(15) FÍSICA QUÂNTICA E ESPIRITUALISMO (1991)
(Uma pálida
idéia)
A nova ciência, a mecânica
quântica, trouxe revelações que exigem q todas as doutrinas e religiões se
manifestem a respeito, pois veio nos mostrar o verdadeiro papel do homem na
criação e neste universo sem fim. No entanto, já decorridos cem anos, nenhuma
se manifestou. Talvez isso se deva ao receio do impacto q tais revelações
causariam em seus adeptoa, ou de terem de modificar suas premissas básicas.
Muitas das descobertas
anteriores, da física clássica, devem ser, como afirmou Eisntein novamente
interpretadas.
Um elétron pode estar em ‘mais’
de um lugar ao mesmo tempo; os experimentos da física moderna são inequívocos a
esse respeito.
- A ciência clássica,
cartesiana (anterior), desenvolveu-se de acordo com a suposição fundamental de
que existe, fora do observador, uma realidade real, objetiva, que seria algo
sólido, constituído de coisas que possuem atributos, como massa, peso, carga
elétrica, momentum, posição no espaço, spin, inércia, energia, cor, existência
contínua através do tempo, etc. No entanto, tais coisas e todo o universo, de
acordo com a nova física, não existem sem que algo lhes perceba a existência; e
esse algo é a mente de seres sencientes.
- É errado supor que um
elétron seja um pontinho imponderável de matéria; isso porque, em certas
ocasiões, ele é uma nuvem composta de um número infinito de possíveis elétrons,
ondulando como uma onda e capaz de mover-se em velocidades superiores à da luz,
desmentindo o postulado de Einstein sobre a velocidade. Tais possíveis elétrons
parecem uma única partícula somente quando os observamos.
- No átomo, um elétron,
quando perde energia, salta de uma órbita mais afastada do núcleo para uma mais
próxima. Contudo, ele não passa pelo espaço entre uma órbita e a outra;
simplesmente desaparece da mais elevada e aparece na outra.
- Resultados de observações
sobre dois elétrons correlacionados, mesmo que separados por distâncias
imensas, demonstram que forçosamente deve haver entre eles alguma conexão que
permite que a comunicação entre eles se mova mais rápida que a luz. Como,
conforme Einstein, nenhuma velocidade pode ser maior que a da luz (300 mil km
por segundo) dentro do espaço-tempo, pode-se afirmar que essa comunicação
ocorre além do espaço-tempo, logo no domínio do atemporal, no domínio
transcendental.
- Em suma, há um número
grande demais de provas demonstrando que o mundo objetivo, que costumamos
considerar a realidade final é, apenas, ilusão do nosso pensamento, do nosso
ego. E não podemos esquecer que todo o conhecimento do homem, em todas as
áreas, tem como alicerce essa suposição que, agora, por inumeráveis e
inquestionáveis experimentos da nova física, sabe-se ser ilusória.
- Ainda mais, o universo é
autoconsciente. Pela física anterior, cartesiana e newtoniana (de Descartes e
Newton), a consciência, a mente, era considerada apenas um subproduto da
matéria cerebral; logo, o cérebro é que criaria a consciência. Hoje, pela nova
física, sabe-se que é a consciência que cria o cérebro e todo o mundo material.
- A consciência é algo
transcendental, portanto não-local, e está em tudo, tanto no espaço-tempo
quanto além, no atemporal; a consciência é tudo.
- Consciência é o agente que
afeta os objetos quânticos para lhes tornar o comportamento apreensível aos
nossos sentidos; a consciência focaliza esses objetos, ondas de probabilidades,
de modo que podemos observá-los como partículas, ou coisas, em um único lugar.
- Um objeto quântico pode
estar em mais de um lugar ao mesmo tempo (propriedade da onda); o objeto
quântico se manifesta na realidade comum só quando o observamos e, com isso,
provocamos o colapso da onda de energia (?), que, instantaneamente, se
apresenta como partículas ou objetos; um objeto quântico deixa de existir aqui
e simultaneamente passa a existir ali, e não podemos dizer que ele passou
através do espaço interveniente (o salto quântico); a manifestação de um objeto
quântico, ocasionada por nossa observação, influencia simultaneamente seu
objeto gêmeo correlato pouco importando a distância entre eles (ação quântica
instantânea à distância).
