(10) COMO
ENTENDER O CHAMADO (Jan 2008)
(jcl-ribpreto)
Uma
tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nos evangelhos, e de
outros sábios, de conformidade com o
entendimento dos místicos e da filosofia da ciência moderna. Não esquecer que
Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem
exageros ou absurdos àqueles que, como nós, ainda estão na escuridão da
ignorância.
Obs:
Embora, longo este texto pode ser lido aos poucos sem q se perca a
seqüência. Pode haver erros ou falhas,
pois este texto está há muito tempo em “meus documentos” e, não sei porq, isso
faz que, em meu computador, palavras ou trecho se percam.
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‘Aquele que olhar para trás não pode seguir-me...
’ (desprender-se do passado, que é o próprio ‘eu’/ego/mente individual, dos
planos e desejos que deixou para o futuro (e, portanto, estão na memória, no
ego), e partir para o novo trabalho, o trabalho para a busca do reino (‘Buscai,
em primeiro lugar o reino de Deus...) sem ter saudades, sem ficar preso às
coisas antigas; deixar as lembranças e viver com atenção no presente, no Agora; só assim se segue Jesus. O
passado é memória, e esta é que forma o ego, com todos os seus conflitos, medos,
dúvidas, ilusões, crenças, suposições, sofrimentos; temos, pois, de fazer cessar
o passado, a memória, o ego. São finitos, e o finito nunca poderá perceber o
infinito.
‘Aquele que não abandonar pai e mãe para
seguir-me, não é digno de mim... ’ (a busca é tão enfatizada por Jesus que ele
diz que pai e mãe não são tão importantes quanto ela; ‘seguir-me’ não é imitá-lo
ou acompanhá-lo, mas seguir seus ensinamentos sendo o mais importante o ‘buscai
em primeiro lugar... ’; ‘não é digno de mim’ significa não poder chegar à
consciência crística, se não segui-lo).
‘Ou Deus ou Mamon. ’ (idem; felicidade ou
sofrimento? Escuridão ou luz? Seguir os ensinamentos de Jesus ou continuar com
os condicionamentos que nos dão interpretação enganosa, ilusória, das coisas do
mundo e o conseqüente sofrimento?).
‘O caminho estreito e pedregoso... ’
(abandonar o velho caminho que já estamos acostumados a percorrer pelo
condicionamento em que o ego está mergulhado; nós o supomos mais seguro e suave
e de porta mais larga e nele depositamos toda nossa confiança, por ser nosso
velho conhecido; e partir para o desconhecido, que nos traz insegurança e medo,
mas aí é onde está o novo, a novidade.
Tudo aquilo que é conhecido (e o ‘eu’ é tão somente produto do conhecimento)
tem de cessar para que encontremos o novo, o desconhecido, o sagrado).
‘Renúncia...’ (ao pensar, ao modo de conhecer
dualista, ao passado e ao
futuro, que não passam de lembranças e expectativas, imaginações e crendices,
ilusões e opiniões, dissipadoras de nossas energias, que devem ser acumuladas para
o trabalho da eliminação do ego, que isso que faz despontar o ‘satori’, a
percepção do sagrado).
‘O Reino de Deus deve ser tomado pela
espada’ (quem não se violentar e destruir o hábito e o condicionamento de
pensar, interpretar, conceituar, julgar tudo o que os sentidos apreendem ou que
a memória e as associações trazem, não poderá ‘entrar’ no reino; essa entrada
exige reserva de energia psíquica que é constantemente dissipada pelas
operações mentais: pensamento, imaginação, lembrança, preocupação, expectativas,
emoções, raciocínio etc., coisas que não permitem que o cérebro fique em
silêncio, coisas que constituem o ego e, como essas coisas devem cessar, temos
de fazer cessar o ego, fato que a meditação pode proporcionar).
‘Orai e vigiai... ’ (oração ou meditação, e
atenção; esteja sempre atento a tudo que faz, não para não errar, mas apenas
para estar atento; quando há atenção
completa não nascem pensamentos, fato que faz o ego se afastar, não
interferindo com suas associações, interpretações, emoções, expectativas e
memórias; e quando o ego se afasta, não há identificação com o conteúdo mental,
pois este também se afasta. O conteúdo mental é o próprio ego. Não havendo a
identificação com o conteúdo mental, cessam os sofrimentos e conflitos. E,
quando o ‘ego/eu inferior/mente condicionada, “ não é, Deus é”, reza o Velho
Testamento; e, ainda, como disse o profeta: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus!).
‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco
da agulha, do que um rico entrar no reino dos céus...’ (não por ser rico, mas pelo
inevitável apego aos bens, o
que constitui medo, preocupação, distração, desatenção, obstáculos à meditação. Esta pode nos mostrar aquilo
que realmente somos).
‘Bem-aventurados os humildes de espírito,
os que choram, os mansos, os que têm sede de justiça, os misericordiosos, os
limpos de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da
justiça, os que são caluniados e perseguidos por causa do meu nome. Alegrai-vos
e exultai porque é grande vossa
recompensa nos céus... ’ (esses são os que chegaram ou estão chegando ‘lá’; são considerados pelos demais
como tolos, ultrapassados, ridículos, fracos, loucos; mas, na realidade, são
bem-aventurados; sua recompensa é grande: descobriram a jóia oculta e
estão cheios de felicidade; nada lhes abala o ânimo...; eles são a luz do mundo
e o sal da terra) (Mt 5). (Os humildes de espírito, pobres de espíritos:
aqueles que aniquilaram o ego, o eu, mente localizada...)
‘Vós sois o sal da terra, a luz do mundo...’
(Vós, isto é, os que chegaram lá, pois dão sentido às coisas. Os sábios
afirmam: a vida só tem significado quando se chega lá, isto é, quando se tem a
percepção daquilo que realmente somos. Enquanto não se chega lá, enquanto não
se tem o percebimento do que realmente somos, somos apenas subumanos e a vida
não tem sentido; é fútil e cheia de sofrimentos).
‘Brilhe vossa luz diante dos homens...’
(ao que teve que seja apenas um
vislumbre da ‘coisa’ não lhe é possível calar-se; vejam os exemplos de Jesus, Meister
Echkart, Giordano Bruno e outros, que enfrentaram a morte, mas não deixaram de
fazer sua luz brilhar, cheios de compaixão pelos que não conheciam, ainda, a verdade; para eles, o sofrimento e a
ignorância cessaram; para estes, continuam. E Jesus aconselhou a não se colocar
a luz sob o alqueire, mas sobre
o velador para que ilumine a todos...)
(Mt 5:15).
‘Eu sou a luz do mundo; aquele que me
segue de modo algum andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.’ (o
caminho, para se seguir Jesus, é para dentro de nós, em direção ao ‘eu’; como
disseram Jesus, Paulo e outros sábios, ‘o reino de Deus está dentro de nós’; para
aquele que chegou onde está Deus não haverá mais trevas; somente luz e
bem-aventurança; pela iluminação o mundo não mudará, mas nossa visão do mundo
será totalmente mudada para melhor, para a realidade, e teremos, não mais a
escuridão da ignorância, mas a ‘luz da vida’).
‘Aquele que violar um destes mandamentos,
por menor que seja..., mas aquele que os guardar e ensinar...’ (este é feliz, pois,
se souber ensinar, é porque já chegou ‘lá’, como Jesus, Buda e outros; aquele
que violar os mandamentos sofrerá, não pela violação, mas porque ainda não
chegou lá (sofrimento natural para todos que não chegaram, pois a compreensão,
fruto do percebimento do sagrado, ainda não se lhes despontou).
‘Todo aquele que se irar contra seu
irmão...’ (ainda não compreendeu; ira-se contra si mesmo, pois, conforme as
tradições místicas e, hoje, a própria ciência mais avançada, ‘uma só e a mesma a mesma consciência’; por
isso Jesus afirmou: ‘o que fizerdes a um destes pequeninos, a mim mesmo o
fizestes’).
‘Reconcilia-te, primeiro, com teu
irmão;... só então vem diante do altar fazer tua oferta... ’ (nada de
ressentimentos; a escolha não é nossa, como ensinam os místicos e as escrituras
e, hoje, a física quântica: ‘é o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’; em
conseqüência, nem o acerto, nem o erro são nossos; logo, nem o irmão, nem nós
somos culpados; e, se há ressentimentos, não há clima para a meditação).
‘Não jureis de modo algum... Dizei somente
‘Sim’, se é sim; ‘Não’, se é não. Tudo o que vai além disso vem do maligno...’
(sê sempre sincero, leal, franco, amigo, honesto de modo que todos creiam em
ti, sem necessidade de juramentos; agindo assim, as condições mentais (tranqüilidade)
para a meditação melhoram. Se não agimos assim é porque estamos ainda
mergulhados na ignorância; na escuridão que representa o maligno...).
‘Não resistas ao mau. Se alguém te ferir a
face direita, oferece-lhe, também, a esquerda. Se alguém te tirar a túnica,
dá-lhe, também, a capa. Se alguém obrigar-te a andar uma milha com ele... ’ (sê
pacífico, sereno, paciente, mesmo que te julguem tolo, fraco, covarde...;
lembra-te que ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’, como disse ; e a serenidade é um dos requisitos para a
preparação da mente que tenta a meditação; e, ainda, segundo as escrituras e,
hoje, também a física quântica, nós não escolhemos, não decidimos nada, pois ‘é
o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’).
‘Dai a quem vos pede e não fujais daquele
que vos quer pedir emprestado...’ (quando auxilias alguém, estás auxiliando a todos
em geral, e, logo, a ti mesmo; não esquecer que todos nós somos apenas um).
‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos
que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e maltratam...’ (esse é o ponto de
vista do iluminado; ele compreendeu que a harmonia entre todos é importante
para a qualidade de vida e, logo, para a tentativa de meditação; e mais: a
escolha, a decisão para fazer alguma coisa não é nossa, pois ‘é o Senhor que
opera em nós o pensar e o fazer’).
‘Se amais somente os que vos amam, que
recompensa tereis?’ (que fazeis de mais? E, por cima, estais ainda na
ignorância, errando, pois todos somos um e ninguém escolheu ter esse ou aquele
comportamento. Ainda mais, o amor verdadeiro só se adquire quando se tem o
percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’, que a perseverança na meditação pode
trazer).
‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai
celeste é perfeito... ’ (busque a Deus, a verdade, cujo encontro traz tudo
aquilo que denominamos perfeição; isso se pode conseguir pela meditação; e
Jesus disse: ‘buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus, que tudo o mais virá
por acréscimo’, isto é, com o auto-conhecimento, que é o percebimento daquilo
que realmente somos, não teremos necessidade de mais nada; estaremos
plenificados e livres: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’).
‘Que
tua mão esquerda não saiba o que faz a direita... ’ (dá teu auxílio, amor,
vibração, atenção, em segredo; ninguém precisa saber; se permites que outros
saibam, é provável que te enchas de orgulho e vaidade, coisas que constituem
distrações e perturbam a meditação. Conforme o cristianismo primitivo, o
cristianismo ensinado por Jesus, a distração ou desatenção era o mais grave pecado (o mais sério obstáculo à
meditação), e a maior virtude era a atenção).
‘Não jureis de modo algum... Dizei somente
‘Sim’, se é sim; ‘Não’, se é não. Tudo o que vai além disso vem do maligno...’
(sê sempre sincero, leal, franco, amigo, honesto de modo que todos creiam em
ti, sem necessidade de juramentos; agindo assim, as condições mentais
(tranqüilidade) para a meditação melhoram. Se não agimos assim é porque estamos
ainda mergulhados na ignorância; na escuridão que representa o maligno...).
‘Não resistas ao mau. Se alguém te ferir a
face direita, oferece-lhe, também, a esquerda. Se alguém te tirar a túnica,
dá-lhe, também, a capa. Se alguém obrigar-te a andar uma milha com ele... ’ (sê
pacífico, sereno, paciente, mesmo que te julguem tolo, fraco, covarde...;
lembra-te que ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’, como disse Paulo;
e a serenidade é um dos requisitos para a preparação da mente que tenta a
meditação; e, ainda, segundo as escrituras e, hoje, também a física quântica,
nós não escolhemos, não decidimos nada, pois ‘é o Senhor que opera em nós o
pensar e o fazer’).
‘Dai a quem vos pede e não fujais daquele
que vos quer pedir emprestado...’ (quando auxilias alguém, estás auxiliando a
todos em geral, e, logo, a ti mesmo; não esquecer que todos nós somos apenas
um).
‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos
que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e maltratam...’ (esse é o ponto de
vista do iluminado; ele compreendeu que a harmonia entre todos é importante
para a qualidade de vida e, logo, para a tentativa de meditação; e mais: a
escolha, a decisão para fazer alguma coisa não é nossa, pois ‘é o Senhor que
opera em nós o pensar e o fazer’).
‘Se amais somente os que vos amam, que
recompensa tereis?’ (que fazeis de mais? E, por cima, estais ainda na
ignorância, errando, pois todos somos um e ninguém escolheu ter esse ou aquele
comportamento. Ainda mais, o amor verdadeiro só se adquire quando se tem o
percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’, que a perseverança na meditação pode
trazer).
‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai
celeste é perfeito... ’ (busque a Deus, a verdade, cujo encontro traz tudo
aquilo que denominamos perfeição; isso se pode conseguir pela meditação; e
Jesus disse: ‘buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus, que tudo o mais virá
por acréscimo’, isto é, com o autoconhecimento, que é o percebimento daquilo
que realmente somos, não teremos necessidade de mais nada; estaremos
plenificados e livres: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’).
‘Que tua mão esquerda não saiba o que
faz a direita... ’ (dá teu auxílio, amor, vibração, atenção, em segredo;
ninguém precisa saber; se permites que outros saibam, é provável que te enchas
de orgulho e vaidade, coisas que constituem distrações e perturbam a meditação.
Conforme o cristianismo primitivo, o cristianismo ensinado por Jesus, a
distração ou desatenção era o
mais grave pecado (o mais sério obstáculo à meditação), e a maior virtude era a
atenção).
‘Quando orardes, entrai no vosso quarto
(dentro de vós mesmos) e, fechada a porta (cessada a ação dos sentidos e da
mente) orai a vosso Pai que vos ouve em oculto (no mais íntimo de vosso ser;
orai em silêncio, a ‘oração de recolhimento’, ensinada por Teresa de Ávila e
pelos místicos, oração sem palavras ou pensamentos, oração em que todos os sentidos,
memória e esperanças são ‘recolhidos’; sem qualquer movimento ou operação da
mente; essa oração, se bem feita, pode resultar na ‘oração de quietude’, na
qual há completo silêncio mental, o ego cessa (‘ou eu, ou Deus’) e, com ele
cessam todos os condicionamentos e ilusões, e a ‘coisa’ pode acontecer... (MT
6:5).
A oração ‘o Pai Nosso’, contida nos
Evangelhos, é bem possível que fosse assim, pois Jesus já conhecia a verdade de
que era ‘um com o Pai’, sabia que todos somos um só; que a vontade de Deus
sempre prevaleceria:
‘O Pai nosso está no céu e em todo o
universo; seja o seu nome, Eu Sou, que é o mesmo ‘eu sou’ de todos nós,
considerado sagrado por todos (considerado de suma importância pois representa
a própria divindade, a Consciência Universal). Venha a nós a percepção de que
somos de seu reino, de sua mesma natureza. Que saibamos que a vontade de Deus é
feita, inapelavelmente, tanto em nós (pois a escolha, as decisões não são
nossas), na terra, como nos céus, e em todo o universo (portanto temos de
aceitá-la, pois não há o que fazer contra ela). E que tenhamos, cada dia, a
energia para o impulso necessário para nos levar a essa percepção. Que
perdoemos sempre os nossos devedores (pois as ações que fazemos, como as que
eles fazem, não são nossas; nada escolhemos, pois “É o Senhor que opera em nós
o pensar e o fazer”). Que não caiamos na tentação de praticar atos errados, dos
quais mais tarde nos arrependamos (e, por isso, soframos remorsos); e saibamos,
pois, livrar-nos da prática do mal e, por experiência própria, que o reino
divino de poder e glória já é nosso desde todo o sempre. Assim seja’
A
oração não conteria pedidos a Deus, mas exortações, lições aos homens. Afirmam
os sábios e, hoje, a filosofia da física quântica, que nada fazemos por nós
mesmos, não escolhemos, nada decidimos; logo, não há o que perdoar ou pedir
para nós ou para outrem; já estamos ‘lá’, só nos falta a percepção desse fato,
percepção que é a coisa mais importante a ser tentada pelo homem, como
asseguram os iluminados e os grandes psicólogos da moderna psicologia
transpessoal e outros, como o renomado psicoterapeuta Carl G. Jung.
‘Se não perdoardes aos homens suas
ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará... ’ (quando tiveres amor e
compreensão suficientes para perdoar as ofensas dos outros, talvez seja sinal
de que estás próximo da percepção do Pai; aí, verás que nada há a ser perdoado
a ninguém; não escolhemos os erros nem os acertos; toda escolha vem de Deus;
talvez, ignorantes por não termos chegado ainda lá, julguemos que não somos
perdoados, pelo Pai, pelos erros que praticamos e que, por isso, ainda somos
castigados, pois, para nós, ainda haverá sofrimento, sinal de que estamos
distantes daquela percepção, distantes da compreensão).
‘Não
ajunteis para vós tesouros na terra...’ (trarão mais apego e tornarão mais
difícil a busca, pois isso traz preocupação, desatenção, medo que são obstáculos
à meditação). ‘Ajuntai tesouros nos céus... ’ (isto é, buscai a Deus cuja
percepção é o maior tesouro que se pode encontrar, inimaginável e incomparável,
tanto que quem o deseja até ‘abandona pai e mãe’, ou ‘vende tudo o que tem para
comprar aquele campo’).
‘O
olho é a luz do corpo; se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado; se
teu olho estiver em mau estado, todo teu corpo estará em trevas; se a luz que
está em ti são trevas, quão espessas deverão ser tuas trevas...’ (o olho, o
canal mais importante e perfeito de comunicação com o exterior, que nos
proporciona a percepção do mundo e sua interpretação pela mente; se esse canal
é são, isto é, se já proporciona a interpretação correta, será porque tivemos a percepção do divino; então
conhecerás que tu mesmo és muito mais do que aparentas ser porque já superastes
os condicionamentos; para isso, autoconhecimento, que só pode vir com a meditação...;
se teu olho é são, isto é, se já vês sem obstáculos (se já interpretas
corretamente) é que tens aquela percepção, estás iluminado; se teu olho está em
mau estado, isto é, se ainda interpretas erradamente, é sinal de que estás ainda
condicionado pelas crenças, religiões, cultura, ilusões, suposições, isto é,
estás ainda distante da percepção de Deus e, para ti, ainda haverá trevas,
sofrimentos e conflitos).
‘Ninguém
pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e às riquezas... ’
(dinheiro, poder, glória, fama, tudo que o dinheiro, o poder ou outra qualquer
coisa pode comprar, o que faz aumentar o orgulho ou a vaidade de ter mais, que,
como vimos, são obstáculos à meditação).
