A IGNORÂNCIA DO HOMEM
(Um ensaio sobre as eternas perguntas do homem, que permanecem sempre sem respostas; suas dúvidas, sofrimentos e medos).
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Estamos aqui, respirando, pensando, existindo. Nasce o sol, amanhece o dia, vem a noite, o frio, o calor, desfrutamos, sofremos, fazemos e passamos por tantas coisas...
Mas, o que é isso a que denominamos vida? Isso a que denominamos morte? Porquê estamos aqui? Onde é que estávamos? E, daqui, para onde vamos? Podemos ir-nos daqui quando quisermos? Pedimos para vir? Podemos pedir para vir ou para ir? A quem? Temos como ou a quem nos queixar se estivermos aqui contra nossa vontade ou sofrendo?
Tudo é um tremendo mistério. Nossa ignorância sobre essas questões é total. Como viemos a isto que chamamos de mundo? A isto que chamamos de existência? O que é isso a que damos o nome de ‘eu’? O que sou eu? Haverá alguma razão para tudo isso? Fomos criados por uma inteligência superior? Como pode o universo ter surgido um dia? De um ‘big bang’, é a explicação da ciência de hoje. Mas, o que terá dado origem ao ‘big bang’? ‘Nada’, ou melhor, ‘uma singularidade, um ponto infinitamente pequeno onde estariam concentradas todas as possibilidades’, nos sugere a ciência, ‘isso foi o início de tudo’! Nada, um ponto infinitamente pequeno?! Como é difícil compreender que desse ponto tenha surgido alguma coisa dotada de tanta força e poder que bilhões de anos após seu advento, ainda está em expansão, movendo um inimaginável número de sóis, estrelas e galáxias?! Não estarão ‘big bangs’ acontecendo continuamente neste universo sem fim? Isto tudo que está aí existe desde sempre? Será que algum dia chegaremos a compreender? Haverá um plano, um objetivo a ser atingido? Ou eventos, fenômenos, tudo está apenas fluindo aleatoriamente, tudo está acontecendo sem qualquer finalidade? Quantas interrogações às quais ninguém sabe dar respostas!
Nós não sabemos nada! Nossa mente não é sequer capaz de imaginar um universo ou qualquer outra coisa que seja infinita; ou mesmo de imaginar um universo finito; ou algo eterno, isto é, que não teve começo e que não terá fim no tempo.
Homens sábios tentaram nos abrir os olhos e deixaram recomendações sobre como proceder para encontrarmos respostas a essas perguntas. Mas, seus ensinamentos chegaram até nós de modo a não deixar dúvidas? Sabemos perfeitamente que não! É provável que aqueles que interpretaram suas palavras o fizeram de forma imperfeita. Não fosse assim, como explicar a existência de teorias, crenças e suposições tão diferentes? Pontos de vista tão conflitantes que têm provocado divisões entre os homens, e despertado tanto ódio que os levam a se matar em guerras sangrentas? Qual o significado de tudo isso que está aí, à nossa frente, em torno de nós, isso que dizemos ser nosso mundo, nossa vida?
E por que alguns possuem essa enorme vontade, fascinação mesmo, de encontrar respostas a essas questões? Porque essas perguntas, às quais ninguém sabe responder, perturbam tanto alguns e não inquietam outros?
É verdade que, quando tudo na vida está muito bem, transcorrendo sem qualquer problema, ou quando tudo está muito mal, talvez o homem nem se disponha a refletir sobre esses assuntos. Para que questionar, para que interferir, se tudo vai bem? E se tudo vai mal, terá o homem a tranqüilidade necessária para questionar, investigar e procurar conhecer os porquês de tudo isso?
O fato indiscutível é que estamos aqui, e aqui irremediavelmente presos. Se observarmos, sem preconceitos, o que está ocorrendo em torno e dentro de nós, vamos perceber que isso a que chamamos vida traz para a maioria, se não para todos, muito mais desgostos, muito mais coisas desagradáveis e sofrimentos, do que satisfações e alegrias. Todos vemos isso, todos estamos cansados de saber que é assim. Não há como fugir dos fatos, ou fingir que não temos conhecimento deles. Eles estão aí, à nossa volta, nas conversas de todos, em toda a historia do ser humano, em todos os noticiários, em nossa própria família, em nós mesmos.
