosos, vítimas ou algozes, alegres ou tristes, felizes ou infelizes.

Fiquem em Deus.

OLHEMOS OS DOIS LADOS DA VERDADE!

Amigos


Porque será que os homens só se interessam em conhecer o lado bom das coisas? Isso é causa de muitas ilusões, pois deixamos de conhecer a verdade de como o mundo realmente é. Só fazemos referências às belezas da vida, dos sentimentos elevados, da natureza, e a feiúra é colocada de lado como se fosse inexistente! Porque não queremos saber a verdade? Porque fugimos da verdade, daquilo que a vida e o mundo são realmente?

Dizem:

“Amemos e respeitemos a nossa querida Mãe Natureza!!!”

Sem qualquer dúvida, os exemplos e a beleza que a natureza nos oferece são grandiosos. Assim, de pleno acordo com a recomendação de amá-la e respeita-la, pois a natureza é nossa casa e nós mesmos somos a natureza. E devemos, sim, fazer todos os esforços para respeitá-la, pois se a ofendemos com nossos desacertos, praticados, sobretudo, por ignorância ou ambição, ela se vinga sem dó nem piedade e sem olhar a quem. Observem o mundo e percebam como isso frequentemente acontece.

Dizem:

“Quando nossos olhos contemplam o espetáculo do nascer e do pôr-do-sol, não podemos deixar de reconhecer a grandiosidade do Criador”.

Novamente, quando nos referimos à natureza, essa obra-prima do Criador, só nos lembramos de coisas belas, paisagens lindas, coisas que agradam, beneficiam, e nos favorecem. Esquecemos o céu negro-chumbo das tempestades e tornados, os céus encobertos pelas erupções vulcânicas, esquecemos os tsunamis, terremotos, cataclismos que destroem vidas e coisas necessárias à vida. Lembramos as cores dos pássaros e o perfume das flores e nos esquecemos das cores dos répteis e animais peçonhentos, plantas venenosas, e do odor fétido da decomposição de seres, inclusive de nós mesmos e de nossos queridos; esquecemos de tantos conhecidos nossos, como ratos, aranhas, baratas e escorpiões, das bactérias, vírus, fungos que trazem epidemias arrasadoras. Nos maravilhamos com o admirável firmamento repleto de estrelas, e louvamos o Criador, nos esquecendo dos cataclismos naturais, colisões de galáxias que destroem talvez milhões de mundos, provavelmente habitados.

Dizem:

“Observem a grandeza e a inteligência que a biologia nos mostra, descobrindo a perfeição da maquinaria humana, seu intrincado de artérias, veias, vasos, neurônios...”.

Isso é uma enorme verdade: o corpo humano, como o de outros animais, muitos destes com recursos ou “detalhes” mais apurados e perfeitos que os dos homens, é obra admirável e, ainda, incompreensível pela ciência, em muitos de seus aspectos. No entanto, nos esquecemos que essa coisa admirável é, na verdade, de extrema fragilidade, em certos “detalhes”, pois microscópicos seres, como bactérias, vírus e fungos, também criaturas da mesma obra divina, a derrubam, fazem sofrer e a destroem, por vezes, em poucas horas...

Ficamos emocionados e satisfeitos com certas poesias e prosas a respeito do Pai e sua obra, e esquecemos que, também sua obra, traz eventos que fazem derramar lágrimas e desesperam...

Dizem:

“Deus não se repete, não se cansa de criar, e a cada momento que o homem aprofunda suas lentes para o interior da terra, ou o seio dos mares, vai se dando conta de que o pai desceu a detalhes muito pequenos para que nós, seus filhos, nos sentíssemos felizes neste planeta.”

Amigos, atentem para essas palavras: como elas quase nos fazem esquecer de que a criação incessante e incansável de Deus sempre nos apresenta novos problemas, novas situações para as quais a inteligência do homem não encontra soluções rápidas, o que gera, outra vez, dores e lágrimas. Com as palavras acima, quase nos esquecemos que, por outro lado, há também detalhes da obra divina que nos fazem profundamente infelizes, com as tragédias e desgraças que trazem; é só observar o mundo, para vê-los por todos os lados e continentes, em nosso dia-a-dia...

