domingo, 20 de março de 2011

UMA IDÉIA SOBRE O ZEN BUDISMO

Mensagem de um amigo:
Um companheiro pergunta porque os japoneses, sendo mais de 120 milhóes, parece que não têm religião. Só para que se tenha uma pálida idéia, lembro palavras de Johnston que, no exercício das funções de sacerdote católico, esteve vinte anos no Japão onde estudou e praticou a religião dos japoneses, em particular o Budismo Zen.

Johnston afirma que os ocidentais necessitam, com urgência, das práticas e ensinamentos do Budismo pois, sem isso, o Cristianismo continuará sendo, apenas, uma religião vazia e que não leva a nada

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“...Parece que, num acesso de humildade, a inflexível Igreja Católica sente (?) que tem a ganhar com o Budismo. Se eu tivesse ficado na Irlanda, minha terra natal, em vez de ter ido para o Oriente, eu não passaria, hoje, de um cristão intolerante a atirar pedras nos protestantes nas ruas de Belfast. O Budismo ensinou-me que no Cristianismo há possibilidades insuspeitadas. Hoje, pratico o Budismo da escola Zen como um modo de aprofundar minha fé cristã, prática que, para muitos cristãos, é ateísta, panteísta ou sem sentido. É que eles não sabem que a sabedoria mais elevada encontra-se, não nas idéias distintas e claras,na prática de preces e de amor ao próximo, mas no silêncio tranqüilo do cérebro que vai além de todo pensamento, raciocínio, imagem ou desejo.

...Percebi que os cristãos japoneses têm importante papel na renovação da igreja cristã: trazer a meditação para o Ocidente, e levá-la aos cristãos. Mas, isso será inútil se o Cristianismo não fizer renovação completa na sua metodologia mística, precisamente no aprofundamento das práticas meditativas.

O Budismo ensina o ‘distanciamensto’ de todos os apegos, até mesmo do apego ao eu. Isso para que outra coisa possa resplandecer em seu lugar: a natureza do Cristo, a iluminação que traz o fim de todo o sofrimento e de todos os males que afligem o homem. Na iluminação, a fé torna-se a convicção de que Deus está no mais íntimo de nosso ser; de que o que de mais verdadeiro existe em nós, não é nosso eu, mas o próprio Deus. À medida que o Zen se desenvolve, o eu desaparece e Deus vive e age em nós. Como disse Paulo: ‘Já não sou eu que vivo, mas o Cristo é que vive em mim’. Então, nossas ações já não serão nossas, mas de Deus, que é todas as coisas. Como Paulo ensinou, nossos pensamentos e desejosos, nossos atos não são nossos: “É o Senhor que opera em nós o pensar...”; e todos somos iguais: ‘Não existem coisas tais como o judeu e o grego, o escravo e o homem livre, o homem e a mulher, pois sois um só em Cristo’. Em resumo, os cristãos tirarão proveito do Budismo para aprofundar sua fé cristã pois, aqui no Japão, um número crescente de cristãos, orientais e ocidentais, estão descobrindo isso com a prática do Zen.

Seria bom para as igrejas cristãs adotarem essa metodologia e começarem novamente a ensinar a orar. O fato triste é que religiosos cristãos estão ensinando todo tipo de coisas, mas poucos ensinam a orar. Nós, ocidentais, sentimos grande necessidade disso, porque a vida contemplativa está incrivelmente subdesenvolvida nas nações desenvolvidas. Por isso nossa civilização se tornou desequilibrada a tal ponto que não consegue diferenciar um ser humano de um computador. Quando isso ocorre na dimensão religiosa, as pessoas são facilmente tomadas pelo ódio e fazem coisas absurdas, como vemos todos os dias. É horrível ver que isso está acontecendo com religiosos pois, enquanto deveriam encaminhar suas vidas para o encontro com Deus, por ignorância, sentem que nada tem sentido se não se puserem a se agitar e a fazer todo tipo de trabalho ‘em nome da caridade cristã’.

Os cristãos de hoje são como são, porque as doutrinas cristãs projetaram a imagem de uma religião distanciada da meditação; muita teoria e palavras e pouquíssimo silêncio cerebral. Palavras, palavras, palavras; exterioridade e não interioridade! É por isso que, o Ocidente necessita, com urgência, de uma transfusão de sangue do Budismo do Oriente.

Na experiência Zen, sem imagens, pensamentos, sem pedidos e súplicas, sem lembranças e esperanças, sem agradecimentos, relação sujeito-objeto, sem qualquer discurso ou diálogo, ‘eu’ me perco, não mais existo e Deus existe em mim. Paulo: ‘Não sou mais eu que vivo; é o Cristo quem vive em mim’.

Mas, como poderia o Budismo Zen fazer relevante a tradição cristã que data de dois mil anos? Ajudaria a acabar com todos os mitos, folclore, fantasias, lendas, ilusões e crenças ainda existentes nas doutrinas cristãs. A tradição judaico-cristã é totalmente teocêntrica. Tudo está na dependência de Deus. Isto se deve, talvez, à Bíblia, na qual tudo é atribuído a Jeová. Se a chuva cai, se alguém morre, se ocorrem tragédias, surge a doença ou a miséria, tudo é ‘graças a Deus’. Tudo, obra de Deus,

Como diz Paulo: ‘É o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’, assim aquela maneira de falar da tradição cristã é legítima. Mas tem a desvantagem de ser imprópria ao homem moderno, extremamente antropocêntrico e que sente dificuldade para entender e aceitar uma terminologia que recorre incessantemente a Deus. Sem teorias e doutrinas, o Budismo Zen só pede para sentar e meditar e, de maneira prática, somos levados ao samadhi (experiência de ‘eu e o Pai somos um’). Só pede que sigamos os passos do Buda para termos sua natureza. É o que o Cristianismo precisa aprender e ensinar aos fiéis; sem muita teoria e doutrinas, sem complicações teológicas ou filosóficas, seguir os passos do Cristo, não nos seus exemplos, mas na busca do reino de Deus e da verdade libertadora. Só assim é possível a iluminação. A perseguição das preces, contemplação, do amor divino ou do Cristo etc., todas essas complicações deverão ser deixadas de lado. São coisas totalmente desnecessárias, pois a própria experiência é totalmente descomplicada.

Isso seria de enorme benefício para o cristianismo passado. Todas essas coisas, se desaparecessem, não digo que devam desaparecer, seu lugar seria ocupado por uma meditação simples e ao alcance de todos.”

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Um comentário:

  1. Tudo é ilusão!!

    "Tudo é ilusão e vento que passa"

    http://www.dhnet.org.br/w3/henrique/espiritualidade/salomao/eclesiastes.html

    ;)

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