(40) PASTA DE TEXTOS
INTERESSANTES
Lama Govinda: ‘A Divindade
não pode ser conquistada por convicções, ideais e metas baseadas no raciocínio,
imaginação, orações, sacrificios, mas através da penetração consciente nas
camadas da nossa mente que não podem ser alcançadas nem influenciadas por
argumentos lógicos (raciocínio) nem pelo pensamento. Essa penetração só é
possível pelo poder coercitivo da visão interior (meditação) cujas imagens primordiais ou arquétipos são os
princípios formadores de nossa mente. Quando esse processo se acelera, o homem
perde o sentimento de ser um ‘eu’ separado e, portanto, já não fica mais
apegado aos problemas puramente pessoais. Percebe que seus medos, ansiedades,
depressões e conflitos deixam de existir, e começa a vê-los com clareza e com a
mesma indiferença com que vê as nuvens flutuando no céu.
Ramana: ‘A suposição de que
o Vedor é diferente do Visto está na mente. Para os sábios, o Vedor é o Visto’.
O que é visto é aquele mesmo que está
vendo (é aquilo a que as religiões dão o nome de Deus; Deus é tudo).
Toda vez que desce um nível
de consciência, a identidade se alarga para incluir aspectos do universo que
antes supunha alheios. O novo nível ainda é um pseudo-sujeito, mas bem mais
confortável e menos infestado de doenças. Mas, só no nível da Mente a ilusão da
pseudo-subjetividade se desfaz totalmente e encontramos a Subjetividade
Absoluta, Total, a que chamamos Deus.
‘Somos, apenas, máscaras de
Deus; estamos todos num mega-drama cujo único ator é Deus. Nós somos, todos
nós, os sentidos, as mãos, os pés, olhos e ouvidos da Divindade... ’
‘Segundo Paulo, Deus está
em cima e embaixo, à direita e à esquerda, à frente e atrás, fora e dentro.
Enfim, tudo é Deus, que opera em nós o pensar e o fazer, o imaginar e o
raciocinar, o sentir, o escolher e o decidir... (Como assegura Paulo. ‘A
escolha, a decisão, nunca é nossa’. É o que diz a mecânica quântica, também.
Quando a Bíblia diz que ‘o Senhor é quem opera em nós o pensar e o fazer’,
devemos concluir que não somos responsáveis, que não há pecado, pois nada
escolhemos ou decidimos; nem os pensamentos que temos são nossos) Como
assegura, também, o místico indiano Krishnamurti ‘Aquele que pensa que escolhe
é imaturo’.
Todas as tradições afirmam que o
dualismo primário é destruído de repente. I Coríntios 15-51-2: ‘Eis que vos
digo um mistério; nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento,
num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta... ’ (A destruição do
dualismo primário eu/não eu, eu/mundo, observador e coisa observada, significa
uma percepção do mundo dentro de uma interpretação correta, sem a influência do
ego, fato que nos dá, instantaneamente, o percebimento daquilo a que as crenças
dão o nome de Deus).
Ramana: ‘O não-apego total é o único
caminho para a bem-aventurança’. (idêntico ao que muitos outros místicos asseguram,
novamente indiferença; indiferença, pois não há o que fazer; tudo acontece como
tem de acontecer, gostemos ou não, compreendamos ou não. Desapegue-se dos
resultados, eventos, coisas, pois tudo é o que é).
Krishnamurti: (para uma vida tranqüila)
“uma boa dose de humor e uma boa dose de indiferença”.
Eckhart: ‘Depois de
procurar, afanosa e diligentemente, a mais alta virtude por cujo meio podemos
chegar mais próximos de Deus, descubro que ela não é senão o total alheamento
(esquecimento, o entregar-se totalmente, sem nada que ocupe a mente) de tudo o
que é criado. Para ser não-tocado e puro precisa-se apenas de uma coisa:
alheamento (novamente indiferença, desapego).
A mente da impermanência (isto
é, a mente daquele que teve a
experiência mística ou experiência de Deus e que sabe que nada é permanente) é a
mente fluída, não-bloqueada, não-obstruída, sem apegos ou ilusões, sem
sensações (Krishnamurti e o Zen). Quando a mente fica bloqueada significa que
ela está sendo movida por algo externo, ilusões, sensações, pensamentos, emoções,
crenças. Quando há o mais leve medo da morte ou o mais leve apego à vida, a
mente perde a fluidez. A mente livre de todo medo e dos apegos será mestra de
si mesma, não conhecerá impedimentos, nem inibições, nem estorvos; seguirá o
próprio curso, e fluirá livremente, como a água. O principal bloqueio é o
dualismo primário, que a meditação pode desfazer. Quando há o mais leve
vestígio de diferenciação entre o certo e o errado, entre a o bem e mal, a mente
está bloqueada, pois estará, ainda, poluída pela interferência do eu.
