terça-feira, 26 de março de 2013

SE NÃO EXISTE ACASO, NÃO EXISTE LIVRE-ESCOLHA, NÃO EXISTE LIVRE-ARBÍTRIO.


      Amigos     

      Trazido por EE, o texto abaixo da Revista Espírita - 1869 - pág. 408/409, afirma q não existe acaso; logo, dele se deduz q tudo q acontece, acontece como e por que tem de acontecer, concordam?!

      Texto: “Página 41 e seguintes: Não existe acaso.
      “Que seres inteligentes possam ser produzidos por uma causa não- inteligente, isto é absurdo; ‘por acaso’, é uma expressão imaginada para ocultar a ignorância”. 

      Cel: será q estou entendendo? Que, do q lemos acima, podemos, também, entender (ou será absurdo?) e afirmar “que seres não-inteligentes possam ser produzidos por uma causa infinitamente inteligente”? Pois as doutrinas ensinam q de Deus Sabedoria e Inteligência Supremas são produzidos seres de mente estúpida, como o mundo nos mostra! Será, então, correto (ou absurdo?) se dizer “que seres monstruosamente imperfeitos possam ser produzidos por uma causa q é a própria Infinita Perfeição”? Pois, como é q da Infinita Perfeição (atributo conferido a Deus, pelos homens) pode vir, ou nascer Monstruosa Imperfeição, como ensinam as doutrinas? A Perfeição pode produzir Imperfeição?! Se não existe acaso não podemos dizer q é por acaso q a Suprema Perfeição cria seres q se tornarão monstruosamente imperfeitos; logo, temos de entender q é exatamente a Perfeição q, “propositadamente”, cria seres q se tornarão enormemente imperfeitos!  Será isso uma verdade? Pois é, exatamente, nisso q as religiões e doutrinas crêem e ensinam!!   

      As doutrinas do mundo fazem crer que a Perfeição Infinita produz seres q se tornarão monstruosamente Imperfeitos! Quem estará certo? Temos de, necessariamente, raciocinar. 

      Contudo, observem que, para a ciência mais avançada do planeta "tudo é incerto, tudo é imprevisível, tudo é impermanente" (Essa é, também, a base da filosofia do Buda).  Evidentemente, para nós, seres condicionados e de mente limitada, é exatamente isso q ocorre: q tudo é realmente incerto, pois desconhecemos (como diz, logo abaixo, o texto da revista espirita) toda a, talvez, infinita seqüência de causas e efeitos que resultam nos efeitos q o mundo nos mostra a cada instante. Por isso, a grande sabedoria de Jesus ao dizer: “não julgueis!” pois, não conhecendo todas causas e efeitos q se sucederam e resultaram no q estamos julgando (ou acreditando), sempre nossos julgamentos serão errados!

      Assim, não existindo acaso, temos de admitir q tudo q acontece, acontece como e por que tem de acontecer; será isso? Que o encontro do assassino com sua vítima, não acontece por acaso, por coincidência, mas porq tem de acontecer? Que o ato do estupro acontece porq tem de acontecer já q não há acaso na presença de estuprador e do estuprado e na concretização de circunstâncias q permitam q o crime aconteça! Será verdade? Que o ato/ação mau acontece como e por que tem de acontecer, como também o ato/ação bom? Do mesmo modo, o desejo bom ou mau, não são por acaso? Que a existência de um coração bondoso ou de um coração maldoso, não é fruto do acaso, mas de por que tem de ser assim, tem de acontecer assim?

      Se essa é a verdade, não há dúvidas, estará , totalmente, eliminada a possibilidade da existência do livre-arbítrio! Pois, como alguém poderá, por sua vontade, por seu livre-arbítrio, modificar aquilo q tem de acontecer?

      Quem poderá refutar tal conclusão? Mas refutar com argumentos q venham de seu raciocínio; não somente com os que as doutrinas trazem pois, para elas, a livre escolha é uma realidade irrefutável, incontestável, tanto q afirmam q é por fazermos escolhas erradas ou maldosas q sofremos, sem maiores explicações convincentes. 

      Repito as palavras finais do texto, pois merecem ser lidas mais de uma vez:
      Texto: "Não existe acaso: nem mesmo nos mais insignificantes acontecimentos... Mas, porque ignoramos as causas, supomos, cremos, dizemos que há acaso e calculamos até mesmo o número de nossas inabilidades como chances do acaso, embora essas inabilidades não sejam acasos, mas efeitos físicos de causas físicas postas em movimento por uma inteligência pouco explicada. Assim, rejeitamos a palavra e a idéia de acaso, pois são vazias de sentido e indignas da filosofia. Nada acontece, nada pode acontecer senão conformemente às leis.
      “Não é questão religiosa; muito pelo contrário...
      “Acaso é a ignorância dos contornos exatos de um fenômeno".

      Cel: E agora, como ficamos, amigos espíritas? Há ou não há livre-arbítrio? Se ninguém pode fazer acontecer o q não tem de acontecer... Se tudo q acontece é porq tem de acontecer...?
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quarta-feira, 20 de março de 2013

SOFRIMENTOS DOS HOMENS - EXPIAÇÕES E PROVAS


      Amigos,
      Os amigos espíritas falam, sempre, de provas e expiações. E confesso q, mesmo com muitos anos de estudo da doutrina espírita, ainda não entendi qual é a diferença entre uma e outra. Por isso, para tentar entender vou, novamente,  procurar raciocinar sobre o assunto; espero q os amigos contribuam com seus comentários.
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      Um amigo escreveu: Definições:
      - provar: dar provas de...; solicitar passar por provas; padecer provas; mostrar que pode alguma coisa....
      - expiar: remir, resgatar, sofrer as conseqüências de culpas ou delitos; cumprimento de pena, purificação através de castigos e penitências...
   
      Cel: raciocinando: qto à ‘expiação’, é evidente q nenhuma das definições acima se relaciona com ‘a’ ou ‘as’ primeiras encarnações conscientes pois, nestas, nós ainda nada temos de ‘remir’, nem de ‘sofrer conseqüências de erros cometidos’ e, portanto, nenhuma ‘pena a cumprir’ e nenhuma necessidade de nos ‘purificar’, pois q, ainda, não nos tornamos impuros, certo?

      Mas, novamente raciocinando: se, pela doutrina espírita, não existe retrocesso moral, como compreender q nós, q não éramos ainda impuros, nos tornamos impuros?

      Amigo escreveu: uma alma, ou espírito, querendo avançar mais, solicita uma prova pela qual será tanto mais recompensando, se sair vitorioso...

      Cel: raciocinando: como o amigo disse, uns desejam ‘dar provas de q estão em condições de avançar mais” (pois, para isso, pedem passar por provas). Mas, qual é a causa de uns desejarem avançar mais, eqto outros nada fazem para isso? Ou todos fazem a mesma coisa, pedem provas e sofrem igualmente com as provas q pedem? Isto é: sofrimento para todos!

       Amigo: Pode-se considerar como expiação as aflições que provocam reclamações e levam o homem à revolta contra Deus.

      Cel: aqui, vamos raciocinar, de acordo com a intenção de entender o q é q diferencia a prova da expiação, pois as provas, como o amigo disse, podem ser pedidas por nós para avançarmos mais rápido, certo? Mas, e as expiações, qual é a causa de nós as sofrermos? Sofremos as provas porq as pedimos; e as expiações, porq as sofremos?

      Amigo: O sofrimento que não provoca murmurações pode ser, sem dúvida, uma expiação, mas indica que foi antes escolhido voluntariamente do que imposto; é a prova de uma firme resolução, o que constitui sinal de progresso. (OESE, capV, item 9).

      Cel: isso significa q somos nós, por nossa livre e espontânea vontade, q escolhemos ter cânceres, membros amputados, loucura, cegueira, lepra, enfim, nascer com deformações físicas ou mentais, ou ter doenças asquerosas, sofrer dores, frio e fome, na miséria, arrastando-nos pelo chão, vivendo dos lixões e, também, assistir a nossos queridos sofrerem todas essas coisas e outras talvez mais desesperadoras?!

      Somos nós, isto é, eu mesmo, você mesmo, quem pede a Deus, ou a espíritos mais elevados, para passar por todos esses terríveis, torturantes, insuportáveis sofrimentos? Vc pediria a expiação de passar pelo sofrimento de ver sua pequena filhinha, sua alegria e razão de viver, ser, na sua frente, violentamente estuprada e assassinada por homens cheios de drogas; seus filhos terem os pés amputados a machadadas, ou ossos e órgãos esmigalhados em acidentes, ou ser tornarem aidéticos, ou escravos das drogas, praticantes de crimes hediondos etc etc?!

      Vc pediria a expiação de passar pelo sofrimento de ver sua filha, sua esposa ou sua mãe enlouquecida, ou se transformar numa reles prostituta, mergulhada em vícios degradantes, ou assassina de crianças para vender seus órgãos? E, se vc pedir essas expiações, o fato de sofrê-las fará q vc evolua mais?!Ou fará, como acontece com muitos, q vc se revolte contra o Criador, deixe de crer em tudo em q antes cria, não ver mais sentido na a vida e vituperar contra Deus? Pois é exatamente isto q ocorre com muitos q se desiludem ou se revoltam com a vida e com o Criador!

      Amigo: Quando reencarnamos, escolhemos provas e expiações para cumprir durante a nossa vida. E os escolhemos unicamente para nossa evolução. Um Espírito perfeito não precisa der submetido a nenhuma prova, no entanto, a fim da busca de um grau mais elevado, solicita uma missão, uma tarefa, uma prova. Se falhar não regredirá, pois na Doutrina Espírita não há regresso de evolução do Espírito.

      Cel: raciocinando: pois é, meu amigo, espíritos elevados não precisam passar por provas, ou passam a pedido; e não precisam passar por expiações, é evidente, concorda? Mas, será esse o plano de Deus para a nossa existência, para nossa evolução? Fazer sofrer, sofrer, sofrer, porq só debaixo das chicotadas dos sofrimentos conseguimos evoluir?! Terá Deus, com toda sua infinita misericórdia, criado um processo para avançar mais, cujo método mais eficiente é nos fazer sofrer?!! Qdo leio isso me vem sempre a pergunta: onde estará a Sabedoria Infinita, q não soube (e ainda não sabe, pois ainda continua mantendo), como as doutrinas crêem, criar um processo para evoluir senão esse recheado de dores e lágrimas? Onde estará o Amor Infinito q faz ou q permite q Suas criaturas sofram de modo tão torturante?

      Amigo escreveu: Nem as provas, nem as expiações são impostas. São escolhas nossas. Nós escolhemos as expiações para nosso melhoramento, para nossa evolução. E uma coisa é certa, sempre que o sofrimento provoca reclamações e nos leva a revoltarmos contra Deus, trata-se de uma expiação. Pois é a dor máxima de nossa alma.

      Cel: essas palavras e o q a doutrina ensina fazem crer q a Infinita Sabedoria só nos cria a todos dotados de mentes tão estúpidas e vazias, já q só entendemos a linguagem dos sofrimentos, pois que só sofrendo aprendemos q temos de abandonar o caminho do mal para evoluir. Será isso uma verdade?

      Amigo: Um dos admiráveis personagens da história que estão na doutrina espírita, Paulo de Tarso, é um forte exemplo de prova e expiação.

      Cel: raciocinando: como devemos entender essa afirmação se a doutrina deixa de lado não concordando com tantos profundos e importantes ensinamentos de Paulo, como estão no Novo Testamento? E ele foi o porta-voz do cristianismo sem o qual, com suas viagens e epístolas, talvez, a Boa Nova ficasse restrita por muito tempo, aos povos próximos à Judéia.

      Amigo: Todavia, sabemos que Deus não castiga ninguém e o sofrimento pelo qual estamos sendo infligidos é fruto dos nossos próprios erros.

      Cel: discordo do amigo; não é isso q a doutrina diz; conforme a doutrina faz ver, Deus castiga sim, e com sofrimentos atrozes, pois nos criou a todos de modo q, sabia (se Ele sabia e sabe mesmo o q está criando), q seríamos monstros de perversidade e de perversão; q praticaríamos coisas hediondas, abomináveis; que teríamos de passar por castigos terríveis para remissão desses desmandos, tanto q, antecipadamente, criou leis punitivas e mundos ("presídios", como diz o amigo) destinados a neles sofrermos a aplicação das expiações através de doenças as mais dolorosas, misérias, violência, crimes hediondos, abomináveis, vícios os mais degradantes e ações as mais baixas, porq merecemos tudo isso, como também afirma o amigo.

      Amigo:... tais sofrimentos, quando suportados com resignação, paciência e entendimento, apagam erros passados e purificam a alma que assim vai, encarnação após encarnação, libertando-se das imperfeições da matéria.

      Cel: aqui é novamente necessário raciocinar: nós somos criados "sem" imperfeições; conforme a doutrina "não" existe retrocesso moral; contudo, tornamo-nos possuidores das mais abjetas imperfeições; como entender isso? Não éramos imperfeitos e nos tornamos profundamente imperfeitos, mas na há retrocesso moral! E dotados de imperfeições tão monstruosas q, para delas nos livrar, temos de, inexoravelmente, sofrer sofrimentos desesperadores e insuportáveis. Como devemos entender isso?

      Amigo: Obviamente, as almas possuem a faculdade de se melhorarem sem as dores e dificuldades infligidas na encarnação, isto quando despertam para uma nova consciência de trabalho em prol da reforma íntima e amor ao próximo.

      Cel: aqui é preciso perguntar: se as almas possuem essa faculdade, porq não as usam? Então, se há almas que se melhoram intimamente sem ter de passar pelos sofrimentos infligidos na reencarnação, porq é q muitos outros têm de passar por tais sofrimentos? Porq é q uns despertam para uma nova consciência de trabalho em prol da sua reforma íntima, e outros não? De onde vem essa tão grande desigualdade?

      Amigo: Entretanto, é sabido que muitos desses espíritos ainda relutam em se despojar dos vícios e das más inclinações. Endurecidos e cegos pelo egoísmo e pela vaidade, não conseguem se libertar dos sentimentos que aviltam o homem e, por isso, carecem da expiação terrena para compreenderem melhor os desígnios de Deus.

      Cel: tenho de fazer novas perguntas: muitos relutam; e os demais, porq não relutam? Porq uns são endurecidos e cegos pelo egoismo e vaidade, e outros não? Porq uns conseguem se libertar de seus vícios e sentimentos aviltantes e outros, não? Tem de haver uma explicação para isso, para essa enorme desigualdade q leva, os primeiros, ao caminho do bem e, em consequência, à felicidade, e os outros, ao caminho do mal e, em consequência, à extremas infelicidades. Quem sabe explicar qual é a causa dessa desigualdade? Se todos somos iguais, no princípio, porq nos tornamos tão profundamente desiguais?  E, se observarem com atenção, verão q a causa dessa desigualdade não está mau uso do livre-arbítrio, como muitos afirmam q está!

      Amigo: A expiação é, assim, a alavanca que move o espírito estacionário ao caminho da perfeição.

      Cel: novamente aqui se afirma q o plano criado por Deus, para a evolução dos espíritos, tem como método mais eficiente o fazer sofrer! È isso mesmo, o Infinito Amor nos faz, obrigatoriamente, sofrer?!

      Amigo: afirma Joana de Ângelis, q são expiações: a loucura, idiotice, aleijões com falta de membros, e outros defeitos físicos e morais; q essas coisas são as lições q Deus nos dá para q deixemos o caminho do mal, e que Ele faz q reencarnemos pela necessidade de passar por todo esse sofrimento para aprender!

      Cel: novamente, aí está a afirmação de q o processo divino para a evolução é fazer sofrer! Será mesmo?! Esse é o Deus de Infinito Amor? O Infinito Amor faz seus filhos sofrerem, sendo q Ele mesmo os criou de modo que precisassem sofrer?!

      Amigo: Todos os nossos sofrimentos, por mais cruéis q sejam, resultam de imperfeições que adquirimos nas reencarnações.

      Cel: raciocinando: se não éramos imperfeitos, o q é q faz q nos tornemos tão imperfeitos?! E isso não significa retrocesso moral? E como é q adquirimos imperfeições nas reencarnações se a finalidade das reencarnações é fazer q nos libertemos das imperfeições? E, sem dúvida, é na própria escola para onde viemos aprender a nos livrar das imperfeições, q aprendemos a nos prender a elas!!

      Amigo: A dor é necessária pois é uma alavanca para que possamos evoluir. Ela acaba por ser o nosso alarme. Se estamos sofrendo, temos que mudar, não é? Acabamos por reflectir, por parar e pensar... algo que muitos se recusam a fazer, não saindo do mesmo lugar, cometendo sucessivamente os mesmos erros. Um espírito irmão disse: "Os sofrimentos são dados por Deus para aquele q tem um passado delituoso para que, por elas, receba o merecido castigo..."

      Cel: qto à primeira parte do comentário acima, concordo com o amigo; a dor pode nos fazer parar e refletir; mas porq essa reflexão fará alguém concluir, ou mesmo só pensar, q está sofrendo porq fez outros sofrerem? Não entendo! E, novamente acima o amigo se refere à enorme desigualdade entre os homens: uns, se estão sofrendo, param e refletem sobre o porq de estarem sofrendo; outros, mesmo estando sofrendo, se recusam a parar e não refletem! De onde surgiram pensamentos e decisões tão diferentes se todos éramos iguais?
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segunda-feira, 18 de março de 2013

DEUS NOS FAZ IGNORANTES E,DEPOIS, NOS PUNE POR SERMOS IGNORANTES?!


Parte superior do formulário

      Amigos nossos fizeram duas afirmações estranhas. Assim, se devemos ter uma “fé raciocinada”, vamos raciocinar. 

      1ª afirmação: “o sofrimento, que há na natureza, esse é mais fácil de aceitar”. 
      Questão: O que significa isso? Que o sofrimento q Deus nos faz passar, através de processos naturais, é mais fácil de aceitar, do q o sofrimento q Deus nos faz passar, através de processos não naturais?! Um câncer no fígado, ou a amputação de um membro, ou terríveis dores morais, o arrependimento por ter feito um ser querido sofrer muito, não é o mesmo Deus q por eles nos faz passar?! Não é pela vontade do mesmo Deus, q uns e outros nos atingem? Ambas essas duas espécies não trazem sofrimentos q podem ser igualmente torturantes? Ou se, pela vontade de Deus, vierem através da natureza, os sofrimentos serão menos torturantes?!    

