quarta-feira, 30 de março de 2011

O SILÊNCIO - PARAR O DIÁLOGO INTERNO - NÃO PENSAR - ACABAR COM A MENTE

Vedanta

Luzes de Nisargadatta Maharaj

O Silêncio. Parar o Diálogo Interno. Não Pensar. Acabar com a Mente.

M = Mestre
D = Discípulo

M: Sábio filho, abandone a mente – o atributo limitador que origina a individualidade, assim causando a grande enfermidade de repetidos nascimentos e mortes – e realize Brahman.

D: Mestre, como se pode extinguir a mente? Não é muito difícil? Não é a mente muito vigorosa, inquieta e sempre vacilante? Como se pode renunciar à mente?

M: Abandonar a mente é muito fácil, tão fácil quanto amassar uma flor delicada, tirar um fio de cabelo da manteiga ou piscar os olhos. Não tenha dúvida. Para um buscador resoluto, senhor de si e não enfeitiçado pelos sentidos, que pelo intenso desapaixonamento se tornou indiferente aos objetos externos, não pode haver a menor dificuldade em abandonar a mente.

D: Como pode ser tão fácil?

M: A questão da dificuldade só surge quando há uma mente a ser renunciada. Verdadeiramente falando, não existe mente. Quando lhe dizem: “Aqui tem um fantasma”, a criança ignorante é levada a acreditar na existência do fantasma inexistente, ficando sujeita ao medo, ao sofrimento e aos incômodos. Da mesma forma no imaculado Brahman, ao imaginar coisas que não existem – como isto e aquilo – uma falsa entidade conhecida como mente surge como algo aparentemente real, funcionando como isto e aquilo e mostrando-se incontrolável e poderosa ao incauto; porém, para o buscador senhor de si e dotado de discernimento, conhecedor da natureza da mente, ela é fácil de ser abandonada. Só um tolo, ignorante da natureza da mente, diz que é muito difícil.

D: Qual é a natureza da mente?

M: Pensar nisto e naquilo. Na ausência de pensamento, não existe mente. Extinguindo-se os pensamentos, a mente permanecerá apenas em nome, tal como o chifre de uma lebre; desaparecerá como uma não entidade, como o filho de uma mulher estéril, o chifre de uma lebre, ou uma flor no céu. Isto também é mencionado no Yoga Vasishta.

D: Como?

M: Vasishta diz: “Ouve, ó Rama, nada há chamado ‘mente’. Assim como o espaço existe sem forma, também a mente existe como um vazio inanimado. Permanece apenas como nome; ela não tem forma. Não está no exterior, nem no coração. Entretanto, como o espaço, a mente, embora não tenha forma, preenche tudo.”

D: Como pode ser assim?

 Onde quer que o pensamento surja como isto e aquilo, lá estará a mente.

D: Se existe mente onde quer que haja pensamento, mente e pensamento são diferentes?

M : O pensamento é o sinal da mente. Quando surge um pensamento, pressupõe-se uma mente. Na ausência de pensamentos, não pode haver mente. Portanto, a mente nada mais é do que pensamento. O pensamento é, em si, a mente.

D: O que é “pensamento”?

M: “Pensamento” é imaginação. O estado livre de pensamentos é a Suprema Bem-aventurança (Sivasvarupa). Os pensamentos são de dois tipos: a evocação de coisas experienciadas e não experienciadas.

D: Para começar, por favor diga-me o que é “pensamento”.

M: Os sábios dizem que nada mais é do que pensar em qualquer objeto externo como isto ou aquilo, é ou não é, deste ou daquele jeito, etc.

D: Como isto pode ser classificado sob o título de coisas experienciadas e não experienciadas?

M: Dos objetos dos sentidos (como o som, etc.) já experienciados – como “eu vi”, “eu ouvi”, “eu toquei”, etc. – pensar neles como tendo sido vistos, ouvidos e tocados é evocar coisas já experienciadas. Trazer à mente objetos dos sentidos não experienciados é o pensamento sobre coisas não experienciadas.

D: Como, então, é possível extinguir a mente?

M: Esquecer tudo é o meio supremo. O mundo não surge, a não ser pelo pensamento. Não pense e o mundo não surgirá. Quando nada surge na mente, a própria mente é perdida. Portanto, não pense em nada; esqueça tudo. Este é o melhor modo de matar a mente.

D: Alguém já disse isto antes?