Enormes tragédias produzidas pelas forças da natureza ou pelas ações dos homens, doenças e epidemias, violências e guerras, incompreensões e discórdias, ignorância, perdas, dores morais ou físicas, preocupações, inveja, ansiedade, medo, ambição, cobiça, miséria, fome, injustiça, dúvidas, desejos de toda espécie que não se concretizam e muitas coisas mais. Todos nós percebemos que é assim mesmo. Talvez, só não o percebam aqueles que ainda não chegaram à idade da reflexão, de pensar, de observar e de questionar aquilo que está acontecendo em torno e dentro deles mesmos; ou aqueles que estão fechados no que diz respeito apenas ao seu próprio ego.
Mas, mais dia, menos dia, o sofrimento, de uma ou de outra natureza, chega para todos. A perda de um ser querido, a dor, a falência, a demissão, o amor não correspondido, o medo de não conseguir o que desejamos e, se o conseguimos, o medo de perdê-lo, a luta pela subsistência, o receio de não darmos conta de nossas obrigações, o fracasso, a cruel competição entre todos, a violência, a traição, a luta para conservar a saúde, a juventude, a beleza, o que amamos, o que conseguimos a duras penas, as injustiças que nós ou os nossos sofremos, e tantas coisas mais.
Os momentos de alegria, descontração, paz e tranqüilidade, comparados a isso, são tão poucos!
É bem provável que, desde sempre, o homem tenha procurado explicações para essas coisas que o acometiam, e à sua vida, e que tanto o perturbavam. Lá, num longínquo início, com certeza, deve ter-lhe nascido o medo daqueles fenômenos e coisas que não compreendia, mas que o impressionavam e inquietavam: o escuro e estranho firmamento repleto de pontos luminosos, o sol aquecendo e espantando a escuridão da noite cheia de medo e de predadores, o frio e o calor, a fúria das tempestades, dos terremotos, dos vulcões, das inundações, a fome, as doenças, as dores, etc.
Primeiro deve ter sentido medo; depois, por sua ignorância, deve ter mostrado respeito, chegando mesmo a reverenciar aquilo que desconhecia, mas que era tão poderoso. E, por isso, deve ter buscado explicações que lhe apaziguassem a mente.
A imaginação, as superstições, as ilusões, as crenças sem fundamento devem tê-lo perturbado por muito tempo. Tentou agradar, bajular e chegou até a endeusar aquelas forças que não compreendia. Não há como duvidar que sempre, por trás de tudo isso, estava o medo nascido de sua absoluta impotência frente àquelas poderosas forças. Assim, sofreu e viveu por muitas e longas eras, cheio de ansiedade e angústia.
A submissão, adorações e súplicas, não traziam a tranqüilidade de que necessitava. As superstições, com certeza nascidas da imaginação sobre tudo aquilo, cresceram e dominaram o homem. Com o tempo, surgiram crenças, sem qualquer fundamento e, com elas, a suposição de que os ‘deuses’ deveriam ser agradados. Criaram-se, então, rituais e cerimônias para isso e, depois, locais para a realização dessas cerimônias. Deve ter sido assim que nasceram os templos. Sacrificou animais e, também, seres humanos iguais a si mesmo, e se martirizou na tentativa de apaziguar ‘a ira dos deuses’. O homem fez tudo isso, mas continuou sofrendo. As ações dos ‘deuses’ eram implacáveis e continuavam.
Com o decorrer do tempo, homens de mais apurada percepção obtiveram vislumbres do porquê de todo esse medo e ignorância. Do que falaram nasceram outras crenças e as muitas religiões que temos hoje. Suas palavras chegaram até nós, trazidas pelas tradições e pelos relatos daqueles que tentaram nos transmitir o que julgavam fosse a verdade. Mas, as interpretações foram muitas e conflitantes. Por isso esse grande número de crenças, tradições, escrituras, costumes, doutrinas e religiões, que estão aí aceitas pelas diferentes culturas de nosso mundo.
Mas, porque interpretações tão desiguais? Talvez porque tudo aquilo que o homem tentou nos comunicar não foi fruto de sua experiência pessoal. Nasceu do que lhe disseram os antepassados, das tradições respeitadas pelos costumes e culturas. E não é a mesma coisa que, hoje, acontece conosco? Ouvimos, lemos, aprendemos através de discursos e sermões, escrituras, tradições, costumes e culturas, aquilo que julgamos sejam as respostas sempre procuradas; respostas que, cremos, sejam a verdade sobre a razão de nossa existência e do que nos sucede. Mas tudo é, ainda, de ‘segunda mão’! Nada é fruto de nossa experiência pessoal!
