sábado, 21 de abril de 2012

O "PAI NOSSO" SOB A ÓTICA MÍSTICA


      Olá, amigos.
    
      Sob a ótica da física quântica e do misticismo, uma tentativa de entender a oração Pai Nosso, conforme a tradução hoje aceita pelas doutrinas cristãs.
                  
      Vejam que foram esquecidas estas palavras do profeta do Antigo Testamento: “Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus”. Qual será seu significado? Lembrem-se que Jesus ensinou que, quando quisermos falar ao Pai, devemos nos “fechar em nosso quarto” e, em oculto (isto é, sozinhos, em silêncio, aquietados), falar ao Pai que, em oculto, nos ouve. Será essa uma sugestão para fechar as portas e janelas de madeira, ou o que seja, e ficarmos isolados em um cômodo da casa, de modo que ninguém perturbe ou saiba de nossa conversa com Deus? Isso facilitaria a comunicação? Ou seria “fechar” nossa mente, isto é, tentar não ouvir, não ver, não exercitar os sentidos objetivos, nem a imaginação, nem a memória; enfim, trazer “silêncio” à mente, calar a mente ou, como ensinou o profeta do Antigo Testamento, “aquietar” a mente?

      Vamos ver uma nova maneira de entender a oração:
      “Quando orardes, entrai no vosso quarto (dentro de vós mesmos) e, fechada a porta (cessada a ação dos sentidos e da mente, portanto, do ego) orai a vosso Pai que vos ouve em oculto (no mais íntimo de vosso ser; orai em silêncio, a “oração de recolhimento”, ensinada por Teresa de Ávila, santa e doutora teologal da Igreja de Roma, João da Cruz, outro santo dos católicos e pelos místicos) oração sem palavras ou pensamentos, oração na qual todos os sentidos, memória e esperanças são “recolhidos”, sem qualquer movimento ou operação do ego. Essa oração, se bem feita, pode resultar na “oração de quietude” (como nomeada por Teresa de Ávila), na qual há completo silêncio mental, o ego cessou (“ou eu, ou Deus”) e, com ele cessam todos os condicionamentos q nos são impostos, desde q abrimos os olhos para a vida, pelas, tradições, culturas,  costumes, educação, religiões, sociedade) e, tb com ele cessam todas as ilusões, e a “coisa” pode acontecer ...

      A oração, contida nos Evangelhos, poderia ser interpretada assim, pois Jesus conhecia a verdade de que era “um com o Pai”, sabia que “todos somos um”, e que a “vontade de Deus”, inapelavelmente, sempre é feita:

      Vamos a uma diferente interpretação do Pai Nosso:
           “Pai nosso que estais nos céus”: O Pai nosso, o Absoluto inefável está no céu e em todo o universo; em nós, e em todas as coisas e todos nós e todas as coisas estamos nEle. Que compreendamos o significado de sua presença em nós, pois só assim ficaremos perfeitamente sãos da carne e do espírito.

      “Santificado seja o vosso nome”: O seu nome, o “Eu sou”, que é o mesmo “Eu sou” de todos nós, seja santificado, considerado sagrado, pois representa a divindade, a totalidade, a Mente ou Consciência Universal, o Absoluto.

      “Venha a nós o vosso reino”: Que percebamos que somos de seu reino, de sua mesma natureza, de sua mesma essência, e, assim, que a ignorância, imperfeições e os sofrimentos são apenas ilusões.
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      “Seja feita a vossa vontade assim na terra como nos céus”: Que saibamos que a vontade de Deus é feita, inapelavelmente, tanto em nós (pois as escolhas não são nossas) quanto na terra, como nos céus, e em todo o universo; e que, portanto, temos de aceitá-la, pois não há o que fazer contra ela, que é sempre perfeita e que representa amor, vida, felicidade, entendimento, luz - embora, a interpretemos, por vezes, como tragédia, conflito, sofrimento, caos - sem qualquer bloqueio de nossa parte, isto é, tão facilmente como ela é feita e aceita onde não há resistências a sua realização, em todo lugar, assim na terra como no céu.

      “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”: E que tenhamos, cada dia, a energia para o impulso necessário para nos levar a essa percepção; o pão nosso, a energia destinada ao nosso despertar da escuridão, que estejamos a ela abertos a cada dia, hoje e a todos os instantes.

      “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores”: Que perdoemos sempre os nossos devedores, pois as ações que fazemos, como as que eles fazem, não são nossas; nada escolhemos, pois “É o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer”. Que superemos, nos relacionamentos, os erros de falta de paciência, de cobranças indevidas, de irritações sem motivos, de intolerância pelas falhas mútuas, ou pequenas faltas, pelo cansaço, pelo egocentrismo de cada um quando acha que seus problemas são maiores que os dos outros, e que saibamos, portanto, perdoar as dívidas que temos uns com os outros, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes...  sempre, porque ninguém escolhe e, portanto, ninguém tem culpa.

      “Não nos deixeis cair em tentação”: Que não sejamos levados à tentação de praticar atos errados, dos quais mais tarde, por nossa ignorância, nos arrependamos e, por isso, soframos remorsos; e nem à tentação de pensar que somos nós que escolhemos e decidimos, independentemente do beneplácito de Deus.

      “E livrai-nos de todo o mal”: E que estejamos livres de praticar qualquer mal, em particular contra os inocentes das questões que tenhamos uns com os outros, aos quais não foi sequer perguntado, pois talvez não saberiam compreender nem responder, se o passo que dávamos lhes conviria.

      “Pois é vosso o reino, o poder e a glória”: E que saibamos, “por experiência própria”, que o reino divino de poder e glória já é nosso desde todo o sempre. E que somente Seu é o poder e a escolha de tudo.

      “Assim seja”’.

         
      A oração não conteria  pedidos a Deus, pois a Consciência Universal tem, de todas as nossas necessidades, plena consciência, e não modificaria o equilíbrio do cosmos simplesmente para atender à vontade de alguém. 
      Conteria, sim, exortações e lições aos homens. Jesus deseja ensinar que a divindade já está em nós, que devemos, portanto, considerar sagrados todos e tudo, pois que tudo é obra de Deus. Que tenhamos a percepção de que já estamos no reino divino, embora ainda não o percebamos (porq iludidos com as interpretações distorcidas que o ego nos dá a todos os instantes, sejam boas ou más); que saibamos que a vontade de Deus, queiramos ou não, aceitemos ou não, deve ser acolhida por todos, porque não há o que fazer para modificá-la. Que saibamos buscar a energia, os pensamentos inspiradores que nos dêem o impulso necessário para a busca do reino de Deus. Que saibamos perdoar a todos, pois que todos, como nós, nada fazem por vontade própria, pois a escolha não é nossa. Que a vontade divina seja, não por pedirmos, no sentido de que não fiquemos, por nossa ignorância, tentados a fazer qualquer mal a qualquer ser vivo, humano ou não; portanto, que o desejo de todos seja sempre de não praticar o mal de modo algum. E que fiquemos sabendo que de Deus é o reino, isto é, o poder e a vontade sobre nós e sobre tudo.
      Afirmam os sábios e, hoje, a filosofia da física quântica, que nada fazemos por nós mesmos, não escolhemos, nada decidimos; logo, não há o que perdoar ou pedir para nós ou para outrem; já estamos no reino, só nos falta a percepção desse fato, percepção que é a coisa mais importante a ser tentada pelo homem, como asseguram os iluminados (Jesus: “Buscai, lugar o reino de Deus...”), os místicos e, hoje, os luminares da moderna ciência e da psicologia transpessoal.


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