M: Vasishta assim falou a Rama:

Vasishte:: Elimine os pensamentos de todos os tipos – de coisas apreciadas, não apreciadas, ou outras. Como a madeira, ou a pedra, permaneça livre de pensamentos.

Rama:: Devo eu esquecer tudo, completamente?

Vasishta: Exatamente, esqueça tudo completamente e permaneça como a madeira ou a pedra.

Rama: O resultado será a estagnação, como a das pedras ou da madeira.

Vasishta: Não é assim. Tudo isso é apenas ilusão. Esquecendo a ilusão, você estará livre dela. Embora pareça estar estagnado, você será a própria Beatitude. O seu intelecto ficará inteiramente claro e aguçado. Sem se embaraçar na vida mundana, mas parecendo ativo aos outros, permaneça como a própria Beatitude de Brahman e seja feliz. Diferentemente da cor azul do céu, não permita que a ilusão do mundo renasça no puro Espaço do Ser-Consciência. Esquecer essa ilusão é o único modo de matar a mente e permanecer como Bem-aventurança. Mesmo que Shiva, Vishnu ou o Próprio Brahman sejam seus mestres, a realização não é possível sem este meio. Sem esquecer tudo é impossível estabelecer-se enquanto Ser. Portanto, esqueça tudo, inteiramente.

D: Não é muito difícil?

M: Embora seja difícil para o ignorante, é muito fácil para os poucos que discernem. Nunca pense em nada, exceto no Brahman único e ininterrupto. Praticando isso longamente, você esquecerá facilmente o não-Ser. Não pode ser difícil ficar quieto, sem pensar em nada. Não deixe nenhum pensamento surgir na mente; pense sempre em Brahman. Assim, todos os pensamentos mundanos desaparecerão e só restará o pensamento de Brahman. Quando isso se tornar firme, esqueça até mesmo isso e, sem pensar “eu sou Brahman”, seja o próprio Brahman. Não pode ser difícil de praticar.

Agora, meu sábio filho, siga este conselho: pare de pensar em qualquer outra coisa que não seja Brahman. Com esta prática, a sua mente será extinta; você esquecerá tudo e permanecerá puramente como Brahman.
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Luzes de Nisargadatta Maharaj

Aprofunde na percepção do “Eu Sou” e você encontrará. Como se encontra algo que você ignora ou se esqueceu? Você o mantém em mente até se lembrar. A percepção de ser, do “Eu sou” é a primeira a emergir. Pergunte-se de onde ela vem ou apenas observe-a em silêncio. Quando a mente permanece no “Eu sou”, sem se mover, você entra em um estado que não pode ser verbalizado mas pode ser experienciado. Tudo o que você precisa fazer é tentar e tentar novamente.

Eu vejo o que você também poderia ver, aqui e agora, se não fosse o foco errôneo de sua atenção. Você não dá atenção ao Ser. Sua mente está sempre com coisas, pessoas e ideias, nunca com seu Eu. Traga seu Eu para o foco, torne-se consciente de sua própria existência. Veja como você funciona, observe os motivos e resultados de suas ações. Estude a prisão que você construiu ao redor de si mesmo, inadvertidamente.

Olhe para a rede [o mundo pessoal de cada um] e para suas muitas contradições. Você faz e desfaz a cada passo. Quer paz, amor, felicidade e trabalha arduamente para criar dor, ódio e guerra. Quer viver muito e se empanturra, quer amizade e explora. Veja sua rede como composta de tais contradições e remova-as – o seu próprio ver os fará ir embora.

Como você parte para achar algo? Mantendo sua mente e coração naquilo. Deve haver interesse e constante lembrança. Lembrar-se do que precisa ser lembrado é o segredo do sucesso. Você consegue isso através da seriedade de intenção.

Inicialmente, dê o primeiro passo. Todas as bênçãos vêm de dentro. Volte-se para dentro. O “Eu sou” você conhece. Fique com isto todo o tempo que puder, até que você sempre volte a isso espontaneamente. Não existe caminho mais fácil ou simples.

Somos escravos daquilo que não conhecemos; do que conhecemos, somos senhores. Quaisquer vícios ou fraquezas em nós que conhecemos, descobrimos e entendemos suas causas e seus mecanismos, nós os superamos pelo próprio saber; o inconsciente se dissolve quando trazido à consciência. A dissolução do inconsciente libera energia; a mente sente-se adequada e torna-se quieta.

