segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

CONTO DE TOLSTOI

CONTO DE TOLSTOI

(Novamente, Tolstoi, com outra historieta, parece que deseja nos levar à idéia de que todos somos um só; de que, o real é a unicidade e não a diversidade).
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         Um aldeão russo, muito devoto, durante anos tinha pedido, em suas orações, que Jesus o viesse visitar, uma vez só que fosse, na sua humilde choupana. Uma noite sonhou que o Senhor, no dia seguinte, havia de aparecer-lhe; e tão certo ficou de que assim sucederia que, apenas acordou, levantou-se imediatamente, entregando-se ao trabalho de por em ordem a choupana, para que nela pudesse ser recebido aquele hóspede tão desejado.
          Apesar de uma violenta tempestade de granizo e neve, que durou todo o dia, nem por isso o pobre aldeão abandonou os preparativos, cuidando também da sopa de couve, que era seu prato predileto, e olhando, de vez em quando, para a estrada, sempre à espera da feliz ocasião, apesar de a tempestade continuar implacável.
          Decorrido algum tempo, o aldeão viu que caminhava pela estrada, em luta contra a borrasca de neve que quase o cegava, um pobre vendedor ambulante, que conduzia às costas um fardo bastante pesado.
          Compadecido, saiu de casa e foi ao encontro do vendedor. Levou-o para a sua choupana, pôs-lhe a roupa a secar ao fogo da lareira, repartiu com ele a sopa de couve, e só o deixou ir embora depois de ver que ele já tinha forças suficientes para continuar a jornada.
          Olhando de novo através da vidraça, viu uma pobre mulher, toda embaraçada a procura do caminho, na estrada coberta de neve. Foi buscá-la e abrigou-a também na choupana, mandou-a aquecer-se ao lume benfazejo do lar, deu-lhe de comer, embrulhou-a na sua própria capa, e não a deixou partir enquanto não readquiriu forças bastantes para a caminhada.
          A noite começava a cair. Contudo, nada havia que pudesse anunciar a vinda de Jesus.
          Já quase sem esperanças, o pobre aldeão abriu a porta uma vez mais. E, estendendo os olhos pela estrada, distinguiu uma criança e percebeu que ela se encontrava perdida no caminho, de tão cega que estava pelo granizo e pela neve. Saiu mais uma vez, pegou a criança quase gelada, levou-a para a cabana, deu-lhe de comer e não demorou para que a visse adormecida ao calor da lareira.
          Sensivelmente impressionado, o aldeão sentou-se e logo adormeceu também ao fogo do lar. Mas, de repente, uma luz radiosa, que não provinha do lume da lareira, iluminou tudo! E, diante do pobre aldeão, surgiu risonho o Senhor, envolto em uma túnica branca.
          - Ah! Senhor! Esperei todo o dia, e vós sem aparecerdes, lamentou-se o aldeão.
          E Jesus lhe respondeu:
          - Já por três vezes, hoje, visitei tua choupana: o pobre vendedor ambulante, a quem socorreste, aqueceste e deste de comer, era eu; a pobre mulher, a quem deste tua capa, era eu; e essa criança a quem salvaste da tempestade, também era eu... O bem que fizeste, a cada um deles, a mim mesmo o fizeste!
(Todos somos Um. Veja quem tem olhos de ver!).


(Comentários do presidente da LBV: Isso constantemente acontece no mundo. Todos os dias Jesus, melhor ainda, a Consciência Crística, nos visita na forma da viúva, do órfão, do faminto. E quanta vez o expulsamos, fingindo adorá-lo, nos templos, nas orações, nos pedidos de auxílio, nos agradecimentos, mas, na verdade negando-o, a todo instante, precisamente no campo de seu Evangelho onde mais merece ser vivido, que é na luta do dia-a-dia. A sua ordem, lei de solidariedade humana, determina: ‘Amai-vos como eu vos amei. Só assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos... E se realmente me amardes, guardareis o meu novo mandamento’ (João 13:34 e 35 e 14:15). O combate à violência no mundo começa na luta contra a indiferença quanto à sorte de nossos vizinhos). .....

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