A ESCOLHA NÃO É NOSSA!
A ciência moderna que, com suas revelações, abalou os alicerces da física desses últimos três séculos, dividindo-a em “antes” e “depois”, com isso dando nascimento à física quântica, afirma que “a escolha não é nossa”, isto é, q o homem, espírito encarnado, não tem liberdade de escolher entre soluções diferentes para qualquer espécie de problema ou indecisão. Essa é, também, a afirmação de místicos e sábios de todas as épocas, entre eles Jesus e Paulo: “não escolhemos!”, “tudo vem do Alto!”, “nenhum pensamento é nosso!” e, como conseqüência, as obras (boas ou más) que fazemos, não somos nós q as fazemos!”
Para as religiões, explica-se a razão dos sofrimentos impostos aos homens por serem eles os causadores de ações q trazem danos aos semelhantes e mesmo à natureza; isto é, q havendo decidido executar ações nocivas a terceiros, a lei divina e universal, transgredida com a decisão tomada, age, inexoravelmente, trazendo ao transgressor as conseqüências de suas ações indevidas, conseqüências q implicam em todas essas espécies de sofrimentos q vemos no dia-a-dia do mundo.
E é essa também a conclusão a que chegam aqueles q se dispuserem a estudar a fundo a questão de existir ou não liberdade de escolha: “não escolhemos”, embora para todas as religiões, doutrinas e crenças, essa liberdade seja considerada fato inegável pois, para elas, é o único modo de tentar explicar e justificar o sofrimento dos homens.
E não estamos nos referindo à liberdade de concretizar, no mundo temporal, material, aquilo q decidimos realizar; essa concretização depende de numerosos fatores externos, que podem resultar, ou em obstáculos ou em facilitadores da realização do q foi escolhido por nós. Refiro-me, isto sim, e principalmente, à liberdade de, no campo mental, estudar uma questão, sobre ela refletir e apresentar a nós mesmos argumentos lógicos, que acabarão por provocar a escolha para nós mais conveniente. Todas as nossas decisões dependem absolutamente de nosso raciocínio prévio, sempre e sempre, vinculado àquilo q as experiências, já passadas no decorrer da vida, nos levaram a compreender. Não existe uma única escolha q não dependa do q já tenhamos aprendido anteriormente.
Conseqüentemente, embora nossa vida seja uma sucessão sem fim de escolhas, a liberdade de escolher é uma utopia, porque todas as escolhas dependem totalmente daquilo q a vida já nos ensinou. Podemos, assim, afirmar, sem medo de errar, como a ciência, de hoje, e os místicos, de todas as épocas, que “a escolha não é nossa!”.
Dentro deste raciocínio, percebe-se que a afirmação de que existe liberdade de escolha nada mais é do que uma tentativa de as religiões tentarem explicar o, para muitos, inexplicável sofrimento do mundo.
Sempre se tentou encontrar uma explicação para os problemas do mundo. Dentro da visão das doutrinas cristãs (e de muitas outras), sendo Deus amor e justiça, a responsabilidade de todos os problemas do mundo só pode recair sobre os ombros das pobres criaturas, pelas escolhas más q, premeditadamente, decidem realizar.
Afirma-se que Deus lhes deu liberdade para pensar e escolher e, dentro dessa liberdade, mesmo conhecedores, como afirmam várias doutrinas, das conseqüências, muitas vezes terríveis de suas ações, decidem escolher, por sua livre vontade, a solução que lhes acarreta essas conseqüências.
Do mesmo modo, a afirmação da existência de um céu, paraíso, limbo, inferno, umbral, purgatório, pecados, recompensas e castigos, enfermidades dolorosas, juízo final, julgamentos e sentenças relativos a ações boas ou más, vem apoiar essa tentativa de explicar aquilo que as religiões somente aceitam como causado a partir de nossas más tendências, vindas, sobretudo do egoísmo inerente aos homens.