Aqueles que entreviram o que julgaram ser a ‘verdade’, movidos pela compaixão despertada ante o sofrimento nascido do medo e da ignorância dos homens, tentaram trazer paz aos semelhantes e não se calaram. Mas suas palavras estiveram sujeitas a muitas traduções e, em conseqüência, a outras tantas interpretações em face do entendimento variável dos homens.
Com isso, o que temos hoje? Teorias que deram origem a crenças, doutrinas e religiões, todas diferentes entre si. Conhecimentos contraditórios que, para aqueles que conseguem se livrar dos preconceitos e se aventuram a questionar as religiões e crenças que aí estão, e a investigar, os enche de dúvidas e suspeitas. Qual estará certa? Em qual confiar? Qual aquela em que devemos crer? Alguém tem condições de responder a estas perguntas? Haverá certeza em algum coração?
O profeta, o filósofo, o sacerdote, o pastor, o médium, o guru, o ‘santo’ ou aquele que ‘ouviu’, ‘viu’ ou ‘sentiu’, por suas sensibilidades além dos sentidos, procuraram nos transmitir o que lhes pareceu ser a explicação correta da verdade. A ciência nenhuma resposta nos dá. Tudo o que nos diz refere-se ao ‘como’ são as coisas, ao ‘como’ chegamos até aqui, ao ‘como’ ocorre isto ou aquilo; mas nunca nos explica os ‘porquês’ de tudo isso. Portanto, o que sabemos, continua sendo de ‘segunda mão’. E, assim mesmo, muitos, de nós, aceitam, crêem e têm ‘fé’ nisso que aí está, sem qualquer prova e sem sequer questionar o fato de existirem enormes divergências entre as doutrinas e crenças que se dizem ‘as únicas certas’.
O homem nem sabe o que ele é; não passa de uma tremenda interrogação para si mesmo. Porque eu existo? Porque eu sou feliz e você é infeliz? Porque um vem à vida no Ocidente e outro no Oriente, ambos sujeitos a sofrer devido a todos os diferentes problemas dessas regiões? Um tem sua consciência aqui e outro lá? Porque um é homem e o outro é mulher? Porque um é branco, outro é negro? Alto ou baixo, sadio ou doente, rico ou pobre? Criminoso ou honesto? Corrupto ou íntegro? Crédulo ou cético? Uns têm fé e outros não? Porque alguns estão passando a vida em alegrias e festas, outros estão nos leitos dos hospitais, nas prisões ou na miséria, sofrendo e vendo os seus sofrerem? Porque uns perdem sua infância, se matando em trabalhos escravos, e outros nascem em ‘berço de ouro’? Enfermidades fisiológicas ou mentais? Inteligência, discernimento, percepções tão desiguais? Há explicações para tudo isso?
Algumas filosofias, abraçadas por doutrinas religiosas, dizem que sim; que o homem sofre as conseqüências de atos errados que cometeu no passado. Outras afirmam que nem mesmo devemos questionar, que nunca saberemos as respostas, pois os ‘desígnios de Deus são insondáveis’. Mas, todas elas, ao mesmo tempo em que nos apresentam tais explicações, parece que se esquecem de que ‘aquilo’ que criou todas as coisas, do infinito universo à mais ínfima partícula é, conforme suas próprias crenças, onisciente, onipotente, onipresente, pura sabedoria e infinito amor e misericórdia.
E não pode haver dúvidas de que viemos, à existência, ignorantes de tudo, imperfeitos e simples; que muitas filosofias e doutrinas há que tentam nos ensinar regras e leis para vivermos melhor, num relacionamento ideal que envolva, não somente os humanos, mas todos os seres vivos. Mas, qual a razão porque alguns seguem essas regras e outros não? Porque, conforme essas doutrinas, seremos castigados e sofreremos tanto pelo fato de não segui-las? Se erramos por não crer ou por não obedecer a essas leis, a razão não estará em nossa ignorância e imperfeição? Fomos criados imperfeitos e ignorantes e, depois, somos punidos por sermos imperfeitos e ignorantes? Devemos pensar nisso! Não fugir, não tentar esquecer, não enfiar a cabeça na areia. Os fatos aí estão; porque não questioná-los? Quando fugimos dos fatos corremos o risco de cair no abismo das suposições, superstições, julgamentos e opiniões e mergulhamos num oceano de ilusões. Abandone os preconceitos e pense, questione!