Dizem:

“Mas como todo pai, Ele também providenciou para que aprendêssemos uns com os outros, a fim de crescer com maior rapidez.”

Contudo, aqui também se esquecem que esse aprendizado de “uns com os outros” não se faz senão à força de sofrimentos, muitas vezes terríveis, obrigatórios para todos, como todos sabem perfeitamente.

Dizem:

“E a natureza é uma mestra exemplar. Sua lição de serviço desinteressado, paciência, perseverança, se faz presente todos os dias... Aprende com a natureza.”

Vejam, aqui: aconselham: “Aprende com a natureza”; este é um sábio conselho pois, com ela aprendemos coisas belas e benéficas; contudo, também aprendemos coisas feias, e podemos até ficar sabendo (fato que pode ser benéfico, para nós) que o mundo não oferece soluções para a eliminação do sofrimento, muitos deles causados pela própria natureza, tão louvada. Por isso, a luta de cientistas no esforço de descobrir “antídotos” para seus “venenos”, luta aparentemente desesperada pois, assim que se descobre a solução para um problema, a natureza nos apresenta outros, muitas vezes mais difíceis que os anteriores.

Amigos, olhemos sempre os dois lados da verdade! Porque enfiar a cabeça na areia e só retirá-la para ver as coisas boas e belas? O mundo é só de beleza e de coisas gratificantes?! A criação só nos apresenta coisas edificantes? Ou as coisas feias e não gratificantes procedem de uma outra criação?

Fiquem em Deus.

O VERDADEIRO PERDÃO

PERDÂO

Amigos, alguém perguntou se o ato de perdoar deve ser previamente estudado acerca de se o que errou deve mesmo ser perdoado. E a resposta, evidente é: se o ato de perdão é apenas um ato forçado, da “boca para fora”, sem dúvida aquele que perdoa, pesará a gravidade do mal feito, se deve ou não perdoar, se o outro merece esse perdão, se é ou não conveniente perdoar, quais vantagens vai auferir do seu ato de perdoar. Isso, no entanto, significa um perdão forçado, pseudo-perdão. Para o perdão feito por amor, que é o verdadeiro perdão, não tem de haver uma razão, um ensinamento esclarecedor, nem saber quando perdoar ou porque perdoar; não tem de existir uma teoria ou alguém (mestre, santo, guru, espírito amigo, religião, mandamentos, exemplos), que nos recomende perdoar; nem precisamos saber o que é o perdão; só tem de “existir” amor, mesmo que não saibamos o que essa palavra ou sentimento signifique. Se houver alguma razão ou interesse para perdoar, como a aquisição de méritos com vistas a recompensas futuras, como as religiões prometem; se houver pensamento ou esperança de que o Criador nos premie agora, ou depois, ou numa vida futura, seja na carne ou na pátria espiritual, não é perdão. Se houver qualquer condição, por mais insignificante que seja, para que se perdoe, não é perdão; é, apenas, uma imitação, uma simulação de perdão, um falso perdão, pois o amor verdadeiro não exige condições ou análise: é espontâneo e natural, sem qualquer esforço, sem qualquer motivo ou razão.

O verdadeiro perdão não analisa se aquele que perdoa poderá ou não ser considerado fraco ou tolo ou medroso, pelos semelhantes; não analisa as condições do ofensor, ou nossa, de seres ainda imperfeitos; nem se o ofensor agiu maldosamente ou por ignorância, nem se vamos ser, com o perdoar, aliviados de qualquer mágoa ou preocupação ou consciência pesada. Se qualquer dessas razões, ou condições, existir, podemos até dizer que é um “treinamento” de perdoar, mas não é perdão porque não é amor. Lembrem-se de Paulo, ao falar sobre o “perdão, o amor, a caridade”; e de Jesus ao falar em “oferecer a outra face”.

Fiquem em Deus.