sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ENFIM

(23) ENFIM (Dez 2007)



(jcl, rp, 12/02)



Após anos e anos, aquela busca cessou.

Hoje, não mais a prece, o pedido, o apelo. Há, sim, ainda, a escuridão do ser. Para esta, só o percebimento final é solução. Hoje, o ser sabe que não é preciso ir em busca do perfeito, pois tudo o é (como cantavam os monges, em Campinas: “Do perfeito tirando o perfeito, o que resta é perfeito”).

Não mais é preciso o esforço, o motivo, o controle, a obstinação. A partir de agora, o ser sabe que “é”. Apenas aguarda a “coisa”, que ela se manifeste sem que se espere com ansiedade. É, como disse Krishnamurti, “limpar o quarto e deixar a janela aberta para que ‘ela’, de repente, adentre” enchendo o ser de luz. Adentre o ser e faça cessar o “eu” com a manifestação do divino. Quando o ‘eu não é, Deus é’.

Esta, hoje, é a espera, mas espera sem descontrole, pois tudo está certo. Não mais receio do erro, de suas conseqüências, do carma; não mais espera de nova encarnação. O ser não cessa, não morre; apenas altera seu modo de ser em um novo e desconhecido estado de existir. Fundido com o todo, integrado com o micro e com o macrocosmo, e além, esse o vir-a-ser.

Todos somos um. A ilusão da separação, de que você é você, eu sou eu, ele é ele, cessará com o percebimento da verdade. O sofrimento do tempo e do espaço se transformará em poeira, lá atrás, longe e imerso nas sombras da ilusão a que sempre pertenceu.

O alto chegará quando quiser. Não há previsão, não há certeza, mas já o ser está lá, aqui, em todo lugar. Somente não temos consciência dessa verdade porque o tecido cinzento é obstáculo à percepção; o ego é parede, muro, cortina, impedimento. E está repleto de conhecimentos limitados, condicionamentos, vícios e ilusões, trazidos pelo tempo.

Porém, a escolha não é nossa, nem do tempo, nem do lugar; e para a chegada da luz, aparentemente, para nós, não há razões nem motivos.

O ser já está lá, aqui, em todo lugar,

Pois o ser é o Ser, infinito e eterno.

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