Quanto à dúvida se se deve
caminhar pela fé ou pelas obras, a resposta do Zen é esta: ‘Não há nada que
você possa ou não fazer para conseguir ser o que sempre é’ (nada escolhemos,
como afirmam Krishnamurti e a ciência moderna. A própria Sagrada Escritura dos
cristãos ensina, nas palavras de Paulo, que ‘não somos salvos pelas nossas obras,
mas pela graça de Deus’, como também disse: ‘é o Senhor que opera em nós o
pensar e o querer’; e como, também, Jesus falou a Pilatos: ‘nenhum poder
teríeis se do alto não vos fosse dado’).
Para perceber isso, porém,
a única maneira é fazer cessar o dualismo primário, o que se consegue com a
suspensão do pensamento (pela meditação); depois disso, torna-se evidente que
não restou nenhum pensador. Os conceitos ainda surgirão, como surgirão objetos
mas, assim como os objetos já não parecerão lá fora, os conceitos já não serão
objetos do pensamento. Os objetos existirão, mas então não terão um sujeito
separado, como os conceitos surgirão, mas não mais terão um conceituador
separado. Antes, acreditávamos que os objetos, conceitos, fenômenos, eram o
universo; agora, perceberemos que são apenas movimentos do universo.
Isto é tudo o que há no
misticismo: perceber sem julgamento ou análise o que está acontecendo no
momento, fora e dentro de nós, atentos para nossos pensamentos involuntários
(pois não são nossos) como se eles não fossem mais do que o barulho da chuva. E
um momento dessa percepção é suficiente para mostrar que a vida que já estamos
vivendo é a própria vida na Eternidade. A percepção mística do Agora não é,
absolutamente, diferente daquilo que já estamos experimentando. Mas não
compreendemos porque acreditamos que temos de ter contato com a Divindade, como
se não fosse isso que estamos fazendo o tempo todo.
Este é o sentido íntimo do
carma: ‘o que te acontece é obra tua; você colhe o que plantou’ (pois você é o
universo!). Aqui deixam de haver problemas; não que sejam resolvidos por Deus
ou por nós. O próprio problema não se apresenta, pois se compreende que as
coisas são o que são (‘do perfeito tirando o perfeito o que resta é perfeito’;
ou, o que resta é o que é; não há nada que fazer; tudo é um fluir imprevisível
e sem fim). Não há mais perguntas a serem feitas. Tudo é.
Deste modo, aquilo em nós
que, neste momento, vê esta página e o ambiente em torno dela, é a Divindade, a
Mente, Brahman, Deus e, por isso, não pode ser visto nem conhecido como objeto,
nem encontrado quando o procuramos. O que quer que eu veja, pense, perceba,
sinta ou saiba acerca de meu ‘eu’, é um emaranhado de objetos percebidos, o
ego. O visto é o ego; o que está realizando o ato de ver é o Eu, a Mente, Deus.
Nós nos identificamos, erradamente, com o que pode ser visto ou percebido, o
ego, e, portanto, já não nos identificamos com toda a manifestação fenomênica,
pois estamos ilusoriamente separados de tudo o que parece ser o ‘não-eu’. Separados, assim, do meio-ambiente, este passa
a ser uma ameaça.
O que acontece é o seguinte:
o Vedor, Aquilo em nós que conhece e vê, na realidade não está separado daquilo
que ele vê; é o que vê, pois o Vedor vê uma coisa sendo aquela coisa. Como
disse Tomás de Aquino: ‘O conhecimento só acontece quando o objeto conhecido
está dentro do conhecedor. ’ Esta página e o ambiente em torno dela, por
exemplo, é idêntica àquela dentro de nós que a está lendo (Procure perceber
isso!).
E de Huang Po, o mestre de
Rinzai: ‘Não existe nada a ser atingido. Sempre te identificaste com o Buddha
(ou Cristo, ou Deus); portanto, nunca poderás atingir essa identificação por
meio de quaisquer práticas. Se, neste momento, pudesses convencer-te disso,
estarias iluminado. É difícil compreender esta afirmação? É para te ensinar a
não buscares o estado de Buddha, pois toda busca se destina ao fracasso. ’ (já
que o somos, a tentativa de buscá-lo é absurda. Temos apenas de buscar a
percepção da verdade, dessa verdade. Disse Jesus: ‘Buscai em primeiro lugar o
reino de Deus...’, e ‘Conhecereis a verdade e verdade vos libertará’).
Rinzai, o rei dos mestres
Zen: ‘Estás colocando outra cabeça acima da tua! O que te falta para seres um
Buda? O que fazes neste exato momento é exatamente o que um Buda faz. Mas não
acreditas nisso e teimas em buscá-lo fora de ti. ’ (Santo Agostinho, Santa
Teresa de Ávila, São João da Cruz, Jesus, Paulo e muitos outros e, hoje, a
ciência mais avançada do planeta, afirmam a mesma coisa: ‘Deus está dentro de
nós’).
Ramana: ‘Não há alcançar o
Eu. Se o Eu devesse ser alcançado, significaria que o Eu não está aqui agora.