Recuse todos os pensamentos, exceto um: o pensamento “Eu sou!”. A mente vai se rebelar no começo mas, com paciência e perseverança, ela vai ceder e permanecer quieta.

Esteja alerta. Questione, observe, investigue, aprenda tudo o que puder sobre a confusão, como isso opera, o que faz para você e para os outros. Ao ter clareza sobre a confusão você se liberta dela.

Eliminando os intervalos de desatenção durante as horas de vigília, você vai gradualmente eliminar o longo intervalo de inconsciência que chama de sono. Você estará consciente que está adormecido.

Nisargadatta: Desapegue-se de tudo aquilo que deixa sua mente inquieta. Renuncie a tudo o que perturba a sua paz. Se você quer paz, mereça-a.

Pergunta: De que forma eu perturbo a paz?

Nisargadatta: Ao ser um escravo de seus desejos e medos.

Pense clara e profundamente, mergulhe na estrutura de seus desejos e suas ramificações. Eles são uma das partes mais importantes na sua composição mental e emocional e afetam suas ações poderosamente.

Lembre-se, você não pode abandonar o que não conhece. Para ir além de si mesmo, você deve conhecer a si mesmo.

Você deve se observar continuamente – em particular a sua mente – de momento a momento, sem perder nada. Este testemunho é essencial para a separação do Eu e do não Eu.

Já que é a Pura Consciência que faz a consciência ser possível, existe Pura Consciência em cada estado de consciência. Portanto, a própria consciência de ser consciente já é um movimento dentro da Pura Consciência. O interesse em seu fluxo de consciência leva-o para Pura Consciência.

Quando você entende que nomes e formas são conchas vazias sem qualquer conteúdo e o que é real é sem nome e forma – é pura energia de vida e luz da consciência – você está em paz, imerso no profundo silêncio da realidade.

Por que não se voltar da experiência para o experienciador, e realizaro verdadeiro significado da única afirmação que você pode fazer: “ Eu sou” ?

Apenas mantenha em mente o sentimento “Eu sou”, absorva-se nisso, até que sua mente e sentimento tornem-se um. Tentando repetidamente você vai se deparar com o equilíbrio correto entre atenção e sentimento e sua mente estará firmemente estabelecida no pensamento-sentimento “Eu sou”.

Você pode começar com trabalho desinteressado, abandonando o fruto de suas ações; então pode desistir dos pensamentos e, finalmente, de todos os desejos. Aqui, desistir (tyaga) é o fator operacional.

Ou você pode não se importar com as coisas que quer, pensa, faz, e apenas permanecer estabelecido no pensamento e sentimento “Eu sou”, focalizando “Eu sou” firmemente em sua mente. Todo tipo de experiência pode lhe acontecer – permaneça imóvel no conhecimento de que tudo o que é perceptível é transitório e apenas o “Eu sou” permanece.

Pergunta: Quando olho para dentro de mim, encontro sensações e percepções, pensamentos e sentimentos, desejos e medos, memórias e expectativas. Estou imerso nesta nuvem e não consigo ver nada mais.

Nisargadatta: Aquele que vê tudo isso, e o nada também, é o mestre interno. Apenas ele existe; todo o resto apenas parece existir. Ele é seu próprio ser (swarupa), sua esperança e garantia de liberdade; encontre-o e agarre-se a ele e você será salvo e estará seguro.

Ver o falso como falso é meditação. Isto deve ser contínuo, o tempo todo.

Posso falar-lhe sobre mim. Eu era um homem simples, mas confiei em meu Guru. O que ele me disse para fazer, eu fiz. Ele disse que me concentrasse no “Eu sou” – assim o fiz. Ele me disse que eu estou além de tudo o que é perceptível e concebível – eu acreditei. Dei a ele meu coração e minha alma, minha completa atenção e todo meu tempo disponível (eu tinha que trabalhar para manter minha família). Como resultado da fé e esforço dedicado, eu realizei o Ser (swarupa) em três anos.

Estabeleça-se na consciência de “Eu sou”. Este é o começo e também o fim de todo o esforço.

Para saber o que você é, você deve primeiro saber e investigar o que você não é. E para saber o que você não é, você deve observar-se cuidadosamente, rejeitando tudo o que necessariamente não combina com o fato básico “Eu sou”.

