domingo, 13 de novembro de 2011

LIVRE-ARBÍTRIO - AFINAL, TEMOS MESMO LIBERDADE DE ESCOLHA?

Amigos,
Uma amiga colocou texto sugestivo sobre o livre-arbítrio. Mas, para nossa reflexão, pois refletindo podemos melhor entender aquilo q estamos estudando ou de q estamos falando, coloco, aqui, algumas considerações e questões.

É verdade q o tempo todo estamos escolhendo entre várias soluções para qualquer ação nossa, das mais simples às mais complexas. Mas, será mesmo que escolhemos livremente? Que a responsabilidade por decisões erradas é nossa? Será q não fazemos muitas escolhas erradas por ignorância? Vamos refletir um pouco:

Como harmonizar o “livre-arbítrio” com estas palavras de Jesus: “... tudo vem do Alto”, “nenhum poder teríeis se do Alto não vos fosse dado”, “ninguém vem a mim se o Pai q me enviou não o mandar a mim!”; e com estas, de Paulo: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer!”, “... como se tivésseis algum pensamento como de vós mesmos, pois todos eles vêm de Deus!”?

Kardec, “Gênese”, cap III afirma q:... "sendo Deus infinitamente sábio, justo e bom, q ele produz pode ser ininteligente, mau e injusto. Portanto, o mal não tem nele sua origem".

Aqui, uma primeira questão: então, de onde procedem os espíritos? Conforme a DE, são produtos da criação de Deus, e de uma criação “especial” (LE/610: “...o homem, na ordem da criação, é um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo”). Então quais são os outros seres procedem de Deus, e que sejam inteligentes, bons e justos?

Daí se deduz que a espécie humana, criação produzida por Deus, é das mais importantes, concordam?! Mesmo que não seja tão importante, é procedente de Deus. Contudo, procedentes de Deus e produzidas todas iguais, sob todos os aspectos, em que as criaturas divinas se transformam?! Em verdadeiros monstros de perversidade, imorais e amorais, corruptos, destruidores da harmonia da própria criação divina, pedófilos, estupradores, destruidores e exploradores dos semelhantes, criminosos dos crimes mais hediondos, loucos, malignos e, sobretudo, produtores de todo o mal e sofrimento do mundo! E todas essas criaturas são divinas, são produtos de Deus, q nada q produz pode ser ininteligente, mau ou injusto!??!
Quem pode explicar isso? Eu não consigo!

Novamente Kardec, falando da origem do mal:
“Origem essa que procede do próprio homem no exercício do seu livre-arbítrio”.

Cel: Como não pode ser Deus o causador do sofrimento, temos q concluir que a criatura divina, procedente de Deus, é a causa de todos os males, e que, se o homem sofre, é porque agiu erradamente; se é feliz, é porque agiu acertadamente. Assim, o mal não pode proceder de Deus, mas pode proceder da criatura divina que procede de Deus e que, de acordo com a DE, não pode ser má, nem injusta, nem ininteligente. Quem pode explicar isso?

Agora, algumas palavras sobre o livre-arbítrio:
Sem dúvida, se o homem age erradamente, pode prejudicar a si e a semelhantes. É isso que vemos no dia-a-dia, dos mais simples desentendimentos até os conflitos e guerras mais cruéis e destruidoras de tudo que o próprio homem construiu. Aí, conforme as doutrinas, será aplicada a lei de causa e efeito (q, evidentemente, nada tem a ver com a lei homônima da física). Pelas leis divinas, aqueles q não as cumprem, conforme as doutrinas, um dia serão “castigados”, de acordo com o q está nelas estatuído.