- A consciência é o
fundamento de todo ser, incluindo a matéria. Tudo existe na consciência e é por
ela manipulado. Ela organiza o mundo e lhe dá significado. Mas, para isso,
necessita da observação produzida por uma mente senciente (cérebro/mente).
-O experimento das duas fendas:
-O experimento das duas fendas:
(Na internet, no final
da página da 'Wilkpedia' referente a esse experimento, explicado pelo 'Dr.
Rabbit', está a pergunta:
'E o q tem um observador a
ver com isso?' e, em seguida, vem a resposta: 'Um observador colapsa a
função de onda simplesmente... por observar'.
A simples observação
modifica a natureza. Não havendo um observador não há o colapso da função
de onda e, em conseqüência, não há manifestação de partículas, ou seja, de
matéria. Por aí se vê q, não existindo um ser senciente observando, tudo
continua apenas como ondas; não haverá nem mesmo um universo como o conhecemos.
Isso não merece uma reflexão mais profunda? Não indica q o ser humano (e todos
os seres sencientes) é necessário para q tudo que aí está à nossa frente
exista? A consciência do ser senciente, através da observação deste, é que
realiza o processo final da criação determinada por aquilo a que denominamos
Deus. Isso não está mostrando que nós somos muito mais do que as religiões e
crenças populares apregoam? A consciência 'localizada' (nós) completa a
criação da consciência 'não localizada', isto é, da Consciência
Universal. Isso não está mostrando que nossa consciência complementa, completa,
faz parte ou é a própria consciência de Deus? O que acham disso?
- Sob observação, o objeto
quântico deixa de ser onda e se comporta como partícula (de matéria). Mesmo a
objetos macroscópicos, como a Lua, por exemplo, a mecânica quântica prevê
basicamente idêntico comportamento, com a diferença de que, nesse caso, o
espalhamento do pacote de ondas é imperceptivelmente pequeno (nunca zero) entre
as observações.
- Para cada evento, questão,
fenômeno, problema, existe o que é chamado pela quântica de superposições
coerentes, isto é, um número, considerado infinito, pelos sábios, de
possibilidades de soluções para aquele mesmo problema (o campo das infinitas
possibilidades, de Maharish Marresh Yogi). Por isso, todo evento de observação,
que é o que produz o colapso da onda de probabilidades localizada fora do
espaço-tempo, é potencialmente criativo e pode desvendar, sempre, novas
possibilidades, respostas criativas, diferentes das conhecidas às quais nossa
mente-localizada está habituada, e, por isso, condicionada.
- A observação faz com que o
pacote de ondas entre em colapso e se torne partículas localizadas. Assim, o
sujeito (observador) e o objeto (coisa observada) estão inextricavelmente
misturados, ligados; não havendo observador, não há coisa observada, porque não
há colapso; não havendo coisa observada, não há observador. Vê-se, pois, que,
para que o universo se manifeste, o cérebro-mente é necessário; logo, nós, e todos os seres dotados de cérebro e
mente, somos necessários.
Assim, disse Krishnamurti:
“Como a Mente é vazia, existe o cérebro no espaço e no tempo”.
- A consciência é a
realidade única e final. Além dela, tudo é ilusão. Todo o universo sobre o qual
pensamos e falamos nada mais é que ilusão, Maya, conforme o Vedanta. O todo é
Brahman, Deus, a consciência absoluta, total, que existe além do alcance de
Maya. Nada mais existe além da consciência.
- Como apenas existe uma
mente, uma consciência, a separatividade entre seres e coisas é nada mais que
ilusão. Somos, todos nós, apenas uma mente, uma consciência, embora pareçamos
muitas (“Eu e o Pai somos um”).
