domingo, 26 de junho de 2011

Amigos porq deus criou o homem



Um amigo colocou texto no qual se refere ao porquê dos sofrimentos. Para muitos ou é a ignorancia, ou o mau uso do livre-arbítrio, isto é, se somos maus, orgulhosos, egoístas, viciosos e corruptos sob todos os aspectos, por ignorância nossa ou porque, por nossa livre vontade, desejamos ser maus, egoístas, pervertidos, 0corruptos e viciosos. A doutrina nos adverte que, se praticamos o mal por nossa vontade livre de pratica-lo, a lei denominada de causa e efeito nos alcançará, inevitavelmente, impondo sobre nós penalidades expiatórias que implicam em sofrimentos inomináveis. Outros, inclusive doutrinas, afirmam que a consciência sempre nos alerta, censura e procura nos corrigir.


Então, pergunta-se: se a consciência sempre nos alerta, porque não agimos de acordo com ela? Qual será a razão pela qual não usamos nossa cabeça, nosso raciocínio e discernimento, pois sempre usamos as cabeças dos outros, que tudo já interpretaram de conformidade com seu raciocínio? Porq não pensamos, não questionamos, investigamos, refletimos pois, o que em geral fazemos, é somente aceitar, passivamente, tudo que nos ensinam, pelo fato de confiarmos em suas fontes? A codificação espírita, como o apóstolo dos gentios, sabiamente recomenda estudar os assuntos, pertinentes às nossas dúvidas, à luz de outras doutrinas, mas temos feito isso, temos atendido a essa recomendação?


Vamos a algumas considerações. As consciencias individuais são iguais entre os homens? Aprovam ou censuram seus atos igualmente, de conformidade com os alertas que, hipoteticamente, a mente nos envia?A mente do corrupto, do perverso e pervertido é igual à do honesto, virtuoso, de moral ilibada? Todos sentem, realmente, remorsos pelo que fazem, ou ficam perpetrando novos crimes semelhantes ou mais vantajosos, para a primeira oportunidade? Se podemos escolher entre fazer o bem e fazer o mal, poque escolhemos erradamente se sabemos que fazer o bem nos trará felicidade e que fazer o mal trará infelicidade? Se não sabemos disso, estamos errando por ignorancia. Se sabemos, porque procuraríamos a nossa própria infelicidade?


Contudo, pergunto: nossas escolhas são realmente livres, ou estão totalmente presas às experiências que já tivemos? Pois, observem que sempre decidimos pelo que é mais vantajoso ou benéfico para nós mesmos e/ou para outrem, ou pelo que é mais desvantajoso e maléfico, conforme nossas intenções sejam no sentido do bem ou no sentido do mal. E não escolhemos simplesmente como num jogo de cara-ou-coroa; sempre, antes de fazermos a escolha, analisamos, refletimos, com base naquilo que já conhecemos. Até para uma decisão simples, como a escolha de um lápis, ou para as mais complexas, perigosas e de consequencias incertas, como matar um desafeto, ou declarar uma guerra, planejamos, pesamos as conseqüências e riscos etc, e fazemos tudo isso totalmente ao que já sabemos de acordo com o que a vida já nos ensinou. Portanto, não escolhemos definitivamente livres ou por nós mesmos, mas pelas experiências que já tivemos. Logo, não sendo nossas escolhas livres, como dizer-se que há liberdade de escolha? Devemos refletir a respeito e buscar a resposta mais satisfatória para esta pergunta.


Para não me alongar mais e, dentro da idéia de refletir sobre o tema à luz das diferentes doutrinas, afirmo que a ignorância está, sim, por trás de os nossos atos, pensamentos, imaginação, desejos e medos. Se verdadeiramente não ignorássemos quem somos dentro desse Todo manifestado ou imanifestado; se não ignorássemos as conseqüências de nossos erros, que nos trazem (conforme a DE) reencarnações multiplicadas e dolorosas, recheadas de sofrimentos terríveis e, até mesmo, com eternidades mais alongadas, expiações e castigos; se não ignorássemos como dominar nossos ímpetos de maldade, ódio, ciúmes, inveja, orgulho, egoísmo, não erraríamos, independente de existir ou não essa faculdade de livre-escolha; não existiria ignorância (a única razão de todos e tantos desacertos), nem existiriam todas as mazelas que dela decorrem. Dentro desta colocação, devemos refletir se é a ignorância a causa de todos os erros de todos os homens, sem exceção. Se não é a ignorancia a causa de usarmos de maneira errada a faculdade de livre escolha.