      2ª afirmação: “o sofrimento é uma forma de evolução”.
      Questão: Essa afirmação está baseada em alguma verdade ou religião? Será q alguma religião ou crença acredita q o plano criado pelo Soberano Amor, para a evolução dos humanos e não humanos, está baseado no fazer sofrer?  Que o método mais eficiente para nosso crescimento espiritual, idealizado pelo Ser q é o Saber e é a Misericórdia, é o fazer derramar lágrimas e sofrer dores cruéis, físicas ou morais?
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      Amigos afirmam q “sofrimento e dor são coisas diferentes; q dor pode ser um motivador do sofrimento, mas não é o sofrimento em si”.

      Aí está outra colocação q exige raciocínio: os sofrimentos e as dores, sejam morais ou físicos, sem dúvida, podem ser igualmente torturantes e desesperadores! Ou sendo ou apenas morais, ou apenas físicos, os padecimentos serão diferentes? Existe mesmo diferença entre eles, em relação aos padecimentos q os seres sofrem? Devemos lembrar q devido a uns e a outros, muitos abandonam a vida prematuramente.  

      Um amigo escreveu: “o principio inteligente se elabora nos seres inferiores da criação, no campo das sensações. Se não é a dor que sentem os animais, nosso próprio Espírito, cujo princípio já pertenceu outrora às experiências dessa natureza, não teria essa capacidade desenvolvida”.

      Com essa colocação, vemos q, mais uma vez, se afirma q o processo evolutivo criado pelo Ser q é Amor, se baseia no fazer sofrer! Será isso mesmo?!

      O amigo colocou: “E a dor, apesar de muitas vezes ser um meio de expiação, por outro lado executa importantíssima função para a manutenção da vida, portanto, é necessário que seja experimentada, principalmente nessa fase da existência”.

      Em parte, devemos concordar com o amigo; não com relação à expiação, mas com relação à manutenção da vida, pois, conforme as crenças, o próprio Criador, por sua vontade, portanto propositadamente, nos deu um mundo repleto de contingências extremamente cruéis, misérias, tragédias e desgraças, crimes os mais hediondos, injustiças e humilhações, perversidades e perversões. 

      No entanto, é de se estranhar profundamente o fato de se afirmar q Deus, só sabe idealizar, com toda sua Infinita Sabedoria (é o q as doutrinas fazem concluir) um processo evolutivo no qual o método de ensino mais eficiente sejam os sofrimentos. Por isso, esta pergunta q sempre me faço: onde estarão, dentro do q as doutrinas ensinam, a Infinita Sabedoria e o Infinito Amor?! 

      Devemos acreditar q o infinito Amor coloca, propositadamente, cânceres, lepra, loucura, aleijões, estupros, feridas de todas as espécies, dores as mais intensas, no caminho das criaturas q Ele mesmo cria?! Será tão estúpida a mente q Ele mesmo cria e nos dá, q só entendemos q devemos deixar o mal se sofremos e choramos?

      O amigo colocou: “Não perca de vista que Deus é a sabedoria suprema, e não faria com que suas criaturas sofressem sem um motivo ou razão”.

      As palavras acima levam, novamente, a concluir q as religiões ensinam q a razão do sofrimento é fazer evoluir, como se a Infinita Sabedoria não soubesse nada melhor q o sofrimento para fazer q seus filhos bem-amados progridam; como se Deus determinasse q um verdugo, de chicote na mão, nos chicoteie, porq só à força de dores torturantes conseguiremos avançar! Será isso mesmo?! O Criador coloca em nós uma mente tão obtusa, tão curta, q só entendemos q devemos deixar o mal, se formos chicoteados pela dor?!
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      Outro amigo escreveu:  a dor e conseqüente sofrimento nos animais, é fator regulador de comportamento e impulsionador do progresso deles, pois cada ato inadequado punido com a dor, servirá de enriquecimento instintivo para as próximas gerações.

      Com essa colocação, o amigo diz q precisamos aprender a viver num mundo onde, propositadamente, o Criador colocou obstáculos terríveis para q os humanos e os não humanos, aprendam a evoluir moralmente à força de lágrimas e dores; único plano, esse baseado nos mais terríveis sofrimentos, idealizado pelo q é Saber Infinito! 

      Como entender q o Supremo Amor coloque em nossa mente tanta estupidez e tanta dificuldade para compreender e, depois, nos faz sofrer de modo torturante, porq nós, devido à mente q Ele nos deu, só deixamos de ser estúpidos e teremos mais condições de compreender q devemos abandonar o caminho do mal, se a Lei do Criador de Suprema Sabedoria nos atingir com dores e lágrimas!

      Sinceramente, como entender q a Sabedoria e o Amor nos enchem de sofrimentos para q deixemos a ignorância e as dificuldades com q Ele mesmo nos criou?!
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NÃO VOS INQUIETEIS COM O QUE HAVEIS DE COMER, BEBER, VESTIR


      O amigo X escreveu: Como entender a mensagem abaixo, considerando-se a as necessidades humanas de comer, beber e vestir obrigam ao trabalho e este leva à evolução? O contrário não implicaria inércia? Esperar que tudo nos seja dado sem esforço? E quantos justos há neste mundo a passar dificuldades, sem terem o que dar de comer a seus filhos?

      "25 ... Não vos inquieteis qto ao que haveis de comer, de beber; de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o  vestido? 26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? 27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? 28 E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo;  não trabalham nem fiam;”
      “29 contudo, vos digo, nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31 Portanto, não vos inquieteis...pelo q haveis de comer, beber, vestir”.
      “32  vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. 33 Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."

      Cel: não há dúvida q, com essas palavras, o mestre Jesus quis dizer q “nunca” devemos nos preocupar com as coisas do mundo; q nada adianta se preocupar, pois "o dia de amanhã cuidará de si mesmo!" Essa, entretanto, não é a crença de nenhuma doutrina do mundo, nem é a crença dos homens, pois não é isso o que os homens estão dispostos a fazer, embora sejam conselhos de o Cristo. 

      O q acontece é q essa é a verdade daquele q se iluminou, faz parte da sua sabedoria, é o seu entendimento, mas não é o nosso, “homens de pouca fé” q somos.  Por isso mesmo, Paulo afirmou q “a sabedoria de Deus é loucura para os homens!” e q “a sabedoria (falsa sabedoria) dos homens é loucura para Deus!” 

      Como não temos a sabedoria de um iluminado, muito do q Jesus falou (e outras afirmações suas e de Paulo, como constam dos evangelhos, e q não são aceitas pelas doutrinas) nos parece absurdo e, conseqüentemente, impraticável.  Assim, o “oferecer a outra face”, “perdoar sempre e até mesmo abençoar os q querem nos fazer o mal”, “dar o vestido a quem nos roubar a capa”, “procurar, em primeito, lugar o reino”, dizer q “aquele q não abandonar pai e mãe não é digno dele”... essas palavras nós não as cumprimos porq não temos coragem de cumpri-las; não temos a fé suficiente para crer nisso, como disse o Mestre, nem uma "fé do tamanho de um grão de mostarda”; contudo,  isso é o q deveríamos fazer, é o certo a fazer. Mas a escola da vida, ainda, não nos permite abrir os olhos suficientemente para crer q isso é a verdade.

      Conforme homens sábios, tudo acontece como tem de acontecer e o Pai tem tudo sob controle; não adianta reclamar, espernear. Por isso, Jesus disse: “não vos preocupeis com o dia de amanhã” (de q adianta nos preocuparmos se nada podemos fazer, pois tudo já está nas mãos de Deus, q cuida do modo certo das plantas e das aves, isto é, de tudo?!); “a cada dia basta o seu mal” (percebam q ele não falou “o seu bem”!); “pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo!” Para muitos, talvez a grande maioria, isso seja incompreensível. E, talvez, também por isso, Jesus tenha dito: “quem puder compreender, compreenda!”, e outros sábios acrescentam: “se vc compreende, as coisas são como são; se vc não compreende, as coisas são como são!”

      E, num dos evangelhos apócrifos não aceitos pelas doutrinas cristãs q, entre mais de duas dezenas, adotou somente os mesmos quatro escolhidos e manipulados, durante séculos por interesses da igreja cristã nascente, está escrito: “E lamentava-se Jesus: “os homens não me compreenderam!”

      Como dito acima, não é nessas palavras de Jesus q os cristãos crêem. Católicos, espíritas e evangélicos não crêem em muito do q Jesus ensinou! Essa é uma discordância ou contradição entre as doutrinas vindas do cristianismo e o Novo Testamento. Há outras mas, qto ao espiritismo, há quem afirme q sua doutrina nada tem a ver com o Novo Testamento, com os evangelhos, com o cristianismo, mas tão somente com o que transmitiram os espíritos q participaram da codificação de Kardec.
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sexta-feira, 15 de março de 2013

COMO SAIR DA INFELICIDADE


 COMO SAIR DA RODA DO SAMSARA, QUE É INFELICIDADE
      (Nirvana – estado ou condição do real, livre do corpo físico; felicidade, serenidade, sabedoria, beatitude, bem-aventurança e amor; existência não submetida às ilusões causadas pelas interpretações equivocadas do ego)
      (Samsara – mundo ou estado ou condição de ilusões e, conseqüentemente, irreal, preso ao corpo físico; estado q mergulha o ser na ignorância e nos sofrimentos; existência submetida às ilusões causadas pelas interpretações equivocadas do ego).
      Obs: M = mestre, P = pergunta do discípulo; os comentários estão entre parênteses, dentro dos textos. 
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      M: Embora sendo Pura Sabedoria Imutável por natureza, o Supremo Ser, quando associado à mente, (a um cérebro, ao ego; está em tudo; se manifesta de modos diferentes em face de experiências diferentes pelas quais cada um passa) que muda conforme as qualidades operantes no momento (eventos exteriores q causam reações interiores, como pensamentos e suas associações, emoções...), identifica-se com ela (o ser se identifica com o conteúdo da mente; no estado em q a mente esteja, está o ser...).

      P: Como isso pode ocorrer?

      M: Veja q a água, em si, é fria e insípida. No entanto, por associação, pode ser quente, doce, amarga, azeda, etc. Da mesma forma, o Eu Real, que por natureza é Ser-Consciência-, Beatitude, aparece como ego quando associado ao modo-“eu” (o modo ‘eu’ resulta de o Ser ocupar um cérebro localizado, fato q resulta na maior ‘enganação’ de Maya, a ilusão de se estar separado do universo, do Ser único e universal, e de ser independente de tudo o mais, pois percebe-se o mundo, a vida, pelos canais  de comunicação com o exterior, com o mundo, dos quais os mais operantes, visão e audição, dão-nos a ilusão  de q o mundo está ao derredor de nós (está, sim, ao redor do corpo físico, mas não ao redor do espírito, Ser infinito...). 

      Assim como a água fria associada ao calor fica quente, também o Bem-aventurado Ser, unido ao modo-“eu”, torna-se o ego carregado de sofrimentos, (devido ao fato de existir num mundo ilusório e irreal...). Assim como a água, originalmente insípida, fica doce, amarga ou azeda conforme as suas associações, também o Ser de Pura Sabedoria parece imparcial, pacífico e bondoso, ou impetuoso, raivoso e ambicioso, ou ainda torpe e indolente, segundo a qualidade do modo-“isto” do momento. (os muitos ‘eus’ da ‘Gnose’; o ‘eu’ do momento, resultante das circunstâncias do momento).

      O Supremo Ser, associado ao prana, (pensamento, palavra, verbo, mente... Verbo: sem ele nada foi criado...) etc., aparece respectivamente como prana, mente, intelecto, terra e outros elementos (como desejo, raiva, amor, ódio, alegria,tristeza, felicidade e infelicidade, desencanto, desapaixonamento etc)

      Conseqüentemente, associado à mente, o Ser parece ter-se transformado na alma individual (para as crenças, essa alma individual é verdadeira; mas não passa da ilusão de se sentir um ‘eu’ separado), afundado no sofrimento do infindável Samsara, e sendo enganado por inúmeras ilusões, como eu, tu, isto, meu, teu, etc (das quais vem felicidade e infelicidade, dor e prazer, desejos, decisões, escolhas, sempre sob a influência dos atrativos do mundo).

      P: Agora que o Samsara chegou ao Ser, como se pode afastá-lo?

      M: Com a total quietude mental, o Samsara desaparecerá; causa e efeito. Do contrário, não haverá fim para o Samsara, mesmo em milhões de éons. (Do maior (?) profeta do Ant Test: ‘Aquieta-te e sabe: eu sou Deus’; de Blavatysk, fundadora da Teosofia – ‘Conhecimento Divino’: ‘a mente é a assassina de Deus; mate (cale) a assassina’; de Taniguchi, fundador da Seicho-no-ie – ‘Casa do progredir infinito’: ‘qdo o ego se afasta, Deus se manifesta’; de outros sábios: ‘ou o eu, ou Deus’).

      P: Não será possível livrar-se do Samsara por algum outro meio além da aquietação da mente?

      M: Absolutamente não; nem os Vedas, nem os ensinamentos, nem as práticas austeras (como amor, caridade, humildade, sacrifício pelos demais, autoflagelação...), nem o karma, nem votos (de caridade, renuncia a isto e àquilo...) nem dons, nem o recitar escrituras, nem fórmulas místicas (mantras
etc), nem cultos, nem qualquer outra coisa pode desfazer o Samsara. Somente a aquietação da mente pode atingir este fim; nada mais.
      (o ego tem de cessar para o Samsara cessar; o ego não opera no momento presente; o ego está nos pensamentos, sempre operando no passado – lembranças, remorsos, q evocam pensamentos e emoções as mais diferentes, boas ou más; ou operando em relação ao futuro - expectativas ou esperanças, imaginações, planejamentos...

      Assim, como só opera em relação ao passado e ao futuro, ele tende a cessar qdo se está absolutamente atento – pois a atenção só acontece no presente; daí todas as práticas e métodos de meditação q objetivam uma atenção absoluta).

      P: Mas as escrituras declaram que só a Sabedoria pode conseguir isso. Então, como o senhor diz que a tranqüilidade mental põe fim ao Samsara?

      M: O que é descrito nas escrituras de diversas formas como Sabedoria, Libertação, etc., nada mais é do que o silenciar da mente (isto é, resulta do silenciar a mente).

      (assim, também, o buscar o reino; o “silenciar a mente” resulta da sabedoria incipiente q percebe o q deve ser feito...; “libertação”, porq isso é o q traz o “conhecer a verdade q liberta...”).  

      P: Alguma outra pessoa já disse isto antes?

      M: Sri Vasishta (muitas: Krishnamurti, Nisargadata, Ramana, Ramacharaca, Osho..., o Zen, Sufismo, Taoismo) 

      M: Sri Vasishta (muitas: Krishnamurti, Nisargadata, Ramana, Ramacharaca, Osho..., o Zen, Sufismo, Taoismo) disse: Quando, pela prática, a mente fica imóvel, todas as ilusões do Samsara desaparecem, causa e efeito. Assim como quando o oceano de leite encrespado (cru) foi batido para obter o néctar (creme, manteiga) e tornou-se calmo e límpido depois que o batedor foi retirado (o ego foi afastado), também ocorre que, ao silenciar a mente, o Samsara cai em descanso eterno. (o Samsara morre porq o ego morre, ou se afasta, se cala, se aquieta).

      P: Como levar a mente ao silêncio?

      M: Pelo desapaixonamento (desencanto vindo da observação do mundo, q nos mostra q seus atrativos deixam de ser o q eram; mostram-se como sendo apenas ilusões, coisas passageiras às quais nos apegamos e q, como cessam qdo menos esperamos, fazem-nos sofrer; ver textos, na continuação, sobre o desencanto); pelo abandono (desapego conseqüente, pois os atrativos do mundo deixam de ser o q eram) de tudo que nos é caro, pode-se, por esforço próprio, realizar facilmente essa tarefa. Sem essa paz mental, a Libertação é impossível (essa paz vem qdo não mais praticarmos aquilo a q foi dado o nome de pecados capitais, veniais e outros
, como denominados pela igreja, inclusive aquilo q, nos Dez Mandamentos, é proibido ao homem).

      Apenas quando todo o mundo objetivo é extinto pela mente desiludida, em conseqüência do conhecimento (pela observação da vida q, se feita com profundidade, nos mostra q nada, nem ciências, medicinas, psicologias, filosofias, religiões, enfim, o mundo não traz solução para os males e sofrimentos de todos, humanos e não humanos) que discerne que tudo que não é Brahman é objetivo e irreal (e faz sofrer...), é que resultará a Suprema Beatitude. Do contrário, se não há paz mental, por mais que um homem ignorante se esforce e se arraste pelo abismo profundo dos textos espirituais, não conseguirá obter a Libertação (sem paz mental, a caminhada dificilmente será bem sucedida.)

       Só pode ser considerada morta a mente que, pela prática do yoga (raja-yoga, o yoga real, o yoga da meditação), perdeu todas as suas tendências e tornou-se pura e imóvel como uma lâmpada bem protegida do vento por uma redoma. Essa morte da mente é a realização mais elevada (q o homem pode alcançar; é o ‘morrer antes de morrer’, morrer para o passado, num total esquecimento de todas as coisas, de todos os conhecimentos, para q a mente, se esvaziando, se calando o ego, abre espaço, condição, para q Deus, a sabedoria, a verdade, nela possa entrar; Krishnamurti: entrar, em vida, na ‘mansão da morte’).

      A conclusão final de todos os Vedas é que a Libertação nada mais é do que a mente silenciada (q trará a percepção de q somos o q sempre fomos mas q o ego, com seu ruído, impedia de perceber... ).

       Para a Libertação apenas uma mente silenciosa tem valor (não tornada silenciosa à força, mas pela atenção total; como ensinaram os mestres, Teresa de Ávila e outros: ‘Atenção! Atenção! Atenção! ’. Ver, na continuação os modos de tornar a mente silenciosa, ensinados por Teresa de Ávila e por São Simeão); riqueza, parentes, amigos, karma resultante de movimentos dos membros (escolhas), peregrinação a lugares santos, banhar-se em águas sagradas, vida em regiões celestiais, práticas austeras, por mais severas que sejam, ou qualquer outra coisa – nada disso serve.

      (assim, Walt Witman afirmou que ninguém conhece a verdade pelo fato de freqüentar templos e cultos, ouvir sermões que emocionam, pedir aos céus, ou por orar; nem por promessas ou por praticar as virtudes pregadas pelas diferentes igrejas e crenças, ou por sacrifícios. Como os místicos e os iluminados, ele afirma que, somente na solidão, no silêncio do “eu”, na perseverança da busca, é que nós podemos encontrar aquilo que é sagrado. E, depois disso, vamos perceber que sermões, escrituras, sacrifícios, rituais, cultos, orações, promessas, isto é, exterioridades, não têm qualquer valor; desaparecem como fumaça.

