terça-feira, 19 de abril de 2011

COMENTÁRIOS AO LIVRO "A FÍSICA DA ALMA", DE AMIT GOSWAMI

Amigos


Carta de um amigo, aboradando o livro "A Física da Alma", de Amit Goswami, físco quantico.

Diz o amigo que as concepções cristãs são diferentes das do hinduísmo, com constam na obra.

Resposta: É verdade: as concepções do hinduísmo, e de outras escolas tradicionais do misticismo, são muito diferentes das concepções das doutrinas cristãs (vejam bem, não do que Jesus ensinou!) e de todas as demais doutrinas religiosas.

O amigo apresenta um texto sobre a obra “A Física da Alma”, de Amit Goswami. Cito o texto:

“Nesse trabalho demonstramos que a referida obra é contrária ao Espiritismo”.

Resp: a obra não é contrária ao espiritismo; é contrária a determinadas concepções, não só espíritas, mas de todas as religiões do mundo.

Texto:

“... Goswami... propõe que a alma seja uma função de onda que, segundo a Física, não é algo fisicamente real, não passando de um método de cálculo das propriedades físicas de um sistema material...”.

R: e estaria Goswami errado ao dizer que a “alma não é algo fisicamente real”? E estas palavras: “não passando de um método de cálculo das propriedades físicas de um sistema material” estão induzindo a engano pois, para o próprio físico Amit, aquilo que denominamos matéria nada mais é do que consciência; logo, nada tem a ver com qualquer “propriedade física de um sistema material”. Para a ciência mais avançada do planeta, matéria não existe, senão para a percepção de nossos sentidos. O materialismo foi destruído, pois matéria é função da consciência, é espírito: só o espírito é real. Assim, Goswami deu, a outra obra sua, o subtítulo: “... como a consciência cria o mundo material”; para esse físico, e para a ciência atual, matéria e suas propriedades físicas, como as percebemos, pertencem ao mundo das ilusões, que só existe na percepção distorcida proporcionada pelo nosso “ego”. Não fosse o ego não perceberíamos a matéria, pois não existiria o colapso das ondas de probabilidades de coisas (ver o “experimento da dupla fenda”; está na internet).

Texto:

“Goswami, ao analisar a questão do colapso da função de onda pelo observador, diz: “A resposta do idealismo monista é que há apenas um a escolher, que a consciência é uma só”... temos pensamentos, sentimentos, sonhos etc. mas “não temos” consciência, muito menos consciências separadas; nós ‘somos’ a consciência”.

R: essa é outra conclusão também da ciência moderna mas, na colocação acima, há interpretação equivocada; e essa é tb a afirmação de todo misticismo desde séculos ou milênios antes de Jesus, até nossos dias, e de muitos dos chamados “santos”, mestres e iluminados, de todos os que passaram pela experiência mística; só “aparentemente” temos pensamentos; os pensamentos, escolhas, decisões, desejos etc vêm desse movimento eterno e poderoso da vida que, a cada instante, exerce sua influência sobre nós através de todas as experiências pelas quais passamos nesta escola do bem e do mal, que é a vida/mundo; concordando com isso, Paulo afirmou: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer”, tanto que, como numa tentativa de justificar essa condição de que os pensamentos não são nossos (e, consequentemente, nem as escolhas e decisões, nem os desejos e as ações), também disse: “Não sois salvos por vossas obras, mas pela graça de Deus” (disse também: “... como se tivésseis algum pensamento como de vós mesmos, pois todos eles vêm de Deus”).

Texto:

“É a mesma consciência, para todos nós”.

R: exatamente; esse é o entendimento da ciência moderna, de todo o misticismo, dos iluminados, de Jesus e de Paulo, entre tantos outros; por isso Jesus afirmou: “Eu e meu Pai somos um” (uma só consciência), e Paulo: “Não sou mais eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim” (sua consciência e a consciência crística são uma só). Não existe senão uma única e universal consciência: Deus. Essa consciência está em todos e em tudo; as expressões dela variam em face das diferenças de cérebros, de culturas e costumes; proporcionadas, entre outros muitos fatores, pela genética, que vem de nossos mais remotos ancestrais, e por toda a extensa gama de experiências pelas quais passamos desde que viemos à existência. Como diz tb Paulo: “O Senhor está à frente e atrás, à esquerda e à direita, acima e abaixo, dentro e fora”. As expressões são diferentes devido às diferenças entre culturas e seres. E como Jesus, Paulo também percebeu a verdade de que “eu e o Pai somos um”, pois afirmou: “é a consciência do Cristo que vive em mim”, como tb afirmou: “O Senhor habita em vossos corações” e “Vós sois o templo do Altíssimo”.