- Como não há separação
entre seres e coisas no universo, somos todos uma só coisa; logo não existe
duas coisas como eu e Deus. Por isso disse Shankara: “Eu sou a realidade sem
começo e sem fim. Não participo da ilusão ‘eu’ e ‘tu’, ‘isto’ e ‘aquilo’. Eu
sou Brahman, o um sem segundo, a bem-aventurança sem fim, a verdade eterna,
imutável. Eu resido em todos os seres como consciência pura, o fundamento de
todos os fenômenos internos e externos. Eu sou o que desfruta e o que é
desfrutado. Nos dias de minha ignorância eu costumava pensar nessas coisas como
separadas de mim. Hoje sei que sou tudo”. E disse Ekhart, místico cristão: “Percebo
que Deus e eu somos um só”. E Jesus: “Eu e o Pai somos um”. E a ciencia
quântica: “Sé existe uma consciência e nós somos essa consciência”.
- A experiência da unidade,
quebrados os véus da separatividade, abre as portas para uma transformação do
ser (iluminação) que gera amor, compaixão, sabedoria, e liberta o homem da
ilusão da separatividade adquirida e dos apegos compensatórios aos quais nos
agarramos (poder, riqueza, sexo, drogas, afetos, ilusões, crenças, religiões
etc.). Tais apegos, nós os procuramos para preencher nosso vazio interior, nascido
de nossa vida sem significado. Como disseram os mestres, somos ainda sub-humanos;
nossa vida só adquire significado quando percebermos que somos muito mais que o
ego (percepção que vem do auto-conhecimento proporcionado pela meditação).
- Como é que não podemos
amar incondicionalmente a todos se só há uma consciência e sabemos que não
estamos separados porque somos essa única consciência?
- O dualismo Deus-mundo não
resiste ao exame científico. A nova física destruiu o realismo materialista
construído pela física cartesiana. Amit Goswami argumenta que o idealismo
monista, advindo da unidade de consciência, é não só compatível com a física
quântica, mas até essencial para sua interpretação, tanto que os paradoxos da
nova física desaparecem quando examinados do ponto de vista do idealismo
monista, explicando mesmo questões como pluralidade aparente de consciências e
transcendência.
- De conformidade com a nova
física, o processo fundamental da Natureza reside fora do espaço-tempo, gerando
eventos que neste se localizam, desde que haja observação. Fora do espaço-tempo
tudo é transcendência, é estar em parte alguma e em toda parte, no aqui-agora
eterno.
- Os objetos quânticos são
simultaneamente onda e partícula; mas nunca podemos observar o aspecto onda de
um elétron, pois nunca se manifesta no espaço-tempo; nem é partícula, porque
esta aparece, nos experimentos, em locais proibidos às partículas. Logo, a
física quântica diz que o objeto quântico não é onda nem é partícula, o que
lembra as explicações do budismo Mahayana: “Ele ‘não existe’ e ‘não não existe’,
simultaneamente. Nem ele existe, nem ele não existe”.
- O observador (todos os
seres sencientes) está inescapavelmente envolvido em fazer que aconteça aquilo
que parece estar acontecendo, porque só com sua observação há manifestação no
espaço-tempo; sem observação nada existe.
- Escolhemos o resultado
específico que se manifesta; os fenômenos são apenas prolongamento de nós
mesmos. Mas, segundo os novos físicos, e as tradições de misticismo orientais,
nada escolhemos como indivíduos. A escolha é da consciência unitiva
(consciência total, Deus), que necessita da observação do cérebro-mente para
que o escolhido se manifeste; a observação conclui o processo da escolha
atemporal.
- Quando observamos, o mundo
se torna objetivo. Quando não observamos, nem a nós mesmos, tudo é um.
- Nós, seres conscientes,
não temos consciência; é a consciência que nos tem. Ela tudo abrange, do micro
ao macrocosmo; no espaço-tempo e além.
- Nós não estamos
conscientes de nosso corpo o tempo todo. Na verdade, em circunstâncias comuns,
temos pouquíssima consciência de nós mesmos; de vez em quando temos consciência
de estarmos vivos. Noutras palavras, nesses momentos, nós pensamos em nós
mesmos. Nessas ocasiões, nossa função de onda entra em colapso e sentimos que
existimos. Entre essas ocasiões, nossa função de onda se expande em
superposições coerentes no domínio transcendental.
- Aquilo que parece
continuidade, para um ser humano que observa a si mesmo, o fato de existir, é,
na realidade, uma miragem que consiste de numerosos colapsos descontínuos (como
num filme, no qual as imagens são descontínuas mas, pela sua velocidade, nos
dão a impressão de que são contínuas) isto é, nós, como todos os objetos
quânticos (e todos os objetos são quânticos), quando nos observamos ou somos
observados, somos corpo-mente; quando não observados, somos apenas ondas de
probabilidades coerentes na imensidade do domínio transcendental (Krishnamurti:
um novo estado de existir).
