domingo, 22 de maio de 2011

CARTA A UM AMIGO - 20/05/2011

Amigo, cito voce:

“.. como o próprio amigo nos fala para substituir a palavra 'Deus', 'mundo' por vida e experiências.... dificilmente 'Deus' e 'mundo' terão os significados iguais como o amigo diz!”.

Cel: amigo, lembre-se que as palavras são apenas símbolos da coisa que representam, conforme os homens convencionaram; as palavras não são a coisa. Peço-lhe, então que não substitua a palavra Deus por nenhuma outra; esqueça-a e corrija: onde está Deus escreva: o eterno fluir da vida, o conjunto de todos fenômenos, a poderosa força que faz tudo acontecer desde a semente se tornar árvore, o sêmen se tornar ser independente do organismo materno, a força/energia que cria tsunamis, que move o universo e até confundimos com o caminhar do tempo, levando tudo do passado para o futuro. Há, como o amigo deve saber, muitas coisas “do espírito” difíceis ou impossíveis de serem expressadas pela linguagem dos homens; há muita coisa que não pode ser comunicada, não por ser proibida ou “oculta”, mas porque nossos idiomas não têm condições de expressar. Lembre-se de Paulo que no terceiro ou quinto céu (??) viu e ouviu coisas “inefáveis” e do Buda, quando o inquiriam acerca da “máxima experiência”: “Essas perguntas são irrelevantes; venha e veja por si mesmo”. Muitos aconselharam a mesma coisa; como é difícil comunicar e se fazer compreender, dizem: “Procure ter sua própria experiência!”.

Cito o amigo:

“Muitas pessoas conhecem o mundo apenas através de convenções e conceitos, e infelizmente, ao longo de sua vida tem entedimentos diversos sobre 'Deus' e 'mundo'. Quando vamos dar uma explanação sobre um determinado tema, devemos tomar cuidado para não confundir a mente das pessoas, que muitas vezes, já é confusa”.

Cel: concordo com o amigo, é verdade; contudo, o Buda também se expressou usando concepções intrigantes, que muitos não entenderam e não entendem ainda; Jesus e Paulo e outros mestres e até a própria ciência de hoje. muitas vezes não são compreendidos em muitos aspectos; por isso, Jesus disse: “Quem puder compreender, compreenda!’, e também o Zen: “Se compreendemos, as coisas são como são; se não compreendemos, as coisas são como são!”

Amigo:

“O amigo fala, aparentemente, com autoridade que o universo e as forças que impulsionam o todo são a realidade última, mas com base em que?”

Cel: não amigo, eu não disse isso: a realidade última é aquilo a que damos o nome de Deus, a Consciencia Una, Universal, o início e o fim de tudo, a Mente de onde tudo vem e para onde tudo vai, como dizem as escrituras o Alpha e o Ômega; e, dentro desse conceito de “tudo”, aí estão as forças, o universo, os seres do universo, você e eu, e o que mais que seja manifestado ou não manifestado.

Amigo:

‘O pensamento de que pode haver algo além do universo e as forças que impulsionam o todo, já surgiu na mente do amigo?”

Cel: se o amigo se refere a algo além do universo material, é evidente que sim; o que existir “dentro” ou “fora” do universo (ou “universos”, como dizem hoje), além ou acima, não no sentido espacial, mas em qualquer sentido que seja, tudo está no domínio do Todo Absoluto, isto é, “é” o Todo Absoluto.

Amigo:

“A respeito do karma, me refiro a não dar valor a atual existência, achando que a vida é negativa e fonte de sofrimento. Isso é bastante relativo e não é tão simples assim”.

Cel: amigo, essa questão de vida “negativa”, o que significa? Negativa em que aspectos? Se no aspecto do sofrimento, de ser fonte do sofrimento, ninguém pode fugir dessa verdade. O que tentou o Buda ensinar; senão a libertar-se da doença do mundo, o sofrimento? Tanto que quando lhe perguntavam o que era a iluminação, respondia: “É o fim de todo sofrimento”. O que disse Jesus: “... a verdade vos libertará”, e assim por diante. Observe que para “todas” as religiões ocidentais e, talvez, para as demais, o que mais existe no mundo é o sofrimento. Daí a busca de escapar da vida e se chegar a um futuro ou condição de felicidade duradoura. Essa é a luta de todos, sem exceção: ir para além do sofrimento e chegar ao seu oposto exato, que é a felicidade. Tudo que o homem, do mais puro e sem mácula, ao mais pervertido e perverso que seja, faz no sentido do bem ou no sentido do mal, tem exatamente a finalidade de ser mais feliz ou menos infeliz. Concorda?

Um abraço.

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