Texto:

“O conceito novo introduzido por Goswami, e que a Física não reconhece, é a não-localidade no tempo”.

R: devo discordar do autor: a não-localidade, tanto no espaço quanto no tempo, e além, no atemporal, é a única realidade do universo; a localidade de qualquer coisa que seja, inclusive “nossa” consciência, não passa de interpretação equivocada de nossas mentes “poluídas” pelo ego... E essa concepção da ciência é igual à do físico Goswami e de todos os místicos (com cujas visões a ciência, hoje, concorda).

Texto:

“A diferença no conceito de consciência se torna mais clara ao lermos as palavras de Goswami: “As almas, não podem ter percepção sujeito-objeto, não podem crescer espiritualmente... e não podem se libertar porque fizeram obras espirituais no Céu ”.

R: vejam, sendo “nossas consciências” a mesma consciência divina/universal, única, pois só ela é real, e só existindo “uma consciência” e mais nada, esvai-se totalmente o conceito dualista de sujeito e objeto, é evidente; sujeito e objeto são concepções do espaço-tempo, onde acreditamos que “nossa” consciência seja separada das demais. Também não há “crescimento espiritual” pois, como pode a consciência universal, Deus, ter ainda de crescer? Deus é o que é, como sempre disseram os sábios! O que normalmente chamamos de evolução é, apenas, um amadurecimento gradativo da compreensão do homem, em face das dificuldades que o mundo/vida lhe apresenta continuamente, no sentido de perceber que a sua consciência é e sempre foi perfeita, pois é a mesma consciência/alma/espírito único universal... Essa percepção é que “liberta” o homem de todas as dependências, ignorância e conseqüentes sofrimentos, pois é a percepção da “verdade libertadora”, como a designou Jesus.

Texto:

“... Se essa teoria estiver correta não poderia existir, por exemplo, Nosso Lar nem a história de André Luiz”.

R: essa é outra verdade; para a ciência moderna, para a visão mística, no domínio além do espaço-tempo, isto é, no domínio a que se dá o nome de “verdadeira pátria do espírito”, somente existe Deus; inexiste dualismo de “isto” e “aquilo”; eu e você, espíritos e Espírito, nós e coisas; dualismos, separações e divisões só existem no mundo da relatividade, mundo do espaço-tempo; no mundo do absoluto, tudo é Um.

Texto:

“A idéia de reencarnação, segundo Goswami, se baseia no conceito de “não-localidade” da Física Quântica. Ele diz que as “reencarnações de uma mesma vida (...) estão ligadas pelo fio da não-localidade quântica...”. Não-localidade é um conceito que surge em sistemas que são ligados de tal forma que uma ação sobre um afeta instantaneamente o outro, não importando a distância entre eles. Porém, Goswami parece criar um conceito novo a partir da não-localidade ao dizer que “A correlação se estende tanto para o passado como para o futuro ...”. O conceito novo introduzido por Goswami, e que a Física não reconhece, é a não-localidade no tempo, isto é, uma viagem instantânea no tempo para o passado ou para o futuro. No cap... ele diz: “Com o tempo, podemos intuir nossa situação específica com respeito à mônada humana – (...) – e, de forma sincronística, em parte no tempo não local, em parte na temporalidade, podemos nos tornar conscientes de como essa mônada-identidade está renascendo em um feto recém constituído, ou até partilhar a consciência com ela nos primeiros anos dessa nova vida...”.

R: essa é outra visão dos místicos e da física: primeiramente: tempo, como espaço, são entidades relativas, como já comprovara Einstein, pela teoria da relatividade; logo, não são a realidade; são tb ilusões. Por isso mesmo os sábios afirmaram: “Dez mil anos atrás ou ontem são, para a consciência divina, a mesma coisa, o mesmo presente eterno, a eternidade”; tb, quanto ao espaço, para a consciência una que somos, ou Deus, todo lugar é “aqui”; assim, além do mundo ilusório do ego, no atemporal, todo lugar é “aqui” e todo tempo é “agora”; conceitos de difícil compreensão, mas que se baseiam no testemunho de mestres, de iluminados, de todo o misticismo e, hoje, da própria ciência mais avançada do planeta. Somente na nossa visão através da vidraça embaçada do ego, equivocada portanto, é que existe tempo e espaço; mas, como na realidade só existe “uma” consciência e nós somos essa consciência, para nós tb, se libertos das ilusões, tempo e espaço inexistem. Einstein tb, como todos os místicos, afirma que tempo-espaço-objetos são apenas conceitos relativos e que, na realidade profunda, nada disso existe. Outra coisa: o que Goswami afirma é o mesmo que místicos e a nova ciência afirmam: a reencarnação se dá sempre e sempre, mas não é reencarnação do “eu”, pois este não tem continuidade, e, sim, da essência ou consciência universal; esta (como Jesus, Paulo e muitos outros afirmaram) estando em tudo (e sendo tudo; Goswami: o mundo material é criado pela consciência) continuamente se manifesta através dos diferentes cérebros que vêm à existência.

