terça-feira, 12 de março de 2013

PROBLEMAS DA CRENÇA



      Olá, amigos

      Um amigo, X, q por muitos anos foi adepto do espiritismo, mas q hoje não é mais, explica como foi sua trajetória na Doutrina Espírita: anos de entusiasmo, certeza de haver encontrado o q buscava, o q faltava e, um dia, ao perceber tantas estranhezas, questões mal explicadas, incoerências e mesmo contradições... decepção!

      O amigo escreveu: ... descobri... que as preces aos anjos de guarda ou aos "necessitados" não funcionam...    

      Cel: nenhuma prece funciona! O universo não muda seu “status”, seu movimento porq, parte dele (nós), pede.
      A prece q pode, eventualmente, funcionar é aquela q não é prece, mas uma entrega sincera e em total confiança, uma abertura por onde “Aquilo” (como diz Nisagardatta) possa entrar. Essa prece é o silêncio, com atenção total, q pode levar à destruição do ego, o único obstáculo entre nós e Deus.
      São as religiões populares q tentam levar os homens a outros caminhos, a caminhos consoladores, pois q desconhecem o q deve, verdadeiramente, ser feito. Como dizem os mestres, somos apenas testemunhas; qdo agimos, não somos nós q agimos. Acreditamos q agimos, mas somos, apenas, testemunhas da ação!
      Como disseram Jesus, Paulo e outros e, hoje, a ciência moderna, as obras q fazemos não somos nós q as fazemos, pois “a escolha não é nossa”!
      Amigo: Não só as Obras Básicas, com aquela constante enfatização na questão da culpa e do livre-arbítrio como gerador do mal para você mesmo, mas tbm o que eu chamo de "Coleção de livros de terror" do M. P. de Miranda, Victor Hugo e similares, produziram em mim, na década de 1996, complexos de culpa tão grandes que tive que fazer, posteriormente, várias sessões de psicoterapia.

       Cel: é isso mesmo q acontece: todas as crenças, na literatura, nos discursos, o tempo todo, procuram trazer o medo, ameaçam com o terror do inferno, umbral, obsessões, penalidades eternas, ou a se estenderem por milhões de anos de sofrimentos... Fazem como as leis dos homens, prometendo penas se desrespeitadas! Nenhuma lei funciona, se não houver receio do fato de não cumpri-las.
      Amigo: Mas também a Doutrina foi uma espécie de trampolim para mim, para entender agora esses novos conceitos da Filosofia Vedanta, do Zen, e a compreensão dos ensinamentos de Jesus, Paulo e outros mestres.


       Cel: concordo; aquele q está procurando algo mais, às vezes encontra esse trampolim; às vezes, não! Tudo depende do q a vida lhe vai ensinando. Por isso, Jesus disse: “compreenda quem puder compreender!”!

      Amigo: E não é fácil, viu? Você mesmo vê a dificuldade que os espíritas têm para compreender. É que esse sentimento de culpa vem na forma de atavismos, porque, todos nós já estivemos encarnados na grande noite escura que foi o reinado da igreja romana. 
      Cel: observe: “vem de atavismos, vem do reinado da igreja”... e é isso mesmo, mas não só do reinado da igreja romana, pois somos o q a vida faz de nós, e atavismos, igreja romana e mais o q for, são experiências adquiridas na escola do bem e do mal. Assim, são, também, da escola da vida, e as aceitaremos ou não, conforme o q a vida já fez de nós, as palavras e exemplos de Jesus, Gandhi, Madre Tereza, Hitler, Calígula; o conteúdo das lições boas e más; as palavras do mendigo ali, na esquina, ou dos criminosos no corredor da morte... tudo nos prepara para sermos o q somos; por isso, agora, somos, exatamente, tudo o q a vida fez de nós até este instante, bons ou maus, perversos e pervertidos, criminosos ou inocentes, solidários ou egoístas, humildes ou orgulhosos, solidários ou egpoistas.
      Assim, méritos, deméritos, onde estão? De onde vêm?  

      Amigo: Agora consigo perdoar facilmente, no momento em que concebo que eu não sou essa personalidade, e nem o outro a é também. Mais que isso, é possível perceber que o outro, quando erra conosco, não têm escolhas. Quando erramos, quando fazemos o mal, na maioria das vezes não temos escolha.
      Cel: não é “na maioria” das vezes q não temos escolha; "nunca" a temos, pois somos o q a vida faz q sejamos; logo, a vida, esse movimento inominável q flui sem cessar, Deus ou o q seja, escolhe por nós. “É o Sr q opera o pensar, o querer e o fazer!”.
      Amigo: Imagino que todos também devam ter passado por coisas semelhantes às q passei, pois, a Doutrina, por mais que sigamos à risca os seus mandamentos, não faz surtir efeitos, não é? Que coisa! Onde os Espíritos Superiores erraram? 
      Cel: onde estão esses espíritos superiores? Se houve algum q auxiliasse na obra de Kardec, quem teve competência para poder avaliá-lo e declará-lo superior? Para avaliar o q quer q seja, só pode fazê-lo aquele q conhece o melhor e o pior, o acima e o abaixo, q esteja num nível superior ao daquilo q avalia. Assim, para afirmar q tal ou qual espírito é superior, somente um q seja superior a ele, poderá afirmar.

      Amigo: E aquelas palavras de Platão, em que ele diz no final: "é, gente, tudo o que vos cabe é chorar, suportar e esperar". Tbm considero apócrifa ou, se não for, pelo menos hipócrita tal comunicação.
 
      Cel: desconheço essa frase de Platão mas, quem disse isso não disse bobagem; só resta, mesmo, chorar, suportar (ou aceitar) e esperar, pois somos apenas testemunhas! Por isso, aqueles q percebem q é assim, q nada podemos fazer por nós mesmos, conforme as experiências q a vida já nos tenha ensinado, não se contentam em ficar à espera e retiram os antolhos e abrem seu leque de buscas e, eventualmente, encontram a verdade q liberta. 

      Deve ser por isso q Krishnamurti, tendo em vista os problemas sem fim da vida e, a respeito dos quais nada podemos fazer, pois q somos apenas testemunhas, tenha aconselhado: “uma boa dose de humor e uma boa dose de indiferença!”.


      Amigo: porq há tanta dificuldade de os homens discutirem a respeito das possíveis verdades das religiões, de questionarem aquilo q as crenças lhes comunicam?
 
      Cel: acontece q, em geral, os religiosos só vêem e crêem naquilo q está a sua frente, não olham para os lados, acreditam q a sua crença é q é a certa! E a teimosia, o fanatismo, o radicalismo, a discordância, os conflitos surgem. Entre nós, os católicos e protestantes são os mais “fechados” a essa argumentação; não admitem questionamentos. Os espíritas, vc sabe; aceitam (não todos) os questionamentos, procuram solucionar dúvidas.  Com eles, há mais facilidade, mais abertura, para q, raciocinando, questionando, refletindo, alguém possa vir a entender suas crenças e, até mesmo, discutir a respeito.
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