      E afirmou, também, que: “Enquanto estamos na escuridão, não compreendemos as escrituras; quando chegamos à luz, elas não são mais necessárias”).

      Da mesma forma, muitos livros sagrados ensinam que a Libertação consiste em abandonar a mente. Em várias passagens do Yoga Vasishta a mesma idéia se repete, de que a Bem-aventurança da Libertação só pode ser alcançada pela extinção da mente, que é a causa principal do Samsara e, portanto, de todo sofrimento.

      Assim, matar a mente pelo conhecimento dos ensinamentos sagrados (q ensinam “como” isso deve ser feito!), pelo raciocínio e pela experiência pessoal é desfazer o Samsara. De que outra maneira pode ser parada a miserável roda de nascimentos e mortes? E como pode a liberdade resultar disso? Nunca! A não ser que o sonhador desperte o sonho não termina, como não acaba o pavor de estar diante de um tigre, no sonho. Igualmente, se a mente não estiver desiludida, a agonia do Samsara não cessará. A única coisa é que a mente precisa ser silenciada. Esta é toda a realização da vida.
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terça-feira, 12 de março de 2013

PROBLEMAS DA CRENÇA



      Olá, amigos

      Um amigo, X, q por muitos anos foi adepto do espiritismo, mas q hoje não é mais, explica como foi sua trajetória na Doutrina Espírita: anos de entusiasmo, certeza de haver encontrado o q buscava, o q faltava e, um dia, ao perceber tantas estranhezas, questões mal explicadas, incoerências e mesmo contradições... decepção!

      O amigo escreveu: ... descobri... que as preces aos anjos de guarda ou aos "necessitados" não funcionam...    

      Cel: nenhuma prece funciona! O universo não muda seu “status”, seu movimento porq, parte dele (nós), pede.
      A prece q pode, eventualmente, funcionar é aquela q não é prece, mas uma entrega sincera e em total confiança, uma abertura por onde “Aquilo” (como diz Nisagardatta) possa entrar. Essa prece é o silêncio, com atenção total, q pode levar à destruição do ego, o único obstáculo entre nós e Deus.
      São as religiões populares q tentam levar os homens a outros caminhos, a caminhos consoladores, pois q desconhecem o q deve, verdadeiramente, ser feito. Como dizem os mestres, somos apenas testemunhas; qdo agimos, não somos nós q agimos. Acreditamos q agimos, mas somos, apenas, testemunhas da ação!
      Como disseram Jesus, Paulo e outros e, hoje, a ciência moderna, as obras q fazemos não somos nós q as fazemos, pois “a escolha não é nossa”!
      Amigo: Não só as Obras Básicas, com aquela constante enfatização na questão da culpa e do livre-arbítrio como gerador do mal para você mesmo, mas tbm o que eu chamo de "Coleção de livros de terror" do M. P. de Miranda, Victor Hugo e similares, produziram em mim, na década de 1996, complexos de culpa tão grandes que tive que fazer, posteriormente, várias sessões de psicoterapia.

       Cel: é isso mesmo q acontece: todas as crenças, na literatura, nos discursos, o tempo todo, procuram trazer o medo, ameaçam com o terror do inferno, umbral, obsessões, penalidades eternas, ou a se estenderem por milhões de anos de sofrimentos... Fazem como as leis dos homens, prometendo penas se desrespeitadas! Nenhuma lei funciona, se não houver receio do fato de não cumpri-las.
      Amigo: Mas também a Doutrina foi uma espécie de trampolim para mim, para entender agora esses novos conceitos da Filosofia Vedanta, do Zen, e a compreensão dos ensinamentos de Jesus, Paulo e outros mestres.


       Cel: concordo; aquele q está procurando algo mais, às vezes encontra esse trampolim; às vezes, não! Tudo depende do q a vida lhe vai ensinando. Por isso, Jesus disse: “compreenda quem puder compreender!”!

      Amigo: E não é fácil, viu? Você mesmo vê a dificuldade que os espíritas têm para compreender. É que esse sentimento de culpa vem na forma de atavismos, porque, todos nós já estivemos encarnados na grande noite escura que foi o reinado da igreja romana. 
      Cel: observe: “vem de atavismos, vem do reinado da igreja”... e é isso mesmo, mas não só do reinado da igreja romana, pois somos o q a vida faz de nós, e atavismos, igreja romana e mais o q for, são experiências adquiridas na escola do bem e do mal. Assim, são, também, da escola da vida, e as aceitaremos ou não, conforme o q a vida já fez de nós, as palavras e exemplos de Jesus, Gandhi, Madre Tereza, Hitler, Calígula; o conteúdo das lições boas e más; as palavras do mendigo ali, na esquina, ou dos criminosos no corredor da morte... tudo nos prepara para sermos o q somos; por isso, agora, somos, exatamente, tudo o q a vida fez de nós até este instante, bons ou maus, perversos e pervertidos, criminosos ou inocentes, solidários ou egoístas, humildes ou orgulhosos, solidários ou egpoistas.
      Assim, méritos, deméritos, onde estão? De onde vêm?  

      Amigo: Agora consigo perdoar facilmente, no momento em que concebo que eu não sou essa personalidade, e nem o outro a é também. Mais que isso, é possível perceber que o outro, quando erra conosco, não têm escolhas. Quando erramos, quando fazemos o mal, na maioria das vezes não temos escolha.
      Cel: não é “na maioria” das vezes q não temos escolha; "nunca" a temos, pois somos o q a vida faz q sejamos; logo, a vida, esse movimento inominável q flui sem cessar, Deus ou o q seja, escolhe por nós. “É o Sr q opera o pensar, o querer e o fazer!”.
      Amigo: Imagino que todos também devam ter passado por coisas semelhantes às q passei, pois, a Doutrina, por mais que sigamos à risca os seus mandamentos, não faz surtir efeitos, não é? Que coisa! Onde os Espíritos Superiores erraram? 
      Cel: onde estão esses espíritos superiores? Se houve algum q auxiliasse na obra de Kardec, quem teve competência para poder avaliá-lo e declará-lo superior? Para avaliar o q quer q seja, só pode fazê-lo aquele q conhece o melhor e o pior, o acima e o abaixo, q esteja num nível superior ao daquilo q avalia. Assim, para afirmar q tal ou qual espírito é superior, somente um q seja superior a ele, poderá afirmar.

      Amigo: E aquelas palavras de Platão, em que ele diz no final: "é, gente, tudo o que vos cabe é chorar, suportar e esperar". Tbm considero apócrifa ou, se não for, pelo menos hipócrita tal comunicação.
 
      Cel: desconheço essa frase de Platão mas, quem disse isso não disse bobagem; só resta, mesmo, chorar, suportar (ou aceitar) e esperar, pois somos apenas testemunhas! Por isso, aqueles q percebem q é assim, q nada podemos fazer por nós mesmos, conforme as experiências q a vida já nos tenha ensinado, não se contentam em ficar à espera e retiram os antolhos e abrem seu leque de buscas e, eventualmente, encontram a verdade q liberta. 

      Deve ser por isso q Krishnamurti, tendo em vista os problemas sem fim da vida e, a respeito dos quais nada podemos fazer, pois q somos apenas testemunhas, tenha aconselhado: “uma boa dose de humor e uma boa dose de indiferença!”.


      Amigo: porq há tanta dificuldade de os homens discutirem a respeito das possíveis verdades das religiões, de questionarem aquilo q as crenças lhes comunicam?
 
      Cel: acontece q, em geral, os religiosos só vêem e crêem naquilo q está a sua frente, não olham para os lados, acreditam q a sua crença é q é a certa! E a teimosia, o fanatismo, o radicalismo, a discordância, os conflitos surgem. Entre nós, os católicos e protestantes são os mais “fechados” a essa argumentação; não admitem questionamentos. Os espíritas, vc sabe; aceitam (não todos) os questionamentos, procuram solucionar dúvidas.  Com eles, há mais facilidade, mais abertura, para q, raciocinando, questionando, refletindo, alguém possa vir a entender suas crenças e, até mesmo, discutir a respeito.
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O EGO É O ASSASSINO DE DEUS ! MATE ESSE ASSASSINO !


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AINDA sobre o único obstáculo q nos “separa” de Deus: o Ego.

      O amigo “X”, estranhando q o maior (
?) profeta do Antigo Testamento, tenha afirmado q, para se chegar a Deus, é necessário matar, calar, fazer q o ego cesse suas operações, perguntou: como fazer isso se o ego sou eu mesmo?!

      Cel: Você não é o ego/eu/mente individual! Vc é o Eu, Espírito, essência divina, sempre ! O ego nada mais é q o responsável pela interpretação deste mundo q não é o real. Renunciar ao ego é renunciar a uma ilusão q oculta o Real que vc é.

      X: Acontece que o ego foi a pele que vestiu o "eu" por toda a vida... foram seus desejos, suas paixões, seus conhecimentos... que me ajudaram a viver e a sobreviver...

      Cel: exato, o ego "foi", "é" e "continuará sendo" tudo isso (se não for eliminado)
 e esse é o resultado da “queda”, do mundo real, no qual não há ignorância nem seus consequentes sofrimentos, para o mundo irreal, ilusório e cheio de dores; do Nirvana para o Samsara.

      X: É certo que este "ego" bem pode ser algo não inerente ao espírito, mas fez a história do meu eu, ainda que no mundo de maya.

      Cel: sim, mas é a história de uma espécie de aventura repleta de ignorância e sofrimentos, sempre na expectativa de q "amanhã tudo será melhor", de q se chegue à superação de todos os problemas e se atinja uma felicidade duradoura e absoluta.

      X: Quer dizer q o ego “postiço", que comandava os desejos do "eu", deve se tornar subordinado a este?

      Cel: o “eu/mente individual/local” é o ego e só estará subordinado (palavra não apropriada) ao Eu/mente ou consciência não local ou Universal, qdo cessar de operar. Aquele q consegue “subordinar” o ego a si mesmo, está iluminado, conhece a verdade q liberta, encontrou o "Reino, q tudo o mais traz por acréscimo".

       X: Isso significa que dominado o ego, o "eu" terá sua vontade livre, posto que não mais estará subordinado à pressão dos desejos do ego, e sim, à percepção do seu livre-arbítrio po
is, então, será o Eu que reina, livre de qualquer obstáculo?

      Cel: quem tem a vontade livre?! Ninguém, nem mesmo aquele q chegou “lá”... Pois, o livre-arbítrio (q nunca foi livre, nem é arbítrio próprio, pessoal), se fosse realidade, se restringiria cada vez mais, até que não mais existisse, pois não mais haveria qualquer necessidade de escolhas, porq, então, sua vontade e a do Pai serão uma só.

      X: Então, nosso ego, em comunhão com o Eu, deve desfazer com as armas do próprio ego, a própria ilusão de mundo que ele mesmo ego gerou?

      Cel: amigo, é verdade q, afinal, o ego chega a destruir a si mesmo, mas não há comunhão do ego com o Eu; há uma “substituição” do ego pelo Eu q, agora liberto da subordinação ao ego, se percebe “um com Deus”.

      Assim, Jesus e outros afirmaram: "Eu e o Pai somos Um".
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SERÁ VERDADE QUE DEUS FAZ QUE OS HOMENS SOFRAM TERRIVELMENTE, POIS QUE SÓ SOFRENDO É QUE APRENDEM A AMAR ??!!!

      Para melhor compreender, e para ter uma "fé raciocinada", vamos comentar e raciocinar sobre o texto que a amiga AM trouxe, dos Evangelhos: “13 – Todo aquele, pois, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos Céus;  e o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos Céus. (Mateus, X: 32-33)”.

      Cel: raciocinando: o q significa isso senão q “aquele q não O confessar diante dos homens”, não o confessa porq ainda não compreendeu? Qual seria outra razão, ou causa, q fizesse q o homem não “confessasse” Jesus, senão a falta de compreensão? E cabe a alguém responsabilidade por ainda não compreender? É evidente q não! ...........

      Texto: “14 – Porque se alguém se envergonhar de mim, e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na sua majestade, e na de seu Pai e dos santos anjos. (Lucas, IX: 26)”.

      Cel: aqui, o mesmo comentário anterior....

      E qual será a causa q tem como efeito o fato de uns terem coragem de O confessar, e outros não? Idêntica pergunta pode ser feita qto a uns terem, e outros não terem, a dignidade de enfrentar os perigos, as perseguições, de não temer confessar abertamente idéias que não são admitidas por todos. 

      Afinal, porq um é corajoso e digno qto a isso, e outros não? Porq uns terão méritos qto a isso e outros não? Porq uns, de nós,  são fracos, covardes ao passo q outros são fortes e corajosos? Quem nos faz assim? Nós mesmos, que pela doutrina e tendo em vista o amor e a justiça divinas, somos todos criados perfeitamente iguais, decidimos ou escolhemos nos tornar uns fortes, outros fracos; uns dignos, outros indignos? 

      E qual seria a causa de Jesus “estigmatizar essa covardia e fraqueza” (senão a de ensinar) se ele, o mestre iluminado, q conheceu a verdade, q encontrou o reino e pode afirmar “eu e o Pai somos um”, saberia as causas de uns de nós serem fracos e outros não? E essa questão de dizer q “o negará diante do meu Pai, que está nos Céus” ou que “se envergonhará dele, futuramente”, não significará apenas q, pelo fato de ainda não compreenderem, esses “negados” e “de quem se envergonhará” continuarão, ainda, sofrendo em face de não terem ainda compreensão suficiente? 

      E esses perderão as vantagens da fé, porque se trata de uma fé egoísta, que eles guardam para si mesmos,ocultando-a, com medo dos prejuízos que lhes possa acarretar no mundo?! O q é uma “fé egoísta”? É uma crença egoísta?! Isto é, crêem mas não demonstram q crêem com medo das conseqüências, é isso? Pois aqui cabe o mesmo raciocínio, a mesma pergunta: porq uns são assim e outros não?

      Texto: São chegados os tempos em que... a Religião, 
não mais desmentida pela Ciência, adquira uma potência indestrutível, porque estará de acordo com a razão... 

      Cel: e isso já está acontecendo, de 1 século para cá, mas o q temos visto é q os homens ainda não estão compreendendo e, por isso, não estão aceitando pois, embora a doutrina espírita que (diferentemente das duas outras advindas do cristianismo) afirma aceitar novas revelações desde q comprovadas cientificamente, muitos de seus adeptos têm delas escarnecido, ridicularizando-as e àqueles q as divulgam. E isso, é evidente, decorre, novamente, da falta de compreensão; não há culpas, nem culpados.

      Texto: “... e o materialismo foi vencido. Mas..., há os que ficam retardados, até que sejam arrastados pelo movimento geral, que os esmagará, se quiserem resistir em vez de se entregarem. 

      Cel: e qual é a causa de uns aceitarem e outros resistirem a essas novas concepções senão, também, a mesma falta de compreensão? E, como é óbvio, dessa ausência de compreensão não cabe responsabilidade a ninguém! Pois, qual é a causa de uns compreenderem e outros não, ou de uns terem discernimento mais apurado do q outros?

      Texto: “9-... O povo hebreu foi o instrumento de que Deus se serviu para fazer sua revelação... e as vicissitudes da vida desse povo foram feitas para chocar os homens e arrancar-lhes dos olhos o véu que lhes ocultava a divindade.

      Cel: aqui há algo a refletir: como dizer-se q o sofrimento , dores e lágrimas foram criados para fazer q nós abramos os olhos para ver a divindade? Não será exatamente o contrário, isto é, q os sofrimentos de muitos os fazem descrer daquilo em q acreditavam, torná-os revoltados contra Deus, ou não mais vêem significado para a vida, pois é isso q vemos no dia-a-dia? 

      Afinal (tentando entender), quem é que por sofrer terrivelmente passou a crer em Deus, ou a acreditar em Sua presença benfazeja e em Sua misericórdia? Existe algum exemplo, na historia da humanidade, de alguém q tenha sido levado acreditar em Deus, por ter sido submetido a sofrimentos terríveis, por ter um câncer ou por ver seus filhos nascerem sem membros, sem cérebro, cegos ou dementados? Aqueles q estão nas alas dos cancerosos, ou vivendo dos lixões, ou debaixo daquela ponte, ou sofrendo frio, fome e dores sem solução, ou sujos e famintos se arrastando pelo chão, ou verem a filhinha querida ser violentamente estuprada e assassinada,  Deus fez que assim sofressem para que, por esses sofrimentos,  o “véu q lhes cobria os olhos” caísse e pudessem “ver” a divindade?!   Isso já aconteceu com alguém?!

      Quanto ao nº9 do texto, há muitos q não concordam; nele afirma-se, novamente (pois muitos já afirmaram), que o plano evolutivo criado pelo Soberano Amor e pela Infinita Sabedoria, é baseado no fazer sofrer; que se não houver sofrimento (“holocaustos, sacrifícios”, como diz o texto), não há evolução! Será isso uma verdade? Que o Criador, com toda sua Infinita Sabedoria, só soube, e com todo seu Infinito Amor, só desejou criar um plano de  ensino para q os espíritos aprendam a andar pelo caminho do amor, cujo método mais eficiente é o sofrimento, esses terríveis, torturantes, desesperadores e mesmo insuportáveis sofrimentos q vemos no mundo?

     Texto:... A moral ensinada por Moisés era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos chamados à regeneração.      

     Cel: aqui, outro raciocínio a fazer: só são suscetíveis de se regenerar, ou de se emendar moralmente, aqueles q estão corrompidos, arruinados, ou defeituosos moralmente, certo? Então, raciocinando, como é q eles, nós mesmos, nos corrompemos? Qual foi a causa de nos termos tornados tão moralmente defeituosos, se todos, no principio, somos iguais? 

      Texto:... O Cristo foi o iniciador da mais pura moral, 
a mais sublime: a moral evangélica, cristã,... É a lei do progresso, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se serve para elevar a humanidade... Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá.

      Cel: minha nova amiga, devemos crer q as, talvez, centenas de denominações religiosas e outras linhas de pensamentos espiritualistas, foram esquecidos?
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domingo, 10 de março de 2013

A ESCOLHA NÃO É NOSSA - O LIVRE-ARBÍTRIO NÃO EXISTE




       A ESCOLHA NÃO É NOSSA!