Por isso digo que não se alcança o Eu. Você é o Eu; você já é Aquilo. ’
Eckhart, místico cristão:
‘Conforme a crença dos simples, sentimos Deus como se Ele estivesse ‘lá’ e nós ‘aqui’.
Não é assim; Deus e eu somos um só, verdade que se compreende no ato de
percebê-lo’.
Chuva
nevoenta sobre o Monte Lu,
E ondas
encapeladas no rio Che.
Se você ainda
não esteve lá,
Muitos pesares,
por certo, terá;
Mas, uma vez
lá e no rumo de casa,
Como parecem
prosaicas todas as coisas!
Chuva
nevoenta sobre o Monte Lu,
E ondas
encapeladas no rio Che.
(Su Tung-Po)
(Se você ainda não teve o
percebimento, a iluminação, os sofrimentos da vida continuarão como para todos
que ainda não chegaram lá; mas, se teve o percebimento, não por efeitos de
drogas ou outra razão, mas no ‘rumo de casa’, isto é, na intenção de conhecer a
verdade, Deus, como tudo, a partir daí, perde sua importância se comparado a estar
‘lá’. E, depois de iluminado, a mesma chuva, as mesmas ondas, todos os eventos
serão os mesmos de sempre, porque o mundo não mudou, mas, para quem chegou ‘lá’,
o significado e a interpretação do mundo e da vida se transformaram
radicalmente).
Toda vez que se desce um
nível de consciência, a identidade se alarga para incluir aspectos do universo
que antes supunha alheios a si mesmo e, por isso, ameaçadores. O novo nível
ainda é um pseudo-sujeito, mas bem mais confortável e menos infestado de
doenças. Mas, só no nível da Mente, o Nível do Absoluto, a ilusão da
pseudo-subjetividade se desfaz totalmente e encontramos a Subjetividade
Absoluta, Total, a que chamamos Deus.
Ramana: ‘A suposição de que
o Vedor é diferente do Visto está na mente. Para os sábios, o Vedor é o Visto’.
O que é visto é aquele mesmo que está vendo.
Quando o processo de busca se
acelera, o homem perde o sentimento de ser um eu separado e, portanto, já não
fica mais apegado aos problemas puramente pessoais. Percebe que seus medos,
ansiedades, depressões e conflitos deixam de existir, e começa a vê-los com
clareza e com a mesma indiferença com que vê as nuvens flutuando no céu.
Huang Po: ‘Quando, finalmente, num único
lampejo, atingires a perfeita compreensão, estarás apenas compreendendo a
natureza de Buddha que esteve em ti durante o tempo todo; e, em todas as fases
precedentes não lhe terás acrescentado absolutamente nada’. (Tudo é, apenas,
uma questão de percebimento).
Os experimentos habilidosos de qualquer
tradição, para se buscar a ‘iluminação’, têm em comum três fatores:
1) Atenção Total ao nascimento dos
pensamentos que, se feita corretamente, resulta em:
2) Cessação dos pensamentos, da
tagarelice mental, o que traz completo Silêncio mental. Isso é permanecer na
pureza do que é, sem contaminação dos dualismos, livre da influência do
conteúdo mental ou das interpretações equivocadas do ‘eu’; nesse estado a coisa
pode explodir a qualquer instante. Se a cessação for perfeita, resulta em:
3) Percepção Passiva, que é ver nada de
objetivo, sem o dualismo primário de sujeito e objeto, visão sem nada exterior
ou interior. Nada está fora dela e ela opera espontaneamente, sem esforço, sem
referência a passado ou futuro, além do espaço e do tempo, no Agora intemporal
e absoluto, não vendo nada além de si mesma, porque nada existe além de si
mesma (nada existe além da mente total, do Todo, do Absoluto, da Divindade); é
conhecer tudo sem separação de coisa nenhuma. E, um instante dessa percepção, é
o próprio Deus.
Para Benoit como para Krishnamurti, o
problema, é a desatenção. Quando estamos totalmente atentos, como na atitude do
‘Falem, meus pensamentos, que eu estou escutando’, não surgem imagens mentais,
não há pensamentos. ‘No momento da atenção, a construção de imagens cessa; só
quando você não está atento começa a coisa toda. No momento em que a imagem
(pensamento) vai surgir, dê completa atenção a esse momento e verá que nenhuma
imagem surge; e, não havendo imagem, não há divisão, não há espaço entre o
observador e a coisa observada. E naquele momento, se persistir nesse estado
(no Bodimandala), a qualquer instante a coisa pode ocorrer e... acabou-se’.
Suzuki: ‘Voltem a atenção para dentro
toda vez que pensamentos estiverem para nascer em sua mente. Desse modo, os
pensamentos que estão nascendo morrem e a mente morre por si mesma; isso (o
resultado disso) é o inconsciente (o Absoluto, Deus)’.
Aquilo que você procura e não pode
encontrar é VOCÊ mesmo. O motivo porque a Mente não pode ser encontrada é
porque é Ela que está realizando o ato de procurar. Quando isso é profundamente
compreendido, atinge-se o fim da busca, e nada mais há a ser buscado (‘Buscai
em primeiro lugar o reino de Deus, que o demais vos virá por acréscimo’).