‘Não vos preocupeis por vossa vida, pelo que
comereis, nem por vosso corpo, como vos vestireis...’ (nada escolhemos e o Pai
é o supridor, o suprimento e o suprido; a preocupação não nos deixa viver no
presente eterno; faz-nos viver com as lembranças das coisas que não fizemos ou
que fizemos no passado e, com a imaginação naquilo que temos a fazer no futuro,
no vir a ser; assim, sempre lembrando ou esperando, nunca estamos no Agora (que
é o único tempo que existe), fato que mostra que não estamos atentos ao presente; a atenção impede
a dissipação de energia necessária para o despertar, energia que se perde com
as operações mentais).
‘Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus
e tudo o mais vos virá por acréscimo... ’ (este é o mais importante trabalho
que o ser humano tem de fazer, senão porque deveria, esse estado de
bemaventurança, o reino, ser buscado em ‘primeiro lugar’, ser a primeira coisa
a ser procurada? Com o percebimento do divino, estaremos completos; à luz dessa
percepção cessam todos os conflitos, ignorância, dores e necessidades; e,
conforme Jesus, é o que deve ser feito em primeiro lugar, antes de qualquer
outra coisa, pois essa condição, o reino, é maior que qualquer outra posse ou
bem. Encontrado o reino compreenderemos a afirmação de Jesus quando disse: ‘Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará’, porque isso é a nossa libertação de toda
a ignorância e de todo o sofrimento).
‘Não vos preocupeis, pois, com o dia de
amanhã... a cada dia basta seu cuidado... ’ (as experiências do dia-a-dia
trazem amadurecimento; por isso, sempre atenção ao presente, particularmente às
nossas reações internas, psicológicas, decorrentes da percepção dos eventos
externos, do mundo. Não nos preocupemos com os dias futuros, nem com os dias passados,
pois isso nos afasta da única coisa real, o Agora... Atenção, apenas, ao
presente sem fim, que é a própria eternidade; e, além disso, não nos esqueçamos
de que não escolhemos, não decidimos nada em nossa vida, embora nos pareça que
escolhemos e que decidimos).
‘Não julgueis..., não olheis o argueiro no
olho de vosso irmão...’ (nem sabemos o tamanho da trave que está em nossos
olhos; nada escolhemos; o argueiro no olho do irmão (o erro, o defeito, o vicio)
não foi culpa dele, portanto; quando não nos preocupamos com julgamentos etc, não
estamos dissipando energia que é necessária para o ‘satori’...).
‘Não lanceis aos cães as coisas santas...’
(para muitos, o momento de se interessar pela auto-realização ainda não chegou;
como no budismo Zen: ‘se você tem alimentos (conhecimentos) sobrando, deixe a
porta aberta e os alimentos à vista; aquele que desejar, entre e se sirva’; não
force ninguém. No entanto, Jesus ensinou que se deve colocar a luz, não sob o
alqueire, mas sobre o velador, para que ilumine a todos. Mas, disse também:
‘Não atireis perolas aos porcos que eles as destruirão com as patadas’, isto é,
nunca tente impor sua verdade).
‘Pedi, buscai, batei...’ (isto é, seja
perseverante na tentativa de ir além; tente e tente a meditação).
‘Quem dentre vós dará uma pedra ou uma
serpente se vosso filho vos pedir pão ou peixe? Se vós, que sois maus (que
ainda não percebestes), sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais
vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem...’ (novamente, pedi,
buscai, batei, isto é, perseverai... pois as coisas que o Pai tem para nos dar
são inimagináveis; como Paulo falou: ‘vi e ouvi coisas inefáveis’).
‘Tudo que quereis que os homens vos façam,
fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os Profetas... ’ (isto é, isto resume os
ensinamentos do velho testamento para uma vida melhor no espaço-tempo; agora,
Jesus trouxe novas lições, não só para uma vida melhor, mas para a calma da
mente e a preparação para a percepção da verdade; remorsos ou culpas são
obstáculos à meditação, pois perturbam a atenção...).
‘Entrai pela porta estreita, pelo caminho apertado...
’ (a porta larga e fácil é a já conhecida, a vida comum; a estreita é a da
busca, a desconhecida, incompreendida por muitos, e pode levar a Deus; é
estreita só na aparência... e, aparências não são a verdade. Segundo os sábios,
‘o mundo aceita e segue o caminho tradicional’, a porta larga e fácil, imitando
e repetindo os mesmos erros, sempre e sempre e, por isso, sofre... )
‘Pelos frutos os conhecereis...; uma árvore
boa não pode dar maus frutos... ’ (pelos frutos conhecereis os que estão
próximos ou que já chegaram ‘lá’; a estes, o estarem ‘lá’ lhes despertou
discernimento e compaixão; só agirão corretamente, só darão bons frutos, pois
tiveram o percebimento).
‘Toda árvore que não der bons frutos será
cortada e lançada ao fogo... ’ (‘não dão bons frutos’ porque ainda errarão,
pois não conheceram a verdade; os que ainda não chegaram ‘muitos pesares ainda
terão’, como diz o poema Zen; mas não como castigo, e sim porque permanecem na
escuridão, sem compreender e, assim, continuarão no ‘fogo’ do sofrimento).
‘Nem
todo aquele que diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai...’ (essa vontade é a vontade daquele que ensinou:
‘Buscai em primeiro lugar o reino de Deus... ’ Este versículo é
importantíssimo, pois mostra claramente o que deve ser procurado em primeiro
lugar na vida de qualquer um; não as riquezas, o amor, o poder, a paz, ou a
felicidade, mas o reino dos céus que, quando encontrado, supre todas as
necessidades; nada mais precisa ser buscado; ‘... tudo o mais virá como
acréscimo’. Analise e perceba!).
‘Aquele que ouve minhas palavras e não as
cumpre é semelhante a um homem insensato que construiu sua casa na areia. Caiu
a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela
casa, e ela caiu, e grande foi sua ruína.’ (se não chegaram lá, ‘muitos pesares
ainda terão’. As palavras mais importantes de Jesus devem ter sido estas: ‘Buscai
em primeiro lugar o reino... ’, coisa que os insensatos, isto é, os ignorantes
das coisas de Deus, não fazem; por isso, é como se houvessem construído sua
casa sobre a areia; por mais que queiram e alcancem aquilo que, no
espaço-tempo, ambicionam, nunca estarão completamente felizes porque logo
estarão desejando novas coisas que os satisfaçam, novas satisfações).
‘A tua fé te curou...’ (não a fé na
palavra do pastor, do sacerdote, mas a fé-convencimento vinda de um ‘insight’
que, instantâneo, pode acontecer não ser percebido pela nossa mente
(inconsciente, portanto), ou vinda da percepção de Deus; para aquele que
‘percebeu’ não há obstáculos; ‘tudo o mais virá por acréscimo...’, como ensinou
Jesus).
‘Que te importa a ti? Segue-me tu.’ (não
se importe com o que o mundo faz, diz, ou pensa; ‘não ponha outra cabeça acima
da sua’, como ensinam os sábios; seja você mesmo, independente e sem apegos;
procure sua própria experiência, sem deixar que a opinião dos outros o perturbe
e o faça afastar-se do caminho).
‘Porque receais, gente de pouca fé?’ (se
não cremos, estaremos cheios de medos; tentemos, ao menos, experimentar. Alguém
só pode afirmar que algo é falso, ou absurdo, depois de experimentá-lo ele
mesmo).
‘São os doentes que precisam de médico...’
(os sãos, os que chegaram ‘lá’, não mais precisam, nem de religiões, escrituras
ou crenças, nem de mais nada, pois ‘o demais lhes virá por acréscimo’).
‘Não vim chamar os justos, mas os
pecadores.’ (idem).
‘... ide, antes, às ovelhas perdidas’ (os
que chegaram ensinem aos que ainda não chegaram e, por isso, estão perdidos,
pois não conhecem a verdade)...
‘Por onde andardes anunciai o reino de
Deus’ (ensinai como chegar lá, coisa que, parece, as igrejas não fazem),
‘Curai os doentes, ressuscitai os mortos,
purificai os leprosos, expulsai os demônios... ’ (aquele que chegou ‘lá’ está
convencido, pois conheceu a verdade e tudo, então, lhe é possível fazer; o
‘campo das infinitas possibilidades’, citado por Maharish Maharesh Yogi).
‘Recebestes de graça, de graça dai.’ (‘não
é por vossas obras, mas pela graça de Deus que sois salvos’; assim, aquele que
conheceu a verdade ensine como se chegar a ela, como Jesus e outros sempre
ensinaram; infelizmente, as religiões organizadas não deram ênfase a esses
ensinamentos, que são os mais importantes, dos quais, assim, muitos foram
esquecidos).
‘O
operário seja digno do seu salário... ’ (‘Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará’; se você busca com perseverança, seriamente e sem preconceitos, será
digno do percebimento que terá).
‘Eu vos envio como ovelhas no meio de
lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes’ (usai vosso raciocínio e
inteligência), ‘mas simples como as pombas... ’ (isto é, nada receeis; sede
humildes e confiantes; afinal, toda escolha vem de Deus; embora não
compreendamos, tudo é obra de Deus, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e
o fazer’).
‘Sereis, por minha causa, levados aos
tribunais e diante de reis e governadores. Dai testemunho a eles. Não vos
preocupeis com o que haveis de falar: ser-vos-á inspirado... ’ (‘o Senhor opera
em nós o pensar, o querer e o fazer’; não temos a paternidade nem de nossos
pensamentos; então, por que nos preocuparmos? Não adianta ‘espernear’; a
escolha não é nossa, conforme as palavras de Jesus e a filosofia da física
quântica).
