domingo, 3 de abril de 2011

O QUE É ILUSÃO: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

(Este texto, de autoria do amigo de pseudônimo Monstrinho, trata de assunto relacionado ao "ego", o véu de ilusões que nos impede a percepção da Realidade)
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O QUE É ILUSÃO: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA


Esse assunto que está sendo discutido no blog http://www.obuscadordedeus.blogspot.com, sobre a relação entre a Física Quântica e a Filosofia Oriental, já está, desde algumas décadas, formalizado na Antropologia, em termos acadêmicos.



Acredito que hoje, essas teorias estejam mais desenvolvidas e estão ganhando força, principalmente com a divulgação das doutrinas e filosofias orientais na internet.



Digo isso porque não precisamos unicamente recorrer à Filosofia Oriental para tentar trazer uma nova visão de mundo no Ocidente.



Também o blog http://www.esoestudos.blogspot.com contém espaço para a leitura e postagem de textos, relacionados, pois se refere a espiritualismo.



Voltando ao tema, enquanto a razão ocidental dizia que a diferença entre o homem e os outros animais é que "o homem é racional e o animal é irracional", a Antropologia veio desbancar essa descrição/definição pobre e arrogante e dizer que a diferença básica é que o homem é um animal simbólico, ou seja, ele constrói uma realidade simbólica a partir de representações, idéias e conceitos sobre o mundo em que vive.



A Antropologia e a Psicologia - que são as duas ciências caluniadas pelo cientificismo como "perfumaria" e "pó-de-arroz" - serão as ciências do futuro, pois que, são elas, principalmente a Antropologia, que estão a fazer a crítica da razão e do cartesianismo.



O Método Científico é uma modalidade de dogma defendido com unhas e dentes pelos seus partidários. Ele, o Método, estuda o mundo exterior, e diz que conceitos como "interior", alma, são invenções de pseudo-ciências e religiões.



É por isso que uma crítica à razão dualista e ao método científico só poderia vir da Antropologia e da Sociologia do Conhecimento.



Coube ao físico teórico e sociólogo e historiador da ciência, Tommas Kuhn, fazer a seguinte pergunta: "por que, entre várias hipóteses para se explicar um fenômeno, apenas uma é eleita como a verdadeira"? (e, isso, dentro da própria ciência).



Obviamente que a Filosofia da Ciência de Karl Popper, Gaston Bacherlard e Lakatos, tem resposta para esta questão.



Mas a resposta da Sociologia da Ciência era que a ciência não está desvinculada dos interesses econômicos e políticos.



O Sociólogo da Ciência Jorge Dias de Deus, diz que a ciência cumpre o papel que os mitos e, posteriormente, as religiões cumpriram no passado: explicar por que uma tal sociedade está organizada desta e não daquela maneira; explicar porque existem as desigualdades sociais, as doenças, a violência, as guerras etc. Diz que cabe á Ciência, hoje, fornecer esse tipo de explicação, fornecer o quadro explicativo de funcionamento da sociedade.



Antes, quando a Inquisição te queimava vivo, ela dizia que era para o fogo purificar os teus pecados de herege, e hoje, a Academia (= Ciência) te joga na fogueira do ridículo, ao asseverar, que, se você não é partidário do Método científico, no mínimo você é um impostor e charlatão defensor de alguma pseudo-ciência.



Então, a ciência - diz Jorge Dias de Deus - é o Mito Dominante. A poderosa construção simbólica das ciências físicas, o poderoso formalismo matemático da Física, retira a personalidade dos fenômenos: peras e maçãs são comparáveis quando submetidas à força da gravidade . E, continua Jorge Dias de Deus, apesar de saber que é a Terra que gira em torno do Sol, podemos perfeitamente continuar acreditando que é ele que gira em torno da Terra, sem que com isso haja qualquer mudança em nossas vidas.



Quando a Ciência estabelece que é a Terra que gira em torno do Sol, ela torna consenso na sociedade - pelo menos pretende isso e no mais das vezes consegue - que todas as demais teorias que dizem o oposto, são mentirosas, são pseudo-ciências.



A ciência é pois, o mito dominante da nossa sociedade, na medida em que, ela se constitui enquanto uma poderosa representação simbólica do que é a realidade e principalmente na medida em que ela se torna hegemônica, no sentido de ela pretender que só a sua explicação é válida, e todas as demais são falsas.



Jorge Dias de Deus vai além: diz que a Ciência é que, em última instância, legitima todas as práticas sociais, uma vez que, tendo ela estabelecido através da criação da realidade simbólica o que é certo e errado, feio e bonito, grandioso e desprezível, bom e mau, logo todas as práticas, convenções, condicionamentos, normas e representações sociais, são justificadas e legitimadas pela ciência.



Então esse trabalho de criticar o pensamento dualista é um trabalho de criticar a própria ciência, que é hoje, no ocidente, a que representa de modo hegemônico as teorias e práticas dualistas.



No brilhante livro - Sociologia do Conhecimento: pragmatismo e pensamento evolutivo - do sociólogo da ciência Renan Springer de Freitas, a tese defendida por Freitas é a de que, os vários paradigmas concorrentes, as várias explicações e visões de mundo advindas dos mitos, das religiões, da ficção científica, da própria ciência e etc, teriam, à maneira dos seres vivos, sofrido o processo de "Seleção Natural", de modo que o "espécime" sobrevivente seria a razão ocidental, ou seja, a ciência.



Assim, nem a religião, nem o mito, teriam sobrevivido no Processo Evolutivo, e nessa peneiragem da "Seleção Natural" das idéias, quem sobreviveu, quem "mostrou ser mais forte e consistente" foi o pensamento científico. Bastante controverso não acham? Obviamente que essa tese é aplaudida pelos partidários do método, que gostam de fingir que são os representantes da verdade.



A crítica antropológica sempre foi a seguinte: um pajé ou um xamã representa a "instituição cientifica" de uma tribo. Ele dá a explicação sobre como as coisas acontecem e porque acontecem. Assim, o que mata, não é o veneno de um líquido preparado a partir de uma planta, mas sim as orações que são feitas durante o seu preparo.



Qual explicação é a verdadeira: a da ciência, de que é o veneno da planta que mata, ou a do xamã, dizendo que são as orações durante o preparo do líquido que mata? Esse é o questionamento dos antropólogos, porque se o xamã estivesse equivocado no seu conhecimento, é fora de dúvida que a sua espécie teria se extingüido muito fácil e rapidamente.



Por falar de Xamanismo, vai aí um bom livro sobre o tema: http://www.4shared.com/document/L2dLgnBp/Carlos_Castaneda_-_A_Erva_do_D.html



Carlos Castañeda, "Ensinamentos de Dom Juan" (um Xamã) ou "A Erva do Diabo".



Bom, um grande abraço a todos e espero que essas considerações minhas em torno da Antropologia e da Sociologia da Ciência tenham contribuído para ajudar a compreender a problemática do pensamento dualista e suas conseqüências para a nossa sociedade.

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2 comentários:

  1. Olá! Mais algumas considerações sobre Antropologia do Conhecimento e Filosofia Oriental (não-dualismo) aqui

    http://filosofiaoriental-monstrinho.blogspot.com/2011/04/antropologia-do-conhecimento-e.html

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  2. Boa noite, avô querido, vim passear pelo teu blog.

    Beijos

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