      A ciência moderna que, com suas revelações, abalou os alicerces da física desses últimos três séculos, dividindo-a em “antes” e “depois”, com isso dando nascimento à física quântica, afirma que “a escolha não é nossa”, isto é, q o homem, espírito encarnado, não tem liberdade de escolher entre soluções diferentes para qualquer espécie de problema ou indecisão. Essa é, também, a afirmação de místicos e sábios de todas as épocas, entre eles Jesus e Paulo: “não escolhemos!”, “tudo vem do Alto!”, “nenhum pensamento é nosso!” e, como conseqüência, as obras (boas ou más) que fazemos, não somos nós q as fazemos!”

      Para as religiões, explica-se a razão dos sofrimentos impostos aos homens por serem eles os causadores de ações q trazem danos aos semelhantes e mesmo à natureza; isto é, q havendo decidido executar ações nocivas a terceiros, a lei divina e universal, transgredida com a decisão tomada, age, inexoravelmente, trazendo ao transgressor as conseqüências de suas ações indevidas, conseqüências q implicam em todas essas espécies de sofrimentos q vemos no dia-a-dia do mundo. 

      E é essa também a conclusão a que chegam aqueles q se dispuserem a estudar a fundo a questão de existir ou não liberdade de escolha: “não escolhemos”, embora para todas as religiões, doutrinas e crenças, essa liberdade seja considerada fato inegável pois, para elas, é o único modo de tentar explicar e justificar o sofrimento dos homens.

      E não estamos nos referindo à liberdade de concretizar, no mundo temporal, material, aquilo q decidimos realizar; essa concretização depende de numerosos fatores externos, que podem resultar, ou em obstáculos ou em facilitadores da realização do q foi escolhido por nós. Refiro-me, isto sim, e principalmente, à liberdade de, no campo mental, estudar uma questão, sobre ela refletir e apresentar a nós mesmos argumentos lógicos, que acabarão por provocar a escolha para nós mais conveniente.  Todas as nossas decisões dependem absolutamente de nosso raciocínio prévio, sempre e sempre, vinculado àquilo q as experiências, já passadas no decorrer da vida, nos levaram a compreender. Não existe uma única escolha q não dependa do q já tenhamos aprendido anteriormente.

      Conseqüentemente, embora nossa vida seja uma sucessão sem fim de escolhas, a liberdade de escolher é uma utopia, porque todas as escolhas dependem totalmente daquilo q a vida já nos ensinou. Podemos, assim, afirmar, sem medo de errar, como a ciência, de hoje, e os místicos, de todas as épocas, que “a escolha não é nossa!”.

      Dentro deste raciocínio, percebe-se que a afirmação de que existe liberdade de escolha nada mais é do que uma tentativa de as religiões tentarem explicar o, para muitos, inexplicável sofrimento do mundo.

      Sempre se tentou encontrar uma explicação para os problemas do mundo. Dentro da visão das doutrinas cristãs (e de muitas outras), sendo Deus amor e justiça, a responsabilidade de todos os problemas do mundo só pode recair sobre os ombros das pobres criaturas, pelas escolhas más q, premeditadamente, decidem realizar.

      Afirma-se que Deus lhes deu liberdade para pensar e escolher e, dentro dessa liberdade, mesmo conhecedores, como afirmam várias doutrinas, das conseqüências, muitas vezes terríveis de suas ações, decidem escolher, por sua livre vontade, a solução que lhes acarreta essas conseqüências.     

      Do mesmo modo, a afirmação da existência de um céu, paraíso, limbo, inferno, umbral, purgatório, pecados, recompensas e castigos, enfermidades dolorosas, juízo final, julgamentos e sentenças relativos a ações boas ou más, vem apoiar essa tentativa de explicar aquilo que as religiões somente aceitam como causado a partir de nossas más tendências, vindas, sobretudo do egoísmo inerente aos homens.

      O homem sempre busca explicações para tudo que lhe sucede, particularmente, se lhe é desagradável. Porque o homem sofre? A causa, como afirmam as religiões, não pode estar em Deus e, portanto, só pode estar no único agente ativo restante, depois q Satanás se aposentou: o homem. Será verdadeiro este modo de ver as coisas?

      Como não pode ser o Deus de infinito amor e justiça o causador do sofrimento, chegou-se à explicação, lógica para as religiões, de que, se o homem sofre, sofre porque agiu erradamente; se é feliz, é porque agiu acertadamente. Se age erradamente, pode sofrer e fazer sofrerem os semelhantes, pois é isso que vemos no dia-a-dia do mundo, desde os mais inocentes desentendimentos, até os conflitos e guerras mais cruéis e destruidoras de tudo que o próprio homem construiu.

      Contudo, o homem sofre porque age erradamente (em face de sua ignorância e do q aprende com as lições/experiências da vida), mas não porque, como ensinam doutrinas, esse sofrimento está previsto numa lei que lhe impõe punição, ou porque as forças do universo retribuem o mal que praticou. É a lei de causa e efeito q, em seu verdadeiro significado, pode ser descrita como: se o ser humano causou dano, pode sofrer “se” esse dano o atingir; e pode fazer outros sofrerem, também, é evidente.

      Qualquer tentativa de explicar que seu sofrimento vem de sua responsabilidade ou culpa, como afirmam as religiões, isto é, que sofre penas impostas com a finalidade de que se corrija de seus erros praticados contra os semelhantes, não se harmoniza com a concepção de um Criador onisciente, onipotente e de perfeitos amor e justiça que, por sua onisciência, sabe, desde sempre, o que cada uma, uma a uma, de suas criaturas fará de errado e de certo, de conformidade com suas leis ou das leis da vida e, de antemão, também sabe o que, cada uma, uma a uma, sofrerá devido aos seus desacertos.

      Será como o fabricante de brinquedos que, mesmo tendo absoluta e total certeza de que o brinquedo de sua criação, que ele idealizou, planejou, desenhou, fabricou (para q seja Seu auxiliar na obra da criação!), virá a apresentar terríveis defeitos, destruirá, matará, será perigoso, produzirá tantas dores, tragédias e desgraças, assim mesmo o fabrica e o entrega às crianças (outros milhões de brinquedos q tb o fabricante sabe q apresentarão defeitos inomináveis!). Quando as dores, daí advindas surgem, quem é o responsável? O brinquedo ou o fabricante?

      Estranhamente, há religiões e religiosos q afirmam q o responsável é o brinquedo e q deve ser punido por isso!
      Por essas coisas, percebemos que temos de repensar as concepções religiosas. Ou vamos permanecer cheios de ilusões, esperanças, remorsos e, sobretudo, culpas e medos. Vivemos dentro dessa tremenda ilusão de que a criatura é responsável pelo seu próprio sofrimento. Em certo sentido, essa é uma verdade; contudo, no sentido de que sofre porque fez outros sofrerem é um enorme absurdo. Não há punições infringidas por ninguém, nem por Deus, nem pelo homem, senão as relativas às leis humanas. O que acontece é que o ser humano está fechado na escuridão de sua enorme ignorância e nada vê, nada percebe, nada interpreta corretamente. Ele está com os olhos “cheios de terra”, como disse Teresa de Ávila; com os olhos “cheios de espessas trevas”, como disse Jesus. Essa é toda a causa do sofrimento que existe no mundo: os olhos “tapados”, a ignorância que só pode ser dissipada com o conhecimento da verdade que liberta. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Não há culpados, ninguém a ser responsabilizado.

      É evidente que nós, a sociedade, devemos tomar nossas precauções. É como o escorpião que pica e envenena e faz doer. É de sua natureza agir assim. O mesmo ocorre com o homem: é de sua natureza, ser, aquilo que ele é; é de sua natureza agir como age. Evidentemente, se temos por perto um animal perigoso, nos afastamos dele, ou o afastamos de nós, para que nenhum mal nos cause. Do mesmo modo, um homem perigoso, perverso, criminoso, ou dementado, deve ser afastado do convívio social para que a ninguém prejudique. Mas ninguém tem culpas de como pensa e de como age; cada um, apenas, é o que é. Cada um age de conformidade com aquilo, que em sua compreensão, mais ou menos deficiente, acha que deve agir. O problema é que estamos fechados nesta casca espessa de ignorância e imaginamos e criamos e inventamos um sem numero de explicações, respostas para nossas interrogações acerca da vida. Só isso. Mas, as verdadeiras respostas, por mais que nos esforcemos, que imaginemos, que raciocinemos, nunca vamos atingir. Enquanto o homem não afastar esse espesso véu de ilusões, enquanto não romper essa ignorância, que não o deixa conhecer a verdade, continuará sofrendo e fazendo outros sofrerem. Essa é a vida e o sofrimento. Não há como fugir disso. A única solução é buscar o conhecimento da verdade citada por tantos sábios. É afastar o obstáculo que não nos deixa conhecer a verdade. E, isso é difícil porque esse obstáculo é o próprio “ego”, a própria mente onde estão armazenados os conhecimentos, aprendizado, as ilusões, os condicionamentos provocados, desde que viemos à existência, por aquilo que culturas, tradições, costumes, crenças e religiões nos transmitiram. Pois como afastar esse obstáculo, se ele é nossa mente e, por conseqüência, ele é nós mesmos? Como ensinou o profeta do Antigo Testamento, “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”; como ensinou Jesus, “Quando quiseres falar com o Pai, fecha-te em teu quarto e, em oculto (em silêncio), fala a teu Pai que, em oculto, te ouve”; e Mahasaru Tanaguchi: “Quando o ego se cala, Deus se manifesta!”, Helena P Blavatysk: “A mente é a assassina de Deus: mate a assassina!”.   

      Aquietar a mente, falar ocultamente, matar a mente, recolher a mente, são as recomendações...

      E vejam, amigos, só para ajudar a refletir, um exemplo simples de como nossas escolhas não dependem de nossa vontade livre: você caminha por uma estrada que, de repente, se bifurca; por qual das duas vai prosseguir? Você não vai decidir ou escolher no cara-ou-coroa, ou num estalar de dedos. Sempre vai analisar, por mais simples que essa analise seja, e mesmo inconscientemente, qual a estrada a seguir; a mais vantajosa, a mais sombreada, a que tem menos obstáculos a transpor, a que leva ao destino almejado. E porque você faz essa análise? Porque, pelas experiências anteriores de sua vivência de todos os dias, já aprendeu que deve continuar por aquela cuja ponte está intacta, pela mais sombreada, pela cujo pavimento é melhor etc. Só não age assim aquele que está desesperado, enlouquecido, descontrolado e, por isso, pode até continuar sua marcha pela estrada pior, ou cometer absurdos, como vemos no mundo. Mas, esses não são responsáveis.

      Até para escolher entre guloseimas, analisamos: se o apetite é grande, a maior, a aparentemente, mais suculenta; se não, a que nos parece mais saborosa etc. Nossa escolha é livre: está sempre atrelada, ao que já aprendemos pelas experiências q passamos no dia-a-dia da vida.   E, portanto, nenhuma escolha é livre! Todas as escolhas que fazemos e todas as decisões que tomamos estão totalmente presas ao nosso passado e, assim, portanto, não agimos com liberdade. 

      Seja para escolher um simples objeto, um lápis, p ex, ou para escolher matar um desafeto ou declarar uma guerra, analisamos, estudamos totalmente apoiados no conhecimento, nas experiências que a vida nos ofereceu anteriormente. Do mesmo modo acontece em todos os aspectos da vida coletiva ou individual. Sempre, para qualquer decisão, escolha ou arbítrio (e estamos fazendo escolhas o tempo todo!) nos baseamos absolutamente nas experiências ou aprendizado anterior.

      Não escolhemos livremente. Talvez por isso, o apóstolo Paulo tenha afirmado: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o desejar e o fazer” e, ainda, como que justificando essa afirmação de que os pensamentos e, conseqüentemente, as decisões ou ações, obras, não são nossos, mas q mesmo não sendo nossos, podemos sofrer e acreditar q sofremos pelas ações erradas praticadas, afirmou: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”.
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sexta-feira, 8 de março de 2013

TEMOS QUE MUDAR - O Ponto de Mutação


(8)‘TEMOS QUE MUDAR’   (De “O Ponto de Mutação”, Jan2008)

       
Amigos, este é um texto longo mas q bem merece nossa atenção! Eu o dividi em várias partes para publicá-lo. Sugiro imprimir e/ou ler por partes. (Não consegui tirar o sublinhado, nem a cor de fundo).

       Embora de início não pareça, este texto é de enorme importância para a compreensão da vida como um todo. São extratos de ‘O Ponto de Mutação’, de Fritjoff Capra, físico quântico, pesquisador do misticismo oriental, escritor e lutador em favor de uma ecologia, não superficial (esta é aquela que interessa mais de perto aos seres humanos e não humanos), mas de uma ecologia profunda, que interesse ao planeta e ao cosmos. Mostra que temos que mudar, pois chegamos a um ponto a partir do qual o mundo não pode continuar como está. Por isso, recomenda a prática de uma Ecologia Profunda, destinada a todas as espécies, ao planeta, ao universo como um todo, pois é aí onde vivemos nossa existência sem fim. É verdadeiramente uma ecologia espiritual, que tende a preparar o ser humano e seu habitat para o imprevisível amanhã. 
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       INTRODUÇÃO

       A nova física,
nascida da exploração do átomo, trouxe profunda mudança em nossa visão de mundo; passou-se da concepção, de Descartes e Newton, de que o mundo seria uma máquina, como um relógio, para uma visão holística e ecológica semelhante às visões dos místicos de todas as épocas.

       A nova física levou os cientistas a uma estranha realidade que parecia desafiar qualquer explicação. No esforço para compreendê-la, eles se tornaram inteiramente convencidos de que seus conceitos básicos, sua linguagem e seu modo de pensar, não eram adequados para descrever os novos fenômenos. Nossa sociedade encontra-se, hoje, numa crise semelhante. Taxas elevadas de inflação e desemprego, crise na energia e na assistência à saúde, poluição e desastres ambientais, onda crescente de violência e crimes, etc. Tudo isso são apenas facetas diferentes de uma só crise que é, essencialmente, uma crise de percepção nascida do fato de se tentar aplicar os conceitos da visão de mundo anterior (da física clássica), a uma realidade que não pode mais ser entendida em função daqueles conceitos.

       Vivemos num mundo globalmente interligado, no qual todos os fenômenos, biológicos, psicológicos, sociais, ambientais, econômicos, culturais etc. são interdependentes. A física anterior não possuía essa visão. A nova visão inclui uma visão sistêmica da vida, mente, consciência e evolução; uma abordagem holística da saúde e da cura; a integração dos enfoques ocidental e oriental da psicologia e psicoterapia; uma nova visão para a economia e tecnologia; uma perspectiva ecológica que é espiritual em sua natureza e acarretará profundas mudanças em nossas estruturas sociais e políticas. Essa visão é incompatível com nossa sociedade atual, que não possui o estado de inter-relacionamento e de harmonia visto em toda natureza. Para se chegar a tal estado será necessária uma radical revolução cultural: A sobrevivência da civilização pode depender disso: de uma mudança profunda no modo de pensar, na percepção e nos valores, que formam a visão cartesiana da realidade, que orientaram até agora a vida do ser humano. Isso exige que todas as idéias, conceitos e suposições anteriores, que pela nova visão são seriamente limitados, sejam totalmente revistos e reinterpretados (o mesmo afirmam Einstein, Ken Wilber e outros).

       A ciência médica e a farmacologia, que deveriam proteger a vida e a saúde, estão pondo em perigo nossa saúde e nossa vida.

       A física passou por enorme revolução de conceitos e hoje faz contato com aquilo que é a essência das religiões, o misticismo, pois seus conceitos mostram profunda semelhança com as visões dos místicos de todas as épocas e tradições.
       Uma das primeiras lições que os físicos tiveram de aprender foi que todos os conceitos e teorias que tínhamos acerca do mundo são limitados e que a ciência nunca poderia dar uma descrição completa da realidade. Isto é, os cientistas não trabalhavam, na verdade, com a própria realidade, mas apenas com descrições aproximadas e limitadas dela. Por isso, têm, agora, que reinterpretar muitos de seus mais caros e firmados conceitos acerca da natureza das coisas.

       A física quântica, de maneira convincente, fez ver que o método cartesiano, considerado o único meio para se entender o mundo, e que teve, particularmente na cultura ocidental, papel fundamental em todos os mais variados setores da vida do ser humano, seja intelectivo ou de relação com os demais, foi a causa do atual desequilíbrio em que a humanidade está mergulhada, sob todos os aspectos. Isso tem provocado, a toda a humanidade, erros, conflitos e sofrimentos sem conta.

       A medicina interpretava erradamente muitas das enfermidades atuais mais importantes por estar também alicerçada na visão de mundo cartesiana e, como a farmacologia, está falhando e pondo em risco a saúde dos seres humanos.

      As graves inadequações do modelo cartesiano, cuja base filosófica assenta na divisão (separação) mente e corpo, estão ficando evidentes em todas as áreas e ciências. Com as novas descobertas, essa divisão mostrou-se totalmente absurda, fato que também ocorreu com os conceitos de espaço e tempo absolutos, de partículas sólidas, de substância material fundamental, da natureza estritamente causal dos fenômenos físicos, da descrição objetiva da natureza e bem assim com o princípio de que as condições de qualquer parte de um sistema podem ser previstas com rigorosa certeza desde que determinados dados sejam conhecidos. Como é evidente, a nova visão provocou tremendo abalo nos próprios alicerces da ciência (Einstein e outros).

       A investigação do átomo mostrou aos cientistas uma estranha realidade que destruiu a já consolidada visão de mundo e os obrigou a pensar de modo totalmente diferente. Todas as vezes que, num experimento atômico, faziam uma pergunta à natureza, esta respondia com um paradoxo que mais absurdo se tornava quanto mais se esforçavam para esclarecer a questão. Isso os convenceu de que os conceitos básicos, linguagem e forma de pensar, formados em função da física clássica, estavam totalmente inadequados para descrever os novos fenômenos observados.

      A física quântica exigiu mudanças tão profundas naquilo que entendemos por espaço e tempo, matéria e objeto, causa e efeito, conceitos que tinham sido tão fundamentais para o nosso modo de viver e compreender o mundo, que Heisenberg chegou a dizer: “Será a natureza tão absurda quanto parece nestes experimentos?” Einstein sentiu o mesmo choque: “Foi como se o chão tivesse desaparecido de debaixo de meus pés e não existisse mais qualquer base sólida sobre a qual se pudesse construir alguma coisa”. 
       Uma nova e consistente visão de mundo começava a surgir. O universo deixou de ser considerado uma máquina constituída de infinidade de objetos, e passou a ser visto como um sistema todo dinâmico, indivisível, cujas todas suas partes inter-relacionadas e interdependentes, e só podem ser entendidas como modelos de um processo cósmico, o que iguala as novas concepções às visões do misticismo oriental.