O homem sempre busca explicações para tudo que lhe sucede, particularmente, se lhe é desagradável. Porque o homem sofre? A causa, como afirmam as religiões, não pode estar em Deus e, portanto, só pode estar no único agente ativo restante, depois q Satanás se aposentou: o homem. Será verdadeiro este modo de ver as coisas?
Como não pode ser o Deus de infinito amor e justiça o causador do sofrimento, chegou-se à explicação, lógica para as religiões, de que, se o homem sofre, sofre porque agiu erradamente; se é feliz, é porque agiu acertadamente. Se age erradamente, pode sofrer e fazer sofrerem os semelhantes, pois é isso que vemos no dia-a-dia do mundo, desde os mais inocentes desentendimentos, até os conflitos e guerras mais cruéis e destruidoras de tudo que o próprio homem construiu.
Contudo, o homem sofre porque age erradamente (em face de sua ignorância e do q aprende com as lições/experiências da vida), mas não porque, como ensinam doutrinas, esse sofrimento está previsto numa lei que lhe impõe punição, ou porque as forças do universo retribuem o mal que praticou. É a lei de causa e efeito q, em seu verdadeiro significado, pode ser descrita como: se o ser humano causou dano, pode sofrer “se” esse dano o atingir; e pode fazer outros sofrerem, também, é evidente.
Qualquer tentativa de explicar que seu sofrimento vem de sua responsabilidade ou culpa, como afirmam as religiões, isto é, que sofre penas impostas com a finalidade de que se corrija de seus erros praticados contra os semelhantes, não se harmoniza com a concepção de um Criador onisciente, onipotente e de perfeitos amor e justiça que, por sua onisciência, sabe, desde sempre, o que cada uma, uma a uma, de suas criaturas fará de errado e de certo, de conformidade com suas leis ou das leis da vida e, de antemão, também sabe o que, cada uma, uma a uma, sofrerá devido aos seus desacertos.
Será como o fabricante de brinquedos que, mesmo tendo absoluta e total certeza de que o brinquedo de sua criação, que ele idealizou, planejou, desenhou, fabricou (para q seja Seu auxiliar na obra da criação!), virá a apresentar terríveis defeitos, destruirá, matará, será perigoso, produzirá tantas dores, tragédias e desgraças, assim mesmo o fabrica e o entrega às crianças (outros milhões de brinquedos q tb o fabricante sabe q apresentarão defeitos inomináveis!). Quando as dores, daí advindas surgem, quem é o responsável? O brinquedo ou o fabricante?
Estranhamente, há religiões e religiosos q afirmam q o responsável é o brinquedo e q deve ser punido por isso!
Por essas coisas, percebemos que temos de repensar as concepções religiosas. Ou vamos permanecer cheios de ilusões, esperanças, remorsos e, sobretudo, culpas e medos. Vivemos dentro dessa tremenda ilusão de que a criatura é responsável pelo seu próprio sofrimento. Em certo sentido, essa é uma verdade; contudo, no sentido de que sofre porque fez outros sofrerem é um enorme absurdo. Não há punições infringidas por ninguém, nem por Deus, nem pelo homem, senão as relativas às leis humanas. O que acontece é que o ser humano está fechado na escuridão de sua enorme ignorância e nada vê, nada percebe, nada interpreta corretamente. Ele está com os olhos “cheios de terra”, como disse Teresa de Ávila; com os olhos “cheios de espessas trevas”, como disse Jesus. Essa é toda a causa do sofrimento que existe no mundo: os olhos “tapados”, a ignorância que só pode ser dissipada com o conhecimento da verdade que liberta. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Não há culpados, ninguém a ser responsabilizado.