- A consciência escolhe entre
alternativas coerentes quando manifesta a realidade material. O colapso é um
processo de escolha e reconhecimento por um observador consciente; mas não é
que cada um ser humano escolha a seu prazer, pois assim o mundo seria uma
confusão; sendo a consciência uma só, só há um observador senciente: a própria
consciência, aquilo que denominamos o Absoluto, o Todo, Brahman, Deus. Nós,
mentes localizadas, completamos a operação com nossa observação.
- A separatividade é
resultado do colapso. Só depois deste é que passam a existir objetos, apenas
aparentemente separados. Deve-se pensar em objetos quânticos como objetos em
potencial (ondas no domínio não-local da realidade que transcende o
espaço-tempo, e que podem se manifestar no espaço-tempo). Antes do colapso,
nada existe no mundo da relatividade.
- Nós somos a consciência
não-local apenas sutilmente velada, mas por um véu que pode ser penetrado em
extensões variadas, como testemunharam místicos através dos tempos. Tal véu é
produzido pelo que é chamado de hierarquias entrelaçadas, dois níveis de
consciência que se confundem: a primária, absoluta, não-localizada, e a
secundária, localizada em cada um.
- A iluminação, samadhi,
nirvana, satori, é a percepção da consciência não-localizada, total, primária,
e isso só acontece através do salto quântico, um salto para fora do sistema
habitual, do condicionamento, fato que proporciona tal poder de criatividade
que a consciência se vê a si mesma. É o topo, o ápice do autoconhecimento,
quando ficamos conhecendo aquilo que realmente somos (o “conhece-te a ti mesmo”,
dos antigos sábios gregos).
- O universo existe como
‘potência’ informe em uma miríade de ramos (possibilidades), no domínio
transcendente, que se torna manifesto quando, e somente quando, observado por
seres sencientes.
- Para que a inteligência
possa operar, o acionamento de um neurônio tem de ser acompanhado pelo
acionamento de numerosos neurônios correlatos, a distâncias macroscópicas (até 10 cm , que é a largura do
tecido cortical), fato que ocorre com velocidades além da velocidade da luz.
Para que isso aconteça, é preciso que correlações não-locais existam no nível
molecular do nosso cérebro, nas suas sinapses. Desse modo, até mesmo o
pensamento comum depende da natureza dos eventos quânticos, e é um evento
quântico.
- Os objetos quânticos
macroscópicos, quando não observados permanecem na função de onda, apresentando
espalhamento mínimo; por isso aparentam continuidade e apresentam memória; esse
fato, entre outros, é responsável pelo surgimento da identidade do ‘self’”
pessoal. Nosso cérebro, objeto quântico macroscópico, possui memória devido ao
espalhamento mínimo da onda, quando não observado; os objetos microscópicos não
a possuem, pois seu espalhamento é total e sua manifestação, no espaço-tempo, é
instantânea, regenerando-se imediatamente; e, por isso, não guardam registro (memória)
das experiências pelas quais passou.
- Um elétron ou outra
partícula quando sob observação, pode estar aqui ou ali; quando não observado
pode estar em qualquer ponto do universo. Há inúmeras provas de experimentos a
esse respeito; por exemplo, o experimento das ‘duas fendas’; um anteparo com
duas fendas mostra que um fóton ou um elétron só se manifesta como partícula
quando observado por uma mente senciente; quando não observado, ele não se
manifesta no espaço-tempo, continuando como onda de energia.
- A consciência escolhe o
resultado do colapso em todo e qualquer sistema quântico, o que quer dizer que
a consciência unitiva escolhe. Uma vez que nossa experiência é consciente, nós
escolhemos nossas experiências conscientes, embora permaneçamos inconscientes
do processo subjacente. É essa inconsciência que leva à separatividade
ilusória, à identidade com o ‘eu’ do self, em oposição ao ‘nós’, ou ‘Eu’, da
consciência unitiva.