Texto:

“Goswami afirma que no momento da morte uma ligação do tipo não-local no tempo se forma ligando, instantaneamente, a alma... ao feto recém-constituído nos futuro... equivale a pularmos do passado para o futuro sem vivermos o período que se passou de um para outro”.

R: esta parte não posso comentar pois não tenho o livro à mão; apenas estranho essa colocação pois, na visão de Goswami, inexiste alma individual; somente a alma universal que se liga, como dissemos acima, a tudo e, portanto, inclusive aos cérebros recém-formados, continuamente, infinitamente e, através destes se manifesta. Quanto à questão de “não se viver o período que se passou do passado para o futuro”, como está no texto, sinto que o autor não tenha explicitado “o que é que existe entre passado e futuro”; e mais uma coisa, o que se observou (talvez o autor tenha baseado sua interpretação nisto) é que, elétrons “saltam” instantaneamente de uma órbita mais alta para uma mais baixa, sem passar pelo espaço entre elas. Isso é chamado “salto quântico” pelo qual, aquilo que julgamos seja um objeto ou coisa, desaparece do espaço-tempo, “sumindo” no atemporal, e surge no espaço tempo, noutra posição, instantaneamente. Nossa “deficiente” percepção não alcança os eventos do atemporal, do qual todos os fenômenos nascem instantaneamente, no espaço-tempo e no qual todos deixam de existir, um dia; dizem os místicos, como “um peixe que, de repente, salta na superfície de um lago tranqüilo”.

Texto:

“Para Goswami, a alma desencarnada não tem pensamento, não tem consciência...”.

R: pela concepção da ciência e do misticismo, é isso mesmo: a alma desencarnada não tem pensamento, do mesmo modo que a alma encarnada não o tem (“... pois todos eles vêm de Deus, que é quem opera em nós o pensar...”). Os amigos não percebem que não são donos de “seus” pensamentos? Eles apenas “chegam” e os percebemos; pensamentos de todas as naturezas, e não podemos comandá-los; não comandamos a “nossa” mente, ela é que nos comanda (“... opera em nós o querer e o fazer...”). Tente comandar seus pensamentos; com muito esforço poderá fazer isso mas por pouquíssimo tempo; os pensamentos apenas nos chegam, nos perturbam ou não, e se vão e voltam...

Texto:

“Sobre mediunidade afirma “... não existe colapso das ondas de possibilidades quânticas de uma mônada quântica desencarnada sem a ajuda de um corpo/cérebro físico correlacionado. Por conseguinte, a mônada quântica desencarnada é desprovida de qualquer experiência sujeito-objeto”.

R: essa é outra verdade: se a mônada/consciência fora da carne se confunde com a divindade, ela é “tudo” (“ o mundo material é consciência; só existe consciência”, “eu e o Pai somos um”), ela é tanto o sujeito como o objeto que, por conseqüência, deixam de existir; somente através de cérebros a mônada/consciência percebe o universo. Como dizem os sábios: “somos os olhos de Deus, através de nossos olhos Deus “vê” o universo”.

Texto:

“Ele, assim, confirma que a alma desencarnada não tem vida, não tem pensamento, não tem consciência independentes de um corpo físico material...”.

R: Amit diz que a alma fora da carne não tem vida?! O que ele afirma é justamente o contrário: a vida é indestrutível, eterna, independente do nascimento e da morte, do pensar; aquele que termina sua vida na matéria penetra num “novo” modo de existir, de bem-aventura, perfeito, muito mais gratificante do que tudo o que tenhamos imaginado em nossos mais ousados vôos de fantasia, e que faz que se veja o modo terreno como ilusões absurdas e enganosas (sofrimentos e ignorância). Como dizem os sábios, mas nós não percebemos ainda, “tudo é e sempre foi perfeito”; toda imperfeição é apenas percepção/interpretação equivocada do ego. Hinduísmo: “do perfeito, tirando o perfeito, o que resta é perfeito”; essa é a visão dos sábios e iluminados: imperfeição só existe para nossa mente limitada.

Texto:

“Sendo uma função de onda com possibilidades, um Espírito só pode “colapsar” em algum “lugar” material: o cérebro de um médium”.

R: é isso mesmo que Goswami afirma? Que espíritos colapsam? O que pode colapsar são os objetos materiais, colapso provocado pela observação de seres sencientes. A consciência, sim, mais do que penetra, está sempre no cérebro do médium como nos dos não-médiuns.

