segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A VINGANÇA

      Amigos,

      Qual é a finalidade desse debate tão longo sobre a vingança? 

      Me desculpem o que vou dizer. Não estarão todos apenas perdendo tempo com essa discussão? Não será apenas curiosidade ou desejo de ilustração? 

      Qual é a finalidade de compará-la, ou de julgá-la melhor ou pior que a justiça dos homens? De tentar compreender se ela cabe a nós, à justiça dos homens ou à de Deus? De procurar conhecer os males que ela pode causar no que vinga, ou pensa em se vingar, ou naquele que é, ou poderá ser alvo da vingança? 

      Saber que a vingança é um mal, ajuda a evitar o sentimento de vingança? Saber que, também para o vingador, a vingança é um mal, ajuda a evitá-la? Saber o que é a vingança, os males que ela pode causar, modificará o sentimento de ódio que está em nós? 

      Ou, o que é a mesma coisa, saber o que é o ódio, ou a falta de amor, que isso é um mal que pode resultar em conseqüências assustadoras, fará que nosso ódio se vá ou que nosso coração se encha de amor? 

      A vingança não e uma entidade em si mesma; é um sentimento, sentimento de ódio, raiva, de falta de amor, de impotência. Mas, pensem, quem de nós consegue, devido ao fato de saber o que é a vingança, afastar ou anular em nosso coração, o sentimento de ódio que ali se instalou?  

      Podemos, quando muito, controlar ou evitar a exteriorização desse sentimento, evitar que se manifeste, evitar que cause danos ao desafeto, ao inimigo. 

      Mas controlar ou evitar ou fazer cessar ou que se modifique esse sentimento que está em nosso peito, quem consegue fazer isso? Isso está fora de nosso alcance. E não fomos nós que o colocamos ali! 

      Quem é que controla ou comanda o sentimento de vingança, o sentimento de amor, ou de ódio, ciúme, inveja, ou de pena, dó, qualquer sentimento? Esse controle não depende de nossa vontade, do mesmo modo que esses sentimentos não dependem de nossa vontade de tê-los ou não tê-los, e nunca nascem espontaneamente em nós, ou causados por nós. 

      Os sentimentos, quaisquer sentimentos, não os controlamos,  pois nem mesmo sabemos “como fazer” isso. Sobre sua exteriorização ou manifestação, sobre isso “podemos ter, embora nem sempre”, algum controle mas, só isso!

      Todos esses sentimentos, a que chamamos de “doenças da alma” ou de defeitos morais, imperfeições, se resumem num só: no desamor, na falta de amor. Desse modo, qualquer um pode perceber que o único remédio para todas essas doenças também é um só: ter amor, conseguir que o sentimento de amor exista em nosso íntimo, em nosso coração. 

      Mas, quem, qual doutrina ou religião, filosofia ou ciência, sabe ensinar como fazer para que o amor exista em nosso coração? Sem dúvida, nenhuma pois, a amar ou a ter amor, ninguém sabe ensinar e ninguém aprende, nem com conselhos, nem com ensinamentos escritos ou falados, nem com exemplos de quem quer que sejam. 

      No entanto, não estamos totalmente desamparados, à deriva. Há, sim, quem ensine a como fazer o “trabalho” que, eventualmente, apenas eventualmente, e se estivermos no ponto de fazer isso, que possa nos fazer compreender como fazer para que, em nós, nasça e frutifique o amor.

      Nosso amigo Antonio Renato nos trouxe a correta e sábia afirmação de que “tudo depende de nosso progresso moral”. Verdade absoluta! Mas, e de que depende nosso progresso moral senão de nosso trabalho esforçado para que tenhamos em nós a virtude do amor?

      Por isso é que perguntei acima: “não será apenas perda de tempo, ou só curiosidade, ou desejo de ilustração ou de erudição?”  Por que não usar esse tempo para a tentativa de chegar a compreender, a conhecer, a saber o “como fazer” para que em nosso coração exista amor?

       É só isso que nos "salvará" e é só isso que pode melhorar o mundo!

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