      Com isso, numerosos físicos, educados numa cultura que associa misticismo a coisas anticientíficas, se sentiram tremendamente chocados. Hoje, essa atitude está mudando. A meditação não é mais considerada uma coisa ridícula ou suspeita, e o misticismo está sendo olhado com seriedade pelos cientistas, convencidos agora de que ele fornece importante e coerente base filosófica para a nova ciência, numa compreensão de que as descobertas científicas estão em perfeita harmonia com as tradições do misticismo oriental.

       A nova física trouxe resultados sensacionais e inesperados. Ao invés de partículas sólidas, como eram vistos anteriormente, verificou-se que os átomos consistem de vastas regiões do espaço onde partículas extremamente pequenas, os elétrons, se movimentam ao redor de um núcleo. Átomos, elétrons, prótons e nêutrons não são objetos sólidos e, dependendo do modo como nós os observamos, apresentam-se ora como partículas, ora como ondas de energia. Essa natureza dual é muito estranha, pois parece impossível que alguma coisa possa ser, ao mesmo tempo, uma partícula, uma entidade confinada num espaço muito pequeno, e uma onda que se espalha por vasta região do espaço. Mas foi exatamente isso o que os cientistas tiveram de aceitar. A realidade, agora, se apresenta mais estranha do que a ficção.

       Um elétron apresenta aspectos de onda em algumas situações, e de partícula em outras, sofrendo modificações contínuas de onda para partícula e de partícula para onda, mostrando que nenhum objeto atômico possui propriedades independentemente do meio-ambiente em que está. Suas propriedades dependem daquilo com que ele é forçado a interagir.

      O Ponto de Mutação....................... continuação.............

... independentemente do meio-ambiente em que está. Suas propriedades dependem daquilo com que ele é forçado a interagir.

      Em nível subatômico, a matéria não existe em lugares definidos; em vez disso, mostra tendências para existir; e os eventos não ocorrem em tempos ou de maneiras definidas, apenas mostram tendência de ocorrer. Nunca podemos prever com certeza um evento atômico; apenas podemos prever a probabilidade de sua ocorrência.

       A descoberta desse aspecto dual da matéria destruiu a noção clássica de objetos sólidos.  No mundo subatômico, todos os objetos se desfazem em ondas de energia, que não representam a probabilidade da existência de coisas, mas probabilidades da existência de interconexões. As partículas não têm significado quando observadas isoladamente; somente podem ser entendidas como interconexões ou inter-relações com outros sistemas. Portanto, partículas não são coisas, mas interconexões entre coisas, e essas coisas, por sua vez, são interconexões entre outras coisas’, e assim por diante. Desse modo, a nova física revela a unicidade total do universo, isto é, qualquer parte está unida a todas as outras partes (o universo é um único sistema, um único organismo). Quando penetramos na matéria, não encontramos qualquer elemento básico isolado, mas uma teia de relações e interconexões entre as várias partes de um todo que é indiviso (Teilhard de Chardin). A partícula não é uma entidade de existência independente; é um conjunto de relações que se estendem e interagem com outras partículas e coisas.

       Enquanto, nas conexões locais (no espaço-tempo), nenhum sinal pode ser transmitido com velocidade maior que a da luz (conforme a teoria da relatividade de Einstein), nas conexões não-locais os sinais são instantâneos e não podem ser previstos com certeza matemática (o principio da incerteza, de Heisenberg). Cada evento, fato, fenômeno, é influenciado pelo universo todo, por conexões instantâneas com todos os demais eventos do universo e, embora a ciência ainda não consiga explicar essa influência, reconhece nela a existência de uma certa ordem.     

       Outra descoberta é que o observador influi de modo instantâneo no evento que ele observa mesmo que esteja a milhares de quilômetros. E é o todo que determina o comportamento das partes, e não o contrário, como sempre a ciência acreditou.

       James Jean: “O universo agora parece mais com um grande pensamento do que com uma grande máquina”.

       Pela nova ciência, a estrutura da matéria e a da mente apresentam evidentes semelhanças, e a mente determina, em grande medida, as características dos eventos observados. Na física quântica, os fenômenos observados só podem ser entendidos como correlações entre vários processos, e o fim dessa cadeia de processos reside, sempre, na consciência do observador. A característica mais importante da teoria quântica é que o observador é indispensável não só para que possam ser observadas as propriedades de um fenômeno, mas também para causar essas propriedades. A observação é que ocasiona, em certa medida, as propriedades do que está sendo observado. Um evento somente apresenta qualidades objetivas quando observado por uma mente senciente. Portanto, não existe divisão entre mente e matéria, pois não existe separação entre observador e coisa observada. Estão totalmente interligados.  

      O universo é entendido como uma rede indivisa de relações interligadas, rede dinâmica, pois todos os objetos atômicos são de natureza ondulatória, agitando-se vertiginosamente na tendência inerente de se movimentarem. Tudo está turbilhonando em contínuo movimento. Mesmo aquilo que parece ‘morto’, pedra, metal etc, apresenta enorme atividade. Na natureza não existem formações estáticas, mas existe extraordinária estabilidade, a estabilidade do equilíbrio dinâmico.   

       De acordo com Einstein, espaço e tempo são interdependentes e relativos, um continuum. Assim, não existe ‘antes’ nem ‘depois’ nos processos observados e, portanto, nenhuma relação linear de ‘causa’ e ‘efeito’. Pois, como vimos, todos os eventos estão interligados e as conexões são não-causais.

       Partículas (de matéria) são feixes de energia, entidades quadridimensionais, padrões dinâmicos que possuem dois aspectos: aspecto espacial, que determina que se apresentem como objetos com massa; e aspecto temporal, como processos de energia, com duração no tempo. A velha noção de substância perdeu todo sentido. Todos os objetos ‘materiais’ consistem de partículas que não têm qualquer substância material. São modelos dinâmicos que se convertem continuamente uns nos outros, ondas em partículas e vice-versa, na ininterrupta e universal dança da energia.

       As partículas não são grãos isolados de matéria, mas interconexões numa inseparável teia universal que inclui o observador humano e sua consciência. As inter-relações e interações entre as parte do todo são mais importantes do que as próprias partes. E há movimento vertiginoso e ininterrupto, mas não existem objetos se movendo; há dança, mas não há dançarinos (Krishnamurti: o movimento que não é movimento. Capra: a dança de Shiva).

       Todos os componentes do universo, até às menores partículas, devem ser perfeitamente coerentes entre si. Não há entidades, nem leis, nem constantes, umas mais importantes do que as outras. Nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa teia dinâmica universal é fundamental; todas elas decorrem das propriedades de todas as outras partes, e a coerência total de suas inter-relações determina a estrutura e a coerência da teia toda. Cada partícula consiste de todas as outras partículas. Tais concepções levam a ciência atual ao nível da filosofia budista ou taoísta (daí, a representação do Buda, no instante da iluminação, adornado com um colar de pedras preciosas, no qual cada gema reflete o brilho e as cores de todas as outras).   

       O fato de as propriedades das partículas serem determinadas por princípios intimamente ligados à observação de seres sencientes mostra que as construções básicas do universo são determinadas pelo modo como nós as observamos, o que significa queos modelos de matéria são reflexos dos modelos de nossa mente, uma verdade que a ciência reconhece cada vez mais. A moderna física afirma que a consciência tem de ser um aspecto essencial do universo e que, sem sua compreensão, não poderá haver um conhecimento completo dos fenômenos naturais.

       Mente e a matéria são interdependentes e correlacionadas, projeções mutuamente envolventes de uma realidade superior que não é nem matéria, nem mente.
 


       (Duas observações já colocadas aqui, para que, posteriormente, não esqueçamos de fazer isso: a mutação genética é causada por um erro aleatório (aleatório para nós?) no processo de multiplicação celular, que resulta em mudança permanente na informação transportada pelo gene).

       (O corpo saudável exibe forte resistência a todo tipo de micróbio. Todo e qualquer organismo humano atua como hospedeiro para multidão de bactérias que só podem causar danos quando o corpo está debilitado, produzindo enfraquecimento do sistema imunológico e diminuição da resistência geral, física e/ou mental).

      Parece haver muito poucas doenças infecciosas em que as bactérias causam um dano real e direto ao organismo hospedeiro. Na maioria dos casos, o dano é causado por reação exagerada do organismo, que aciona, simultaneamente, defesas poderosas e diferentes. Assim, as doenças surgem o mais das vezes dessa falta de coordenação dentro do ]organismo e não de danos causados por bactérias invasoras .

       Quando os sintomas da enfermidade física, que são apenas resultado do desequilíbrio orgânico, são suprimidos pela medicina, a doença pode manifestar-se de alguma outra forma (como sempre afirmou a homeopatia).

       A saúde tem muitas dimensões que decorrem de complexas interações de aspectos físicos, psicológicos, ambientais, sociais e culturais da natureza do ser humano. O estado psicológico é importantíssimo tanto para a geração quanto para a extinção da doença. A interação psicológica paciente/médico talvez seja a parte mais importante de qualquer terapia.

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       A visão atual é que os sintomas de um distúrbio mental refletem a tentativa de o organismo curar a si mesmo e atingir um novo nível de integração. A prática psiquiátrica corrente interfere nesse processo de cura espontânea ao suprimir os sintomas, porque os psiquiatras, responsáveis pelo tratamento das doenças da psique, não possuem conhecimento completo do espectro total da consciência do ser humano.

       Conquistas recentes em pesquisas da consciência, psicoterapia e psicologia transpessoal estimularam o interesse pelo misticismo oriental, que apresenta resultados fundados em experiências produzidas por estados de consciência que não podem ser entendidos pela ciência cartesiana, mas têm surpreendente concordância com as descobertas da física quânticaO misticismo é, sobretudo, caminho de libertação; busca a transformação da consciência, com técnicas que visam mudar, nos praticantes, a percepção consciente de sua própria existência e de sua relação com o universo. 

       Tradições como o vedanta, budismo, ioga e taoísmo não são nem filosofias nem religiões, mas verdadeiras psicoterapias. Por isso, não é de admirar que, hoje, muitos psicoterapeutas ocidentais estejam mostrando profundo interesse pelas práticas do misticismo oriental (e, também por isso, Jung afirmou que a experiência de aproximação do divino é a verdadeira terapia).

       Na psicanálise, a compreensão dos processos e estados da consciência é essencial. Talvez por isso, um dos maiores psicólogos do Ocidente, William James, tenha transferido sua atenção para questões mais filosóficas e místicas, como estados incomuns de consciência, fenômenos psíquicos e experiências religiosas, na intenção de sondar o espectro total da consciência humana.

       Reich descobriu que emoções e atitudes mentais provocam resistência no organismo físico, que se expressam em padrões musculares (contrações e dores), e formulou técnicas de trabalho do corpo, hoje aperfeiçoadas e muito usadas.

       O LADO SOMBRIO DO CRESCIMENTO DA TECOLOGIA
       O excessivo crescimento tecnológico criou um meio ambiente no qual a vida se tornou física e mentalmente doentia. Ar poluído, congestionamento de tráfego, ruídos perturbadores, poluentes químicos dentro e fora das moradias, riscos de radiação e muitas fontes de estresse físico e psicológico são, hoje, parte “normal” da vida da maioria. A tecnologia está perturbando seriamente os processos ecológicos que sustentam o meio ambiente natural, a própria base de nossa existência. Uma das mais sérias ameaças, quase totalmente negligenciada, é o envenenamento da água e do ar por resíduos químicos tóxicos. Milhões de pessoas terão, em futuro próximo, a saúde afetada pois, só nos Estados Unidos, calcula-se que, já em 1979, existiam mais de 50.000 locais conhecidos onde materiais, altamente perigosos para o organismo humano, são armazenados ou enterrados como lixo químico (o total, por ano, de lixo de alto risco subiu de 10 para 35 milhões de toneladas só nos anos 70). São verdadeiras bombas-relógio prontas a se converter numa das mais graves ameaças ambientais ao planeta. Enquanto os grandes fabricantes de produtos químicos afirmam que a vida seria impossível sem esses produtos, felizmente está despertando a consciência de que a indústria química mais destrói do que protege a vida.

       Imensas quantidades de óleo são derramadas nos mares e rios, perturbando seriamente a vida marinha, trazendo riscos ecológicos ainda pouco compreendidos. A geração de eletricidade a partir do carvão é mais poluidora e nociva que a produzida pelo petróleo. Enormes áreas de terra são devastadas, mas o pior, para o meio ambiente e a saúde humana, está na queima do carvão. São lançados na atmosfera enormes quantidades de fumaça, cinzas, gases e compostos orgânicos, tóxicos e cancerígenos. A poluição produzida pelos automóveis pode causar graves lesões pulmonares, e uma única usina de queima de carvão pode expelir tanto óxido de nitrogênio quanto varias centenas de milhares de carros. Assim, nossa atmosfera está cheia de poluição invisível constituída de ácidos sulfúrico e nítrico, resultantes das reações químicas entre o que as usinas expelem e o oxigênio e vapor de água existentes no ar.   

       Posteriormente, esses ácidos, carregados pelos ventos, são lançados em qualquer lugar com a neve ou chuva ácida, vindo a matar peixes, insetos e outras formas de vida. Em várias partes de nosso planeta, milhares de lagos estão completamente mortos ou em vias de extinção por não mais conseguirem neutralizar a acidez, e estruturas inteiras de vida, que levaram milhares de anos para evoluir, estão desaparecendo. E toda a culpa está na miopia ecológica dos governos e na ganância dos grandesempresários donos de usinas que têm poder político e o usam para impedir a implementação de medidas de controle porque, de um modo ou de outro, seus lucros serão afetados. Muitas dessas empresas, para “agradar” as populações mais próximas, despejam seus lixos poluentes em ‘algum outro lugar’, esquecidas de que, num ecossistema finito como é nosso planeta, não existe “algum outro lugar”.                               

       A energia solar é limpa, renovável, abundante, estável nos preços, benigna ao ambiente, mas é considerada, pelos poderosos da indústria de energia, como “antieconômica” e “inviável”, apesar de numerosas provas em contrário. Por trás disso estão os interesses dos governos que, a todo custo, procuram aumentar seu poder bélico com a construção de armas nucleares de destruição em massa mais poderosas e em maior quantidade. A obsessão é “ter sempre vantagem” sobre os demais.

       Os estudiosos concluíram que o mundo não precisa de “mais” energia, mas de “menos”, desde que sejam corrigidos os padrões gananciosos de crescimento exagerado e desnecessário que exaurem nossos recursos naturais e contribuem significativamente para muitos sintomas de doenças individuais e sociais. Mais energia significa acelerar o esgotamento de minerais, florestas e animais, mais poluição, mais envenenamento químico, mais injustiça social, mais câncer e mais crimes. Não precisamos de mais energia, mas de uma profunda mudança de valores e de estilo de vida. 

       Tornou-se já evidente que o uso de energia nuclear como fonte energética é total loucura, pois apresenta maiores riscos que os da energia do carvão e ameaça mesmo extinguir toda espécie humanaO poder nuclear, ao invés de proporcionar segurança é, hoje, a maior ameaça à nossa sobrevivência e bem-estar. Essa energia contamina o meio ambiente, afetando todos os organismos vivos, animais ou vegetais, e seus efeitos não são imediatos, mas a médio e longo prazos; o câncer pode aparecer de dez a quarenta anos depois, e as doenças genéticas, nas gerações futuras. E ainda mais: se um reator funde, toda massa de urânio derretido, que destruiria qualquer blindagem de proteção, penetraria na terra além de provocar a explosão do vapor que espalharia materiais radioativos mortais por todo o planeta. Milhares morreriam pela explosão e radiação, e esta produziria doenças matando, depois, outros milhares; vastas áreas ficariam contaminadas e inabitáveis por milhares de anos.

       O plutônio, o mais perigoso subproduto radiativo, mantém seu efeito danoso por cerca de 500.000 anos, tempo inimaginável para nós e cem vezes maior do que toda a história documentada do homem. Que direito moral temos de deixar herança tão terrível a milhares e milhares de gerações futuras? Nenhuma tecnologia humana pode criar recipientes seguros para tempo tão longo; só meio quilo de plutônio uniformemente distribuído poderia causar câncer pulmonar a todas as pessoas do planeta, e cada reator produz, por ano, de 200 a 250 quilos de plutônio! Além disso, rotineiramente, toneladas de plutônio são transportadas por trens, caminhões e aviões, com todos os riscos decorrentes do transporte. Bilhões e bilhões de dólares são investidos para que os governos, na sua ânsia pelo poder, tenham essa energia perigosa, e é o contribuinte quem paga.

       E quanto à indústria farmacêutica? Na obsessão de lucros, gigantescas verbas são gastas em publicidade para que as populações usem medicamentos que, muitas vezes, nem possuem justificativa científica, e muitos dos efeitos adversos nem mesmo são informados aos médicos que os receitam. Isso também acontece com antibióticos, drogas muito perigosas para os pacientes e que são o que mais os médicos receitam. Essa prescrição desnecessária ou negligente já matou milhares de pessoas.

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... Essa prescrição desnecessária ou negligente já matou milhares de pessoas.

       As mulheres, as maiores vítimas dos medicamentos, tomam sessenta por cento de todos os psicoativos receitados e mais de setenta por cento dos antidepressivos. Muitas indústrias oferecem prêmios aos médicos para que receitem seus produtos, e médicos e pacientes crêem, por condicionamento gerado pela propaganda da poderosa indústria farmacêutica, que o corpo humano, para permanecer saudável, precisa de contínua supervisão médica e de tratamento por medicamentos.

       Assim também, a indústria petroquímica condicionou agricultores e agrônomos a acreditar que o solo necessita de maciças quantidades de agentes químicos para se manter produtivo. Venenos são lançados na terra, matando todos os organismos, enquanto o que o solo precisa é de bilhões de organismos vivos em cada centímetro cúbico para ser vivo e fértil.  A energia do sol e os nutrientes naturais sustentam esse sistema e o mantêm em equilíbrio, desde que usadas convenientes técnicas ecológicas de plantio.

       Indústrias farmacêuticas manipulam os médicos para receitarem mais e mais, e indústrias petroquímicas manipulam agrônomos e agricultores para que usem mais e mais seus produtos químicos “necessários” a uma boa produção. Mas continuam existindo milhões de famintos pelo mundo, e os únicos que lucram são as grandes companhias de fertilizantes e pesticidas, cujos produtos estragam as terras, seus frutos e, conseqüentemente, a saúde de todos. Deixou de existir a agricultura limpa, familiar, sufocada pelas grandes empresas agrícolas que produzem para o lucro e a exportação, enquanto as populações próximas estão subnutridas. As grandes empresas produzem o que o mercado lhes pede. As culturas estão perdendo a capacidade de absorver os nutrientes do solo, ficando cada vez mais viciadas aos produtos químicos. O desequilíbrio ecológico, vindo do excesso de química, resultou em aumento de pragas e doenças, e combate-se o resultado do excesso de química com mais química.       

