sábado, 20 de novembro de 2010

SOMOS "MÁSCARAS" DE DEUS

Somos “máscaras” de Deus.


Soa estranho dizer que somos a própria divindade. Mas, é o que os místicos e os iluminados sempre afirmaram, como também Jesus também ao dizer “eu e o Pai somos um”. As grandes tradições místicas orientais ensinam que somos apenas “máscaras de Deus”. Que somos, biologicamente, fisicamente, diferentes uns dos outros; diferentes na aparência, no modo de ser, mas que dentro de nós está o próprio Deus, único ator neste mega-drama universal que é a nossa vida de todos os dias.

É difícil para nós, ocidentais, entender estas afirmações; e é difícil porque tudo que “sabemos” sobre Deus e sobre nós são apenas crenças, idéias e opiniões que as religiões populares nos comunicam. Será que podemos afirmar, sem nenhuma dúvida, que a idéia que temos, hoje, sobre nós e sobre Deus é cem por cento correta? Se fosse correta, como é que poderíamos explicar a existência de tantas religiões, seitas e crenças com doutrinas tão diferentes? Estariam, então, todas corretas, com todas suas diferenças, ou só estão corretas na interpretação de seus seguidores? E, de todas elas, cada uma se diz a única certa!

Para nós, ocidentais, dizer que somos Deus, parece blasfêmia. A crença católica, como a evangélica, a espírita e outras, ensinam que nem mesmo somos capazes de nos aproximar de Deus, porque estamos cheios de pecados e imperfeições. Enquanto isso, as revelações trazidas pela meditação, de milênios, ensinam ao místico que desde sempre somos a própria divindade (“eu e o Pai somos um”); que nosso trabalho, para nos libertarmos da ignorância e do sofrimento, é, como afirmou Jesus, perceber, ou melhor, conhecer essa verdade. ( “...e a verdade vos libertará”).

Por isso, dizem os grandes sábios, a única saída desta babel de incertezas, ignorância e sofrimentos em que estamos mergulhados é a solução dos místicos: é buscar a percepção que eles buscaram, conhecer a verdade que eles conheceram, a “verdade que liberta”, como disse Jesus. É o “conhece-te a ti mesmo”, o “auto-conhecimento”, dos antigos filósofos gregos. E essa busca é possível pela meditação.

Mas, quando falamos de místicos, estamos falando de místicos de todas as denominações porque qualquer e toda denominação cessa ao se conhecer a verdade. Todas as “religiões” do Ocidente e do Oriente, cristianismo, judaísmo, budismo, bramanismo, todos os numerosos “ismos”, isto é, quer sejam religiões populares ou tradições sérias buscadoras da “re-ligação” com a divindade, perdem as características que as tornam diferentes umas das outras, e “se fundem numa única compreensão perfeita e universal” quando se tem o conhecimento da verdade; isto é, quando se tem a extraordinária percepção de que “eu e o Pai somos um”.

Grandes homens falaram dessa experiência. É tão extraordinária que foi exaltada por todos os que por ela passaram como a experiência mais sublime que o ser humano pode ter. Jung, o psiquiatra, usou palavras semelhantes, e Jesus a considerou a pérola, o tesouro que quem encontra “vende tudo o que tem”, isto é, desiste de tudo o mais, e “compra aquele campo”. Jesus chegou até a afirmar que, “quem não abandona pai e mãe para segui-lo”, isto é, para buscar essa experiência, “não é digno dela”, com essas palavras fazendo ver que esse “tesouro” é muito mais importante do que qualquer outra coisa, do que qualquer outro bem, conquista ou posse.

Outros, como (Santa) Teresa de Ávila, afirmaram que “comparado com essa experiência, tudo mais é lixo”; Krishnamurti, o sábio indiano contemporâneo, ensinou que “tudo o mais é fútil e infantil”; e um poema Zen assegura que, “se você já esteve lá”, isto é, se você já teve a experiência, “como lhe parecem sem importância todas as outras coisas”.

Maharish Maharesh Yogi, o homem que trouxe, para o Ocidente, a Meditação Transcendental, afirma que, enquanto não temos essa experiência, somos, ainda, meramente “subumanos”, e Krishnamurti diz que a vida só tem significado quando chegamos “lá”. Por isso, com razão, Jesus aconselhou que devemos “em primeiro lugar” buscar Deus; disse que, conhecida a verdade, de nada mais necessitamos. Vamos perceber, então, que a morte não existe e que não há necessidade de salvação, pois que desde sempre estamos salvos porque “eu e o Pai somos um”.

Vejam bem: o Deus das religiões populares, das religiões organizadas, é o Deus dos rituais e das cerimônias; é o Deus “inatingível”, ou só “atingido” pelos “privilegiados”, os perfeitos ou os chamados “santos”. É o Deus que está longe de nós, num céu hipotético; ele lá, nós aqui; que, num julgamento também hipotético, premia os seres humanos que obedecem a suas leis, e pune aqueles que não obedecem; é o Deus que não consegue derrotar o mal (ou sua representação, o diabo), que é sua criatura (pois, conforme as escrituras, Deus é o criador de todas as coisas e tudo o que foi criado, por Ele o foi ), e o mal, contra a vontade do seu criador, leva com ele inúmeras almas, mostrando que, nem sempre, Deus tem poder sobre o mal. Esta é a visão que as religiões populares, as religiões ocidentais, em geral, têm de Deus. Não é uma visão pobre e mesquinha?

Ao passo que o Deus real é o Deus que não conhecemos (há religiões, no Oriente, que lhe dão mais de “mil” nomes, pois nenhum o representa); é o Deus que, como pensamos, criou o Universo, criou todas as coisas que existem; que não elege um povo para explorá-lo; que está em todo lugar, não longe de nós, mas dentro e fora de nós, como afirmaram Jesus, Paulo e outros; é o Deus que opera todas as coisas; que cria e destrói incessantemente e que, como ensinam os sábios, podemos vir a conhecer desde que nos esqueçamos de nós mesmos, nos momentos de meditação.

Esse é o Deus que não está só nas palavras dos sacerdotes e ministros, ou nos templos; nem nos rituais, cerimônias e orações; é o Deus cujo percebimento nos revela, como disse Jesus, a verdade de que “eu e o Pai somos um”. É o Deus que está dentro de nós e que, assim, não precisamos de intermediários, como “santos”, sacerdotes, gurus, pastores, espíritos, mentores e médiuns para alcançá-lo. É o Deus, cujo percebimento, liberta o homem de toda ignorância, nos coloca numa condição de extrema felicidade, amor incondicional e sabedoria, e nos liberta de todos os sofrimentos, como afirmam os místicos e como afirmou Jesus.

Analisem e reflitam.

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