Essa é a situação comum do ser humano. Ignora as coisas mais importantes acerca de si mesmo e de sua existência, e nada faz, nada questiona, não obstante a vida seja considerada, por todas as religiões ocidentais, vida de agonia e sofrimentos. Assim, afirma o católico que estamos ‘num desterro, neste vale de lágrimas’; o evangélico, que estamos ‘num mundo sob o assédio constante do ‘inimigo’; o espírita, ‘num mundo de expiação e provas’; outras crenças dizem ainda que, ‘em face de tanta violência e sofrimento, nem é Deus quem governa o mundo; é Satanás’, e assim por diante. (Veja o que, a respeito, diz o ‘Tao Te Ching’, de Lao Tse, 600 a.C.: ‘O que se passa no mundo mostra, àquele que está acordado, a total desapiedade dos acontecimentos’).
O homem, portanto, está confuso, perdido.
Contudo, sabemos que no Ocidente e no Oriente houve aqueles que perceberam alguma coisa que lhes transformou, de maneira completa e definitiva, a visão sobre a existência; algo que lhes trouxe compreensão, serenidade e os tornou independentes e livres. E, movidos pela compaixão nascida ante o sofrimento dos homens, muitas vezes arriscaram a própria vida para nos ensinar que podemos, sim, nos libertar de todos esses problemas e sofrimentos, de todas nossas dependências; que podemos afastar, totalmente, nossa ignorância e substituí-la por conhecimento e sabedoria além daquela que o mundo conhece. E que, em vez dos apegos que nos escravizam e fazem sofrer, teremos em nosso coração um amor ainda desconhecido por nós; um amor incondicional, um amor que nada exige, nem reciprocidade, nem reconhecimento.
Entre eles, Jesus, chamado o Cristo, ensinou que o conhecimento da verdade nos libertará de todas as dependências a que estamos sujeitos; outro, Sidarta, considerado um Buda, disse que esse conhecimento é o fim de todo sofrimento; outros, ainda, que é a bem-aventurança, a serenidade, a felicidade total.
Seus ensinamentos estão aí, disseminados pelo mundo, mas não totalmente compreendidos. A prova disso está nas numerosas divisões e facções. No Ocidente, o cristianismo e as crenças dos povos africanos. Das interpretações a que esteve sujeito o cristianismo, surgiram o católico, o protestante, os espíritas e outras designações; os próprios católicos se dividiram e temos o romano, o anglicano, o ortodoxo e outros; os protestantes se partiram em numerosas igrejas; o espiritismo, também, tem seus vários intérpretes com pontos de vista discordantes. No Oriente, a mesma coisa: o judaísmo, o budismo com suas escolas hinayana, mahayana, tibetana e zen. E ainda, o hinduismo, o islamismo, todos com suas facções; o taoísmo, o zoroastrismo, o xintoísmo, o sufismo e outras. Existe um número considerável de divisões, seitas, igrejas, fato que nos mostra a realidade de interpretações diferentes.
Ao mesmo tempo, prosperam, e ainda exercem sua influência, numerosas crendices e superstições, herdadas dos antigos ou criadas pelos mais novos: velas, incenso, simpatias, benzeduras, bentinhos, amuletos, figas, banhos e tantas coisas mais.
Como não podemos deixar de perceber, ainda é o medo que está por trás de tudo isso. O medo de não estar protegido, o medo de não agradar ou de ofender a divindade, Deus, Brama, Alá, ou o nome que seja; medo de não cumprir os mandamentos de sua crença ou igreja particular e vir a ser, como conseqüência, sentenciado, num hipotético juízo, que se dará num também hipotético final dos tempos, a sofrer os castigos de um purgatório, inferno ou umbral; ou de reencarnações dolorosas ou em seres inferiores da escala evolutiva; ou a vingança daqueles a quem se fez mal e que já deixaram o corpo físico etc.
O medo dos ancestrais ainda está em nós. E a crença de que agradando os deuses seremos por eles favorecidos, também. Assim, vemos, no anseio de conseguir o favor de Deus, o sacrifício escondido nas diferentes promessas de, para sempre ou por algum tempo, não fazer, ou fazer isto ou aquilo; a clausura, o sacrifício do próprio corpo no jejum ou subindo escadarias ou caminhando longos percursos de joelhos; a autoflagelação, ou se fazendo pendurar a uma cruz, o ajoelhar-se sobre objetos pontiagudos; rezas e orações, penitências, confissões e tantas coisas mais. A expressão comum ‘sou temente a Deus’ é significativa. E o homem pune a si mesmo por atos que, ele julga, foram transgressões às leis divinas.