       O problema da fome no mundo não é técnico, mas social e político. Sérias pesquisas mostram não existir um único país no qual as populações não possam alimentar-se com seus próprios recursos, e que a totalidade de alimentos hoje produzidos no mundo basta para alimentar mais que o dobro da população do planeta. Mais alimentos estão sendo produzidos e, paradoxalmente, mais pessoas passam fome. É a desigualdade social o principal obstáculo a todas as tentativas de combate à fome. Milhões são expulsos do campo pelas grandes empresas agrícolas, e a agroindústria é altamente lucrativa apenas para pequena elite, que deixa de cultivar alimentos para as necessidades locais, optando por safras mais lucrativas destinadas à exportação, enquanto as populações locais morrem de fome. Na América Central, as terras mais férteis são usadas para culturas de exportação, enquanto setenta por cento das crianças estão subalimentadas. A política correta seria que as culturas industriais só fossem plantadas depois de satisfeitas as necessidades básicas locais; e que a exportação venha depois. Grandes empresas multinacionais desmatam extensas áreas de terras férteis para a criação de gado para exportação, atividade mais simples e mais lucrativa para as empresas, mas mais nociva para as populações.

       A CONCEPÇÃO SISTÊMICA DA VIDA
       A nova visão da realidade dada pela nova física (quântica) baseia-se na consciência da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos, sejam eles físicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais e econômicos. Nessa visão, nenhum modelo, parte ou lei é mais importante que o outro. A concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e de integrações. Os sistemas são totalidades integradas, que não podem ser reduzidas às unidades ou partes menores. Os exemplos de sistemas são abundantes na natureza. Todo e qualquer organismo, da menor bactéria aos seres humanos, é uma totalidade integrada, um sistema vivo, como o são as células, tecidos, órgãos do corpo, etc. Os mesmos aspectos são exibidos pelos sistemas sociais, como o formigueiro, a colméia, a família humana, a sociedade, as nações. Isso mostra a ilusão do “determinismo genético”, isto é, a crença de que as várias características físicas ou mentais do organismo individual são determinadas exclusivamente por sua constituição genética. A visão sistêmica deixa claro que os genes não são os determinantes exclusivos do funcionamento do organismo, pois eles são também partes integrantes de um todo ordenado e adaptam-se, portanto, à organização sistêmica.

       Diferentes das máquinas, que são construídas, os organismos vivos crescem e são sistemas auto-organizadores, nos quais existe determinada ordem resultante de atividades coordenadoras próprias que não obrigam as partes, mas deixam espaço para a variação e flexibilidade que as habilitam a se adaptarem às novas circunstâncias. Os principais fenômenos dinâmicos da auto-organização são a auto-renovação, que é a capacidade de renovar e reciclar continuamente seus componentes, sem mexer com a integridade de sua estrutura global; e a auto-transcendência, que é a capacidade de se orientar criativamente para além das fronteiras físicas e mentais nos processos de aprendizagem, evolução e desenvolvimento.

       A relativa autonomia dos sistemas auto-organizadores geralmente aumenta sua complexidade, e atinge o auge nos seres humanos, o que evidencia que “livre-arbítrio”, “determinismo” e “liberdade”, são apenas conceitos relativosEsse conceito relativo de livre-arbítrio é compatível com a visão das tradições místicas que encorajam seus adeptos a transcender a noção de um “eu” separado e a tomar consciência de que todos somos partes inseparáveis do Todo universal. O objetivo dessas tradições é o completo abandono de todas as sensações do ego e, em experiência mística, a obtenção da fusão com o todo cósmico. Alcançado esse estado, a questão do livre-arbítrio perde todo o seu significado. Se eu sou o universo, não pode haver influências exteriores e todas minhas ações são espontâneas e livres. Assim, na visão dos místicos, a noção de livre-arbítrio é relativa, limitada e “ilusória”, como todos os conceitos que usamos para descrever racionalmente a realidade.

       Quanto mais estudamos os seres vivos, mais percebemos que a tendência para a associação, para o estabelecimento de vínculos e de cooperação entre eles, é uma característica essencial. Lewis Thomas: “Não somos seres solitários. Cada criatura está, de alguma forma, ligada a tudo o mais e desse tudo depende”.

       A competição e o comportamento destrutivo ou excessivamente agressivo são predominantes apenas na espécie humana, e têm que ser tratados como conseqüência da cultura, e não considerados, pseudo-cientificamente, como fenômenos inerentes à natureza humana.

       Todo subsistema é um organismo relativamente autônomo, mas também, ao mesmo tempo, é um componente de um organismo maior.  A teoria dos sistemas considera que o meio ambiente é, em si mesmo, um sistema vivo capaz de adaptação e evolução, evolução que é basicamente aberta e indeterminada. Nela não existe meta ou finalidade (propósito, plano) e, no entanto, há um padrão reconhecível de desenvolvimento. Enquanto as religiões (populares) julgam que existe um propósito para a evolução, e a teoria de Darwin a supõe um jogo de dados cósmico, a nova teoria dos sistemas não aceita nenhuma dessas concepções. Embora não negue a espiritualidade, e possa até ser usada para formular um conceito de divindade, a nova visão não admite um plano evolutivo previamente estabelecido (é essa, também, a visão dos místicos). A evolução é uma aventura contínua e aberta que cria sua própria finalidade, ininterruptamente, em processos cujos desfechos detalhados são totalmente imprevisíveis (o princípio da incerteza, de Heisenberg). No entanto, o modelo geral de evolução pode ser reconhecido e é muito compreensível. Suas características incluem o aumento progressivo de complexidade, coordenação e interdependência; a integração de indivíduos em sistemas de múltiplos níveis; e o refinamento contínuo de certas funções e tipos de comportamento; portanto, uma progressão do caos para a ordem.

       Para Batson e outros, os critérios relativos à mente estão intimamente relacionados com as características dos sistemas auto-organizadores. A mente é propriedade essencial dos sistemas vivos. Vida e mente são manifestações do mesmo conjunto de sistemas, de processos que representam a dinâmica da auto-organização. Mente e matéria não são categorias distintas, como acreditava Descartes, mas representam aspectos diferentes de um mesmo processo universal

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... de complexidade, mas que vai além do espaço e do tempo, em níveis superiores.

       Nossas mentes individuais são apenas subsistemas de outras manifestações mais
amplas da mente
 (ver ‘Além do Ego’ e Theilhar de Chardin), fato que tem implicações radicais para nossas inter-relações com o meio ambiente natural. Se separarmos os fenômenos mentais dos sistemas maiores em que eles estão inseridos, e os limitarmos aos indivíduos humanos, veremos o meio ambiente como desprovido de mente e seremos inclinados a explorá-lo. Nossas atitudes, porém, serão radicalmente diferentes quando nos convencermos que o meio ambiente natural não só está vivo, como também possui mente, como todos nós.

       O fato de o mundo vivo estar organizado em estruturas de múltiplos níveis significa que também existem múltiplos níveis mentais. A ação da mente, no cérebro, consiste em múltiplos níveis correspondentes a diferentes estágios da evolução biológica. Essa noção de mente, da qual só temos conhecimento dos estados ordinários de consciência, é muito difundida em numerosas culturas não-ocidentais e tem sido agora estudada em profundidade por muitos psicólogos do Ocidente. Na ordem da natureza, as mentes humanas individuais estão inseridas nas mentes mais vastas dos sistemas sociais e ecológicos, e estes, por sua vez, estão integrados no sistema mental planetário, o qual deve participar, ao fim, de alguma espécie de mente universal ou cósmica. Nessa perspectiva, a divindade não manifesta qualquer forma antropomórfica, mas representa nada menos do que a dinâmica auto-organizadora do cosmo inteiro.

       Apesar da neurociência vir estudando, intensamente e há décadas, esse sistema altamente complexo e de múltiplos níveis que é o cérebro, ele continua profundamente misterioso. É um sistema vivo por excelência. Embora após o primeiro ano de vida não mais sejam produzidos novos neurônios, continuam ocorrendo pelo resto da vida mudanças plásticas. Na medida em que o meio ambiente muda, o cérebro adapta-se em resposta a essas mudanças, e se a qualquer momento ele for danificado, por ferimento ou lesão, o sistema realiza ajustamentos muito rápidos. Ele nunca se desgasta ou exaure; ao contrário, quanto mais é usado, mais poderoso se torna. O cérebro está sempre em contínua atividade espontânea, seus neurônios transmitindo bilhões de impulsos por segundo, na transmissão de informações para todo o organismo. Os dois hemisférios estão envolvidos em funções opostas, mas complementares. O direito, que controla o lado esquerdo do corpo, funciona de modo holístico, apropriado à síntese; o esquerdo controla o lado direito e é especializado no pensamento analítico, que envolve o processamento linear da informação.

       A mente humana é capaz de criar um mundo interior que reflete o exterior, mas possui existência própria e pode levar o indivíduo ou a sociedade a agir sobre o mundo exterior. O campo psicológico inclui a autoconsciência, o pensamento conceitual, a experiência consciente, a linguagem simbólica, os sonhos, a arte, a criação de cultura, senso de valores, interesse no passado remoto e preocupação com o futuro distante. A maior parte dessas características existe em forma rudimentar em várias espécies animais, de modo que parece não haver um critério único que permita diferenciar os humanos dos outros animais. Porém, o alto nível de refinamento dessas características combinadas existe apenas na espécie humana.

       Estudos mostram que os aspectos fisiológicos da percepção não podem ser separados dos aspectos psicológicos da interpretação. Além disso, o novo conceito de percepção advindo da nova física, apaga a diferença convencional entre percepção sensorial e extra-sensorial ao mostrar que toda percepção é, em certa medida, extra-sensorial (Krishnamurti e o misticismo afirmam o mesmo).

       Nossas reações ao meio ambiente são determinadas não tanto pelo efeito direto dos estímulos externos sobre nosso sistema biológico mas, antes, por nossa experiência passada, nossas expectativas, nossos propósitos, e pela interpretação simbólica individual de nossas percepções. Um suave perfume pode evocar alegria ou mágoa, prazer ou dor, através de associações com a experiência passada, e nossas respostas variam de acordo com isso. Assim, o mundo interior e o exterior estão sempre interligados no funcionamento do organismo humano; interagem e evoluem juntos (o exterior é o interior; o observador é a coisa observada). A autoconsciência parece manifestar-se somente em animais superiores.

       Como a concepção da mente não está limitada a organismos individuais, podendo ser estendida a sistemas sociais e ecológicos, podemos dizer que grupos de pessoas, sociedades e culturas têm uma mente coletiva, e assim toda a humanidade. (Gandhi: “Cada mente que se ilumina, aniquila o ódio de milhões”, mostrando a interconexão mental). Participamos de modelos mentais coletivos, somos moldados por eles e, por outro lado, os moldamos. Daí os conceitos de mente planetária e de mente cósmica que podem ser associados a níveis planetários e cósmicos de consciência.

       A concepção científica do Ocidente considera a consciência característica de complexos modelos materiais que surgem num determinado estágio da evolução biológica. A concepção oriental está assentada nas tradições místicas e considera a consciência a realidade primária e a base de tudo. Em sua mais pura forma, de acordo com essa visão, a consciência é imaterial, informe e vazia de conteúdo; amiúde descrita como ‘consciência pura’, ‘realidade última’, ‘qüididade’ (aquilo que é o que é) etc, conceitos que estão associados ao Divino em muitas tradições espirituais. Afirma-se que a consciência pura é a essência do universo e que se manifesta em todas as coisas, todas as formas de matéria e em todos os seres.

       A visão mística da consciência baseia-se na experiência de estados não comuns de consciência, atingidos pela meditação. Psicólogos modernos chamam essas experiências de transpessoais porque permitem à consciência individual estabelecer contato com modelos mentais coletivos e até cósmicos, além da personalidade do ego. De acordo com numerosos testemunhos, essas experiências envolvem relação forte, pessoal e consciente com a realidade, superando amplamente a atual estrutura científica ocidental.Não se pode esperar, portanto, que a ciência em seu atual estágio confirme ou contradiga a concepção mística da consciência. Entretanto, a visão sistêmica da mente é perfeitamente compatível com as concepções tanto científica moderna quanto mística de consciência e fornece forte base para a unificação das duas.

       Cientificamente, não é exagero supor que todas as estruturas do universo, das partículas subatômicas às galáxias, das bactérias aos seres humanos, são manifestações da dinâmica auto-organizadora do universo, a qual identificamos com a mente cósmica (ou Deus). 
E é essa a concepção mística, com a única diferença de que os místicos enfatizam a possibilidade de se ter uma experiência direta da consciência cósmica, que vai muito além da possibilidade da ciência e da visão da psicologia ocidental.

       As condições ambientais de vida mudaram e continuam mudando sempre em ritmo rápido e, a fim de se adaptar a essas mudanças, a espécie humana usou a consciência, o pensamento conceitual e a linguagem simbólica de que dispõe, para transferir-se de uma evolução genética individual para uma evolução social. No entanto, essa adaptação não é perfeita. Ainda carregamos conosco condicionamentos dos estágios iniciais de nossa evolução que, com freqüência, nos dificultam a tarefa de enfrentar os desafios do atual meio ambiente.

      Em todo o mundo animal, a agressão raramente vai ao ponto de levar um dos adversários, da mesma espécie, à morte. A luta é mais um ritual e termina em geral com o perdedor aceitando a derrota. Na espécie humana, essa sabedoria desapareceu. No processo de criação de um mundo abstrato interior, parece que perdemos o contato com as realidades da vida e passamos a ser as únicas criaturas que, com freqüência, não são capazes de cooperar e que, por isso, chegam a matar indivíduos da própria espécie. A evolução da consciência nos deu, não só as sinfonias belíssimas e a teoria da relatividade, mas também a Inquisição, a queima das bruxas, o Holocausto e a bomba de Hiroxima.

      Em raros momentos de nossas vidas, como na meditação profunda, podemos sentir que estamos em harmonia com o universo inteiro. Esses momentos de ritmo perfeito, quando tudo parece completamente certo e tudo é feito com facilidade, constituem elevadas experiências espirituais em que todo tipo de separação ou fragmentação é transcendido, e o eu e o não-eu, o eu e o todo, o eu e o mundo, o eu e o universo se tornam “um” ("Eu e o Pai somos um!").

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... o eu e o não-eu, o eu e o todo, o eu e o mundo, o eu e o universo se tornam “um”. 

       A concepção sistêmica da vida, como vimos, é espiritual em sua essência mais profunda e compatível com muitas idéias do misticismo. Os paralelos entre ciência e misticismo não se limitam à física moderna, mas se estendem com igual justificativa à nova biologia sistêmica. Dois temas básicos se destacam repetidamente ao estudarmos a matéria viva e a não-viva, temas que são sempre realçados no misticismo: a interligação e interdependência de todos os fenômenos universais, e a natureza intrinsecamente dinâmica da realidade. Em ambos os campos, os níveis da mente são considerados manifestações diferentes da consciência cósmica, e mesmo que as concepções místicas ultrapassem de muito o âmbito da ciência atual, elas não são, de modo algum, incompatíveis com os modernos conceitos sistêmicos de mente e matéria.                           

       Nascimento e morte são considerados, por numerosas tradições místicas, tal como na física atual, estágios de ciclos infindáveis de auto-renovação contínua, característica da dança da vida. Teilhard de Chardin, sacerdote jesuíta, cientista eminente, entre os místicos ocidentais é aquele que mais se aproxima da nova biologia sistêmica. Sua teoria da evolução apresenta notáveis semelhanças com a nova teoria dos sistemas: a evolução biológica se desenrola na direção de uma crescente complexidade, que sempre é acompanhada por correspondente elevação do nível de consciência, culminando na espiritualidade humana. Para ele, Deus é a fonte de todo ser e, em particular, a fonte do impulso e da força da evolução (no Cristianismo primitivo, as forças que nos fazem bons ou maus, inteligentes ou néscios). Embora seja freqüentemente menosprezado pelos cientistas que não conseguem ver além das concepções cartesianas, seu conceito de Deus pode muito bem ser o mais próximo da concepção da ciência moderna (por essa sua visão, diferente da teologia da igreja cristã, foi proibido, pelo Vaticano, de tornar público qualquer pensamento seu até o dia de sua morte).

       A doença é conseqüência de desequilíbrio e desarmonia, e freqüentemente decorre da falta de coerência que se pode manifestar em vários níveis do organismo e é passível de gerar sintomas de natureza física, psicológica e social. Acredita-se que o estresse excessivo contribui de modo significativo para a origem e desenvolvimento da maioria das enfermidades, manifestando-se no desequilíbrio inicial do organismo e, em seguida, sendo canalizado, através de determinada característica da personalidade, para dar origem a distúrbios específicos. Aspecto importante desse processo é o fato de que a enfermidade é freqüentemente percebida, consciente ou inconscientemente, como uma saída para a situação estressante, representando, os vários tipos de enfermidades, diferentes vias de fuga. A cura não fará necessariamente que o paciente fique saudável, mas a enfermidade pode ser uma oportunidade para a introspecção que resolverá a raiz do problema.

       O desenvolvimento da enfermidade envolve a interação contínua entre processos físicos e mentais que se reforçam mutuamente através de completa rede de canais de realimentação. Apresentam-se como manifestações de processos psicossomáticos subjacentes que devem ser enfrentados na terapia. Essa visão dinâmica da enfermidade reconhece especificamente a tendência inata do organismo para curar-se e restabelecer seu estado de equilíbrio, o que pode incluir fases de crise e de importantes transições vitais. Períodos de saúde precária, com sintomas de menor importância, são estágios normais e naturais que representam o meio de o organismo restabelecer o equilíbrio mediante a interrupção das atividades normais do indivíduo, forçando-o a uma mudança de ritmo. Por isso, os sintomas de enfermidades menores desaparecem depois de alguns dias, mesmo sem tratamento. As enfermidades mais sérias exigirão intervenção de terapeutas, e o resultado dependerá profundamente das atitudes mentais e expectativas do paciente. As enfermidades graves exigirão enfoque terapêutico que se ocupe tanto dos aspectos físicos e psicológicos do distúrbio, e também de mudanças no estilo de vida e na visão de mundo do paciente, que serão parte integrante do processo de cura. Toda doença é, afinal, conseqüência de alguma desarmonia em relação à ordem cósmica. 