Portanto, o homem sofre se age erradamente. Mas, será q esse sofrimento está previsto, como afirmam as doutrinas, numa lei que lhe impõe punição (castigos, q implicam sofrimentos terríveis como vemos no mundo)? Essa explicação de que seu sofrimento vem de sua responsabilidade ou culpa, isto é, que deve sofrer penalidades expiatórias, mesmo que ditas educativo-instrutivas, caberá dentro da idéia de um Criador onisciente, onipotente e de infinitos amor e justiça? De Deus que, por sua onisciência, sabe desde sempre, quando, onde, como e em que circunstâncias “cada uma” das criaturas dele procedentes fará de errado e de certo, relativamente às suas leis, bem como também sabe o que, cada uma, individualmente, sofrerá devido a seus desacertos? Tanto que, de antemão, criou leis e locais para a expiação de seus “pecados”.

Não seria como o fabricante/criador de brinquedos que, mesmo com total e absoluta certeza, de que o brinquedo, por ele idealizado, desenhado e produzido, virá a apresentar numerosos defeitos e, por isso, será perigoso, destruirá, matará, produzirá tantos e tão terríveis sofrimentos, tragédias e desgraças, assim mesmo o produz e o entrega às crianças (q são outros bilhões de brinquedos q, depois de fabricados, também apresentarão defeitos e serão tb causadores de sofrimentos?!).
Agora, a questão: quando surgem os sofrimentos conseqüentes dos defeitos dos brinquedos, q o fabricante ao fabrica-los já sabe q apresentarão,quem é o responsável? O brinquedo ou o fabricante?

Sinceramente, não consigo entender como muitos afirmam q o responsável é o brinquedo e q deve ser punido por isso! Quem pode explicar?

Mas, voltemos ao “livre-arbítrio”. Afinal, o que é o livre-arbítrio? Não será a escolha apoiada naquilo que a escola, do bem e do mal, que é a vida já nos ensinou?

Vejam só um exemplo simples de como nossas escolhas não dependem de um livre-arbítrio, de nossa vontade: você caminha por uma estrada que, de repente, se bifurca; por qual das duas vai continuar? Vc não decide ou escolhe num cara-ou-coroa, nem num estalar de dedos. Sempre vc analisa, por mais simples que seja essa analise, qual a estrada a seguir; a mais vantajosa, a mais sombreada, a que tem menos obstáculos a transpor, a mais curta. E porque vc faz essa análise? Porque, pelas experiências já vividas, vc já aprendeu que deve continuar por aquela cuja ponte está intacta, pela mais sombreada, pela cujo pavimento é melhor etc. Só não age assim o que está desesperado, dementado, descontrolado ou o ignorante e, por isso, pode até continuar sua marcha pela estrada pior, ou cometer absurdos, como vemos no mundo. Mas esses não têm controle, não raciocinam.

Até para escolher entre guloseimas, analisamos: se o apetite é grande, a maior; se não, a que nos parece mais saborosa etc.

Portanto, nossas escolhas são livres; estão sempre presas ao conhecimento, à compreensão anterior, que já temos das coisas e do mundo. E se não são livres, não há livre-arbítrio. Todas as escolhas que fazemos, todas as decisões que tomamos estão totalmente presas ao nosso passado, ao conhecimento que já nos foi ministrado pela escola q é a vida e, assim, portanto, não escolhemos. Do mesmo modo acontece em todos os aspectos da vida individual ou coletiva. Sempre, qualquer decisão ou escolha (mesmo para as provas de uma nova vida, conforme os reencarnacionistas), depende do conhecimento q já temos pelas experiências anteriormente adquiridas. Nunca a escolha é livre.

Talvez, por isso o apóstolo Paulo tenha afirmado: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer”. Como conseqüência dessas palavras, se nem pensamento, nem desejos, nem o q fazemos são responsabilidade nossa, nossas obras também não são. Tanto q Paulo (talvez para q ninguém estranhe q sofremos mesmo q as obras más não sejam nossas) ainda disse: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”.  Os sábios e mestres afirmam: "aquele q pensa q escolhe é imaturo" e, hoje, a ciencia quântica, assegura: "a escolha não é nossa!".

Não é preciso refletir?

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