O homem é, hoje ainda, o mesmo ser ignorante e temeroso da ira dos deuses. Apenas se cobriu com um fino verniz de civilização; mas, por baixo, está o mesmo homem, com os mesmos medos e a mesma ignorância. Conhece tão somente as necessidades para a sua sobrevivência. Os costumes e as culturas mudaram, a ciência e a tecnologia progrediram, surgiram grandes invenções e descobertas, mas o homem ainda é o mesmo ser ignorante das coisas mais importantes, pois continua desconhecedor do que ele mesmo é.
O avanço científico, que mostrou a existência de muitas incoerências nas tradições existentes, e que fez com que histórias e fatos, que pareciam lógicos e verdadeiros, fossem rejeitados por se mostrarem totalmente incoerentes e absurdos, levou muitos para a descrença total.
Mas, mesmo assim, considerável parcela da população mundial permanece fiel às suas crenças.
Para esses, o medo do castigo continua e é ainda a força que os impede à prática de muitos atos e os impulsiona à prática daqueles que, julgam, são agradáveis a Deus.
E quanto aos que não crêem? Serão penalizados por não obedecerem a mandamentos de crenças nas quais não vêem qualquer significado? Se não crêem, serão responsabilizados por isso? Analisem.
Mas, houve aqueles que passaram por uma experiência que os fez compreender tudo isso. Conforme Carl G. Jung, o célebre psicoterapeuta, essa é, como pode observar muitas vezes em seu consultório, a ‘experiência mais importante e sublime na vida do ser humano’. Einstein, outro notável, a chamou de ‘experiência de concordância universal’, porque é igual para todos os que a alcançaram, seja em qualquer época ou lugar. A ciência anterior a considerou uma patologia mas, a mais moderna e avançada ciência do planeta, a física quântica, concorda, em muitos pontos, com as visões dos homens que por ela passaram.
Assim, Fritjoff Capra, renomado físico quântico, escreveu ‘O Tao da Física’, um estudo no qual compara, passo a passo, as descobertas dessa nossa mais avançada ciência às visões dos místicos obtidas em seus profundos estados meditativos. Sem os sofisticados laboratórios e instrumentos de pesquisa de última geração de que o Ocidente dispõe, os meditadores haviam chegado, séculos antes de nossos cientistas, a percepções semelhantes. Pela primeira vez na história do mundo, ciência e ‘religião’, tradicionais adversários, se dão as mãos, pois as conclusões da ciência são iguais ou semelhantes às visões dos místicos. Estes, através da meditação, perceberam o que julgaram ser a verdade; despertaram de seu pesadelo de ignorância, compreenderam e tentaram ensinar. Assim, Jesus disse: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. E enfatizou o fato de ser essa verdade tão valiosa que aquele que a encontra abandona tudo o mais, porque nada é mais importante. Por isso, a parábola daquele ‘homem que procurava um tesouro e tendo descoberto esse tesouro num certo campo, vendeu, se desfez de tudo o que tinha, e comprou aquele campo’. Disse, também, que, quem não ‘abandonar pai e mãe’ para buscar a verdade não é digno dessa percepção, com essas palavras nos fazendo ver, novamente, que esse conhecimento é mais importante do que qualquer outra coisa.
Mas, como chegar até a verdade de modo que, conhecendo-a, ela nos liberte de todo sofrimento? Sua resposta foi que ‘devemos buscar, em primeiro lugar, o ‘reino’ de Deus’; e que, encontrado esse ‘tesouro’, ‘o demais nos será dado por acréscimo’.
Parece que nem as religiões deram ênfase, nem os homens compreenderam essas palavras. Jesus ensinou que, encontrado o reino, tudo mais de que necessitamos nos será dado por acréscimo, isto é, nada mais nos faltará, estaremos plenos. E o que é que nos está faltando nesta confusão que é nossa vida, tão cheia de ignorância e de sofrimentos? Falta-nos aquilo que anula toda a ignorância, isto é, a sabedoria, e aquilo que anula todo sofrimento, isto é, a felicidade. Se analisarmos com cuidado a vida do ser humano, tanto a do homem irrepreensível, quanto a do pior criminoso, vamos perceber que tudo o que ele faz, de bom ou de mau, de certo ou de errado, tem, como objetivo, ser feliz, conquistar a felicidade. Abandone os preconceitos e verifique se isso não é uma verdade.