       No xamanismo, a busca de uma causa da doença e a declaração formal de um diagnóstico são mais importantes do que a própria terapia. O diagnóstico pode referir-se a disputas, discussões e rixas entre famílias, sem que se dê muita atenção ao próprio paciente. Todo o acontecimento é, principalmente, um acontecimento social, no qual o paciente é meramente o símbolo do conflito no seio da sociedade. E a principal finalidade das técnicas consiste em reintegrar a condição do paciente na ordem cósmica. Não se trabalha com o inconsciente individual do paciente, mas com o inconsciente coletivo e social, compartilhado por toda a comunidade (nela inserido o paciente).

       Já na antiga Grécia, ‘Ares, águas e lugares’, livro de Hipócrates, é um tratado sobre ecologia humana. Mostra como o bem estar dos indivíduos é influenciado pelo meio ambiente: a qualidade do ar, da água e dos alimentos, a topografia das terras e os hábitos de vida em geral. De acordo com esses escritos, a saúde requer um estado de equilíbrio entre influências ambientais, modos de vida e os vários componentes da natureza humana. A correlação entre mudanças súbitas nesses fatores e o aparecimento de doenças é enfatizada, sendo a compreensão dos efeitos ambientais considerada a base essencial da arte médica.

       Quanto à cura, Hipócrates reconheceu a existência de forças curativas naturais nos organismos vivo, às quais chamou de ‘poder curativo da natureza’. O papel do médico consistia em ajudar, como mero assistente, essas forças naturais, criando condições favoráveis para sua ação no processo de cura.

        Na medicina chinesa, o equilíbrio é fundamental no conceito de saúde. As doenças se manifestam quando o corpo perde o equilíbrio e o ch’i, o fluxo de energia vital que anima todo o cosmo, não mais circula adequadamente. São múltiplas as causas desse desequilíbrio: alimentação inadequada, falta de sono ou de exercício, desarmonia com a família ou a sociedade; com isso, o corpo perde o equilíbrio e a doença se instala. A doença não é considerada um agente intruso, mas o resultado de causas que culminam em desarmonia e desequilíbrio. Entretanto, a natureza de todas as coisas, incluindo o organismo humano, possui tendência natural para retornar ao estado dinâmico de equilíbrio (conforme o ‘I Ching’, depois de um período de decadência chega o ponto de mutação, num movimento natural e espontâneo; a transformação do antigo torna-se fácil e o novo é introduzido. Ambos, com o tempo, se harmonizam, não resultando daí nenhum dano).

       A doença e a saúde são consideradas naturais e partes de uma seqüência contínua, aspectos de um mesmo processo, no qual o organismo continuamente muda para se adaptar ao meio ambiente inconstante. Sendo, portanto, inevitável a doença em certos momentos, no processo da vida, a saúde perfeita não é o objetivo essencial nem do terapeuta, nem do paciente. O objetivo da terapia é fazer a melhor adaptação possível do indivíduo ao meio ambiente como um todo. Nessa visão, o paciente é responsável pela manutenção da própria saúde e mesmo, em grande parte, pela recuperação do equilíbrio do organismo, devendo viver de acordo com as regras da sociedade e cuidando do corpo de modo eminentemente prático, tanto que, na China, os médicos recusavam pacientes quando o seu estado atingia certo grau de gravidade.

       Enquanto na medicina ocidental o médico ideal é um especialista, com conhecimento detalhado sobre apenas uma parte específica do corpo, na chinesa o médico ideal é um sábio, que entende que tudo no universo funciona em conjunto, inter-relacionado; que não classifica a doença específica do paciente, mas registra o mais completamente possível o seu estado de mente e de corpo, e como ele se relaciona com a natureza e a sociedade. Para isso, desenvolveram técnicas apuradas de observação e interrogatório para diagnosticar, além de uma arte incomparável de tomada de pulso, que lhes permite determinar o fluxo e os padrões de ch’i ao longo dos meridianos e, com isso, o estado dinâmico do organismo todo.

       A concepção sistêmica de saúde baseia-se na concepção sistêmica de vida. Os organismos são sistemas auto-organizadores com alto grau de estabilidade profundamente dinâmica e caracterizada por flutuações contínuas, múltiplas e interdependentes. Para ser saudável, esse sistema precisa ser flexível e ter grande capacidade de opções para se adaptar e responder às mudanças do meio ambiente. A perda dessa flexibilidade significa perda de saúde.

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... A perda dessa flexibilidade significa perda de saúde.

       O estresse é um desequilíbrio advindo da resposta às influências ambientais. O estresse temporário é um aspecto essencial e natural da vida, uma vez que a interação contínua com o meio ambiente envolve, freqüentemente, perdas temporárias de flexibilidade. Mas o estresse prolongado ou crônico é pernicioso e tem papel significativo no curso de muitas doenças. O estresse ocorre quando uma ou mais variáveis de um organismo são forçadas até seu limite extremo. No organismo saudável, as outras variáveis colaborarão para que se restabeleça a flexibilidade anterior.

       Na visão sistêmica de mente, torna-se evidente que todas as doenças têm aspectos mentais. Adoecer e curar-se são partes integrantes da auto-organização do organismo e, como a mente, representam a dinâmica dessa auto-organização, esses processos são essencialmente fenômenos mentais. As atitudes e processos mentais desempenham importante papel não só no surgimento de doenças, como nos processos de cura. O primeiro passo nessa auto-cura é o reconhecimento, por parte do paciente, de que ele participou, consciente ou inconscientemente, da origem e desenvolvimento da doença e que, por conseguinte, poderá participar do processo de cura. Na prática, no entanto, a maioria dos pacientes não admite essa idéia.

      A vontade do paciente de ficar bom e a confiança no tratamento são aspectos cruciais. A experiência tem mostrado repetidamente que pacientes aos quais é dito que têm apenas de seis a nove meses de vida não vivem, de fato, mais do que isso. Declarações desse tipo nunca devem ser feitas, pois exercem poderoso impacto sobre o sistema mente/corpo do doente e parecem agir como um feitiço.

       A política a ser adotada na área de saúde pelos governos, dentro da nova visão sistêmica, holística e dinâmica do universo, consistirá numa legislação que deverá incluir, entre muitas outras, sugestões como as seguintes:
       -Proibição de toda propaganda de produtos prejudiciais à saúde.
       -Impostos de assistência à saúde sobre indivíduos e empresas que gerem riscos à saúde, para que cubram os custos médicos decorrentes desses riscos (poluição, bebidas alcoólicas, cigarro, alimentos supérfluos e artificiais).
       -Programas sociais para melhorar a educação, níveis de emprego, direitos civis e a situação das pessoas pobres.
       -Incentivos à indústria para que produza alimentos nutritivos, com restrições a artigos oferecidos por máquinas automáticas, e especificações nutricionais para alimentos servidos em escolas, hospitais, prisões, cantinas de repartições públicas etc.
       -Política para o desenvolvimento de métodos orgânicos na agricultura.

        Há, porém, uma terapia que aborda o equilíbrio psicossomático através da mente. Com vários métodos de relaxamento e redução de tensões, tem fortes possibilidades de desempenhar papel importante em todas as terapias futuras. Em nossa cultura ocidental as concepções atuais com relação a esse assunto são muito primárias. Ver televisão, beber um drinque, ler livros, viajar, não reduzem tensão nem ansiedade. O relaxamento profundo, para ser eficaz, tem de ser exercitado regularmente. A respiração correta é processo psicofisiológico que requer prática cuidadosa como qualquer outra habilidade vital para redução do estresse. E respiração regular e profunda e relaxamento intenso são característicos das técnicas de meditação de muitas culturas, desde há milhares de anos, particularmente no Extremo Oriente. O recente interesse pelo misticismo tem levado número crescente de ocidentais à prática regular de meditação e fez se realizarem muitos estudos e pesquisas sobre os benefícios à saúde daí originados (Maharesh). Essas pesquisas têm indicado que a reação do organismo humano à meditação é oposta à sua reação ao estresse, fato que sugere que as técnicas de meditação têm importantes aplicações clínicas. Essas técnicas já estão sendo usadas para a supressão de muitas desarmonias mentais e físicas.

       Com o organismo total completamente relaxado, consegue-se fazer contato com o próprio inconsciente, podendo obter importantes informações sobre seus problemas e aspectos psicológicos. A comunicação com o inconsciente ocorre através de uma linguagem altamente pessoal, visual e simbólica, semelhante a sonhos, como acontece em muitas técnicas de meditação. O que se procura é um estado meditativo de profundo relaxamento em que todo o esforço cessa. Então, os canais de comunicação entre a mente consciente e a mente inconsciente se abrem e facilitam a integração de funções psicológicas e biológicas (Deepak Chopra: conexão mente-corpo).

       Simonton, holístico, trouxe novo tratamento para o câncer, fenômeno típico de nosso tempo. O desequilíbrio e a fragmentação que impregnam nossa cultura ocidental desempenham papel importante no desenvolvimento desse mal e, ao mesmo tempo, não permitem que os pesquisadores compreendam a doença ou a tratem com êxito. Simonton desenvolveu uma terapia compatível com a nova visão de saúde e doença. Os resultados, em pacientes considerados incuráveis, têm sido extraordinários. A imagem popular do câncer foi condicionada pela visão fragmentada de mundo da cultura ocidental e pelo uso excessivo de tecnologias. O câncer é visto, assim, como poderoso invasor vindo de fora. Parece não haver esperança de controlá-lo e, para muitos, é sinônimo de morte. O tratamento convencional, com radiação, quimioterapia, cirurgia ou sua combinação, danifica mais o corpo. Os médicos estão, agora, cada vez mais inclinados a ver o câncer como distúrbio sistêmico, no início localizado, mas que, depois, se propaga por todo o corpo; o tumor original é apenas a ponta do iceberg. Os pacientes, no entanto, insistem em considerar seu próprio câncer um problema localizado, especialmente durante a fase inicial, vendo-o como um objeto estranho do qual querem se livrar o mais rapidamente e esquecer. Não percebem a interdependência dos aspectos psicológicos e fisiológicos.

       Para Simonton, essa imagem tem que ser invertida. A moderna biologia molecular mostrou que as células cancerosas não são potentes como se pensa, mas fracas e confusas. Não invadem, não atacam nem destroem mas, apenas, se super-reproduzem. Principia com uma célula que tem informação genética incorreta, porque foi modificada por substâncias nocivas ou influências ambientais, ou simplesmente porque o organismo produziu ocasionalmente uma célula imperfeita. A informação defeituosa a impede de funcionar normalmente e, se ela produz outras com a mesma constituição genética incorreta, o resultado é um tumor constituído de células imperfeitas. As células normais se comunicam eficazmente com seu meio ambiente para determinar suas dimensões e taxa de reprodução, ao contrário do que ocorre com a comunicação e auto-organização das células imperfeitas. Estas se reproduzem a esmo. A coesão entre elas pode enfraquecer e algumas se desprendem da massa original, viajam para outras partes do corpo, formando novos tumores (metástase). Num organismo sadio, o sistema imunológico reconhece as células anormais e as destrói ou as cerca impedindo sua disseminação. Se o sistema imunológico, por alguma razão, está desequilibrado, deficiente, a massa de células defeituosas continua a crescer. O câncer, portanto, é uma falha do equilíbrio interno do organismo como um todo.

       Simonton reconhece a existência de substâncias e influências ambientais cancerígenas, e defende vigorosamente a implementação de uma política social apropriada para eliminar esses riscos. Mas concluiu que nem esses fatores, nem a radiação, nem a predisposição genética, explicam satisfatoriamente a causa da doença, pois o que faz que, a partir de certo momento, o sistema imunológico não mais reconheça e não destrua as células anormais, e permite que cresçam e formem tumores que ameaçam a vida? A resposta que encontrou é que devem ser considerados os aspectos mentais e emocionais da saúde e da doença. O desequilíbrio do sistema imunológico é produzido por estresse prolongado, canalizado através de determinada característica da personalidade, dando origem a distúrbios específicos. No caso, as tensões cruciais parecem ser aquelas que ameaçam algum papel ou relação importante da identidade da pessoa, ou as que criam situação para a qual aparentemente não há escapatória. Muitos estudos sugerem que tais tensões ocorrem de seis a dezoito meses antes do diagnóstico da doença. Elas são passiveis de gerar sentimentos de impotência e desesperança tão grandes, que uma doença grave e até a morte, podem tornar-se, consciente ou inconscientemente, desejáveis como solução potencial. 
      O Tempo de Mutação ................ continuação ....

... consciente ou inconscientemente, desejáveis como solução potencial.

       Fatores físicos e psicológicos contribuem para a instalação da doença e o estresse emocional tem dois efeitos principais: inibe o sistema imunológico e acarreta desequilíbrios hormonais, o que resulta em aumento da produção das células anormais. Esta produção é incentivada justamente quando o organismo está menos capaz de destruí-las. Quanto à personalidade, os estados emocionais parecem ser elemento crucial no desenvolvimento do mal. A ligação de câncer e emoções vem sendo observada desde dezenas de anos, hoje havendo provas substanciais de estados emocionais específicos. Certos perfis psicológicos permitem mesmo que se possa prever a incidência de câncer com notável precisão. Sentimentos de solidão, abandono e desespero, na juventude, quando relações interpessoais intensas parecem impossíveis ou perigosas; perda de uma relação forte com uma pessoa, ou de um papel julgado importante no início da vida adulta, coisas que constituíam o centro da vida do indivíduo, resultando em desespero; interiorização do desespero a ponto de ser incapaz de deixar outras pessoas saberem quando se sente magoado, colérico ou hostil, constituem o modelo típico de pacientes que poderão vir a ter câncer, conforme numerosos pesquisadores. Os processos psicológicos e biológicos são interdependentes e podem ser reconhecidos, e a seqüência dos eventos que leva à doença pode ser invertida de modo que o organismo aprenda a se tornar saudável novamente.

       Os pacientes devem ser levados a identificar as principais tensões que ocorreram em sua vida de seis a dezoito meses antes do diagnóstico e, pela lista, procura-se analisar a participação do paciente no desencadeamento de sua enfermidade. O objetivo não é produzir um sentimento de culpa, mas criar base para a inversão dos processos psicossomáticos que culminaram na doença. Incute-se no paciente a certeza, crucial para a terapia, do poder das defesas naturais do seu corpo. Estudos verificaram que a resposta ao tratamento depende muito mais da atitude do paciente do que da gravidade da doença. Gerados sentimentos de esperança e expectativa, o organismo os transforma em processos biológicos que começam a restaurar o equilíbrio e a revitalizar o sistema imunológico, utilizando os mesmos caminhos que foram usados na instalação da doença. A produção de células anormais diminui, e o sistema imunológico se torna mais forte e eficiente para combatê-las.

       O câncer, assim visto, é um problema da pessoa como um todo. Assim, a terapia deve ocupar-se do ser humano total. Usam-se exercícios físicos regulares para reduzir a tensão, aliviar a depressão e ajudar o paciente a manter contato mais estreito com seu próprio corpo. Provou-se que a prática regular de relaxamento e de mentalização e de meditação, durante a qual a doença e a ação do sistema imunológico são descritas na própria linguagem simbólica do paciente, é extremamente eficaz para fortalecer o sistema imunológico, freqüentemente resultando em redução espetacular e mesmo na eliminação dos tumores. Além disso, a meditação é método excelente para os doentes se comunicarem com o inconsciente, fato que lhes pode trazer importantes informações para sua recuperação.

       Simonton ensina que, como os processos psicossomáticos subjacentes podem ter sido gerados por vários problemas psicológicos e sociais, enquanto estes não forem resolvidos o paciente não ficará bom, ainda que o câncer possa temporariamente desaparecer. A terapia deve ser auxiliada por psicoterapeutas que conheçam os aspectos sociais, culturais, filosóficos e espirituais geralmente envolvidos no dia-a-dia do paciente. Para a maioria desses pacientes, o impasse produzido pelo acúmulo de eventos estressantes só pode ser superado se eles mudarem parte de seu sistema de crenças e sua visão de mundo. Para isso, eles são encorajados a procurar respostas alternativas às suas perguntas existenciais.

       ALÉM DO ESPAÇO E DO TEMPO
       Na visão sistêmica do mundo, e em conseqüência da saúde, toda doença é um fenômeno mental e, em muitos casos, o processo de adoecer é invertido de modo eficaz através da abordagem que integra terapias físicas e psicológicas. Jung foi quem levou a psicologia a essa área. Rompendo com Freud, abandonou os conceitos clássicos da psicanálise e desenvolveu outros perfeitamente compatíveis com a física atual e a teoria dos sistemas. Em estreito contato com os mais eminentes físicos de seu tempo, estava perfeitamente ciente dessas semelhanças. São proféticas suas palavras: “Mais cedo ou mais tarde, a física nuclear e a psicologia do inconsciente se aproximarão cada vez mais, já que ambas, independentes e vindo de direções opostas, avançam para território transcendental. Psique e matéria, uma participa da outra, pois, não fosse assim, qualquer interação seria impossível. E, à medida que as pesquisas avançam, aumenta essa concordância entre os conceitos fisiológicos e psicológicos”.

       Jung distinguiu duas áreas na psique inconsciente: um inconsciente pessoal, do indivíduo, e um inconsciente coletivo, comum a toda a humanidade. Segundo ele, “a mente consciente emana de um inconsciente que é mais antigo do que ela e que funciona com ela e mesmo apesar dela”. O inconsciente coletivo vincula o indivíduo a toda a humanidade; mais ainda, ao universo todo, concepção não entendida dentro dos conceitos da física anterior, mas totalmente compatível com a visão sistêmica da mente, introduzida pela física quântica. Os arquétipos de Jung estão inseridos numa teia de relações, na qual cada arquétipo envolve todos os outros, e todos os eventos se interligam e se influenciam.

       Jung convenceu-se, por suas próprias experiências religiosas, da realidade da dimensão espiritual da vida. Para ele, a religião e a mitologia constituem fonte inesgotável de informações sobre o inconsciente coletivo, e concluiu que a espiritualidade pura é parte integrante da psique humana. Afirmou que os padrões psicológicos estão ligados não só causal, mas também não-causalmente. Introduziu o termo “sincronicidade” para as conexões não-causais entre imagens simbólicas da psique e eventos do mundo exterior, conexões que considerava exemplos de um estado de “ordem não-causal” (fora do espaço-tempo) na mente e na matéria. Hoje, trinta anos após, esse ponto de vista está sendo apoiado por conquistas na física quântica, que indicam um estado de conexão ordenada, conceito central nessa física, e os físicos admitem a existência de conexões não-locais, não-causais e, portanto além do espaço-tempo; neste, todas as conexões são locais, causais. Além disso, matéria e mente são cada vez mais reconhecidas como reflexos recíprocos.