É evidente que nós, a sociedade, devemos tomar nossas precauções. É como o escorpião que pica e envenena e faz doer. É de sua natureza agir assim. O mesmo ocorre com o homem: é de sua natureza, ser, aquilo que ele é; é de sua natureza agir como age. Evidentemente, se temos por perto um animal perigoso, nos afastamos dele, ou o afastamos de nós, para que nenhum mal nos cause. Do mesmo modo, um homem perigoso, perverso, criminoso, ou dementado, deve ser afastado do convívio social para que a ninguém prejudique. Mas ninguém tem culpas de como pensa e de como age; cada um, apenas, é o que é. Cada um age de conformidade com aquilo, que em sua compreensão, mais ou menos deficiente, acha que deve agir. O problema é que estamos fechados nesta casca espessa de ignorância e imaginamos e criamos e inventamos um sem numero de explicações, respostas para nossas interrogações acerca da vida. Só isso. Mas, as verdadeiras respostas, por mais que nos esforcemos, que imaginemos, que raciocinemos, nunca vamos atingir. Enquanto o homem não afastar esse espesso véu de ilusões, enquanto não romper essa ignorância, que não o deixa conhecer a verdade, continuará sofrendo e fazendo outros sofrerem. Essa é a vida e o sofrimento. Não há como fugir disso. A única solução é buscar o conhecimento da verdade citada por tantos sábios. É afastar o obstáculo que não nos deixa conhecer a verdade. E, isso é difícil porque esse obstáculo é o próprio “ego”, a própria mente onde estão armazenados os conhecimentos, aprendizado, as ilusões, os condicionamentos provocados, desde que viemos à existência, por aquilo que culturas, tradições, costumes, crenças e religiões nos transmitiram. Pois como afastar esse obstáculo, se ele é nossa mente e, por conseqüência, ele é nós mesmos? Como ensinou o profeta do Antigo Testamento, “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”; como ensinou Jesus, “Quando quiseres falar com o Pai, fecha-te em teu quarto e, em oculto (em silêncio), fala a teu Pai que, em oculto, te ouve”; e Mahasaru Tanaguchi: “Quando o ego se cala, Deus se manifesta!”, Helena P Blavatysk: “A mente é a assassina de Deus: mate a assassina!”.
Aquietar a mente, falar ocultamente, matar a mente, recolher a mente, são as recomendações...
E vejam, amigos, só para ajudar a refletir, um exemplo simples de como nossas escolhas não dependem de nossa vontade livre: você caminha por uma estrada que, de repente, se bifurca; por qual das duas vai prosseguir? Você não vai decidir ou escolher no cara-ou-coroa, ou num estalar de dedos. Sempre vai analisar, por mais simples que essa analise seja, e mesmo inconscientemente, qual a estrada a seguir; a mais vantajosa, a mais sombreada, a que tem menos obstáculos a transpor, a que leva ao destino almejado. E porque você faz essa análise? Porque, pelas experiências anteriores de sua vivência de todos os dias, já aprendeu que deve continuar por aquela cuja ponte está intacta, pela mais sombreada, pela cujo pavimento é melhor etc. Só não age assim aquele que está desesperado, enlouquecido, descontrolado e, por isso, pode até continuar sua marcha pela estrada pior, ou cometer absurdos, como vemos no mundo. Mas, esses não são responsáveis.
Até para escolher entre guloseimas, analisamos: se o apetite é grande, a maior, a aparentemente, mais suculenta; se não, a que nos parece mais saborosa etc. Nossa escolha é livre: está sempre
atrelada, ao que já aprendemos pelas experiências q passamos no
dia-a-dia da vida. E, portanto, nenhuma escolha é livre! Todas as
escolhas que fazemos e todas as decisões que tomamos estão totalmente presas ao
nosso passado e, assim, portanto, não agimos com liberdade.
Seja para escolher um simples objeto, um lápis, p ex, ou para escolher matar um desafeto ou declarar uma guerra, analisamos, estudamos totalmente apoiados no conhecimento, nas experiências que a vida nos ofereceu anteriormente. Do mesmo modo acontece em todos os aspectos da vida coletiva ou individual. Sempre, para qualquer decisão, escolha ou arbítrio (e estamos fazendo escolhas o tempo todo!) nos baseamos absolutamente nas experiências ou aprendizado anterior.
Não escolhemos livremente. Talvez por isso, o apóstolo Paulo tenha afirmado: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o desejar e o fazer” e, ainda, como que justificando essa afirmação de que os pensamentos e, conseqüentemente, as decisões ou ações, obras, não são nossos, mas q mesmo não sendo nossos, podemos sofrer e acreditar q sofremos pelas ações erradas praticadas, afirmou: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”.