Nossa atitude comum é “Eu sou isso”. Separe consistente e perseverantemente o “eu sou” do “isto” e do “aquilo”, e tente sentir o que significa ser, apenas ser, sem ser “isto” ou “aquilo”. Todos os nossos hábitos vão contra isto e a tarefa de lutar contra eles é longa e árdua às vezes, mas o entendimento esclarecido ajuda muito. Quanto mais claramente você entender que no nível da mente você pode ser descrito apenas em termos negativos, mais rapidamente chegará ao fim de sua busca e realizará seu ser ilimitado.

Permaneça com seu Ser

Pergunta: Como se alcança isto?

Nisargadatta: A ausência de desejo e de medo o levará lá.

O Supremo é o mais fácil de se alcançar pois é o seu próprio ser. É suficiente não desejar nem pensar em nada que não o Supremo.

É a falsidade que é difícil e que é fonte de problemas. Ela sempre quer, espera, exige. Sendo falsa, é vazia, sempre em busca de confirmação e reconfirmação. Tem medo da inquirição e a evita; identifica-se com qualquer apoio, por mais fraco e momentâneo que seja. O que quer que consiga, perde, e pede mais.

Nisargadatta: Mesmo que eu lhe diga que você é a testemunha, o observador silencioso, isto não significará nada para você a menos que encontre o caminho para seu próprio ser.

Pergunta: Minha pergunta é: Como encontrar o caminho para o próprio ser?

Nisargadatta: Desista de todas as perguntas, exceto “Quem sou eu?” Pois, afinal, o único fato do qual você tem certeza é que você é. O “Eu sou” é certo. O “eu sou isto” não é.

Esforce-se para encontrar o que você é na realidade.

Lembrar-se de si mesmo é virtude, esquecer de si mesmo é pecado.

O procedimento correto é aderir ao pensamento de que você é o campo de todo conhecimento, a Consciência imutável e perene de tudo o que acontece aos sentidos e à mente. A ideia “Eu sou apenas a testemunha” purificará o corpo e a mente e abrirá o olho da sabedoria. O homem vai além da ilusão e seu coração se liberta de todos os desejos.

Por sua própria natureza, o prazer é limitado e transitório. Da dor o desejo nasce, na dor ele busca realização e termina na dor da frustração e do desespero. A dor é o pano de fundo do prazer, toda busca de prazer nasce na dor e termina na dor.

Discriminar e descartar (viveka-vairagya) são absolutamente necessários. Tudo deve ser examinado cuidadosamente e o desnecessário deve ser impiedosamente destruído.

Acredite-me, não poderá haver destruição demais. Pois na realidade nada tem valor. Seja apaixonadamente desapaixonado – isto é tudo.

Quando, através da prática da discriminação e desapego (viveka-vairagya), você perder de vista os estados sensorial e mental, o puro ser emergirá como o estado natural.

Para conhecer o mundo você se esquece do Ser – para conhecer o Ser, você se esquece do mundo.

O que é o mundo, afinal? Uma coleção de memórias. Agarre-se ao que importa, segure-se no “Eu sou” e abra mão de todo o resto. Isto é sadhana.

Esteja plenamente consciente de seu próprio ser e você estará na bem-aventurança conscientemente. É porque você dirige sua mente para fora de si mesmo e fixa naquilo que você não é, que você perde seu senso de bem estar, de estar bem.

Como sabe, a personalidade é apenas um obstáculo. A autoidentificação com o corpo pode ser boa para uma criança, mas crescer verdadeiramente depende de tirar o corpo do caminho ( ir além do corpo). Normalmente, a pessoa deveria superar em relação aos desejos do corpo cedo na vida. Mesmo o Boghi, que não recusa prazeres, não precisa ansiar por aquilo que ele já experimentou. Hábito, desejo pela repetição, frustra tanto o Yogi quanto o Boghi.

Existem tantos que tomam o alvorecer pelo meio dia, uma experiência momentânea pela plena realização e destroem até mesmo o pouco que tinham conseguido, por excesso de orgulho. A humildade e o silêncio são essenciais para um sadhaka [buscador], por mais avançado que seja. Apenas um jnani [iluminado] plenamente amadurecido pode permitir-se completa espontaneidade.

Seja atento, investigue incessantemente. Isto é tudo.

Com certeza, seja egoísta – da maneira certa. Deseje estar bem, trabalhe no que é bom para você. Destrua tudo o que se coloca entre você e a felicidade. Seja tudo – ame tudo – seja feliz – faça feliz.