Quando isso acontece, nossa identidade se une com tudo o que é experimentado.
Não há mais um experimentador separado de objetos experimentados separados; há
somente experimentação não-dual. Então, quando olhamos para dentro (de nós
mesmos) à procura do eu-Percebedor encontramos o universo inteiro (como disse
Jacob Boeme), que não é mais um objeto ameaçador lá fora, e percebemos que Ele
é quem está procurando. Assim, se os pensamentos cessam, e se você perseverar
nisso, a qualquer momento, sem causa ou razão aparente, pode acontecer e a
busca se acabou (Como na parábola do ladrão que pode chegar a qualquer hora).
Este é o sentido íntimo do carma: ‘o que
nos acontece é obra nossa; nós colhemos o que plantamos’ (pois agora
compreendemos que nós somos o próprio universo). Mas quando chegamos à
Realidade Última, deixam de haver problemas; não que sejam resolvidos por Deus
ou por nós. O próprio problema não se apresenta, pois, agora sabemos que as
coisas são o que são (‘do perfeito tirando o perfeito o que resta é perfeito’;
ou, o que resta é o que é; não há nada que fazer; tudo é um fluir imprevisível
e sem fim). Não há mais perguntas a serem feitas, porque não há mais respostas
procuradas. Tudo é.
Eckhart: ‘(depois muito procurar,
afanosa e diligentemente, a mais alta virtude por cujo meio podemos chegar mais
próximos de Deus) descubro que ela não é senão o total alheamento
(esquecimento) de tudo o que é criado (o que pode ser conseguido pela
meditação). Para ser não-tocado e puro precisa-se apenas de uma coisa:
alheamento’ (indiferença).
Ramana: ‘O não-apego total é o único caminho
para a bem-aventurança. ’ (novamente, indiferença; indiferença, pois não há o
que fazer; tudo acontece como tem de acontecer, gostemos ou não; compreendamos
ou não).
Somos apenas, máscaras de
Deus; estamos todos num mega-drama cujo único ator é Deus. Nós somos, todos
nós, os sentidos, as mãos, os pés, olhos e ouvidos da Divindade... ’ (O
universo percebe o universo através de nossos sentidos objetivos, isto é, somos
os olhos e ouvidos de Deus; como ensinou Krishnamurti: ‘A Mente é vazia e, por
isso, o cérebro existe no espaço e no tempo’).
‘Deus está em cima e embaixo, à direita e à
esquerda, à frente e atrás, fora e dentro. Enfim, tudo é Deus, que opera em nós
o pensar e o fazer, o imaginar e o raciocinar, o sentir, o escolher e o decidir...
’ (como assegura Paulo. ‘A escolha, a decisão, nunca é nossa’. É o que diz a
mecânica quântica, também. Quando Paulo diz que ‘o Senhor é quem opera em nós o
pensar e o fazer’, devemos concluir que não somos responsáveis, que não há
pecado, que nada escolhemos ou decidimos).
Nos últimos
anos comprovou-se, com as descobertas da ciência quântica, que as suposições
ocidentais, sobre quem e o que somos e do que podemos vir a ser, estavam erradas. Não conhecíamos o extraordinário potencial para o bem-estar e
para o crescimento psicológico extremo que o ser humano possui. Como grande parte
desses novos dados não é aceita pela psicologia ocidental, surgiu a psicologia
‘transpessoal’ para pesquisar tais capacidades humanas, apoiando-se, particularmente, na física quântica e na sabedoria das
tradições místicas orientais. Seus interesses incluem pesquisas sobre estados
transpessoais de consciência, consciência cósmica, bem-aventurança, êxtase,
experiência mística, caminhos espirituais, compaixão, percepção e práticas de
meditação. É transpessoal porque leva a experiências que estão além da
identidade e da personalidade do ego. Esse potencial pode ser alcançado pela meditação e, muitíssimo raramente, por
maneira espontânea.
A psicoterapia e a psicologia do
Ocidente só eram dirigidas à cura de doenças da psique; nunca à saúde ou ao
crescimento do ser pela ampliação da consciência. Como, no Ocidente, não
era aceita a existência de estados alterados de consciência, que muitas vezes
trazem expansão da consciência para além das fronteiras do ego e do
espaço-tempo, esses estados, comuns na tradição oriental, eram diagnosticados
(pelos cientistas ocidentais) como regressões patológicas e mesmo psicoses.
No entanto, com as impressionantes
conclusões advindas da física quântica, muitos cientistas ocidentais compreenderam
a importância de certas psicologias orientais; que elas oferecem técnicas que
levam a estados superiores de consciência, e que a capacidade para se chegar a
esses estados, e às profundas intuições acerca do ‘eu’ e seu relacionamento com
o universo, é natural a todos nós.