‘Sereis odiados’ (hostilizados, incompreendidos,
considerados loucos, tolos) ‘por causa de meu nome..., mas aquele que
perseverar até o fim será salvo... ’ (‘batei, pedi, buscai... ’, isto é, teime,
persevere, mesmo que os demais não o compreendam. Como disse o sábio: ‘Não
seremos compreendidos nem pelos que mais nos amam, porque eles, abençoados
sejam, estão dormindo e julgam que quem está despertando está ficando louco’; e
Paulo: ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’; e, ainda, Jesus: ‘Que te
importa a ti! Segue-me tu’).
‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas
não podem matar a alma..., temei, antes, aquele que pode precipitar a alma e o
corpo na geena... ’ (de novo, como não escolhemos, tudo pode nos suceder. Tudo
é incerto e, portanto, imprevisível. Talvez, por isso, Krishnamurti tenha
recomendado indiferença e uma boa dose de humor, frente aos eventos da vida. Temamos,
sim, a ignorância, isto é, o não-percebimento, que pode nos ‘precipitar’ na ‘escuridão de um estábulo’, no dizer de
Boheme, na geena (sofrimento), pois ainda estaremos sem compreensão das coisas
do mundo. Mantenhamos a mente aberta, sem preconceitos e sem receios tolos. Busquemos
o auto-conhecimento, que a meditação pode nos dar. Não esqueçamos as palavras
de Paulo: ‘estudai de tudo e guardai o que for bom... ’).
‘Nada
sucede sem a vontade do Pai... ’ (a escolha não é nossa, logo nem a decisão).
‘(a
Pilatos:) Nenhum poder teríeis se do alto não vos fosse dado’ (idem).
“Ninguém
vem a mim se o Pai, que me enviou, não o mandar a mim!”Até para seguir Jesus a
escolha não é nossa; essa decisão vem do alto,
de Deus...
“Ou não sabeis que o vosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e
que não sois de vós mesmos?”, não somos de nós mesmos, não temos autonomia...
‘Quem der testemunho de mim diante dos
homens, também dele eu darei testemunho diante do Pai... Aquele, porém, que me
negar diante dos homens, eu o negarei diante do Pai.’ (dar testemunho, isto é,
divulgar e seguir o que ele ensinou; aquele que não fizer isso será, com
certeza, porque não teve o percebimento, não compreendeu, e a ‘negação frente
ao Pai’ são os muitos pesares que, inevitavelmente, ainda o acometerão, porque
ainda não compreendeu).
‘Quem não toma sua cruz e me segue, não é
digno de mim... ’ (quem não compreende que não há escolha, e que, por isso,
tudo é imprevisível, não se livrará dos pesares, dos medos e conflitos. Somente
quem busca (isto é, quem toma sua cruz, o trabalho de buscar) é digno da
libertação que a busca pode trazer; ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará’).
‘Aquele que tentar salvar sua vida,
perdê-la-á... ’ (vida, isto é, prestígio, riquezas, poder, tudo aquilo pelo que
os homens, em geral, pensam que vale a pena viver; tudo isso são distrações,
perturbando a meditação e o conseqüente percebimento, sobretudo se houver apego;
tudo isso nos faz perder o percebimento, que constitui a verdadeira vida).
‘O reino dos céus é arrebatado à força e
são os violentos que o conquistam... ’ (aqueles que destroem o estabelecido, o convencionalismo
e o condicionamento; os que não se amarram nem ao passado, nem ao futuro, isto
é, não se prendem às lembranças nem às expectativas; isso não deixa de ser
violência contra a cultura e os costumes, mas é atenção ao presente, ao aqui-agora).
‘Vinde a mim todos vós que estais aflitos
e eu vos aliviarei. ’(os que chegam lá são aliviados. Jesus deve ter dito: ‘ide
ao Eu’, isto é, penetrai no mais profundo de vós mesmos e encontrareis alívio,
pois é ali onde está Deus e ali, no dizer de Buda, está ‘a cessação de todo o
sofrimento’. Teresa de Ávila, às noviças: ‘não entrareis no reino dos céus se
não entrardes primeiramente em vós mesmas, pois é dentro de cada uma de nós que
Deus está’).
‘Em minha doutrina e procedendo como eu
procedo, eu que sou manso e humilde de coração, achareis repouso para vossas
almas... ’ (seguir seus preceitos, exemplificados por sua conduta (prática),
torna possível a percepção da divindade em nós, fato que elimina todo o sofrimento,
trazendo repouso para nossas almas).
‘A boca fala do que lhe transborda o
coração...’ (sem dúvida, se estamos convencidos de que a felicidade está ‘ali’,
em nosso íntimo, não nos calaremos, como Jesus, João Batista, Buda,
Krishnamurti, Giordano Bruno e outros, que enfrentaram a morte por não se
calarem, na tentativa de abrir os olhos dos demais para essas verdades).
‘A terra semeada, que produz cem por um, é
aquele que ouve minha palavra e a cumpre...’ (aquele que chegou ‘lá’ de nada
mais necessita e sua ação é sempre produtiva).
‘O reino dos céus é semelhante a um grão
de mostarda que um homem semeia em seu campo...’ (uma minúscula semente; o trabalho,
aparentemente, inglório, tolo, sem gozos, se comparado às atrações do mundo, à
porta larga), ‘mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as
hortaliças...’ (o reino quando alcançado é cheio de bem-aventurança, e não se
compara aos atrativos do mundo, que se apresentam, à visão humana, como coisas
mais vantajosas).
‘Vai, vende tudo o que tens e terás um
tesouro no céu. Depois segue-me...’ (isto é, desfaze-te de todas as coisas que
te distraem, que te prendem, das quais necessitas e, por isso, dependes delas; depois,
com atenção, aprofunda-te no ‘eu’; estarás livre para a meditação e poderás
encontrar aquilo que Jesus e os místicos encontraram: o tesouro da verdade que
liberta).
‘As raposas têm suas tocas, e as aves têm
os seus ninhos, mas (quem me segue) não tem onde repousar a cabeça... ’ (pelo
desapego de todas as coisas, pela incompreensão dos demais, que ainda estão
adormecidos e julgam que quem está despertando é tolo, insano e, por isso, o
hostilizam, na tentativa de levá-lo de volta à vida comum; portanto, teime,
bata, peça...; ‘que te importa a ti, segue-me tu’).
‘Segue-me e deixe que os mortos enterrem
seus mortos... ’ (dedica-te ao mais importante, isto é, à busca da verdade, do autoconhecimento;
já estás despertando, abrindo os olhos, começando a viver; por isso deixa que
os que ainda dormem, que estão mortos para a verdade, continuem seu sono e não
sejam obstáculo em teu caminho nessa busca).
‘Se alguém se envergonhar de mim e de
minhas palavras, também eu me envergonharei dele...’ (não faltará quem te
critique nessa busca; não deixes que, com isso, te embaracem. Continua teu trabalho.
Quem critica o que fazes na busca da verdade ainda está longe do percebimento
e, por isso, sofrerá).
‘Renuncia a ti mesmo, toma tua cruz e
segue-me...’ (renuncia ao ‘ego’, que não passa de fantasia; vai em frente,
mesmo que os mais queridos não te compreendam; a ‘tua cruz’ é a vida daquele
que ainda não chegou ‘lá’; quando o ‘eu não é, Deus é’...).
‘Que servirá ao homem ganhar o mundo
inteiro e perder sua alma?...’ (mesmo com toda riqueza e poder, a vida não terá
significado enquanto nossa ‘alma’ estiver perdida, sem achar o caminho para
chegar ‘lá’).
‘Se tiverdes fé do tamanho de um grão de
mostarda, direis a esta montanha...’ (o conhecimento da verdade nos fará saber
o que realmente somos e, então, nossa fé, transformada em convicção absoluta,
permitirá atos criativos inimagináveis).
‘Se não vos transformardes e vos tornardes
como crianças não entrareis no reino... ’ (a transformação, nascida da compreensão
da verdade, dá ao homem uma mente sem máculas, inocente e pura como a de uma
criança; então, podereis entrar no reino).
‘Se alguém fizer cair em pecado um destes
pequeninos (os humildes, mais fracos, inocentes, menos espertos ou menos
instruídos), melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o
lançassem ao mar... ’ (pois ainda não chegou ‘lá’ e, por isso, ‘muitos pesares
ainda terá’. Diz Krishnamurti que a vida só tem significado quando chegamos
‘lá’, e Maharresh Yogi, que ainda somos sub-humanos enquanto não temos o
percebimento; a vida será com erros, conflitos e dores por não termos, ainda,
chegado lá; não terá sentido).
‘Os escândalos são inevitáveis, mas, ai
daqueles que os causam’ (estes ainda estão longe da percepção da verdade (Deus);
agem ‘erradamente’, por que interpretam incorretamente e sofrem por isso, não
como castigo, mas apenas porque não tiveram a percepção; os que chegaram lá não
mais erram, pois compreenderam, não sofrem mais).
‘Para reconciliar-te com quem pecou contra
ti, faz e tenta de tudo; só depois, se nada der certo, deixa nas mãos de
Deus... ’ (não esquecer que todos somos um; primeiro façamos aquilo que Deus
escolhe que façamos; depois, não nos preocupemos, pois o Pai escolhe segundo
sua vontade, e sua vontade, por mais que não a compreendamos, sempre é feita,
nos felicitando ou nos frustrando).
‘... perdoar setenta vezes sete vezes... ’ (se
não temos o poder de escolher, por que ressentimentos? Perdoe sempre, pois, na
verdade, nada há a perdoar, pois a escolha dos nossos atos não é nossa, mas do Senhor).
‘... e há eunucos (castrados) que se
fizeram eunucos por amor ao reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda...
’ (eliminaram o instinto sexual, uma das maiores paixões, um dos maiores
fatores da distração ou desatenção para a meditação).