A memória é material – destrutível, perecível, transitória. Sobre tais frágeis fundações construímos um sentido de existência pessoal – vago, intermitente, onírico. Essa vaga persuasão: “Eu sou isto e isto” obscurece o estado imutável da Pura Consciência e nos faz acreditar que nascemos para sofrer e morrer.

A liberdade para fazer o que se quer é, na realidade, escravidão, enquanto ser livre para fazer o deve, o que é correto, é a real liberdade.

Tudo o que você tem a fazer é ver o sonho como sonho.

Seja qual for o nome que dê a isso: vontade, firme propósito, ou mente focada, você retorna à seriedade, sinceridade, honestidade. Quando você é intensamente sério, você faz uso de cada acontecimento, cada segundo de sua vida ao seu propósito. Você não desperdiça tempo e energia em outras coisas. É totalmente dedicado, chame a isto vontade, amor ou total honestidade.

Encontre o permanente no efêmero, o único fator constante em cada experiência.

Nada pode bloqueá-lo mais que as concessões, pois elas mostram a falta de seriedade, sem a qual nada pode ser feito.

Comece desassociando-se de sua mente. Resolutamente lembre-se que você não é a mente e que os problemas dela não são seus.

Dê sua total atenção ao que é mais importante em sua vida – você mesmo. Do seu universo pessoal, você é o centro – sem conhecer o centro, o que mais você pode conhecer?

Para ir além da mente, você deve manter sua mente em perfeita ordem. Você não pode deixar uma bagunça para trás e seguir em frente. A confusão vai lhe puxar. “Recolha seu lixo” parece ser uma Lei Universal. E uma lei justa também.

Apenas lembre-se de você mesmo. “Eu sou” é suficiente para curar sua mente e levá-lo além. Apenas confie um pouco.

Se quiser conhecer sua verdadeira natureza, deve ter a si mesmo em mente todo o tempo, até que o segredo de seu ser seja revelado.

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Ramana Maharshi

Não há mistério maior que este: que sendo a Realidade nós buscamos alcançar a Realidade. Nós pensamos que existe algo ocultando a Verdade e que isso deve ser destruído a fim de que possamos atingir a Verdade. É ridículo. Chegará o dia em que você vai rir de todos os seus esforços pretéritos. Aquilo que será no dia em que você rir também é aqui e agora. A liberação, que é bem-aventurança, é natural a todos. A ignorância é uma ilusão da mente, uma falsa sensação. Apenas o ego é prisão, e a sua própria natureza, livre do contágio do ego, é liberação. Não há engano maior do que acreditar que a liberação, que está sempre presente como a sua verdadeira natureza, será alcançada em um tempo futuro. Até mesmo o desejo pela liberação é fruto da ilusão. Portanto, permaneça em silêncio. Se você permanecer como mera consciência, “eu sou”, a ignorância não existirá. Portanto, a ignorância é falsa; apenas a Consciência é real. O pensamento-“eu” é como um fantasma que, apesar de ser impalpável, surge simultaneamente com o corpo, vive e desaparece junto com ele. A consciência “eu sou o corpo/este é meu corpo” é o falso eu. Abandone-a. Você pode fazer isso buscando a fonte do sentimento “eu”. O corpo não diz “eu sou”. É você que diz “eu sou o corpo”. Descubra o que é este “eu”; busque sua fonte e ele desaparecerá.

Nisargadatta Maharaj

A mente pura vê as coisas como elas são – bolhas na consciência. Essas bolhas estão aparecendo, desaparecendo, e reaparecendo – sem ter uma existência real. Nenhuma causa em particular lhes pode ser apontada, já que cada uma é causada por todas e afeta a todas. O que foi alcançado poderá ser perdido novamente. Apenas quando você realizar a verdadeira paz, a paz que nunca perdeu, esta paz permanecerá com você, já que ela nunca esteve longe. Ao invés de buscar algo que você não tem, descubra aquilo que você nunca perdeu. A felicidade de ser completamente livre é indescritível. Esses são todos sinais de um crescimento inevitável. Não tenha medo, não resista, não atrase. Seja o que você é. Não há nada a temer. Confie e tente. Experimente honestamente. Dê uma chance ao seu verdadeiro Ser para que ele molde a sua vida. Você não se arrependerá. O que são o nascimento e a morte senão o início e o fim de uma sequência de eventos na consciência? (…) Tenha o seu ser fora deste corpo de vida e morte e todos os seus problemas cessarão. Eles existem porque você acredita que nasceu para morrer. Desiluda-se e liberte-se. Você não é uma pessoa.