Sendo atingir esses estados a própria
finalidade das disciplinas orientais de consciência, muitos dos que riam dessas
idéias, ou as julgavam patologias, começaram a praticar meditação e a estudar
textos antes considerados só para místicos, filósofos ou religiosos. Falar de
estados superiores de consciência, unidade mística, expansão da identidade, consciência
cósmica era absurdo. A reação de muitos foi de espanto e crítica, o que
mostra a dificuldade de descrever os estados alterados de consciência para quem
ainda não os experimentou (Paulo: ‘vi e ouvi coisas inefáveis’). A comunicação entre estados diferentes de consciência
é limitada por numerosos fatores.
Oppenheimer, físico: ‘As noções trazidas
pela nova física não são novas, nem desconhecidas. Até em nossa cultura, elas
têm uma história e, no budismo e hinduísmo, um lugar central. O que estamos
assistindo é uma redescoberta e um aprimoramento da sabedoria dos místicos’.
Bohr, físico: ‘Para termos um paralelo
da visão da física quântica basta nos lembrarmos das visões de Buda e Lao Tse’
(do misticismo oriental).
Enquanto, no Ocidente, a psicologia nem
mesmo havia iniciado a investigação do bem-estar extremo psicológico, ou dos estados superiores de consciência,
no Oriente já eram encontradas concepções radicalmente diferentes relativas à
natureza e ao potencial psicológico do ser humano. Reconhecidas nossas limitações culturais, abriu-se
caminho para uma visão mais ampla da nossa psicologia, com a criação de novos
modelos capazes de acomodar as concepções ocidentais e orientais (pela física
quântica se comprovou que as visões obtidas na meditação dos místicos estavam corretas).
Freud afirmou que o sofrimento é
inevitável e que a alternativa é derrotá-lo, porém, o psicólogo budista oferece
uma alternativa: alterar os processos
da consciência ordinária e alcançar o ‘estado de Buda’ que acaba com todos os sofrimentos, sejam quais
forem. Esse estado é atingido principalmente pela meditação e, uma vez alcançado, extingue os demais estados
(ansiedade, depressão, orgulho, egoísmo, ciúme, inveja, violência, medo,
ignorância etc) que geram todos os sofrimentos. O estado de Buda possui uma coerência de ordem mais elevada do que
as integrações sugeridas por qualquer ramo da psicologia ocidental. A
psicologia oriental ensina e, hoje, os ocidentais estão compreendendo (em face
das implicações das descobertas da nova física) que, pela meditação, esse
estado pode ser atingido por todas as
pessoas.
A
psicologia oriental faz afirmações
que contrariam completamente as
pressuposições ocidentais relativas à consciência. A atual ciencia, contudo,
concorda plenamente com essas firmações:
1)nosso estado ordinário (comum) de
consciência está muito abaixo do nível considerado ótimo;
2) existem muitos estados de
consciência, incluindo verdadeiros estados ‘superiores’;
3) esses estados podem ser alcançados
por treinamento (meditação);
4) a comunicação entre tais estados,
necessariamente, é muito limitada.
Tart, cientista: ‘Estudamos, no
Ocidente, aspectos do sansara (maya,
ilusão) com muito mais detalhes do que as próprias tradições orientais que
criaram esse conceito. No entanto, quase nenhum psicólogo ocidental aplica o
que estudou a si mesmo. Eles supõem que seus estados de consciência são
lógicos, claros e sadios e não ilusão. A psicologia ocidental precisa
reconhecer que nosso estado ‘normal’ de consciência é um estado psicótico,
estado de sansara (de ilusão, de sonho)’. Os estados superiores de
consciência, que trazem liberdade total, iluminação, superação do sofrimento e
de todos os problemas da vida, nem chegam a ser considerados pela
psicologia ocidental, que só se aplica a tentar a cura de patologias do nível
do ego e existenciais. No entanto, os estados superiores são dotados de todas
as capacidades do estado comum e apresentam outras adicionais superiores às do estado comum. Podem vir
acompanhados de percepções, intuições e afetos não usuais na experiência
cotidiana, alguns fundamentais para o desenvolvimento de uma verdadeira sabedoria
superior.
Enquanto
as experiências de nirvana, iluminação, samadhi, satori, consciência cósmica,
reino de Deus, consciência de Cristo ou de Buda trazem um sentido de unidade
e harmonia com todo o universo, os psiquiatras e psicólogos ocidentais as
interpretam como patologia, fuga ou regressão a um estágio infantil primitivo
(ao útero, ou ao seio materno). Faz pouco sentido para o cientista da saúde
ocidental a afirmação de que nosso estado comum de consciência é limitado,
carregado de fantasia, obscuro e ilusório, porque eles não experimentaram
estados elevados, embora a comprovação individual seja relativamente fácil. Em
poucos dias de investigação intensa (quando se tenta a meditação), pode-se
verificar a natureza irracional, obscura e incontrolável da mente não treinada,
e os investigadores se espantarão de não o terem percebido antes. No entanto,
inúmeras pesquisas em psicologia, medicina e física, comprovaram essa realidade.