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A ciência moderna que, com suas revelações, abalou os alicerces da física desses últimos três séculos, dividindo-a em “antes” e “depois”, com isso dando nascimento à física quântica, afirma que “a escolha não é nossa”, isto é, q o homem, espírito encarnado, não tem liberdade de escolher entre soluções diferentes para qualquer espécie de problema ou indecisão. Essa é, também, a afirmação de místicos e sábios de todas as épocas, entre eles Jesus e Paulo: “não escolhemos!”, “tudo vem do Alto!”, “nenhum pensamento é nosso!” e, como conseqüência, as obras (boas ou más) que fazemos, não somos nós q as fazemos!”
Para as religiões, explica-se a razão dos sofrimentos impostos aos homens por serem eles os causadores de ações q trazem danos aos semelhantes e mesmo à natureza; isto é, q havendo decidido executar ações nocivas a terceiros, a lei divina e universal, transgredida com a decisão tomada, age, inexoravelmente, trazendo ao transgressor as conseqüências de suas ações indevidas, conseqüências q implicam em todas essas espécies de sofrimentos q vemos no dia-a-dia do mundo.
E é essa também a conclusão a que chegam aqueles q se dispuserem a estudar a fundo a questão de existir ou não liberdade de escolha: “não escolhemos”, embora para todas as religiões, doutrinas e crenças, essa liberdade seja considerada fato inegável pois, para elas, é o único modo de tentar explicar e justificar o sofrimento dos homens.
E não estamos nos referindo à liberdade de concretizar, no mundo temporal, material, aquilo q decidimos realizar; essa concretização depende de numerosos fatores externos, que podem resultar, ou em obstáculos ou em facilitadores da realização do q foi escolhido por nós. Refiro-me, isto sim, e principalmente, à liberdade de, no campo mental, estudar uma questão, sobre ela refletir e apresentar a nós mesmos argumentos lógicos, que acabarão por provocar a escolha para nós mais conveniente. Todas as nossas decisões dependem absolutamente de nosso raciocínio prévio, sempre e sempre, vinculado àquilo q as experiências, já passadas no decorrer da vida, nos levaram a compreender. Não existe uma única escolha q não dependa do q já tenhamos aprendido anteriormente.
Conseqüentemente, embora nossa vida seja uma sucessão sem fim de escolhas, a liberdade de escolher é uma utopia, porque todas as escolhas dependem totalmente daquilo q a vida já nos ensinou. Podemos, assim, afirmar, sem medo de errar, como a ciência, de hoje, e os místicos, de todas as épocas, que “a escolha não é nossa!”.
Dentro deste raciocínio, percebe-se que a afirmação de que existe liberdade de escolha nada mais é do que uma tentativa de as religiões tentarem explicar o, para muitos, inexplicável sofrimento do mundo.
Sempre se tentou encontrar uma explicação para os problemas do mundo. Dentro da visão das doutrinas cristãs (e de muitas outras), sendo Deus amor e justiça, a responsabilidade de todos os problemas do mundo só pode recair sobre os ombros das pobres criaturas, pelas escolhas más q, premeditadamente, decidem realizar.
Afirma-se que Deus lhes deu liberdade para pensar e escolher e, dentro dessa liberdade, mesmo conhecedores, como afirmam várias doutrinas, das conseqüências, muitas vezes terríveis de suas ações, decidem escolher, por sua livre vontade, a solução que lhes acarreta essas conseqüências.
Do mesmo modo, a afirmação da existência de um céu, paraíso, limbo, inferno, umbral, purgatório, pecados, recompensas e castigos, enfermidades dolorosas, juízo final, julgamentos e sentenças relativos a ações boas ou más, vem apoiar essa tentativa de explicar aquilo que as religiões somente aceitam como causado a partir de nossas más tendências, vindas, sobretudo do egoísmo inerente aos homens.