‘...aos homens a salvação é impossível;
mas, a Deus, tudo é possível... ’ (nada escolhemos; toda escolha vem de Deus,
logo...).
‘Os últimos serão os primeiros... ’ (porque
estes já estão compreendendo a verdade; assim, tornam-se mais humildes e se
colocam no último lugar; no entanto, estão mais próximos da percepção do sagrado...).
‘... aquele que quiser tornar-se grande
entre vós, se faça vosso servo... ’ (idem).
‘Minha casa é casa de oração; não façais
dela um covil de ladrões... ’ (a mente, onde encontramos Deus, deve estar limpa
e não cheia de escórias e lixo, isto é, pensamentos, lembranças, expectativas,
ilusões, opiniões emoções, imaginações, condicionamentos, crenças, coisas que roubam a atenção e são
obstáculos à meditação; quando livre de ruídos, de estática, podemos ter a
percepção daquilo que é sagrado. Krishnamurti ensinou: ‘mantenha o seu quarto (a
mente) limpo, arrumado (sem preconceitos), e as janelas (mente) abertas; assim,
a coisa poderá entrar, a
qualquer momento... ’).
‘Ninguém será recebido nas bodas
(iluminação) sem vestes nupciais... ’ (as vestes são a necessária preparação
para a meditação; se alguém não está preparado, será difícil que a coisa lhe aconteça).
‘... filtrais um mosquito e engolis um camelo...
’ (as coisas do mundo são interpretadas equivocadamente por aquele que ainda
não esteve ‘lá’; isso lhe acarreta conflitos e sofrimentos).
‘Limpais por fora o copo e o prato e por
dentro estais cheios de roubo e intemperança... ’ (idem).
‘Sepulcros caiados, formosos por fora, mas
cheios de podridão por dentro... ’ (os que não chegaram ainda; como disse
Boheme, místico cristão, ‘enquanto o Cristo não nascer em você, você viverá na
escuridão de um estábulo, entre fezes e urina’; de nada adianta o que você
tenha por fora, isto é, poder, belezas, riquezas, etc.).
‘... aquele que perseverar até o fim será
salvo...’ (persevere na prática, sem desistir, batendo, buscando; pode suceder
que, de repente, sem que você saiba a hora, nem o lugar, como na parábola,
aconteça...).
‘Vigiai, porque não sabeis a hora em que
virá o Senhor; estai, pois, sempre preparados porque Ele virá numa hora que
menos pensardes; não sabeis nem o dia, nem a hora...’ (idem; ‘vigiai’, isto é,
esteja atento; veja, também as parábolas das virgens insensatas, do servo fiel,
do ladrão).
‘Em verdade vos digo: todas as vezes que
fizestes isto a um destes irmãos foi a mim mesmo que o fizestes...’ (Jesus não
teria dito ‘foi ao Eu mesmo que o fizestes’? pois o que fazemos a outrem,
fazemos a nós mesmos; todos somos um).
‘O espírito é pronto, mas a carne é
fraca...’ (enquanto não chegamos lá, isto é, enquanto não tivermos o
percebimento caímos em muitos erros e, assim, sofremos pois nossos sentidos nos
farão interpretar erradamente).
‘Ensinai-as (às nações) a observar tudo o
que eu vos prescrevi...’ (a luz não deve ser colocada sob o alqueire, mas sobre
o velador para que ilumine a todos).
‘Aquele que faz a vontade de meu Pai, esse
é meu irmão, minha irmã e minha mãe... ’ (aquele que segue os ensinamentos
percebe ser da família dele, isto é, da sua mesma natureza).
‘Não julgueis, pois, com a mesma medida
que medirdes, vos medirão a vós também, e com maior rigor ainda... ’ (quando
julgamos alguém, agimos erradamente; nada há a ser julgado, pois a escolha não
é nossa; se estamos, porém, ainda no nível de julgar, também estamos no nível
de supor que nos estão julgando e de que, por isso, sofremos).
‘Não é o que entra, mas o que sai do homem
que o pode manchar... ’ (enquanto não chegou lá; não que seja ‘pecado’ que
exija corretivo; apenas mostra que esse ainda não esteve lá e, por isso, sofre).
‘Quão difícil é entrarem no reino dos
céus os que põem sua confiança nas riquezas... ’ (pela distração, preocupação,
desatenção e medo, daí resultantes; afastam-se das coisas elevadas e, assim, dificilmente,
buscam o reino...).
‘Todo
aquele que disser a este monte:... e não duvidar
em seu coração, que acontecerá o que disse, obterá esse milagre... ’ (só não
duvida aquele que teve o convencimento advindo da experiência de Deus e, assim,
sua criatividade será inimaginável; as superposições coerentes, da física
quântica).
‘Por isso vos digo: tudo que pedirdes na
oração, crede (convencei-vos) que o tendes recebido, e ser-vos-á dado...’ (o
‘convencimento’ de que algo acontecerá, faz com que esse algo se manifeste no
espaço-tempo. Jesus não disse ‘que o receberás’, que é tempo futuro, que não
existe, mas que já estás recebendo. Esse conselho, não esqueçamos, vem da boca
de um iluminado que percebeu que é assim).
‘Se não perdoardes, também vosso Pai não
perdoará vossos pecados... ’ (se não temos ainda condição de perdoar é porque
ainda não chegamos lá; então sofremos, pois não percebemos que não há pecado, e
acreditamos que estamos sendo punidos pelos ‘pecados’ que cometemos).
‘Abençoai os que vos maldizem, fazei o bem
aos que vos odeiam... ’ (dentro da visão de que todos somos um só, o mal que
fazemos a alguém, fazemos ao todo, a nós mesmos; por isso, nunca fazer o mal).
‘Ao
que tomar o que é teu, não lho reclames...’ (idem).
‘Fazei o bem sem daí esperar recompensa...’
(idem).
‘Não te preocupes com muitas coisas...’ (não
adianta preocupar-se, pois a escolha não é nossa; como a física moderna
comprova, tudo é incerto e impermanente. E não adianta se preocupar, pois
escolha não sendo nossa, o que acontece é o que tem de acontecer. Essa incerteza
e a impermanência de todas as coisas são a base da filosofia do Buda).
Faça como aquele, da parábola, que, altas horas,
recebendo hóspedes inesperados, bateu à porta do vizinho para pedir-lhe três
pães; de tanto que bateu e teimou, importunando-o, o amigo o atendeu e deu-lhe
até mais do que três pães...; bata, procure, teime, isto é, persevere na
meditação; você pode ser abençoado com coisas que você nem espera, com muito
mais do que pediu, que nunca imaginou. Como Paulo disse: ‘vi e ouvi coisas
inefáveis’.
‘Bem-aventurados aqueles que ouvem a
palavra de Deus e a cumprem.’ (esses, provavelmente, chegarão).
‘Guardai-vos, escrupulosamente, de toda
avareza (apego) porque a vida de um homem (a sobrevivência, o nível, a
felicidade), ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas posses,
riquezas... ’ (tudo depende da escolha, que não é nossa, mas de Deus; e a vida
só tem significado, sentido, quando temos o percebimento do sagrado).
‘Insensato, nesta noite ainda exigirei tua
alma. E tudo que ajuntaste, de quem será? Assim acontece com aquele que
entesoura para si mesmo e não para Deus... ’ (aqueles que não seguem os ensinos
dos mestres, por viverem egoisticamente, dificilmente chegarão, não por
castigo, mas porque não acordaram ainda).
‘...onde estiver teu tesouro, aí estará
teu coração...’ (tua atenção, teu nível de vida; o tesouro, positivo ou negativo,
é obstáculo à meditação).
‘Não te sentes no primeiro lugar... aquele
que se exalta será humilhado.’ (orgulho, arrogância, presunção, são sinais
daquele que ainda não chegou lá; a humildade verdadeira vem da percepção do divino).
‘Deus conhece vossos corações...’ (ele aí
habita).
‘... depois de terdes feito tudo que vos
foi ordenado, dizei: somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos
fazer;...’ (quem está despertando para a luz, está fazendo exatamente o que
deve fazer aquele que procura a verdade que liberta).
‘Bendito o que vem em nome do Senhor...’
(aquele que age como foi prescrito pode chegar lá onde será abençoado com a
iluminação).
‘Eu ficarei convosco para todo o sempre...
’ (não o homem Jesus. É o Cristo, o percebimento, a iluminação; permanece,
conscientemente, e para sempre, naquele que chegou).
‘A
minha paz vos dou... ’ (quem chega lá, tem a paz do Cristo, a serenidade do
iluminado).
‘Não busco a minha vontade, mas a daquele
que me enviou... ’ (sempre é feita somente a vontade de Deus, embora
suponhamos, muitas vezes, que a nossa vontade esteja sendo feita e ficamos
felizes, ou ficamos frustrados quando isso não acontece).
‘Eu sou o pão da vida; aquele que vem a
mim nunca terá fome e jamais terá sede... ’ (aquele que chegou lá está saciado,
pleno; de nada mais necessita; ‘o demais virá por acréscimo’).
‘Quem estiver sem pecado, atire a primeira
pedra... ’ (todos ‘erramos’, mas não é por nossas obras que somos salvos, e sim
pela graça de Deus, como a própria escritura afirma. Jesus nos adverte de que
somos todos iguais, pois todos estamos sempre errando enquanto não chegarmos lá).
‘Vai e não peques mais... ’ (aquele que
foi e chegou lá, não mais erra, porque sua ação será sempre correta).
‘Aquele que me segue não andará nas
trevas, mas terá a luz da vida... ’ (aquele que segue seus ensinamentos chegará
lá, à luz da vida, à iluminação).
‘Enquanto for dia, cumpre-me terminar as
obras daquele que me enviou; virá a noite na qual ninguém pode trabalhar... ’ (não
desperdice seu tempo; quando vier a noite (os problemas) será difícil praticar
o que foi ensinado; só com essa prática a vida terá significado).