Todo bem ou mal psicológico, em geral,
origina-se de uma maior ou menor percepção da Divindade. E, sendo psique e soma
uma unidade, todo mal ou bem fisiológico tem a mesma explicação.
H. Smith: ‘Schuon traça a
linha entre o esotérico e o exotérico. A diferença fundamental não está entre
as religiões; a diferença não é uma linha que divide verticalmente hindus de
muçulmanos, de budistas, de cristãos, judeus etc. A linha divisória é
horizontal e ocorre apenas uma vez, cortando de um lado a outro todas as
religiões históricas. Acima, está o exoterismo (superficial, de muitos adeptos,
de vários deuses, popular, recheado de crenças, com divisões indicadas pelas
diferentes denominações); abaixo, o esoterismo (profundo, de poucos, de um só
deus, a essência, sem nenhuma divisão, no qual todas as experiências são, em
qualquer época e em qualquer lugar, idênticas). ’ Essa linha é o dualismo
primário, a divisão entre o eu e o não-eu. Exotéricas são as religiões
históricas, dualistas, populares onde o modo de conhecer é simbólico, dual.
Esotéricas são as religiões (escolas tradicionais de experimentação) monísticas,
onde o modo de conhecer é não-dual.
Laing: ‘As crianças não são tolas, mas
nós as transformamos em imbecis como nós mesmos. Desde o nascimento, quando se
vê diante da mãe moderna, é sujeita às forças da violência, chamadas amor, como
foram, antes dela, seus pais, os pais de seus pais etc. Essas forças se
concentram principalmente em destruir a maior parte de suas potencialidades e,
de modo geral, essa intenção é bem sucedida. Na época em que atinge seus quinze
anos, vemo-nos ao lado de um ser como nós mesmos, uma criatura meio
enlouquecida, mais ou menos ajustada a um mundo louco. Em nossa era atual isso
é normalidade. A condição de alienação, de estar adormecido, inconsciente, fora
de si, é a condição do homem normal. A sociedade dá grande valor ao seu homem
normal. Educa as crianças para que se tornem absurdas e, assim, se normalizem.
Os homens normais já mataram talvez cem milhões de semelhantes normais nos
últimos cinqüenta anos.
Watts: ‘A sociedade, tal
como é, prepara armadilhas para todas as crianças desde a mais tenra idade.
Inicialmente, ensina-se à criança que ela é um agente livre, um ser
independente nos pensamentos e nas ações. Ela ‘aceita’ esse ‘faz de conta’
porque não tem como deixar de pertencer à sociedade em que nasceu e porque não
tem meios de resistir a essa doutrinação social, continuamente reforçada por
prêmios e castigos, e construída sobre a estrutura básica da linguagem que a
criança está aprendendo. A doutrinação é o tempo todo incutida com observações
como: ‘Uma criança como você não pode fazer uma coisa dessas!’ Ou, ‘Não imite
os outros; seja você mesma!’ A vítima inocente dessa doutrinação não compreende
a contradição. Dizem-lhe que precisa ser livre, e uma pressão irresistível é
feita sobre ela para fazê-la acreditar que não existe pressão. A sociedade da
qual ela faz parte e da qual necessariamente é um membro dependente, define-a
sempre como um membro independente.
Em segundo lugar, ela
recebe ordens, como agente livre que lhe dizem que é, para fazer coisas que só
serão aceitáveis se forem feitas voluntariamente! ‘Você precisa amar papai e
mamãe!’, dizem os pais e irmãos. ‘Todas as crianças boazinhas amam sua família
e fazem coisas por ela sem que seja preciso lhes pedir!’ Em outras palavras:
‘Exigimos que você nos ame porque quer amar-nos, e não porque nós exigimos que
deve fazê-lo’. A sociedade joga, portanto, um jogo com regras
auto-contraditórias. Como resultado, as crianças estão quase sempre confusas. ’
Mas as contradições não
terminam aí. Está nos próprios fundamentos das instituições sociais, impondo-se
também aos adultos.
Afirma Watts: ‘Assim, é
difícil evitar a conclusão de que estamos admitindo uma definição insana da sanidade.
’
E Nietzsche: ‘A insanidade
em grupos e partidos, nações e épocas é a regra. Em suma, a sociedade que
conhecemos está louca’.
’Wilber afirma que é
possível integrar, de modo completo e abrangente, a maioria das escolas de
psicoterapia ocidentais com os enfoques orientais da consciência, pois cada uma
das principais, embora diferentes escolas, se dirige a um nível do espectro da
consciência. A razão da existência de tantas escolas diferentes é que elas não
têm em mira, como erradamente se supõe, o mesmo nível de consciência. Cada uma
aborda um nível distinto, e suas conclusões, portanto não são contraditórias
como parecem, mas complementares.