- Na hierarquia entrelaçada,
os níveis estão tão misturados que não podemos identificar os diferentes níveis
de consciência. Confundimos a consciência local com a não-local. Por isso
ficamos presos na ilusão de que existe um ‘eu’ separado dos demais ‘eus’, e
separado do universo manifestado e da consciência total.
- É a descontinuidade ou
oscilação instantânea e contínua entre um nível e outro, entre manifestação de
partículas e não-manifestação, que nos impede de ver através do véu. Como vemos
o mundo do ponto de vista e referência de nosso cérebro (visão e audição,
particularmente), temos a ilusão de que somos um ‘eu’ separado, que estamos
aqui, dois a cinco centímetros atrás do ponto médio entre as sobrancelhas.
Contudo, a ciência quântica, como as tradições místicas, concorda em que não há
um ‘eu’ pessoal; o ego é apenas uma referência para uso prático, como afirmou
Schroedinger, um dos pais da física quântica.
- Para desfazer essa ilusão
temos de saltar para fora do sistema do espaço-tempo, ao qual estamos
condicionados, e passar para o nível puro, inviolado, a consciência total (o
que pode ser possível através da meditação). O ‘eu’ existe devido à ilusão
proporcionada pelo cérebro, de cujo ponto de vista experimentamos o mundo (q é o
‘não eu’).
- O ‘eu’ é conseqüência,
portanto, de uma hierarquia de níveis entrelaçados embora nossa consciência
seja a mesma consciência do Ser que está além da divisão sujeito-objeto. Não
há, no universo, outra consciência. O self da auto-referência e a consciência
da consciência original, primária, constituem, juntos, o que chamamos de
autoconsciência.
- É a aparência do mundo da
manifestação que nos leva à experiência de um self pessoal individual, ou
sujeito, separado dos objetos aparentes. Mas, sujeito e objeto manifestam-se
simultaneamente no instante do colapso do estado quântico do cérebro-mente, o
que produz tanto o cérebro-mente quanto os objetos ‘lá fora’. Sem colapso não
há mundo manifestado, nem cérebro-mente para perceber, nem objetos para serem
percebidos, portanto, nem sujeito, nem objeto, nem observador, nem coisa
observada. Enquanto o cérebro não entra em colapso, o sujeito-observador e o
objeto-coisa observada são uma coisa só: o todo.
- O ego é o local onde
acontece a auto-referência de todo o universo (como disse Krishnamurti: ‘por
ser a mente vazia, existe o cérebro no espaço e no tempo’, isto é, existimos
para preencher a mente total, somos os olhos e ouvidos do Absoluto). Em nós, o
universo divide-se em dois: a parte do universo que vê e a parte do universo
que é vista; isto é, o sujeito que observa e o objeto que é observado, ambos
ilusórios.
- O
mecanismo de observação-medição do cérebro cria uma memória de cada colapso,
isto é, de todas as experiências que temos como reação a um dado estímulo. Se o
mesmo, ou um estímulo semelhante, é reapresentado, o registro do cérebro
reproduz a velha memória. Esta reprodução torna-se um estímulo secundário para
o sistema quântico cérebro-mente, que responde em seguida. O sistema mede
a nova resposta e assim continua. Essa interação repetida de
observações-medições ocasiona uma mudança fundamental no sistema quântico
cérebro-mente e este perde seu caráter regenerativo. (Todo sistema quântico tem
características regenerativas instantâneas; daí serem sempre e sempre sistemas
novos e sem memória; no entanto, como o cérebro perde seu caráter regenerativo
em face da repetição de estímulos e dos estímulos denominados secundários, o
cérebro que, como todo sistema quântico não tem memória, passa a tê-la, advindo
daí a ilusão de um ‘eu’ que tem continuidade no tempo e é separado dos demais
‘eus’, no espaço e no tempo).