       Para Jung, a mente é um sistema auto-organizador, e a neurose, um processo pelo qual esse sistema tenta superar os obstáculos que o impedem de funcionar como um todo integrado, processo que objetiva o desenvolvimento pessoal. Consiste na integração dos aspectos conscientes e inconscientes da psique, que levará à experiência de um novo centro da personalidade (uma nova e maior identidade). Cabe ao terapeuta apoiar esse processo, procurando uma interação entre seu inconsciente e o do paciente. Jung dizia: “não reagimos somente com nossa consciência, mas também com o inconsciente. Devemos nos perguntar sempre: como meu inconsciente está vivendo esta situação? Cumpre-nos observar nossos sonhos e estudar a nós mesmos tão cuidadosamente como fazemos com o paciente (pois o inconsciente é coletivo)”. Por seu interesse na espiritualidade, esoterismo e misticismo, Jung não foi levado a sério nos círculos psicanalíticos, atitude que hoje está mudando em face da crescente compatibilidade entre sua psicologia e a ciência quântica.

       Maslow, como Jung, rejeitou a idéia de Freud de que a humanidade é dominada por instintos inferiores e que estes constituem o inconsciente pessoal. Interessado no crescimento pessoal, a que chamou “auto-realização”, passou a estudar pessoas que tinham experiências transcendentes espontâneas. Depois, os aspectos espirituais que favoreciam a auto-realização conquistaram o interesse da psicologia, que passou a estudar estados alterados de consciência, o que muito aproximou a psicologia transpessoal das tradições místicas orientais. Hoje, surge uma nova psicologia compatível com a visão sistêmica da vida e harmonizada com as concepções místicas, e numerosos psicólogos transpessoais estão trabalhando no sentido de colocar a psicologia na busca espiritual, não mais considerando que a espiritualidade é baseada em superstições primitivas, aberrações patológicas ou crenças falsas insufladas pela cultura. 

       A visão sistêmica afirma que, não podendo o organismo físico ser entendido se analisado em partes separadas, as propriedades e funções da psique não podem ser entendidas se reduzidas a elementos separados. A nossa visão fragmentada da realidade, além de ser obstáculo para a compreensão da mente, é também aspecto característico da doença mental, surgindo sempre de falha da integração dos vários componentes do organismo total (corpo e mente). Sob esse ponto de vista, a divisão cartesiana entre corpo e mente e a crença na separação entre os indivíduos e seu meio ambiente, parecem ser sintomas de uma doença mental coletiva compartilhada pela maior parte da cultura ocidental (cultura prostituta), como são, de fato, freqüentemente considerados por outras culturas.  

       O Ponto de Mutação ........................... comtinuação...........

... (cultura prostituta), como são, de fato, freqüentemente considerados por outras culturas. 

       Seguindo Jung e Reich, muitos psicólogos e psicoterapeutas passaram a conceber a dinâmica mental como um fluxo de energia, acreditando que essa dinâmica reflete uma inteligência própria que habilita a psique não só a criar a doença mental, mas também a curá-la. O crescimento interior e a auto-realização espiritual são considerados essenciais à dinâmica da psique humana, em pleno acordo com a ênfase na autotranscendência da visão sistêmica de vida e com o misticismo.

       Atualmente, tem crescido a consciência de que, freqüentemente, muitas doenças mentais têm origem em anormalidades nas relações sociais. Daí a tendência para terapias de grupo e de família.

       Um dos sistemas mais abrangestes dedicado a integrar diferentes escolas psicológicas é a psicologia do espectro da consciência humana proposta por Ken Wilber, que une as psicologias ocidentais e orientais. Cada nível desse espectro caracteriza-se por um diferente sentimento de identidade, desde a identidade drasticamente limitada do ego, até a suprema identidade com a consciência cósmicaAs experiências transpessoais envolvem uma expansão da consciência para além das fronteiras convencionais do ego e, assim, para um sentido mais amplo de identidade. Podem, também, envolver percepções (PSE) do meio ambiente que transcendem as limitações usuais da percepção sensorial.

       O nível transpessoal é o nível do inconsciente coletivo e fenômenos a ele associados. Ali, o indivíduo percebe a realidade do cosmo como um todo, numa forma de consciência que transcende o raciocínio lógico e a análise intelectual, aproximando-se da experiência mística direta da realidade. Na extremidade do espectro, o nível transpessoal funde-se ao nível do Espírito (da Mente). É o nível da consciência cósmica no qual o indivíduo se identifica com o universo inteiro e se torna a realidade; é o verdadeiroestado místico, no qual todas as fronteiras e dualismos são transcendidos e toda individualidade se dissolve na unicidade universalEsse nível é a preocupação preponderante das tradições místicas do Oriente e do Ocidente, que enfatizam que as identidades associadas aos demais níveis de consciência são ilusórias. No nível da Mente (na auto-realização), a pessoa encontra sua identidade suprema, que é a própria divindade, Deus.

       A psicoterapia de Grof é original, pois envolve experiências perinatais numa revivência extremamente realista e autêntica das várias fases do processo de nascimento de uma pessoa - a serena bem-aventurança no ventre em absoluta união com a mãe; as perturbações dessa paz por substâncias tóxicas e contrações musculares; a condição de “sem saída” da primeira fase do parto, o colo do útero ainda fechado e as contrações repercutindo no feto, proporcionando situação de claustrofobia acompanhada de intenso desconforto físico; a propulsão pelo canal natalino, numa luta enorme pela sobrevivência sob pressões esmagadoras, freqüentemente com um elevado grau de sufocação; e, finalmente, o súbito alivio e relaxamento, o primeiro fôlego, e o corte do cordão umbilical completando a separação física da mãe. Há, impressionantemente, estreita relação entre essas experiências de nascimento e as experiências de morte.

       O encontro entre nascimento e morte no decorrer da psicoterapia equivale freqüentemente a uma verdadeira crise existencial, forçando a pessoa a examinar seriamente o significado de sua vida e seus valores. Ambições mundanas, impulsos competitivos, ânsia de status, poder ou bens materiais, tudo tende a dissipar-se quando visto contra o pano de fundo da morte potencialmente iminente. Como ensinou Castañeda, abandonamos uma quantidade imensa de mesquinhez quando a morte nos acena; a morte é a única conselheira sábia que possuímos.

       A única maneira de superar o dilema existencial da condição humana é, em última análise, transcendê-lo, vivendo nossa existência dentro de um mais amplo contexto cósmico. Isso só é conseguido com as experiências transpessoais, vindas pela meditação, que podem oferecer profundos insights sobre a importância e a natureza da dimensão espiritual da consciência. Podem, também, envolver fenômenos paranormais, inegavelmente difíceis de interpretar pelo pensamento racional e pela análise científica. De fato, parece existir uma relação complementar entre fenômenos paranormais e o método cientifico. Aqueles parecem manifestar-se em toda sua força somente fora dos limites do pensamento analítico, e progressivamente diminuir à medida que sua observação e análise vão ficando mais científicas. Realmente, os modelos de Wilber e Grof indicam que a compreensão essencial da consciência humana situa-se além das palavras e conceitos.

       Na abordagem sistêmica, a doença mental é fenômeno que sempre envolve interdependentes aspectos físicos, psicológicos e sociais. Diferentemente das neuroses, que são distúrbios nervosos mais simples, desordens mais sérias como as psicoses e a esquizofrenia (=mente dividida), não podem ser plenamente compreendidas se não forem considerados os níveis biossocial, existencial e transpessoal da psique (ver Wilber em ‘O Espectro da Consciência’).

       A maioria dos tratamentos psiquiátricos atuais procura eliminar os sintomas com o uso de drogas psicoativas, abordagem que não ajudou os psiquiatras a entenderem melhor a doença mental, nem permitiu aos pacientes resolverem seus problemas subjacentes. Em vista dessas deficiências, numerosos psicólogos e psiquiatras desenvolveram uma visão sistêmica dos distúrbios psicóticos que leva em conta as múltiplas facetas da doença mental (social, cultural, existencial, ambiental, etc). Atualmente, muitas pessoas são diagnosticadas como doentes mentais não com base em seu comportamento, mas no conteúdo de suas experiências, concepção errônea pois a nova definição do que é normal ou patológico não se baseia no conteúdo das experiências de uma pessoa, mas no modo como elas são manipuladas e no grau em que ela é capaz de integrar à sua vida essas experiências incomuns, fato crucial para a saúde mental. Pesquisas revelam que a ocorrência espontânea desse tipo de experiências da realidade é muito mais freqüente do que suspeita a psiquiatria. São claramente de natureza transpessoal e estão em evidente contradição com todo o senso comum e com a visão clássica ocidental, sendo muitas delas bem conhecidas dos místicos, pois ocorrem freqüentemente na meditação profunda.

       A incapacidade de algumas pessoas para integrar experiências transpessoais é agravada por um ambiente hostil a isso. Em face da cultura local, se sentem isoladas e incapazes de compartilhar a experiência. O medo, que pode ser esmagador, mais do que qualquer outra coisa, é que produz muitos dos sinais de “insanidade”. O sentimento de isolamento e a perspectiva de hostilidade (advinda dos demais) são ainda mais acentuados pelo tratamento, que envolve, com freqüência, exames humilhantes, diagnóstico estigmatizante e hospitalização forçada, invalidando por completo a pessoa como ser humano. Como afirmou um pesquisador, “nada pode transmitir a sensação esmagadora que invade a pessoa que é continuamente exposta à despersonalização do hospital psiquiátrico”. No caso da esquizofrenia, estudos mostram que a pessoa assim diagnosticada faz parte, quase sem exceção, de uma rede de padrões extremamente perturbados de comunicação no seio da família. A doença é, realmente, um distúrbio de todo o sistema familiar.

       Bateson apurou que a esquizofrenia representa uma estratégia especial que a pessoa “inventa para conseguir viver uma situação insustentável, uma situação em que ela “nunca pode vencer”. Mensagens contraditórias verbais e não-verbais de um ou de ambos os pais, podem provocar na criança a situação de duplo vínculo, pois ambas as mensagens implicam punição ou ameaça à sua segurança emocional. Ou o comportamento esquizofrênico pode ser reconhecido como reação contra severo estresse social, esforços desesperados da pessoa para manter sua integridade em face de pressões paradoxais e contraditórias. Laing: “Hoje, uma criança tem dez vezes mais probabilidades de ingressar num hospital psiquiátrico do que numa universidade. Isso pode ser indicação de que estamos conduzindo nossas crianças à loucura com mais eficácia do que as estamos educando. Talvez seja mesmo nosso método de educá-las que as está levando à loucura”.

      O Ponto de Mutação ........................ emfim, o fim.......

       A própria cultura é fator do desenvolvimento da doença mental: gera grande parcela de ansiedade que culmina num comportamento psicótico, e fixa normas para o que é ou não considerado são. Em nossa cultura, os critérios usados para definir saúde mental, como sentimento de identidade, reconhecimento do tempo e do espaço, auto-imagem, percepção do meio ambiente etc, requerem que as percepções e concepções de uma pessoa sejam compatíveis com a estrutura cartesiana, considerada a única descrição verdadeira da realidade. Essa atitude restritiva reflete-se nos procedimentos dos profissionais ligados à saúde mental. Perceber a realidade exclusivamente no modo transpessoal é considerado incompatível com a sobrevivência no mundo de hoje; vivenciar uma mistura incoerente da forma considerada normal de viver e do modo transpessoal, sem integrá-los, é psicótico. Entretanto, viver limitado à forma cartesiana é loucura, a loucura de nossa cultura. Esta pode não apresentar sintomas, mas não pode ser considerada produtora de mentes saudáveis (para a saúde mental ótima, o transpessoal deve harmonizar-se com o modo considerado normal de viver).

       Muitos se concentram em explorar o mundo externo e medem seu padrão de vida pela quantidade de bens materiais, enquanto se tornam cada vez mais alienados do mundo interior e incapazes de apreciar o processo da vida. Para eles nenhum tipo de riqueza, poder ou fama, trará satisfação verdadeira, sendo, por isso, invadidos por um sentimento de insignificância, futilidade, vazio e até de absurdo, que nenhum tipo de êxito externo pode eliminar (problemas existenciais). (Krishnamurti: o ser humano é, naturalmente, insano, corrupto e insalubre). Os sintomas dessa verdadeira loucura cultural predominam em todas as nossas instituições acadêmicas, empresariais e políticas, sendo, talvez, a corrida às armas nucleares a mais psicótica de suas manifestações.

       A saúde mental genuína envolve uma interação equilibrada com a sociedade e com a natureza (na qual a preocupação com os bens materiais não deve ser obsessiva), uma atitude afirmativa em face da vida e uma profunda consciência da dimensão espiritual da existência. Esses conceitos foram enfatizados ao longo dos tempos por santos e sábios que vivenciaram a realidade transpessoal (a verdade que liberta). É fato que as experiências desses místicos são, com freqüência, muito semelhantes às dos esquizofrênicos. Mas, os místicos não são considerados loucos, porque sabem integrar suas experiências às suas formas ordinárias de consciência. Por isso Laing afirmou: “Místicos e esquizofrênicos estão no mesmo oceano; mas os místicos nadam, ao passo que os esquizofrênicos se afogam”. Na extremidade profunda do transpessoal, a que Wilber chama Nível da Mente (ou Consciência Una, ou Deus), os objetivos da terapia transpessoal confundem-se com os objetivos do misticismo.

       As doenças mentais envolvem freqüentemente o surgimento espontâneo de experiências incomuns, e a melhor terapia consiste em criar um ambiente de compreensão e apoio que permita a ocorrência dessas experiências. Uma vez iniciada, uma crise esquizofrênica parece ter um curso tão definido quanto um ritual. Os terapeutas que favorecem tal abordagem têm observado que o drama, que é parte do processo de cura, parece desenrolar-se numa seqüência ordenada de eventos como uma viagem pelo mundo interior do paciente, como se este tivesse um percurso a percorrer, viagem que só terminará com seu retorno ao mundo normal, ao qual ele volta com insights diferentes dos apresentados pelos que não fizeram a mesma viagem. Em vez de suprimir os sintomas, as novas terapias os intensificam para produzir a experiência completa, o que pode resultar na integração do consciente (que estava dividido) e na cura final do paciente.

       Grof usou a hiper-aeração, música evocativa e trabalho com o corpo numa terapia que pode induzir surpreendentes e intensas experiências após um período relativamente curto de respiração rápida e profunda. O paciente deve concentrar-se na respiração e noutros processos físicos no interior do corpo, e desligar-se ao máximo de toda análise intelectual, entregando-se às sensações e emoções. Na maioria dos casos, a atenção à respiração e à música levam, por si só, à dissolução dos problemas apresentados.

       A terapia mental deixou de ser considerada um tratamento, para ser vista como uma auto-exploração. Terapeuta e paciente devem deixar de lado, o quanto possível, seus pensamentos, lembranças, pressentimentos e expectativas, durante todo o processo terapêutico (isto é, deixar de lado o ego). A teimosia em acreditar na concepção cartesiana da realidade, na noção linear de tempo ou no velho conceito de causa e efeito, pode ser grave obstáculo ao surgimento das experiências transpessoais, prejudicando toda a terapia. Grof afirmou que os psicoterapeutas serão muito mais bem sucedidos se conhecerem o novo modelo que está nascendo da física quântica, da biologia sistêmica e da psicologia transpessoal.

       A SABEDORIA DA NATUREZA
       A sabedoria sistêmica baseia-se num profundo respeito pela sabedoria da natureza, a qual é totalmente compatível com os conceitos da ecologia como é concebida atualmente. Nosso meio ambiente natural consiste de ecossistemas habitados por incontáveis organismos que co-evoluíram durante bilhões de anos, usando e reciclando continuamente as mesmas moléculas de solo, água e ar. Seus princípios organizadores são considerados superiores aos da tecnologia humana baseados em invenções recentes. A visão da sabedoria da natureza é apoiada pela concepção atual de que a auto-organização dos ecossistemas é basicamente a mesma que a dos organismos vivos, o que nos força compreender que nosso meio ambiente natural é não só vivo, mas também inteligente. A inteligência dos ecossistemas, ao contrário de tantas instituições humanas, manifesta-se na tendência predominante de estabelecer relações de cooperação que facilitam a integração harmoniosa dos componentes sistêmicos em todos os níveis de organização (moléculas, células, órgãos, organismos, espécies, grupos, famílias, sociedades, raças etc.).

       Nosso planeta está hoje tão densamente povoado que virtualmente todos os sistemas, até os econômicos, são interligados e interdependentes. A nova visão da realidade é ecológica num sentido que vai muito além das preocupações imediatas com a proteção ambiental. Filósofos e cientistas distinguem “ecologia profunda” de “ambientalismo superficial”. Enquanto este se preocupa com o controle e administração mais eficientes do meio ambiente natural “em benefício do homem”, a ecologia profunda exige mudanças radicais em nossa percepção do papel dos seres humanos no ecossistema do planeta, e requer uma nova base filosófica e religiosa. A ecologia profunda é apoiada pela ciência moderna, em especial pela nova abordagem sistêmica, mas tem suas raízes numa percepção da realidade que transcende a estrutura científica e atinge a consciência intuitiva da unicidade de toda a vida, a interdependência e inter-relação de todas as suas múltiplas manifestações e seus ciclos de mudança e transformação.Quando o conceito de mente humana é entendido como o modo de consciência pelo qual o homem se sente ligado ao universo como um todo, torna-se evidente que a consciência ecológica é verdadeiramente espiritual. 

       A estrutura filosófica e espiritual da ecologia profunda não é nova, pois foi exposta muitas vezes ao longo da historia pelas grandes tradições espirituais. Do taoísmo: ‘Aqueles que seguem a ordem natural fluem na corrente do Tao’. Heráclito, na Grécia, e depois, o místico cristão Francisco de Assis, ensinaram a mesma filosofia. Portanto, o movimento ecológico não é novo. O que é novo, talvez, é a ampliação da visão ecológica para um nível planetário, apoiada pela poderosa experiência dos astronautas e expressa em imagens como “nave espacial Terra”, “toda a Terra”, e “pense globalmente e atue localmente”. Assim, milhões de americanos abandonaram suas boas posições na economia e reduziram drasticamente suas rendas, para a busca de um estilo de vida mais simples, preocupados por um consumo sem exageros, consciência ecológica e crescimento interior, fato que tem ocorrido, também, em outros países.               

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