Ao despertar, percebemos
que a própria vida é um grande sonho. Enquanto o despertar não vem, os
ignorantes se acreditam despertos e, supondo que compreendem tudo, fazem
discriminações sutis, diferenciando príncipes de escravos. E, se alguém
realmente desperta, é considerado louco. ‘As tentativas de despertar são
freqüentemente castigadas, particularmente pelos que mais nos amam, porque
eles, abençoados sejam, estão adormecidos e pensam que quem desperta e
compreende que o que consideramos real não passa de um sonho, está ficando
louco’ (Paulo, epístolas: ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’).
Acerca da concepção de que o observador (o sujeito) é
a coisa observada (o objeto), o
psicólogo e maior filósofo
da América, William James, explica essa
visão com
precisão: ‘Consideremos a sensação
direta que nos dão as
paredes desta sala. Podemos afirmar que
o psíquico
(percepção das paredes) e o físico (as
próprias paredes)
são totalmente diferentes? Pelo contrário, são tão pouco
diferentes que, se pusermos de lado
todas as invenções
explanatórias (do homem), se tomarmos a
realidade como
ela se nos apresenta, sem
intermediários (sem a
interferência do ego, com suas
memórias, imaginações,
associações, interpretações), a
realidade sensível
(percebida) e a percepção que temos
dela são
absolutamente iguais uma à outra no
‘momento’ em que
ocorre a percepção. A Realidade é a
própria percepção. O
conteúdo físico é exatamente idêntico
ao conteúdo
psíquico. O sujeito e o objeto se
confundem’ (Krishnamurti:
o observador é a coisa observada).
Brown: ‘O inconsciente é
aquele mar imortal que nos trouxe aqui, sinais do qual nos são dados em
momentos de ‘sentimento oceânico’; mar de energia ou de instinto, que abarca
todo o gênero humano, sem distinção de raça, língua ou cultura; que abrange
todas as gerações passadas, presentes e futuras, num só corpo místico. O
inconsciente é a verdadeira realidade psíquica, o Espírito Santo’. Assim, se
realizarmos o Inconsciente, nos uniremos ao Espírito, seremos a Divindade
conscientemente pois, inconscientemente, já a somos
Emerson: ‘Mas o homem adia
ou recorda; não vive no presente mas, com olhos voltados para o tempo, lamenta
o passado ou, sem dar atenção às riquezas que o cercam no presente, tenta
prever um futuro melhor. Não pode ser feliz enquanto não viver, com a natureza,
no presente, acima do tempo’. ‘E aí precisamente está o problema, pois viver no
Presente, acima do tempo, é não ter futuro, e não ter futuro é ter a morte, coisa que o homem não quer.
Não aceitando a morte, não vive no Agora; e não vivendo no Agora, não vive de
maneira nenhuma’, pois a vida é somente no Agora, no Eterno Agora.
Schroedinger: ‘Aventuro-me
a chamar a Mente de indestrutível,
pois ela tem uma escala peculiar, isto é, a
Mente é sempre Agora. O presente é a
única coisa que não tem fim. Afirmo que a moderna física sugere, de maneira
vigorosa, a indestrutibilidade da Mente pelo tempo’.
Zen: ‘A realidade final
reside bem no centro da existência diária’.
Ramana: ‘A idéia de que o
observador é diferente do observado está na mente. Para aqueles que estão na
Subjetividade Absoluta, o observador é o observado’. Em suma, a Subjetividade
Absoluta se acha em comunhão (pois é o próprio) com seu universo de
conhecimento, de modo que nós somos aquilo que observamos (Krishnamurti:
‘observador é a coisa observada’).
Rollo May: ‘Deus não é um
ser ao lado de outros seres. Dizer que ele é um ser acima ou abaixo dos outros
faz dele um ser separado dos outros seres, um ser maior que colocamos no
universo. Se ele é uma coisa, outras coisas no universo hão de estar fora de
seu controle, e ele estará sujeito à estrutura (do cosmo) como um todo.
Abre-se, assim, um vespeiro de problemas absurdos. ’
Aquilo em nós que vê, ouve, tem e exercita a vontade e o fazer e o
querer, é Deus em nós. E a Bíblia afirma: ‘O Senhor é quem opera em nós o pensar, o querer e o
fazer’, ou melhor, aquilo em nós que está realizando o ato de ler esta página é
a própria Divindade; somos os olhos com que Deus vê o universo.
Há uma Realidade que existe
por si mesma; é a base e a testemunha dos estados de consciência do ego e do
corpo. É a testemunha na vigília, no sonho e no sono sem sonhos. Percebe a
presença e a ausência da mente e de suas funções. Em razão de sua presença, o
corpo, os sentidos, a mente, o intelecto executam suas respectivas funções,
obedecendo-lhe o comando. Sua natureza é Mente Eterna. Esse é o verdadeiro Eu,
o Ser Supremo. Aquele que o percebe nunca
deixa de sentir alegria infinita’. (Pascal: ‘Alegria, alegria, lágrimas de alegria!