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(HD) - Quem Somos Nós ?
Publicada por dim-dim em 14:57
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Um comentário:

  1. S. N. Maharaj‏ - Ignorância/desatenção
    A Atenção como fuga às ilusões...

    Não existe isso de ignorância, apenas desatenção. Além do mais, a preocupação é um estado de dor mental, e a dor é, invariavelmente, um chamado por atenção. No momento em que você dá atenção, o chamado por isso cessa e a questão da ignorância se dissolve. A atenção o traz de volta para o presente, o agora, e a presença no agora é um estado sempre à mão, mas raramente percebido.

    Aprender as palavras não é o suficiente. Você pode conhecer a teoria mas, sem a experiência atual de si mesmo como o centro impessoal e sem atributos da existência, amor e bem-aventurança, o mero conhecimento verbal é estéril.

    Como você sabe que não conhece o seu Self? Sua visão interior lhe diz que você conhece primeiro a você mesmo, porque nada existe sem você estar ali para testemunhar sua existência. Você imagina que não conhece a si mesmo, porque você não consegue descrever a si mesmo. Você pode apenas dizer: 'Eu sei que Eu Sou' e você recusará como não verdadeiro o argumento 'Eu não sou'. Mas o que quer que possa ser descrito não pode ser você mesmo, e o que você é não pode ser descrito. Você só pode conhecer o seu Ser sendo você mesmo, sem nenhuma tentativa de auto-descrição ou auto-definição. Uma vez que você tenha compreendido que você não é nada perceptível ou concebível, que o que quer que apareça no campo da consciência não pode ser você mesmo, você se aplicará na erradicação de toda auto-identificação, como o único caminho que pode levá-lo à profunda realização de si mesmo.

    Atualmente, seu Ser está misturado com o experimentar. Tudo o que você precisa é separar o Ser da mistura das experiências. Uma vez que você tenha conhecido o puro Ser, sem ser isto ou aquilo, você vai discerni-lo entre as experiências; e não será mais enganado por nomes e formas. Auto-limitação é a própria essência da personalidade.

    Abra mão de todas as perguntas, exceto uma: 'Quem sou eu?' Além do mais, o único fato do qual você está certo é de que você é. O 'Eu Sou' é certo. O 'Eu Sou isto' não é. Lute para decobrir o que você é na realidade.

    Enquanto você se identificar* com eles, a mente e o corpo, você está condenado a sofrer; compreenda a sua independência, e você ficará feliz. Eu lhe digo: esse é o segredo da felicidade. A crença de que você depende de coisas e pessoas para ser feliz é devido à sua ignorância de sua verdadeira natureza; saber que você não precisa de nada para ser feliz, exceto seu auto-conhecimento, é sabedoria. N.T.: (*)'Identificar' no presente contexto significa acreditar (dar crédito à idéia ou conceito de) que somos a mente e o corpo.

    Na realização aquilo que não pode mudar, permanece. A grande paz, o silêncio profundo, a beleza oculta da realidade permanecem. Ainda que não tenha como ser explicado em palavras, está esperando que você a experimente por si mesmo.

    Na verdade, as coisas são feitas para você, e não por você. O seu desejo simplesmente acontece junto com a realização ou não do desejo. Você não pode mudar nenhum deles. Você pode acreditar que você se esforça, tenta e luta. Novamente, tudo isso simplesmente acontece, incluindo os frutos do trabalho. Nenhum deles é por você. Tudo está na imagem que aparece na tela de cinema, não na luz; inclusive a pessoa que você pensa ser. Você é somente a luz.

    É sempre o falso que lhe faz sofrer, os falsos desejos, valores e idéias. Os relacionamentos falsos entre as pessoas. Abandone o falso e você estará livre da dor; a verdade te faz feliz, a verdade liberta.

    A pessoa, o 'Eu Sou este corpo, esta mente, esta cadeia de memórias, este amontoado de desejos e medos' desaparece, mas algo, que você pode chamar de identidade, permanece. Isso me permite me tornar uma pessoa quando necessário.
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    Olá, amigo Coronel! Passei por aqui para lhe deixar um excelente texto sobre ignorância, deste nosso querido amigo que se libertou dela, S. Nisagardatta Maharaj. Quem eu aprecio muito pela simplicidade no falar.

    Adeus!!

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