Texto:

“Quando um Espírito se manifesta e diz o que sente e o que pensa, na verdade isso não seria uma manifestação consciente de pensamento e sentimento, mas sim manifestações aleatórias das diferentes possibilidades da função de onda (cada uma com uma probabilidade) e não o fruto de um pensamento contínuo do Espírito. Num instante, o Espírito pode manifestar uma dessas possibilidades, e em instantes seguintes outras que, inclusive, podem ser opostas à primeira, já que o fenômeno ocorreria por leis quânticas probabilísticas...”

R: e não é isso o que ocorre o tempo todo? Temos pensamentos de amor e de ódio, nobres e abjetos, elevados e baixos, continuamente se revezando em nossa mente, e muitos frequentemente opostos entre si. Observe em você mesmo se isso não é verdade!

Texto:

“Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos muito mais do que imaginamos, pois frequentemente são eles que nos dirigem”.

R: observem: esse não é apenas mais um outro modo de dizer que “nossos” pensamentos não são nossos?

Texto:

“... a teoria... de Goswami não foi obtida seguindo-se os rigores formais da Física. Ele baseia sua tese em um novo tipo de paradigma científico, fora do esquema tradicional da Ciência, em que a unidade fundamental é a consciência e não a matéria”.

R: discordo totalmente: tudo que os cientistas quânticos fizeram está dentro das exigências formais da físic. O novo tipo de paradigma está realmente fora do esquema tradicional, pois se percebeu que a física anterior não lidava com o mundo, mas com uma cópia malfeita dele; por isso a estranheza. É apenas isso. E o que Goswami afirma está perfeitamente correto; antes supunha-se que tudo era matéria; essa era a tradição científica anterior; até o pensamente era fenômeno produzido pela matéria cerebral; hoje, sabe-se que matéria é apenas “energia” (Einstein) ou consciência, outro nome dado a Deus; a nova física destruiu o materialismo pois prova que só existe espírito, que o universo é apenas espírito. O que consideramos matéria é ilusão provocada pelo ego. A consciência é o fundamental, sim! Matéria é ilusão provocada pela observação; logo, matéria é irreal.

Texto:

“Segundo Goswami, não é possível termos experiências sem um corpo físico”.

R: Deus terá experiências? Se há uma só mente e somos essa mente, necessitamos de novas experiências? Experiências pertencem ao mundo da dualidade, da separatividade, em que o sujeito percebe o objeto, que este é sua experiência.

Texto:

“Estando fora da Ciência, ele não pode validar suas teorias de modo científico e, portanto, o conteúdo da obra não pode ser considerado científico, no sentido profissional dessa palavra, e não se pode dizer que a Física, de modo formal, o apóie...”.

R: como não pode validar suas teorias de modo científico?! Como está “fora” da ciência?! Pois Amit é o titular de Física Quântica do Instituto de Física Teórica da Universidade de Oregon, EUA; autor de numerosos livros e textos científicos. Está completamente apoiado pela ciência; isso que está em seu livro não vem de suas experiências individuais, mas das de numerosos cientistas. E experiências tão sérias e importantes que deram (Einstein) novo nome à física e dividiram a ciência em “antes” (a clássica, que por três séculos alimentou toda a sabedoria do mundo) e “depois” delas (a quântica, que fez o mundo, a ciência e os cientistas, tremerem pois as concepções anteriores sobre Deus, a vida e o homem têm de ser repensadas. De início, os resultados dos experimentos, que contrariavam toda a ciência anterior, perturbaram enormemente os cientistas; Einstein chegou a dizer: “não existe mais um palmo sequer de chão firme sobre o qual se possa construir alguma coisa; toda ciência anterior tem de ser reinterpretada” (foi quando disse que “Deus não joga dados”), e outros cientistas: “Como a natureza pode ser tão absurda?” e “a realidade está se mostrando mais estranha do que a ficção”.

Texto:

“... Goswami... supervaloriza a matéria...”.

R: pois é exatamente o contrário; para ele, como faz ver em todos seus escritos, matéria é ilusão criada pela consciência, como está colocado já acima. Quando ele fala da impossibilidade de termos experiências sem um corpo físico, não está supervalorizando a matéria; ao contrário, está dizendo que é exatamente pelo fato de experiências pertencerem ao mundo do dualismo, de sujeito e objeto é que só as temos quando no mundo material; livres da carne, estamos livres do mundo e suas ilusões de sujeito e objeto; logo não há experiências. Goswami está perfeitamente de acordo com as descobertas científicas de um século para cá. E viveríamos, sim, quando fora da carne pois, como vimos, a existência independe da carne, da vida e da morte.

Amigos, perdoem o longo texto. Fiquem em Deus.

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