‘Eu vim para que tenhais vida, e vida em
abundância’. (é o que sucede a quem
segue os ensinamentos e, por isso, chega lá).
‘Senhor, se estivesses aqui meu irmão não
teria morrido.’ (onde está o Cristo, a divindade absoluta, não há morte; só há
vida).
‘Eu sou o caminho, a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim... ’ (o correto não terá sido ‘o Eu é o
caminho, a verdade, a vida’? e ‘ninguém vai ao Pai senão pelo Eu’? pois o
caminho é para dentro, para o interior, pelo ‘eu’, por onde se vai ao
percebimento do Pai, como ensinaram a doutora teologal dos católicos, Teresa de
Ávila, João da Cruz, S. Agostinho e muitos outros místicos orientais e
ocidentais).(Recentemente foi publicado artigo no qual, rabinos ilustres
esclareceram que a tradução correta é essa mesmo: “o Eu é o caminho...”, “...
senão pelo Eu”).
‘Aquele que crê em mim fará as obras que
eu faço e outras maiores ainda... ’ (àquele que chegou ao percebimento, ao
convencimento, suas soluções serão criativas e não mais condicionadas; penetra
o campo das infinitas possibilidades, como afirma Maharish, e tudo lhe é
possível).
‘Aquele que guardar meus mandamentos... será
amado por meu Pai... e eu manifestar-me-ei a ele e nele faremos, eu e meu Pai,
nossa morada... ’ (a manifestação da Consciência Cristica, que permanecerá em
quem percebeu que ‘eu e o meu Pai somos um’, possível àquele que guarda (segue)
os ensinamentos...).
‘Permanecei em mim que eu permanecerei em
vós...; o ramo não poderá dar frutos de si mesmo se não permanecer na videira;
eu sou a videira, vós os ramos... O Pai podará todo ramo que der frutos, para
que dê mais frutos ainda... ‘ (por nós mesmos, seres do espaço-tempo, nada fazemos;
já àquele que chegou ao percebimento, sua conduta é sempre correta, seus
frutos, idem, pois sua consciência, agora, é crística e, consequentemente, dará
mais frutos ainda).
‘Sois meus amigos se fazeis as coisas que
vos mando.’ (somos todos iguais, o que se tornará evidente se fizermos o que
ele ensinou).
‘Ora, a vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti, um só
verdadeiro Deus, e a mim, o Cristo, a quem enviaste... ’ (não apenas crer, mas
conhecer, melhor ainda, ‘ser’ (esse o objetivo da meditação); aí está o segredo
da vida eterna e abundante).
‘Pai, o mundo não te conheceu, mas eu te
conheci.’ (o percebimento, com que a maioria nem sequer sonha e, por isso, não
o busca) (Pascal).
‘Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que
fazem’. (na verdade, numa análise profunda, veremos que nada sabemos; por isso,
não há culpas). ‘É o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’ (Paulo).
Na parábola das dez virgens, Jesus
ensinou o valor da atenção simbolizada pelas cinco virgens que, cuidadosas,
atentas, se precaveram colocando azeite em suas lâmpadas, à espera do noivo (a
iluminação que pode chegar a qualquer momento, em qualquer lugar e
aparentemente sem razão), ao contrário das outras cinco que, desatentas,
imaturas, não se muniram de azeite e, com isso, não tinham luz suficiente
(percepção, consciência suficiente) e, assim, não perceberam a chegada do noivo
(a iluminação). O mesmo significado tem a parábola do servo fiel, que
permaneceu vigilante (atento) à espera do patrão, que chegaria a qualquer
momento.
Existe um tipo de espera que requer
atenção total. A ‘coisa’ pode acontecer a qualquer momento e se não estivermos completamente
acordados (atentos, ‘vestidos com vestes nupciais’) e calmos, vamos perdê-la.
Nesse estado de total atenção (meditação) não há lugar para pensamentos,
lembranças, emoções, isto é, interferência do ego, mas apenas uma presença
alerta. Seja como o servo da parábola esperando a volta do senhor. Ele
desconhece a hora em que o patrão vai chegar; então fica acordado, vigilante,
aprumado, atento e sereno, para não perder a chegada do patrão (a iluminação).
‘...esta é a justiça de Deus... não há distinção;...
todos são ‘pecadores’ (cometem aquilo que denominamos pecado) e todos estão
privados da glória de Deus, mas são justificados gratuitamente por sua graça: tal é a obra de redenção realizada
em Cristo’ (isto é, no percebimento de Cristo, na iluminação; vamos então
perceber que não pecamos, pois nem os pensamentos que temos são nossos e que
todos somos iguais (não há distinção); todos já estamos, e gratuitamente,
salvos) (Ro 3: 21).
‘...para que, como Jesus ressurgiu dos
mortos’ (o nascer de novo, a ressurreição, o nascimento do novo homem) ‘pela
glória do Pai’ (pela percepção de que ‘eu e o Pai somos um’), ‘assim também nós
vivamos uma vida nova’ (a vida do novo homem; a vida só tem significado quando
chegamos ao percebimento). ‘Se somos o mesmo ser com ele’ (iguais a ele) ‘por
uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição...
portanto, vós também considerai-vos mortos para o pecado, porém vivos para
Deus, em Cristo Jesus ’
(Ro 6: 5, 11) (se chegastes lá, isto é, ao percebimento, ao Cristo, não ‘pecarás’
(não errarás) mais; serás um novo ser, um ser igual a Jesus; nasceste de novo).
‘... Os sofrimentos da presente vida não
têm proporção alguma com a glória futura, que nos deve ser manifestada’ (com o
percebimento). ‘Por isso, a criação aguarda ansiosamente’ (mesmo inconsciente;
por isso o sofrimento do homem que, não sabendo o que procura, cai em tantos
erros por se apegar, iludido, a satisfações substitutas) ‘a manifestação do
filho de Deus’ (a manifestação do Cristo em nós; a percepção de que somos um
com o Pai apaga todos os sofrimentos) (Ro 8: 18, 19).
‘... não vos conformeis com este mundo,
mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais
discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é
perfeito’ (Ro 12: 2) (a transformação é fruto do percebimento, que produz total
renovação do ser, o homem novo; aí, pode-se discernir a vontade de Deus, que,
então, será a mesma vontade daquele que ‘chegou’, porque ‘eu e o Pai somos um’).
‘Sede perseverantes na oração.’ (Ro 12:
12) (Pedi, buscai, batei... ; a perseverança, na meditação, torna possível a
ocorrência de hiatos cada vez mais longos entre os pensamentos, o que pode
resultar na percepção do que está além do ego, além do espaço-tempo).
‘Abençoai, não os praguejeis, aqueles que vos
perseguem...’ (Ro 12:14) (somos um só e, depois, Deus é que opera em nós o pensar,
o fazer e o querer).
‘... Acaso não declarou Deus ser loucura
a sabedoria deste mundo...?’ (I Cor 1:20) (grandes psicólogos e sábios afirmam:
nossa sociedade é totalmente insana. A sanidade está apenas na percepção do
sagrado).
‘Coisas que os ouvidos não ouviram, nem
os olhos viram, nem o coração humano imaginou’ (‘coisas inefáveis’, como disse
Paulo), ‘tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam’. (I
Cor 2:9) (para aqueles que o seguem, que o buscam).
‘...que cada um viva na condição na qual
o Senhor o chamou... não te preocupes disto. Pois o escravo, que foi chamado
pelo Senhor, conquistou a liberdade no Senhor’ (I Cor 7:22) (cada um é o que é,
não há como modificar isso; mas, qualquer que seja sua condição, aquele que
teve o percebimento está absolutamente livre de toda autoridade, medo, ilusões,
condicionamento, crenças, superstições e sofrimentos).
‘Há diversas operações, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos.
A um é dada a sabedoria para proveito comum; a outro, a
ciência; a outro, a fé; a outro, a graça de curar doenças... Mas o mesmo
Espírito distribui esses dons a cada um conforme lhe (a Deus) apraz’(I Cor
12:4) (mais uma vez, a escolha não é nossa; tudo que fazemos ou somos na vida é
o ‘senhor’, aquilo que está além do espaço-tempo, que decide, que faz).XX
‘... embora muitos membros formem um só
corpo, assim também em Cristo’ (na consciência crística todos formamos um só
corpo, somos um só)...; ‘os membros do corpo que parecem os mais fracos, são os
mais necessários’ (todos somos necessários)... ‘Ora, vós sois o corpo de
Cristo, cada um é um membro’. (I Cor 12:12 a 27) (na visão da atual teoria
científica dos sistemas, não há nenhuma coisa que seja mais importante do que
qualquer outra; tudo que existe, existe por que tem, necessariamente de
existir; assim eu, assim você; assim o mal, assim o bem; o agradável e o
desagradável).
“Quando eu era menino, falava como
menino, julgava como menino. Mas depois que cheguei a ser homem feito, dei de
mão das coisas que eram de menino. Nós agora vemos Deus como por um espelho em
enigmas, mas então veremos face a face. Agora conheço-o em parte, mas então hei
de conhecê-lo, como eu mesmo dele sou conhecido.” (Mostra o que seremos com o
conhecer a verdade que liberta).
‘Aspirai aos bens superiores. ... se eu
não tiver caridade (amor) nada sou... Quando chegar o que é perfeito, o
imperfeito desaparecerá... Hoje vemos como por um espelho, confusamente, mas,
então, veremos face a face’ (perfeitamente, sem erro; quando chegar o que é
perfeito, isto é a luz, compreenderemos que nada é imperfeito); ‘hoje, conheço
em parte’ (por isso, interpretamos imperfeitamente), ‘mas, então conhecerei
totalmente’ (I Cor 13:1 a 12) (‘Conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará...
