quinta-feira, 3 de maio de 2012

Conversa com uma amiga


         
      Trocando idéias com uma amiga:

      Amiga: ... peço-lhe alguns esclarecimentos acerca do abaixo:
      Conhece algum pai que consiga controlar integralmente o seu filho, a ponto de poder impedi-lo de errar, ao longo de toda a sua vida?  Mais, são sempre os pais os responsáveis ou culpados pelos erros dos filhos?

      Cel: minha amiga, não vamos falar de pais/espíritos/homens/cheios de ignorância, ilusões, imperfeitos, falíveis, de mente limitada e finita. Vamos falar do Pai/Espírito ou Consciência Universal q, segundo as religiões populares, é pura sabedoria, infalível, perfeição suprema, ilimitado, para o qual o passado, o futuro, a eternidade, todo tempo é agora, e o infinito, o longe e o perto, todo lugar é aqui.

      No caso que você citou, nenhum é culpado, pois não há culpas; se a amiga, desejar entender melhor, observe que nem pais nem mães “planejam”, “desenham”, dão “criação a seus filhos, com conhecimento de tudo que lhe ocorrerá pela eternidade afora. O pai é apenas o recebedor do já planejado, desenhado, e criado; pai e mãe são apenas criaturas que servem de acesso à vida no espaço tempo.  

      O Pai/Deus, das religiões, é infinito e eterno, nunca erra, nunca se arrepende, nunca subestima ou superestima sua criação e lhe conhece, a todo “instante”, seu passado e seu futuro; os pais biológicos são finitos, sujeitos a todas as espécies de erros, frequentemente se arrependendo de ter feito este ou aquele pseudo-planejamento, de ter tomado esta ou aquela decisão ou escolha; de haver buscado um filho quando as circunstancias não eram convenientes; não conhecem sequer o minuto seguinte de sua “cria”, nem o deles próprios. Os pais finitos erram e se arrependem e, frequentemente, se enchem de ira e de remorsos; se preocupam com o futuro incerto; com a vida, o patrimônio, a saúde. O Pai infinito é sabedoria e poder. Como fazer essa comparação! Não existe termo algum de referência senão a palavra com que são designados: Pai/pai.     

      Amiga: e sobre isso de “castigos” impostos pelo Pai de supremo amor?

      Cel: essa questão de castigos, até mesmo torturantes, penalidades, punições, provas, expiações, sentenças, locais de castigo, como mundo de expiações e umbral e outras coisas mais, estão na doutrina espírita, e coisas semelhantes estão em todas as religiões do mundo. É isso que posso lhe dizer.
         
      Amiga: O que o leva a afirmar que Deus cria seres destinados ao sofrimento?
         
      Cel: minha amiga, o que é a vida? Como se realiza a evolução, segundo as religiões? Dentro da idéia de justiça soberana, infinita, existirão seres que não sofrem, ou não sofreram e chegaram à realização espiritual livres da dor? Se tais seres existem, poderíamos argüir o Criador de injustiça, pois criou uns para alcançarem ilesos o fim da caminhada evolutiva, e outros para se debaterem, em encarnações sem conta, eternidades alongadas, na dor e sofrimentos inenarráveis.

      Amiga: O que quer dizer com "eternidades alongadas"?

      Cel: amiga, essa expressão é, no mínimo, estranha pois, o que é eterno é infindavel, ilimitado no tempo, perpétua, não pode ser aumentada ou alongada, nem diminuída ou encurtada; mas é uma expressão da codificação espírita.
      
      Amiga: A que chama "pecado"?

      Cel: às mesmas coisas que a amiga, com certeza, denomina como faltas, descumprimento da Lei, tudo aquilo que as doutrinas condenam no homem por que transgridem a divina lei do amor.

      Amiga: Onde está a "escola de espíritos" a que muitos se referem e, como alguns dizem, tem um desenvolvimento mais ou menos positivo?

      Cel: está aí mesmo onde você está, e onde estiver, e  aqui mesmo onde eu estou e onde estiver; a escola é a vida; a sala de aula é o mundo. E, vc perguntou: Como pode ter um desenvolvimento mais ou menos positivo? Veja, esse desenvolvimento do aprendizado não depende dos alunos, é evidente; estes estão apenas aprendendo, cada um no nível escolar que lhe cabe. O desenvolvimento mais ou menos positivo depende da “competência” dos professores, isto é, do sem número de experiências/lições e influências de todas as espécies que a vida proporciona a cada um.

      Amiga: Considerando que a criação de Deus está acometida de tantos fracassos do Criador, qual a sua solução para as criaturas?”.

      Cel: segundo as religiões, não há, nem pode haver qualquer fracasso ou erro da suprema inteligência, dessa inteligência que está acima e além do universo. O erro é de interpretação, fruto das ilusões de que o ego está repleto; por isso lhe disse que o espírito é perfeito como Deus é perfeito, que não há culpas nem responsabilidades, nem pecados, nem ações das quais se atribua méritos ou deméritos a quem quer que seja. Lembre-se de Paulo: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer”. Não temos nem mesmo a paternidade de nossos pensamentos! E, novamente, Paulo: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”. Porque isso? Porque não há de que se salvar; já estamos desde sempre “salvos”; essa é a visão de todos que chegaram à luz. E qual é a solução? Eliminar as ilusões.

      Amiga: Por fim, para o amigo, o que é o bem e o que é o mal?

      Cel: é o que é para você; neste mundo de ilusões o bem é o que favorece, q auxilia, q traz felicidade, e o mal é o oposto disso, é o que prejudica, traz danos, infelicidades. Mas, como são ilusões, mestres dizem: “Enquanto houver em sua mente o menor resquício de diferença entre o bem e o mal, você ainda não compreendeu, você ainda não é dos nossos”.
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