Mas sabemos que só teremos a felicidade se nos libertarmos de toda ignorância e sofrimento. E a afirmação de Jesus foi: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. Com essas palavras mostrou que, para nos vermos livres dessa condição de ignorância e sofrimento, o de que necessitamos é conhecer a Verdade.
Assegurou, também: ‘Eu e o Pai somos um’. Recordemos os antigos filósofos gregos que tanto nos aconselharam a buscar o auto-conhecimento, que conhecêssemos o que realmente somos: ‘Conhecei-vos a vós mesmos e sereis deuses’, ou ‘Conhece-te a ti mesmo e serás Deus’! Porventura, não será essa a verdade tão procurada, a verdade de que nossa consciência e a consciência universal são uma só e a mesma coisa? Não será essa a verdade que podemos vir a conhecer ao buscar o ‘reino’ de Deus? A verdade sempre procurada pelos homens? Ao saber que ‘eu e o Pai somos um’, vamos perceber, como perceberam os místicos, não que o Criador, a consciência universal, está longe, afastada de nós, mas sim que somos uma só e a mesma coisa. O que poderá, então, nos fazer mal, nos afligir ou fazer sofrer? Há, além daquilo que denominamos Deus, a Divindade, o Absoluto, alguma coisa que nos possa atingir? Essa experiência é denominada por todos os místicos de ‘iluminação’, porque a luz chega e nos clareia a mente; o homem, então, compreende e acorda de seu pesadelo. E, como disse o Buda, ‘a iluminação é o fim de todo o sofrimento’.
Todas as civilizações do Oriente e do Ocidente se desenvolveram sob a influência das palavras desses homens de mente iluminada, palavras que, para muitos, têm tanta importância e significação que, mais de dois mil anos depois de pronunciadas, ainda produzem seus efeitos.
Como ensinaram Jesus, Buda e outros místicos, é o conhecimento da verdade que nos trará sabedoria e felicidade, porque elimina toda ignorância e todo sofrimento.
Nossa mente esta poluída, limitada, incapaz de compreender as coisas mais profundas, porque está repleta de ilusões, suposições e crenças que as culturas e costumes nos impuseram desde o mais remoto passado. Vivemos, assim, em completa ignorância daquilo que, para o ser humano, é o mais importante. Como disse um humilde sapateiro, Jacob Boheme, místico cristão, ‘enquanto o Cristo não nascer dentro de você’, isto é, enquanto você não tiver a percepção da verdade, ‘você continuará vivendo na escuridão de um estábulo, entre fezes e urina’. A vida não terá significado e será, quase sempre, cheia de ignorância, sofrimentos e conflitos.
Analise as afirmações abaixo, proferidas, na ordem, pelo Cristo, pelo Buda e pelos antigos filósofos gregos:
‘Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará’.
‘A iluminação é o fim de todo o sofrimento’
‘Conhece-te a ti mesmo e serás Deus’.
Há, no significado delas, alguma discordância? Não há! Esses homens ensinaram a mesma coisa, com o mesmo significado. Observe: o conhecimento da verdade é a própria iluminação. A iluminação liberta o homem de todos os sofrimentos, dependências e apegos, pois ele se reconhece um com o Pai. Isto é, se o homem conhece a si mesmo, está livre de todo o sofrimento e ignorância porque se confunde com a própria divindade.
Podemos ver, então, que esses sábios, homens que exerceram enorme influência na historia das civilizações do mundo, nos ensinaram idêntica lição!
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Pergunto agora a você: Conforme o seu modo de pensar, o que você leu acima contém absurdos, exageros ou incoerências? Mesmo deixando de lado todos os preconceitos? Estes são o maior obstáculo à compreensão da verdade. O ser humano está tão condicionado à verdade da sociedade em que vive, que lhe é facílimo rejeitar tudo o que vai contra suas crenças, pensamentos e seu modo de ver e de sentir a vida. Por isso, Paulo, considerado o divulgador do cristianismo, aconselhou: ‘Estudai de tudo e guardai o que for bom’, isto é, não afaste de você, apenas por preconceito, aquilo que não conhece; estude e analise as coisas novas e, se as reconhecer lógicas, coerentes e benéficas, não as abandone.
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Este, e vários outros textos relacionados, ofereço a quem se interessar. Seu objetivo é despertar a curiosidade, a atenção e, se possível, motivar-nos à busca das respostas que poderão transformar radicalmente nossa vida, fazendo ‘ressuscitar’, ou nascer em nós, o ‘homem novo’, pois destruirão completamente nossa ignorância, a ignorância do homem.
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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