’; a iluminação traz-nos a verdade, é o conhecimento da verdade; a interpretação
será, então, perfeita e veremos que aquilo que nos parece imperfeito é também
perfeito; se não tenho amor é porque não cheguei ainda lá; de um cântico do
bramanismo: ‘do perfeito tirando o perfeito o que resta é perfeito’).
‘Pois, se os mortos não ressuscitam, nem
o Cristo ressuscitou’ (I Cor 15:16) (deduz-se, daqui, que Paulo diz que somos
iguais a Jesus).
‘Semeado na corrupção, o corpo ressuscita
incorruptível; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal,
ressuscita corpo espiritual’ (I Cor 15:35ss) (com o percebimento nasce o homem
novo, ressuscitado, totalmente livre de erro).
‘Eis que vos revelo um mistério’ (para
ele não é mais mistério): ‘nem todos morreremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última
trombeta. Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados’
(num repente, acontece a iluminação e seremos todos transformados).
‘É
necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade e que
este corpo mortal se revista da imortalidade’ (pelo percebimento) (I Cor
15:51ss).
‘A morte foi tragada pela vitória’ (I Cor
15:55) (aquele que chegou lá venceu a morte; vê que ela não passa de ilusão).
‘... nós somos a vossa glória, exatamente
como vós sereis a nossa, no dia do Senhor Jesus’ (II Cor 1: 14) (a gloria que
tereis, no dia do percebimento, será igual à minha, à que já tenho: nesse dia tereis o extraordinário percebimento
de que ‘eu e o Pai somos um’).
‘...tal a convicção que temos em Deus,
por Cristo’ (por termos tido a percepção). ‘Não que sejamos capazes de ter
algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus.’ (II Cor
3:4,5) (Deus é que opera em nós...; não temos a paternidade nem dos nossos pensamentos;
portanto, a responsabilidade por nossos erros ou acertos não é nossa).
‘Já estais separados de Cristo, vós que
procurais a justificação pela Lei; decaístes da graça... Estar circuncidado ou
incircuncidado, de nada vale em
Cristo Jesus , mas sim a fé que opera milagres’ (Gal 5:4,6).
(a fé-convencimento; esta, como Jesus a teve, opera milagres; a justificação
deve vir pela graça (de Deus), pela iluminação, não pela obediência a
mandamentos, regras e leis, que não passam de exterioridades, coisas que as
religiões convencionaram).
‘O mistério da salvação dos gentios: eles
são co-herdeiros conosco, que somos judeus; são membros do mesmo corpo e
participantes da promessa de Jesus Cristo.’ (Efe 3:1,6) (todos já estamos salvos; não há um
povo eleito ou pessoas privilegiadas para esse fim; perante Deus, todos somos
iguais).
‘Deus não faz acepção de pessoas; faz
chover tanto sobre o justo quanto sobre o injusto...’’ (Paulo) (idem).
‘... que o Pai conceda o crescimento de
vosso homem interior... para que possais conhecer a caridade de Cristo’ (o
percebimento), ‘que desafia todo o conhecimento’ (a sabedoria que o acompanha é
inimaginável), ‘e sejais cheios de toda a plenitude de Deus’ (Efé 3: 16ss) (o
percebimento nos plenifica; de nada mais necessitamos: ‘... o demais vos virá
como acréscimo’).
‘Renunciai à vida passada, despojai-vos
do homem velho, corrompido... Renovai sem cessar o entendimento de vossa alma
(auto-conhecimento, advindo da perseverança na meditação e que explode na
percepção do absoluto), e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus’ (pois
perceberemos que o somos), em verdadeira justiça e santidade.’ (Efé 4: 17ss).
‘...Por que é Deus quem, segundo o seu
beneplácito, realiza em vós o querer e o fazer... Na verdade, julgo como perda
todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus
Cristo; tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo.’
(Fel 3:7ss) (tudo é nada, comparado à iluminação, e Deus é que nos leva a essa
experiência, pois ele é que realiza em nós o pensar e o fazer; Maharish: ‘enquanto
não chegamos ‘lá’, somos apenas subumanos’; Krishnamurti: ‘a vida só tem
significado quando chegamos lá; veremos, então, que tudo é fútil e inútil’;
Teresa de Ávila: ‘tudo o mais é lixo’; do Zen: ‘tudo o mais é coisa prosaica’).
‘Ninguém vos critique por causa de comida
ou bebida, ou espécies de festas ou luas novas, ou sábados (exterioridades).
Tudo isso não é mais do que sombra do que há de vir. A realidade é Cristo...
não passam de normas e doutrinas humanas, mas não têm qualquer valor real, e só
servem para satisfazer a carne (o mundo, as aparências). ’ (Col 2:16ss) (só tem
valor o conhecimento do Cristo, a iluminação, trazida pela meditação; o tesouro,
a jóia encontrada pelo homem que se desfez de tudo para adquiri-la; rituais,
cultos, cânticos, promessas, sermões ou pensamentos que emocionam, ladaínhas,
rezas, incenso, velas acesas, sinais, gestos, objetos do culto tidos como
sagrados, vestimentas, músicas, orações a sós ou em conjunto, nada disso tem qualquer
valor; são apenas exterioridades. A verdade está em nossa interioridade).
‘... pois vós sabeis muito bem que o dia
do Senhor (a iluminação) virá como um ladrão de noite (de surpresa)... então,
repentinamente, vos sobrevirá a destruição (das ilusões, do velho homem), como
as dores à mulher grávida (repentinamente, o nascimento do homem novo);... mas,
vós, irmãos (que seguis o que ensinamos) não estais em trevas para que o Dia
vos surpreenda como a um ladrão. Não durmamos, pois, como os demais (que não
despertaram ainda para a busca); vigiemos... ’ (I Tes 5:1 a 6) (estejamos
atentos, para perceber a chegada do ‘noivo’, e para não alimentar, com
distrações e desatenção, o ego; só assim é possível a meditação que pode
resultar no percebimento, que vem, como um ladrão, sem que tenhamos idéia de
quando).
‘...o ímpio se manifestará, mas o senhor (a
iluminação) o destruirá com o esplendor de sua vinda’. (II Tes 2:8) (o
percebimento destrói a escuridão de tudo que é ímpio, isto é, nossa escuridão; quando
chegamos ao percebimento do Cristo, à iluminação, só restará luz, esplendor).
‘... (em suas funções eclesiásticas) o
bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado uma só vez, regrado... ’ (I Tim
3:2) (porquê, então, o celibato, dos padres, que é contra a natureza?).
‘... na expectativa da nossa esperança, a
aparição gloriosa de nosso grande Deus, Cristo...’ (Tit 2:13) (a esperança da
chegada da iluminação, que nos mostra a glória daquilo que nós já somos mas
que, ainda, não percebemos).
‘Mas, um dia apareceu o amor de Deus para
com os homens; não por causa de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas
unicamente por sua graça. Ele nos salvou pelo batismo da
regeneração e renovação (iluminação), pelo Espírito Santo que nos foi concedido
em profusão, por meio do Cristo. Certa é esta doutrina... (mas) quanto às
questões tolas, contendas e disputas relativas à Lei, foge delas, pois são
inúteis e vãs. ’ (Tit 3:8) (O verdadeiro batismo, isto é, a iluminação, nos
regenera e renova fazendo surgir o novo homem; tudo o mais é ‘questão tola’).
‘Alegria e singeleza de coração ’ (Atos
2:46), (Krishnamurti: uma boa dose de indiferença e de bom humor, em todas as
situações porque tudo é incerto e impermanente; tudo, de bom ou de mal, pode
nos acontecer; e nada escolhemos; a física moderna também nos afirma isso).
‘Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de
Jacó. Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria’ (a felicidade de Pascal, ao chegar lá).
‘... seja feita a vossa vontade e não a
minha...’ (a escolha não é nossa; não há como não aceitar o que acontece).
‘Eu quero; sê limpo...’ (isso pode dizer
aquele que chegou lá).
‘Eu irei e lhe darei saúde...’ (idem).
‘...considerai-vos mortos para os pecados,
mas vivos para Deus...’ (Rom 6:11) (quem teve o percebimento não mais erra;
vive apenas para as coisas de Deus, não por ser esse seu desejo e se esforçar
para isso, mas por ser da natureza daquele que chegou porque, então, ressuscitou;
é um novo homem).
‘...porque a inclinação da carne é morte,
mas a inclinação do espírito é vida e paz...’ (Rom 8:6). ‘... mas vós não
estais na carne, mas no espírito, se é (que percebestes) que o Espírito de Deus
habita em vós... (isto é, se já chegastes lá).
‘...e se o espírito daquele (de Deus) que
ressuscitou Jesus habita em vós...’ (idem).
‘... (aguardamos) a glória que em nós será
revelada...’ (ao chegarmos lá).
‘Em Cristo digo a verdade, não minto.’ (quando
Cristo, a verdade, é encontrado, é impossível o engano, a mentira, a ilusão; tudo
é o que é...).
‘...porque todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo.’ (este o nome do senhor: Eu Sou, o mesmo ‘eu sou’ de
todos nós; aquele que busca, pode encontrá-lo; ‘Conhecereis a verdade e a verdade...
’).
‘...não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação de vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus...’ (não transformar o
mundo, mas transformar-nos a nós mesmos, pelo percebimento; só então a vida terá
significado; nosso entendimento será renovado (sabedoria que vem com a
iluminação) e experimentamos a perfeita vontade de Deus que, então, será a
mesma vontade nossa... (‘eu e o Pai somos um’).