Sempre vemos os homens procedendo desigualmente: uns preferem aceitar provações e outros praticam atos indignos. De que fator decorrem essas desigualdades de procedimentos? Do livre-arbítrio, isto é, da vontade do homem que quer escolher, por vontade própria, ser errado, e trilhar o caminho do mal, ou de seu nível de aprendizado nesta escola, do bem e do mal, que é a vida?


Outro ponto a se refletir: é sequer possível imaginar que um ser presciente, que, portanto, sabe desde sempre, o que cada uma das criaturas planejadas, idealizadas, desenhadas e produzidas por sua infinita sabedoria e perfeição, fará, no futuro, de bom ou de mau, e que, também, sabe o que cada uma, uma a uma, terá que sofrer como conseqüência de seus desacertos, assim mesmo permite que tudo decorra como vemos no mundo?


Pela sua onisciência, já sabe que este terá multiplicadas suas encarnações, muitas com sofrimentos terríveis, e que não se dobrará às leis do amor senão à força de lágrimas e dores e, mesmo assim, o produz?! Porque não refletir sobre isso?


Será que o homem erra, simplesmente porque quer errar, mesmo conhecendo as consequencias dolorosas que virão de seus erros? Erra por sua livre vontade ou porque errar ainda é uma característica de sua natureza? Somos, realmente, nós que nos modelamos o caráter, o discernimento, a compreensão, ou tudo isso é resultante do nível em que estamos nesta escola, do bem e do mal, que é a vida? Não somos, todos nós, cada um, o resultado de todas as causas e efeitos, sem fim, que ocorreram antes de nós? De todas as inumeráveis influencias exercidas sobre nós pelas também inumeráveis experiências/lições pelas quais passamos no dia-a-dia? Somos o que somos, por nossa vontade de sermos o que somos? Ou somos o que somos devido à força das lições que a vida nos ministra a cada instante? Será verdade que alguém é bom, simplesmente, porque quer ser bom? Será verdade que alguém é mau, simplesmente, porque quer ser mau? Ou é a escola da vida que, com todas suas inumeráveis influencias, vinda de suas também inumeráveis lições/experiências, nos faz o que somos? Será que é a escola da vida (as experiências do mundo), que nos coloca no nível de aprendizado em que estamos? Ou estamos nesse nível de ainda errar porque nele queremos ficar? Se acertamos ou erramos conforme tenhamos, nesta escola, aprendido mais ou menos com suas lições, ninguém é responsável ou culpado pelo que faz de errado, pois foi a escola da vida que nos ensinou a agir assim como agimos. Se há um culpado, esse culpado não será a escola, que não permitiu a seu aluno crescer em compreensão e discernimento?


Mais um ponto a refletir: se o Criador prevê o que faremos sempre, é evidente que deixou que o fizéssemos; mas, e a lei que prevê penalidades expiatórias e impõe locais de castigos? Se o Criador nos criou com conhecimento de que suas criaturas apresentariam, no futuro, tremendos defeitos e que trariam aos semelhantes dores e lágrimas, porque elaboraria leis punitivas? Não seria como aquele que sabe que seu filho explorará o semelhante, matará, praticará toda sorte de desgraças e tragédias e, assim mesmo, lhe dá liberdade para fazer tudo isso e, depois, o pune por ter feito tudo isso?! Pois, o Pai sabe, desde sempre, que seremos, embora idealizados por um Criador perfeito, tremendamente imperfeitos. E, mais interessante, se o Criador prevê o que acontecerá com cada um, como sua previsão poderá se modificar, no futuro, e por Ele mesmo? Ou o Criador terá sido surpreendido pelos defeitos de suas criaturas e, a partir daí, iniciasse um procedimento punitivo-corretivo? Este pensamento se harmoniza com a concepção que se faz sobre os atributos de Deus? O supremo amor, justiça, e onisciencia criaria filhos fadados à imperfeição e, depois, os pune por serem imperfeitos? Sabe, desde sempre, o que acontecerá pela imperfeição que possuem, concede liberdade para que aconteça e, depois que aconteceu o que sempre soube que ia acontecer, pune ou permite sofrimentos terríveis para aquele que, desde sempre, sabia que praticaria crimes e absurdos! Onde estariam a sabedoria suprema, a presciência, o poder supremo, os infinitos amor e justiça? Não precisamos refletir sobre estas coisas à luz dos ensinamentos doutrinários? Ou, preconceituosos, nos negamos a questionar, a investigar, a comparar, escolher e tentar compreender?


Abraços.










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