’)
A Subjetividade Absoluta está
unida a seus objetos de percepção. Mas nós, erradamente, confundimos nosso eu
com o Sujeito real, por nos acreditarmos separados dos objetos externos devido
ao modo dualístico de conhecer. Esse é o
resultado psicológico de todos os dualismos e essa é a raiz de todas as
ilusões, males e sofrimentos nossos e do mundo.
A Mente que os Buddhas
percebem em sua iluminação é a mente de todos os seres sencientes. Essa mente,
como o espaço, é oniabrangente. Não começa a existir com a criação de nosso corpo,
nem termina com sua morte. Conquanto invisível, espalha-se pelo corpo, e cada ato ‘nosso’ de ver, ouvir, cheirar,
falar, respirar, pensar ou mover as mãos e as pernas é simplesmente atividade
dessa Mente’ (Como disse Paulo, ‘É o Senhor que opera em nos o pensar e o
fazer’).
Ramana: ‘O Eu, a Mente, a pura
Consciência, tem conhecimento de tudo, é o Vedor Final. Tudo o mais: ego,
mente, corpo etc. são simplesmente seus objetos; cada um deles é um objeto
exteriorizado e não pode ser o verdadeiro Vedor. O Eu não pode ser objetivado,
nem ser conhecido por qualquer outra coisa, e já que o Eu é o Vedor que vê tudo
o mais, a relação sujeito-objeto, a aparente subjetividade do eu, só existe no
plano da relatividade, no espaço-tempo, e se desvanece no atemporal, no Absoluto.
Não há outro senão o Eu’ (nada mais
além de Deus).
Berdyaev: ‘Nos (nossos)
mais profundos abismos, vem-nos a revelação de que a nossa experiência está
contida nas profundezas da própria vida Divina. Mas aí reina silêncio, pois
nenhuma linguagem ou conceito humano pode expressar essa experiência (Paulo:
‘Vi e ouvi coisas indizíveis’). Esse é o reino da espiritualidade livre e pura.
Deste lado existe o dualismo, o conflito, a tragédia, o diálogo entre o homem e
Deus, o mundo da diversidade, mas somente se pode alcançar o Divino do outro
lado, penetrando nas profundezas da nossa personalidade’ (nas profundezas do
eu, o que se consegue pela meditação; Jesus: ‘O reino de Deus está dentro de
vós’; Paulo: ‘Vós sois o templo do Altíssimo’, ‘Deus habita em vossos
corações’. Também Teresa de Ávila, Agostinho, João da Cruz e outros afirmaram a
mesma coisa).
E
esse nível (da Mente pura, Deus) não está longe de nós, nem é difícil de
descobrir. Está bem próximo e sempre presente, pois a Mente, nem mais nem
menos, é aquilo que, neste momento, está lendo estas linhas. O ‘eu’ é uma
ilusão causada pelas sensações produzidas pela visão, audição, tato etc. com as
quais nossos sentidos objetivos percebem o mundo. Inexistindo sensações, não há
o ‘eu’ e ‘o universo percebe o universo’ (Krishnamurti: ‘quando o eu cessa, Deus é’; e o Velho Testamento: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus’. Tudo
isto significa: meditação).
Whitehead, filósofo da ciência moderna:
‘A unidade de todas as coisas envolve alguma doutrina de mútua interdependência...
significa que cada fenômeno concorre para a existência de todos os outros
fenômenos... nós estamos no mundo e o mundo está em nós’. (Jesus: ‘Eu estou no
Pai e o Pai está em mim’.).
Bérgson conhecia essa falsa realidade
das coisas pois dizia, ‘o pensamento cria coisas cortando a realidade em
pequenas fatias que ele capta com facilidade’. O pensamento não descreve
coisas; deforma a realidade para criar coisas e, ao fazê-lo, permite que escape
aquilo que é a própria essência do real. Assim, na medida em que imaginamos um
mundo de coisas distintas e separadas, estamos interpretando erradamente aquilo
que percebemos, e povoamos nosso universo de interpretações equivocadas
(interpretamos o que vemos e acreditamos que foi aquilo que percebemos). E essa
é a razão de toda a ignorância e de todo o sofrimento do homem e do mundo.
T.R.Murti, budismo: ‘O real (a Verdade
ou aquilo que denominamos Deus) está obscurecido pelo véu de nossas emoções, associações,
ilusões e concepções’... ‘O método (do budismo) Madhyamika consiste em livrar
nossa mente de todos os conceitos, pensamentos e idéias’ (a meditação produz
essa libertação). ‘Nossa percepção da Realidade é sempre deformada por nossa
compreensão e interpretação’ (mesmo que esse processo permaneça inconsciente
para nós).
Conforme
as diferentes culturas, a Verdade recebeu muitos nomes: o Absoluto, o Caminho,
Tao, Vazio, Espírito Santo, Divindade, Deus, Alá; consciência crística, Cristo,
Buda, samadi, satori, nirvana, reino dos céus; ‘é que chamam muitos a quem é
realmente um’ (O sufismo diz que a divindade tem mais de mil nomes, pois são
apenas símbolos, rótulos e nenhum a representa adequadamente).
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