- Antes que a resposta a um
dado estímulo se torne condicionada, antes que nós a experimentemos pela
enésima vez, o conjunto de probabilidades, as superposições coerentes, entre as
quais a consciência escolhe a resposta, abrange os estados mentais comuns a
todas as pessoas, em todos os lugares, em todos os tempos. Com o aprendizado,
porém, as respostas condicionadas tendem a, gradualmente, ganhar mais peso
probabilístico do que as outras respostas não repetidas. Esse é o processo de
formação dos comportamentos condicionados, aprendidos e conservados na memória
de cada indivíduo. Uma vez aprendida uma tarefa, em todas as situações que a
envolvam estará presente, em quase cem por cento, a probabilidade de que uma
memória correspondente desencadeie uma resposta condicionada, impedindo as
respostas criativas, novas, que a consciência traz. Livrando-se do
condicionamento, o homem poderá ter soluções criativas, não experimentadas
antes, e poderá ter despertados, em si mesmo, o amor, a compaixão e a
sabedoria.
- O universo existe como
‘potência’ informe em uma miríade de ramos (possibilidades), no domínio
transcendente, que se torna manifesto quando, e somente quando, observado por
seres sencientes.
- Para que a inteligência
possa operar, o acionamento de um neurônio tem de ser acompanhado pelo
acionamento de numerosos neurônios correlatos, a distâncias macroscópicas (até 10 cm , que é a largura do
tecido cortical), fato que ocorre com velocidades além da velocidade da luz.
Para que isso aconteça, é preciso que correlações não-locais existam no nível
molecular do nosso cérebro, nas suas sinapses. Desse modo, até mesmo o
pensamento comum depende da natureza dos eventos quânticos, e é um evento
quântico.
- Os objetos quânticos
macroscópicos, quando não observados permanecem na função de onda, apresentando
espalhamento mínimo; por isso aparentam continuidade e apresentam memória; esse
fato, entre outros, é responsável pelo surgimento da identidade do ‘self’”
pessoal. Nosso cérebro, objeto quântico macroscópico, possui memória devido ao
espalhamento mínimo da onda, quando não observado; os objetos microscópicos não
a possuem, pois seu espalhamento é total e sua manifestação, no espaço-tempo, é
instantânea, regenerando-se imediatamente; e, por isso, não guardam registro
(memória) das experiências pelas quais passou.
- Um elétron ou outra
partícula quando sob observação, pode estar aqui ou ali; quando não observado
pode estar em qualquer ponto do universo. Há inúmeras provas de experimentos a
esse respeito; por exemplo, o experimento das ‘duas fendas’; um anteparo com
duas fendas mostra que um fóton ou um elétron só se manifesta como partícula
quando observado por uma mente senciente; quando não observado, ele não se
manifesta no espaço-tempo, continuando como onda de energia.
- A consciência escolhe o
resultado do colapso em todo e qualquer sistema quântico, o que quer dizer que
a consciência unitiva escolhe. Uma vez que nossa experiência é consciente, nós
escolhemos nossas experiências conscientes, embora permaneçamos inconscientes
do processo subjacente. É essa inconsciência que leva à separatividade
ilusória, à identidade com o ‘eu’ do self, em oposição ao ‘nós’, ou ‘Eu’, da
consciência unitiva.
- Na hierarquia entrelaçada,
os níveis estão tão misturados que não podemos identificar os diferentes níveis
de consciência. Confundimos a consciência local com a não-local. Por isso
ficamos presos na ilusão de que existe um ‘eu’ separado dos demais ‘eus’, e
separado do universo manifestado e da consciência total.
- É a descontinuidade ou
oscilação instantânea e contínua entre um nível e outro, entre manifestação de
partículas e não-manifestação, que nos impede de ver através do véu. Como vemos
o mundo do ponto de vista e referência de nosso cérebro (visão e audição,
particularmente), temos a ilusão de que somos um ‘eu’ separado, que estamos
aqui, dois a cinco centímetros atrás do ponto médio entre as sobrancelhas.
Contudo, a ciência quântica, como as tradições místicas, concordam em que não
há um ‘eu’ pessoal; o ego é apenas uma referência para uso prático, como
afirmou Schroedinger, um dos pais da física quântica.
- Para desfazer essa ilusão
temos de saltar para fora do sistema do espaço-tempo, ao qual estamos
condicionados, e passar para o nível puro, inviolado, a consciência total (o
que pode ser possível através da meditação). O ‘eu’ existe devido à ilusão
proporcionada pelo cérebro, de cujo ponto de vista experimentamos o mundo (q é
o ‘não eu’).
