A EXPERIÊNCIA DE SE PERCEBER “UM COM
DEUS”
Conversando com uma amiga:
Olá, amiga, não foi o fato de cessarem as
patologias (o que não ocorre com todos aqueles q tiveram a “experiência de
Deus”) que levou Jung a considerar que alguém passou pela “experiência” de se
perceber “um com Deus”.
Há muitos outros aspectos considerados:
modificação quanto aos sentimentos, inteligência, saúde, discernimento e
compreensão das coisas e da vida; serenidade e aceitação do que vier e que não
pode ser modificado; melhor relacionamento com os demais e com o mundo;
harmonização entre ondas das áreas cerebrais.
Sobre o assunto, foram realizadas numerosas
pesquisas que resultaram em aspectos de tão grande abrangência que, afirmam os
pesquisadores, alcançam tantas, senão todas, áreas de interesse do ser humano, fato
que levou cientistas e pesquisadores a afirmarem que, “quando os homens
alcançarem esse estado único de consciência, não haverá problemas sem solução e
o sofrimento será coisa do passado”.
Outros aspectos observados: maior alerta
mental, alto grau de coordenação neurofisiológica (mente e corpo); importante
redução do consumo de oxigênio e da concentração de lactato no sangue; maior eliminação
do dióxido de carbono; atividade não usual das ondas alfa e beta; sincronia nas
derivações cerebrais centrais; derivações centrais sincronizadas com ritmos
ocasionais de ondas teta..., e outras mudanças, fatos que vêm mostrar que a
experiência leva a um estado de consciência completamente diferente dos outros
estados conhecidos pela ciência, como a vigília, sono e sonho, e do estado de
relaxamento ordinário, hipnose e outros condicionamentos mentais.
Há diminuição do ritmo cardiorrespiratório,
alta coerência de ondas alfa, teta e beta entre hemisférios cerebrais; habilidade
de a mente manter-se em repouso total, mesmo permanecendo alerta durante a
execução de atividades diversas; profundo repouso fisiológico acompanhado de
total alerta mental, estado antes desconhecido pela ciência; maior entrada de
ar nos pulmões, correlação neurofisiológica elevada, isto é, enorme harmonia
entre a mente e o corpo; independência acentuada ou total liberdade do sujeito
para agir, independentemente de qualquer fato externo; disposição de animo equilibrada;
aumento da criatividade e do sentimento de auto-realização; cessação ou
diminuição da ansiedade e, conseqüentemente, das tensões e do estresse; modificações
bioquímicas, como baixos níveis de cortisona no sangue, o que indica uma nova
forma de atividades das supra-renais, fato relacionado à redução do estresse.
Essa relação entre fisiologia e
psicologia, que indicam aumento da criatividade e da produtividade, mostra que esse
estado de consciência produz mudanças holísticas, isto é, sob todos os aspectos,
bem como um novo modo de funcionamento do corpo e da mente, anteriormente
desconhecido pela ciência.
Novamente cito Jung:
-‘Naturalmente é difícil compreender
como essa figura abstrata, a percepção daquilo a que as religiões dão o nome de
Deus, que nada é mais que uma experiência subjetiva, pois na psique do homem,
desperta o sentimento da “mais sublime harmonia”... Contudo esse tipo de
experiência não é, para mim, nem obscuro, nem longínquo. Muito ao contrário:
trata-se de um fato que observo muitas vezes em minha vida de psicoterapeuta...
Conheço um número consideravelmente grande de pessoas que, se quiserem viver,
terão de levar a sério sua experiência íntima... que, para elas, é “tudo” e,
sem a qual não poderão mais viver”.
Amiga, é fato que a fé profunda pode,
também, produzir efeitos curativos; é como o hipnotizador, que encosta uma
caneta no braço do hipnotizado convencendo-o de que lhe encosta uma brasa;
queima e empola a pele.
Veja que tudo isso é possível desde q o
sujeito esteja plenamente convencido de que aquele modo de proceder curará seu
mal fisiológico. Mas, nada tem a ver com aquela experiência que foi denominada
por homens notáveis, como Jung e Einstein, de “experiência de concordância
universal”, uma experiência que elimina o ego e suas ilusões, acaba com a
ignorância acerca daquilo que denominamos “transcendental”, e liberta de todos
os sofrimentos, trazendo felicidade absoluta, despertando um amor quase
incontrolável pelos semelhantes, que sofrem porq ainda não “perceberam”, e
bem-aventurança.