O homem sempre busca explicações para tudo que lhe sucede, particularmente, se lhe é desagradável. Porque o homem sofre? A causa, como afirmam as religiões, não pode estar em Deus e, portanto, só pode estar no único agente ativo restante, depois q Satanás se aposentou: o homem. Será verdadeiro este modo de ver as coisas?
Como não pode ser o Deus de infinito amor e justiça o causador do sofrimento, chegou-se à explicação, lógica para as religiões, de que, se o homem sofre, sofre porque agiu erradamente; se é feliz, é porque agiu acertadamente. Se age erradamente, pode sofrer e fazer sofrerem os semelhantes, pois é isso que vemos no dia-a-dia do mundo, desde os mais inocentes desentendimentos, até os conflitos e guerras mais cruéis e destruidoras de tudo que o próprio homem construiu.
Contudo, o homem sofre porque age erradamente (em face de sua ignorância e do q aprende com as lições/experiências da vida), mas não porque, como ensinam doutrinas, esse sofrimento está previsto numa lei que lhe impõe punição, ou porque as forças do universo retribuem o mal que praticou. É a lei de causa e efeito q, em seu verdadeiro significado, pode ser descrita como: se o ser humano causou dano, pode sofrer “se” esse dano o atingir; e pode fazer outros sofrerem, também, é evidente.
Qualquer tentativa de explicar que seu sofrimento vem de sua responsabilidade ou culpa, como afirmam as religiões, isto é, que sofre penas impostas com a finalidade de que se corrija de seus erros praticados contra os semelhantes, não se harmoniza com a concepção de um Criador onisciente, onipotente e de perfeitos amor e justiça que, por sua onisciência, sabe, desde sempre, o que cada uma, uma a uma, de suas criaturas fará de errado e de certo, de conformidade com suas leis ou das leis da vida e, de antemão, também sabe o que, cada uma, uma a uma, sofrerá devido aos seus desacertos.
Será como o fabricante de brinquedos que, mesmo tendo absoluta e total certeza de que o brinquedo de sua criação, que ele idealizou, planejou, desenhou, fabricou (para q seja Seu auxiliar na obra da criação!), virá a apresentar terríveis defeitos, destruirá, matará, será perigoso, produzirá tantas dores, tragédias e desgraças, assim mesmo o fabrica e o entrega às crianças (outros milhões de brinquedos q tb o fabricante sabe q apresentarão defeitos inomináveis!). Quando as dores, daí advindas surgem, quem é o responsável? O brinquedo ou o fabricante?
Estranhamente, há religiões e religiosos q afirmam q o responsável é o brinquedo e q deve ser punido por isso!
Por essas coisas, percebemos que temos de repensar as concepções religiosas. Ou vamos permanecer cheios de ilusões, esperanças, remorsos e, sobretudo, culpas e medos. Vivemos dentro dessa tremenda ilusão de que a criatura é responsável pelo seu próprio sofrimento. Em certo sentido, essa é uma verdade; contudo, no sentido de que sofre porque fez outros sofrerem é um enorme absurdo. Não há punições infringidas por ninguém, nem por Deus, nem pelo homem, senão as relativas às leis humanas. O que acontece é que o ser humano está fechado na escuridão de sua enorme ignorância e nada vê, nada percebe, nada interpreta corretamente. Ele está com os olhos “cheios de terra”, como disse Teresa de Ávila; com os olhos “cheios de espessas trevas”, como disse Jesus. Essa é toda a causa do sofrimento que existe no mundo: os olhos “tapados”, a ignorância que só pode ser dissipada com o conhecimento da verdade que liberta. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Não há culpados, ninguém a ser responsabilizado.