- O ‘eu’ é conseqüência,
portanto, de uma hierarquia de níveis entrelaçados embora nossa consciência
seja a mesma consciência do Ser que está além da divisão sujeito-objeto. Não
há, no universo, outra consciência. O self da auto-referência e a consciência
da consciência original, primária, constituem, juntos, o que chamamos de
autoconsciência.
- É a aparência do mundo da
manifestação que nos leva à experiência de um self pessoal individual, ou
sujeito, separado dos objetos aparentes. Mas, sujeito e objeto manifestam-se
simultaneamente no instante do colapso do estado quântico do cérebro-mente, o
que produz tanto o cérebro-mente quanto os objetos ‘lá fora’. Sem colapso não
há mundo manifestado, nem cérebro-mente para perceber, nem objetos para serem
percebidos, portanto, nem sujeito, nem objeto, nem observador, nem coisa
observada. Enquanto o cérebro não entra em colapso, o sujeito-observador e o
objeto-coisa observada são uma coisa só: o todo.
- O ego é o local onde
acontece a auto-referência de todo o universo (como disse Krishnamurti: ‘por
ser a mente vazia, existe o cérebro no espaço e no tempo’, isto é, existimos
para preencher a mente total, somos os olhos e ouvidos do Absoluto). Em nós, o
universo divide-se em dois: a parte do universo que vê e a parte do universo
que é vista; isto é, o sujeito que observa e o objeto que é observado, ambos
ilusórios.
- O
mecanismo de observação-medição do cérebro cria uma memória de cada colapso,
isto é, de todas as experiências que temos como reação a um dado estímulo. Se o
mesmo, ou um estímulo semelhante, é reapresentado, o registro do cérebro
reproduz a velha memória. Esta reprodução torna-se um estímulo secundário para
o sistema quântico cérebro-mente, que responde em seguida. O sistema mede a
nova resposta e assim continua. Essa interação repetida de observações-medições
ocasiona uma mudança fundamental no sistema quântico cérebro-mente e este perde
seu caráter regenerativo. (Todo sistema quântico tem características
regenerativas instantâneas; daí serem sempre e sempre sistemas novos e sem
memória; no entanto, como o cérebro perde seu caráter regenerativo em face da
repetição de estímulos e dos estímulos denominados secundários, o cérebro que,
como todo sistema quântico não tem memória, passa a tê-la, advindo daí a ilusão
de um ‘eu’ que tem continuidade no tempo e é separado dos demais ‘eus’, no
espaço e no tempo).
- Antes que a resposta a um
dado estímulo se torne condicionada, antes que nós a experimentemos pela
enésima vez, o conjunto de probabilidades, as superposições coerentes, entre as
quais a consciência escolhe a resposta, abrange os estados mentais comuns a
todas as pessoas, em todos os lugares, em todos os tempos. Com o aprendizado,
porém, as respostas condicionadas tendem a, gradualmente, ganhar mais peso probabilístico
do que as outras respostas não repetidas. Esse é o processo de formação dos
comportamentos condicionados, aprendidos e conservados na memória de cada
indivíduo. Uma vez aprendida uma tarefa, em todas as situações que a envolvam
estará presente, em quase cem por cento, a probabilidade de que uma memória
correspondente desencadeie uma resposta condicionada, impedindo as respostas
criativas, novas, que a consciência traz. Livrando-se do condicionamento, o
homem poderá ter soluções criativas, não experimentadas antes, e poderá ter
despertados, em si mesmo, o amor, a compaixão e a sabedoria.
- Para livrar-se do
condicionamento entre o despertar das respostas condicionadas mentais e a ânsia
física de agir de acordo com elas e, desse modo, pode reforçar a capacidade de ‘nosso’
livre-arbítrio, de decidir contrariamente às respostas e aos atos
condicionados, com isso enfraquecendo nosso condicionamento que, com a
persistência na prática de meditação, poderá ser superado.
- No sonho e na hipnose, o
self torna-se, principalmente testemunha (isto é, vê mas não interfere) e entra
num estado que se caracteriza pela ausência de eventos de percepção secundária;
assim, são enfraquecidas as inibições normais contra o colapso de estados
mentais reprimidos. Por esse motivo, sonho e hipnose são úteis para trazer o
inconsciente à percepção consciente. Na EQM, experiência de quase morte, o
imediatismo desta libera grande volume do condicionamento inconsciente
reprimido, tanto coletivo quanto pessoal; por isso, numerosos pacientes saem
dessa experiência transbordantes de alegria e paz, pois, sem condicionamentos,
a percepção da realidade é expandida.