Por isso, muitos tentaram ensinar o
“caminho” para chegar aonde haviam chegado, só se calando com a morte; assim,
muitos foram executados por não se calarem.
Amiga: “O que é a Verdade? “Eu sou o
caminho, a Verdade e a Vida”, Jesus. O caminho está dentro de nós mesmos, neste
Jesus dentro de nós, neste Deus interior, esta força, este Poder imenso?”.
Cel: essa força, esse poder imenso é uma
verdade que só podemos perceber qdo eliminarmos o ego, causador de toda ignorância
e dos conseqüentes sofrimentos. Esse poder, a que damos o nome de Deus, está em
nós como está em tudo, e somente o podemos perceber/vivenciar depois desse
trabalho difícil da busca de Deus, trabalho que traz “aquela” experiência.
Qto às palavras de Jesus, a tradução
correta muda de modo radical a interpretação que, anteriormente, lhe dávamos:
“O é o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão pelo
”; esta é a tradução correta, segundo doutores da lei e da língua
judaica.
Veja, tb, que Deus não negocia com
ninguém; p ex: se eu agir como, conforme a lei de Deus, devo agir, nada Ele me
dará em troca; não há troca nenhuma.
Somente depois de muito trabalho, para
nossa cultura ocidental dificílimo, o buscador elimina o ego e, com este, tudo
o mais de “negativo” que possa existir.
A
eliminação do ego produz a experiência de saber quem somos realmente e vamos
perceber, conforme numerosos testemunhos, que “eu e o Pai somos um”. Essa deve
ser a “verdade que liberta”, como disse Jesus, como tb disse: “... e tudo o
mais vos virá por acréscimo”.
A experiência religiosa ou mística nada
tem a ver com religião ou com acreditar ou não em Deus. É verdade que a religião
ou crença poderá despertar a motivação para a busca dessa experiência,
sobretudo qdo se percebe q as medicinas, filosofias, psicologias, ciências,
religiões, enfim, q o mundo não oferece a solução definitiva para os
sofrimentos de humanos e não humanos.
Já vimos q Jung não considerou a “crença”
em Deus como a verdadeira terapia, mas a “experiência” de Deus que,
evidentemente, traz, não uma “crença” em Deus, mas a percepção daquilo que
realmente somos, isto é, “um com Ele”.
Tudo q lemos a respeito de Deus nada tem
a ver com o Deus do Antigo ou do Novo Testamento, nem com o Deus de qualquer
religião; tudo q se escreveu a respeito de Deus não passam de metáforas,
artifícios usados na tentativa de explicar o inexplicável para a mente humana.
Nem mesmo quem chega “lá”, pelo “conhecer a verdade q liberta”, poderá
explicar, pois não há como se fazer essa comunicação. Por isso, quando
perguntavam ao Buda sobre a experiência, ele respondia: “Essas perguntas são
irrelevantes; venha e veja por si mesmo”, como Paulo tb disse “... e lá vi e
ouvi coisas inefáveis”.
E isto nada tem a ver com ser crente ou
descrente; não estamos falando de “fé”, mas de experiência que, afinal, traz,
não fé, mas convencimento absoluto. Vc sabe que, como está dizendo, a fé pessoal
no pastor ou sacerdote, naquele objeto sagrado, naquele tipo de oração ou
procedimento, podem curar; contudo, não traz aquela modificação de consciência,
q acompanhará a pessoa até a morte cerebral, embora possa influir sobre isso.
Essa é uma “experiência de concordância
universal”, conforme notáveis como Einstein e Jung, lembra-se? Nada tem a ver
com curas produzidas por quem quer que seja, como paranormais, passes etc.
E vc está certa; curou o corpo, não a
mente, embora a cura considerada “sobrenatural” possa influir na psique por
muito tempo ou mesmo para sempre. Porém, o curado não teve sua consciência
ampliada ao ponto de se perceber um com Deus. A mente condicionada continua
operando e pronta a outros condicionamentos, como o de crer na cura pela fé. Muitas
curas, como até por orações e sacrifícios podem, apenas, ser como um
refrigerante num dia de calor; o efeito passa e o calor volta.
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