quinta-feira, 22 de setembro de 2011

As religiões populares não ensinam “regras de salvação”

Amigos


As religiões populares mais nos enchem de ilusões, dúvidas e, sobretudo, esperanças em coisas que nem temos certeza de que, um dia, vão acontecer.

O que ocorre é que, pela nossa ignorância, incapacidade de pesquisar, “necessidade” de sermos acalentados pelas esperanças (ilusórias) de um futuro melhor que o presente, tão cheio de amarguras, e por condicionamentos a nós impostos, desde que viemos à existência, pelas tradições, culturas, costumes, crenças, religiões, sociedade e suposições, facilmente passamos a crer nas promessas das religiões. Chegamos até a acreditar que, pelo fato de alguma coisa ter sido considerada verdade por séculos ou milênios, seja mesmo verdade por ter sido assim considerada por tanto tempo.

As religiões dão-nos esperanças de recompensas, nos dão medos e remorsos pelos erros que fizemos, sentimentos de culpa e medo de penalidades, sofrimentos e preocupações.

É certo que suas regras objetivavam trazer um mais harmonioso relacionamento entre as já tão sofridas criaturas divinas. Veja o Decálogo: não matar, não roubar, não cobiçar o que seja do próximo, não desonrar, não dar falso testemunho, não adulterar. Observem que aí nada tem que signifique “regra de a salvação”. Quanto aos primeiros mandamentos são “inócuos”, pois apenas visavam a que se respeitasse aquele ser poderoso que o homem tão somente “imaginava” o que poderia ser. E não só que se respeitasse, mas que se temesse, como ainda hoje ocorre com tantas ameaças que as religiões, não só as ocidentais, apregoam.

Vejam o que todos os líderes, em torno de cujas palavras os homens convencionaram religiões, tiveram que fazer inicialmente: organizar e trazer tranqüilidade ao povo.

Esse é o exemplo de Moisés, liderando uma fuga pelo deserto de, fora as crianças e pertences, 600 (?) mil pessoas, rebeldes, sofridas, desorganizadas, indisciplinadas, prontas para matar, roubar, cobiçar, mentir etc. Como essa gigantesca multidão desorganizada e nervosa o obedeceria, quando não tinha nem mesmo qualquer recurso para comunicar suas ordens, para se fazer obedecido? Um povo cansado e em fuga (40 anos!!!) pelo deserto após anos de escravidão no Egito! Somente despertando-lhe o medo, o que fez apresentando-lhe um “Deus poderoso e cruel, impaciente, sanguinário, orgulhoso e parcial”, com ordens que, se negligenciadas, resultariam castigos terríveis e assustadores, como ocorreu tantas vezes.

Observem e verão que, ainda hoje, aquele medo persiste. Essa a razão de confissões e comunhões, promessas, sacrifícios, auto-flagelações, “forçar” a própria natureza para perdoar, para agir com amor ao próximo, penitências, orações etc. Como não podemos deixar de perceber, ainda é o medo que está por trás de tudo isso; medo de não estar protegido, de não agradar ou de ofender a divindade; de não cumprir os mandamentos de sua crença e vir a ser, em conseqüência, sentenciado a penalidades torturantes e cruéis, muitas vezes denominadas educativas.

E o medo dos ancestrais ainda hoje está em nós. E a crença de que agradando os “deuses” seremos favorecidos, também. Quanta coisa o homem faz para agradar e, assim, conseguir o favor de Deus? O sacrifício nas diferentes promessas de fazer ou não fazer isto ou aquilo; o sacrifício do próprio corpo no jejum, subindo escadarias, caminhando longos percursos de joelhos; rezas e orações, serviços e atos “forçados” de caridade ao próximo, imitação dos exemplos dos mestres, obediência aos mandamentos e a regras éticas de sua crença pessoal etc.

Quantas vezes a natureza do indivíduo ainda não tem condições de amar, mas ele a força, pois acredita que deve seguir os conselhos da doutrina religiosa que abraça e, assim, poderá conseguir um futuro compensador.

Por isso os sábios dizem que, enquanto não se “conhecer a verdade que liberta”, como disse Jesus, todas as virtudes são ou prematuras, imitações, forçadas ou falsas. O homem, muito do que faz quando parece virtuoso, o faz por receio da desaprovação de Deus. A expressão comum “sou temente a Deus” é significativa.

As lições de Jesus, em geral, tinham o mesmo objetivo: uma vida menos sofrida alicerçada no fato de todos se respeitarem, pela obediência àquelas imposições dos mandamentos. Quando esse Mestre disse “perdoai, não sete vezes, mas...”, “... dali não sairás até que tenhas pago o último ceitil...”, “... serás atirado ao fogo da geena...”, “... teu credor te levará ao juiz...”, “oferece a outra face”, “perdoai e abençoais os vossos inimigos”, observem que tudo visava a um relacionamento mais harmonioso com vistas a suavizar a vida daqueles homens já sujeitos a tantas infelicidades, sobretudo em tempos em que os poderosos eram a lei. Como no decálogo, nas palavras de Jesus não há qualquer “regra de salvação” mas, sim, “regras de bem conviver”.

Isso é a religião popular, organizada segundo escrituras e livros considerados sagrados: leva os homens a melhor se conduzirem e se respeitarem, sobretudo por temerem as conseqüências, tantas vezes inenarráveis, de seus “erros”. Por isso, sérios pesquisadores do cristianismo primitivo afirmaram que “‘pelo cristianismo de hoje, ninguém chega a Deus”, que “a igreja cristã falhou, por estar fazendo a humanidade ocidental caminhar contra um muro, sem conseguir dar um passo na direção do Criador”.

Por isso, também, os mestres chegam a afirmar que “as religiões populares impedem o acesso à verdade”, que “aquele que se liga a religiões organizadas é imaturo; está, ainda, no jardim da infância e dificilmente chegará à graduação universitária”.

As religiões visam trazer ordem e tranqüilidade, mas não levam a Deus.

O ensinamentos que se destinam ao "buscador" de Deus, felizmente, ao menos alguns foram preservados nas escrituras, mesmo depois de séculos de alterações introduzidas, que lhes suprimiram textos e acrescentaram conceitos, à conveniência dos poderosos. Essas lições estão nas palavras de Jesus, como: “Buscai, em primeiro lugar, o reino de...”, “... a verdade vos libertará”, “... pois o reino de Deus está dentro de vós”; em muitas parábolas, como a daquele que, encontrando um tesouro num campo, se “desfez de tudo” para possuir aquele campo; na afirmação de que aquele que não abandona pai e mãe não é digno de segui-lo; na história do jovem que desejava acompanhar seu velho pai até os últimos dias; nas parábolas das virgens insensatas; do servo que, atento, aguardava a chegada do patrão... Nas afirmações de Paulo: “Vós sois o templo do Altíssimo”, “o Senhor habita em vossos corações”, “É o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer”, “Não sois salvos por vossas obras, mas pela graça de Deus”, “Deus não faz acepção de pessoas...” e em outras passagens. Aqui sim, estão “regras para a salvação”; as outras, anteriormente vistas, são apenas “regras para bem conviver”, como são os mandamentos apresentados por Moisés.

Analisem.

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