- Como superar as
esmagadoras possibilidades de respostas condicionadas para conseguir as
respostas novas, não condicionadas, criativas? - 1.º) minimizando o
condicionamento mental, mantendo conscientemente uma mente aberta ao novo, o
que tende a aumentar a possibilidade de respostas não condicionadas; 2.º) pela
persistência, que vem aumentar as probabilidades de que uma idéia criativa,
mesmo de baixa possibilidade, se manifeste; a persistência aumenta o número de
colapsos do estado quântico da mente-cérebro relativo à questão, elevando a
probabilidade de conseguirmos uma resposta nova; 3º.) uma vez que a observação
consciente é que produz o colapso da superposição coerente existente relativa
ao problema, há certa vantagem no processamento inconsciente (meditação, sonho,
hipnose) das quais pode aflorar o desconhecido. Disse Spencer Brown: ‘nenhuma
atividade, nenhum raciocínio, nenhuma cálculo, nenhum comportamento agitado,
nenhuma conversa (cérebro em silêncio); apenas contemplação, mantendo em mente,
sem esforço, simplesmente, aquilo cuja resposta desejamos’.
- A atenção, na meditação, a
todo o campo da percepção, ou a um mantra, ou objeto mental, desvia nossa
atenção de pensamentos ociosos, pois nossa consciência não pode focalizar duas
coisas ao mesmo tempo. O mundo externo, que existe em nós como um mapa interno,
começa a ceder à medida que nos tornamos mais competentes na atenção ao
processo da meditação. Finalmente, chegamos a um ponto em que a própria mente
parece habituar-se: embora os eventos no campo da percepção secundária ainda
estejam presentes, eles serão poucos e muito separados entre si e, nesses
hiatos, os processos primários (do self-quântico) podem revelar-se em sua
essência.
- A percepção do processo
primário é a percepção atemporal, além do espaço-tempo; o meditador estará
livre do espaço-tempo, além do ego e, como afirmam os sábios, e as escrituras
ditas sagradas, entre elas o Antigo Testamento, ‘quando o eu não é, Deus é’; é,
portanto, a percepção do Absoluto ou, se quisermos, a percepção da divindade, a
percepção de Deus.
- Como ensinou o profeta,
‘Aquieta-te e sabe: eu sou Deus’, isto é, quando conseguimos silenciar o ‘eu’,
quem está ali não é mais nosso ilusório ‘ego’, com suas memórias, expectativas,
emoções, desejos, apegos; quando o ‘eu’ não está, quem está é o próprio Deus. O
‘eu’, a consciência localizada do ego cessando, pela perseverança na meditação,
abre espaço que pode ser preenchido pela própria Divindade, q sempre somos. Por
isso, aquietando-se o ego, sabemos que quem está ali é o próprio Deus. O aquietamento
do ‘eu/ego’ se consegue pela perseverança na meditação.
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ResponderExcluir" "El que conoce" y "lo que es conocido" son idénticos, e igual ocurre con "el que llega" y "aquel al cual se llega"; "el que ve " y "lo que es visto". Son idénticos, "El que sabe" es Su atributo. "Lo que es sabido" es Su sustancia o "naturaleza íntima". "El que llega" es Su atributo y "aquel que llega" es Su sustancia. Porque la cualidad y el que la posee son idénticos. Tal es la explicación de la fórmula: "Quien se conoce a sí-mismo, conoce a Su Señor". Quien capta los sentidos de esta similitud comprende que no hay unión, fusión o llegada, ni separación; comprende que "el que sabe" es Él y que "el que es sabido" es también Él; que "el que ve" es Él y "lo que es visto" es también Él; que "el que llega" es Él y "aquel al cual se llega" en la unión es también Él. Nadie distinto de Él puede juntarse con Él o llegar a Él. Nadie distinto de Él puede separarse de Él. Aquel que puede comprender esto total y plenamente, está exento de la más grande de las idolatrías."
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