É evidente que nós, a sociedade, devemos tomar nossas precauções. É como o escorpião que pica e envenena e faz doer. É de sua natureza agir assim. O mesmo ocorre com o homem: é de sua natureza, ser, aquilo que ele é; é de sua natureza agir como age. Evidentemente, se temos por perto um animal perigoso, nos afastamos dele, ou o afastamos de nós, para que nenhum mal nos cause. Do mesmo modo, um homem perigoso, perverso, criminoso, ou dementado, deve ser afastado do convívio social para que a ninguém prejudique. Mas ninguém tem culpas de como pensa e de como age; cada um, apenas, é o que é. Cada um age de conformidade com aquilo, que em sua compreensão, mais ou menos deficiente, acha que deve agir. O problema é que estamos fechados nesta casca espessa de ignorância e imaginamos e criamos e inventamos um sem numero de explicações, respostas para nossas interrogações acerca da vida. Só isso. Mas, as verdadeiras respostas, por mais que nos esforcemos, que imaginemos, que raciocinemos, nunca vamos atingir. Enquanto o homem não afastar esse espesso véu de ilusões, enquanto não romper essa ignorância, que não o deixa conhecer a verdade, continuará sofrendo e fazendo outros sofrerem. Essa é a vida e o sofrimento. Não há como fugir disso. A única solução é buscar o conhecimento da verdade citada por tantos sábios. É afastar o obstáculo que não nos deixa conhecer a verdade. E, isso é difícil porque esse obstáculo é o próprio “ego”, a própria mente onde estão armazenados os conhecimentos, aprendizado, as ilusões, os condicionamentos provocados, desde que viemos à existência, por aquilo que culturas, tradições, costumes, crenças e religiões nos transmitiram. Pois como afastar esse obstáculo, se ele é nossa mente e, por conseqüência, ele é nós mesmos? Como ensinou o profeta do Antigo Testamento, “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”; como ensinou Jesus, “Quando quiseres falar com o Pai, fecha-te em teu quarto e, em oculto (em silêncio), fala a teu Pai que, em oculto, te ouve”; e Mahasaru Tanaguchi: “Quando o ego se cala, Deus se manifesta!”, Helena P Blavatysk: “A mente é a assassina de Deus: mate a assassina!”.
Aquietar a mente, falar ocultamente, matar a mente, recolher a mente, são as recomendações...
E vejam, amigos, só para ajudar a refletir, um exemplo simples de como nossas escolhas não dependem de nossa vontade livre: você caminha por uma estrada que, de repente, se bifurca; por qual das duas vai prosseguir? Você não vai decidir ou escolher no cara-ou-coroa, ou num estalar de dedos. Sempre vai analisar, por mais simples que essa analise seja, e mesmo inconscientemente, qual a estrada a seguir; a mais vantajosa, a mais sombreada, a que tem menos obstáculos a transpor, a que leva ao destino almejado. E porque você faz essa análise? Porque, pelas experiências anteriores de sua vivência de todos os dias, já aprendeu que deve continuar por aquela cuja ponte está intacta, pela mais sombreada, pela cujo pavimento é melhor etc. Só não age assim aquele que está desesperado, enlouquecido, descontrolado e, por isso, pode até continuar sua marcha pela estrada pior, ou cometer absurdos, como vemos no mundo. Mas, esses não são responsáveis.
Até para escolher entre guloseimas, analisamos: se o apetite é grande, a maior, a aparentemente, mais suculenta; se não, a que nos parece mais saborosa etc. Nossa escolha
Seja para escolher um simples objeto, um lápis, p ex, ou para escolher matar um desafeto ou declarar uma guerra, analisamos, estudamos totalmente apoiados no conhecimento, nas experiências que a vida nos ofereceu anteriormente. Do mesmo modo acontece em todos os aspectos da vida coletiva ou individual. Sempre, para qualquer decisão, escolha ou arbítrio (e estamos fazendo escolhas o tempo todo!) nos baseamos absolutamente nas experiências ou aprendizado anterior.
Não escolhemos livremente. Talvez por isso, o apóstolo Paulo tenha afirmado: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o desejar e o fazer” e, ainda, como que justificando essa afirmação de que os pensamentos e, conseqüentemente, as decisões ou ações, obras, não são nossos, mas q mesmo não sendo nossos, podemos sofrer e acreditar q sofremos pelas ações erradas praticadas, afirmou: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”.
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