‘...não vos vingueis... está escrito:
Minha é a vingança, diz o Senhor; se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer;
se tiver sede, dá-lhe de beber...’ (nada fazemos por nós mesmos; não
escolhemos; logo a ‘vingança’ não é nossa; e mais: nossos ‘inimigos’ e nós
somos um só; isto é, não há inimigos).
‘Vence o mal com o bem.’ (Ro 12:19)
(idem).
‘...não há potestades que não venham de
Deus...’ (a escolha é de Deus; nada é vontade ou decisão nossa).
‘... pois o cumprimento da lei é o amor.’
(àquele que chegou, pois cumpriu o ensinado, teve despertados amor
incondicional e compaixão por aqueles que estão sofrendo na escuridão, porque
não chegaram, porque não perceberam ainda).
‘...revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e
não tenhais cuidado da carne...’ (aquele que despertou iguala-se ao Cristo e
não mais teme o erro; sua vontade é a mesma de Deus; seu livre-arbítrio é,
então, total, mas ele não precisa mais disso, pois sua vontade e escolha são a
vontade e escolha de Deus; o agir correto é, agora, sua natureza).
‘...pois se nós nos julgássemos a nós
mesmos, não seríamos julgados.’ (Col
11:13) (se estamos sempre nos julgando, nos observando – o autoconhecimento, dos
antigos sábios gregos; a atenção, de Krishnamurti; a observação de si mesmo, de
Gurdjef - podemos chegar lá e, então, para nós, não há mais ‘julgamento’, pois
todo nosso agir será correto).
‘...não sou eu que faço as obras, mas o
Cristo que habita em mim...’ (‘o Senhor é que opera em nós o pensar, o querer e
o fazer’; logo, não há pecados nem remorsos; tudo está certo, nós é que não
percebemos isso ainda).
‘Não sabeis que vós sois o templo do
Altíssimo e que o Espírito de Deus habita em vós?’ (I Col 3:16) (se Deus está
em nós, como procurá-lo fora? Zen: ‘é cavalgar o boi para procurar o boi’).
‘...ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos.’ (I Col 6:19) (nem somos de nós mesmos; logo, os
pensamentos, as escolhas não são nossos; então, nada de remorsos ou de culpas).
‘E há diversidade de dons, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos.’ (I Col 12:6) (idem).
‘...e vivo, não mais eu, mas o Cristo vive
em mim.’ (Gal 2:20) (idem; Paulo teve percepção da verdade).
‘...meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores do parto, até que o Cristo seja formado em
vós.’ (Gal 4:19) (até que tenhamos percebimento de que o Cristo ‘nasceu’, ou
melhor, que já está formado em nós).
‘...porque Deus é que opera em vós tanto o
querer como o fazer, segundo sua vontade...’ (Fil 2:13) (nada fazemos por nós
mesmos; nem a decisão, nem a escolha, nem os erros são nossos, portanto; isto
está de conformidade com a filosofia da física quântica: não escolhemos e, ‘aquele
que pensa que escolhe é imaturo’ (Krishnamurti).
‘Porque, assim como todos morrem em Adão (como
corpo biológico que somos), assim também todos serão ressuscitados em Cristo’ (como
Deus que somos (I Cor 22) (mais uma vez Paulo diz que somos iguais a Jesus e,
mais ainda, todos morremos porque somos feitos do mesmo ‘barro’ que Adão, o
corpo biológico, material; e todos ressuscitaremos, novamente, porque somos
iguais a Jesus; mas Paulo não se refere a uma ressurreição do corpo, mas ao
nascer de novo, o novo homem que agora percebeu).
‘...que é Cristo em vós, esperança de
glória...’ (Col 1:27) (esperança da glória que teremos conscientemente, com o
percebimento; já o somos, inconscientemente).
‘...quando Cristo, que é nossa vida, se
manifestar, então também vós vos manifestareis com ele, em glória...’ (Col
13:4) (idem).
‘...agora somos filhos de Deus e ainda não
se manifestou o que haveremos de ser. Mas sabemos que, quando isso se
manifestar, seremos semelhantes a Ele.’ (mesmo que não tenhamos o percebimento,
já somos filhos de Deus, iguais a Jesus; apenas não percebemos isso ainda; mas,
com o percebimento, conheceremos essa verdade: que somos iguais ao Cristo, que todos
somos um).
‘O Senhor é espírito e onde está o
espírito do Senhor, há liberdade. ’ (II Cor 3:17) (quando conhecermos a verdade
de que o espírito de Deus está em nós, estaremos livres; isso ‘é o fim de todo
o sofrimento’, como afirmou o Buda; e ‘a verdade vos libertará’, como disse
Jesus).
‘Aquele que nos formou para este destino é
Deus mesmo, que nos deu por penhor o Seu espírito.’ (IICor 5:5)
(penhor=garantia: em todos nós já está o Seu espírito, isto é, o próprio Deus;
e se ‘ele nos formou para este destino’, analise e conclua).
‘Não toqueis no que é impuro e vos
receberei, diz o Senhor...’ (estando a mente pura, isto é, livre de impurezas, que
são as emoções, os pensamentos, imaginações, condicionamentos, coisas que podem
cessar com a meditação, teremos a percepção do Absoluto; seremos recebidos por
ele).
‘Acaso não ‘reconheceis’ que o Cristo está em vós?’ (II Cor 13:5) (já
está em nós, mesmo que não o percebamos; só nos falta percebê-lo).
‘Asseguro-vos, irmãos, que o evangelho
pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi de homem algum, mas por
revelação de Jesus Cristo.’ (Gal 1:11) (ele chegou lá, iluminou-se; por isso
sua revelação veio da percepção de Deus, ou do Cristo, a Consciência Crística, que
está em nosso mais profundo íntimo; ‘nada de humano’, pois que está além do ego,
além do que é humano).
‘...mas quando aprouve àquele que me chamou pela sua graça para revelar seu
filho em mim...’(Gal 1:15) (a escolha não é por nossos méritos, mas pela graça
de Deus; é atemporal; a revelação, também; Paulo teve nele próprio a revelação
do Cristo e percebeu que somos um).
‘...a liberdade de que gozávamos em Cristo Jesus.’ (Gal
2:4) (a liberdade total dada pelo percebimento, isto é, quando estamos
realmente conscientes do Cristo em nós não haverá mais dependência alguma; ‘...
e a verdade vos libertará’).
‘...apenas isto quero saber: recebestes o
Espírito (tivestes consciência do Cristo em vós) pela prática da lei ou pela
aceitação da fé? (Gal 3:2) (a lei é exterior, a fé, interior; seria pela
aceitação que a fé traz, se não fosse pela graça de Deus, pois nada
escolhemos).
‘...pois todos sois um em Cristo.’ (Gal
3:28) (somos um sempre; mas no espaço-tempo não temos percepção disso; no
atemporal, sim).
‘...a prova de que sois filhos de Deus é
que Deus enviou aos vossos corações o espírito de seu filho. Portanto... és
filho, então, também herdeiro de Deus’ (Gal 4:6ss) (o Cristo está em nosso
íntimo; somos, portanto, todos iguais a Jesus e um só; por isso ‘co-herdeiros’).
‘...e quanto a vós até os cabelos todos da
cabeça estão contados.’ (Mat 10:30) (tudo está nas mãos de Deus, que opera em
nós o pensar, o querer e o fazer).
‘...não sois vós que falais, mas o
Espírito de vosso Pai é quem fala em vós.’(Mat 10:20) (idem).
‘Vinde a mim (ao Eu Sou, à iluminação) os
que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.’ (Mat 12:28) (ir ao
eu, ao Eu Sou, esse é o caminho; para dentro de nós mesmos, para a cessação de
todo sofrimento).
Pedro, tendo medo, submergia e Jesus
disse: ‘Homem de pouca fé, por que duvidaste?’ (Mat 15:31) (se não há mais
dúvidas, isto é, havendo fé-convencimento, o que acontece quando cessa o
condicionamento e a mente está pura, estamos aptos a criar, a realizar coisas
inimagináveis, a andar sobre as águas).
‘Se tiverdes fé do tamanho de um grão de
mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos
será impossível.’ (Mt 17:20) (idem). (é a fé-convencimento vinda do percebimento
de que ‘eu e o Pai somos um’; aí, talvez, esteja a explicação dos ‘milagres’ que
Jesus produziu).
‘Nem todos são aptos para receber
(compreender) este conceito, mas apenas aquele a quem é dado (sê-lo)’. (Mt
20:11) (a escolha do que nos ocorre é de Deus; o senhor é que opera em nós o
pensar, o querer e o fazer; esta passagem é semelhante àquela em que Jesus diz aos
discípulos que muitas coisas ele tinha a lhes dizer, mas que eles não as
suportariam ainda).
‘E aquele que tiver deixado tudo por causa
do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna. ’ (Mt 20:29) (comparado
ao reino, tudo o mais é lixo, como diz Teresa; sabe-se, então, que não há morte
e que, com o percebimento, receberemos coisas inimagináveis; a parábola sobre o
fato de que, mesmo nós sendo maus, damos aos nossos filhos coisas boas; então,
Deus, que é bom, com o percebimento, nos dará coisas ainda melhores).
Na parábola dos semeadores (Mt 20), o dono
da vinha pagou, aos que trabalharam oito horas, o que lhes havia prometido, e
deu o mesmo aos que trabalharam apenas uma hora; aqueles se revoltaram, mas o
dono disse: ‘Não vos fiz injustiça; cumpri o prometido... mas quero dar aos
outros tanto quanto dei a vós’ (a luz é dada a todos, seja ao primeiro, seja ao
último; ao piedoso e ao ímpio; todos chegarão ao novo modo de existir; todos
receberão o mesmo salário, não importa o que tenham feito porque é o Senhor que
opera em nós até o pensar...).
Na parábola dos lavradores maus (Mt
22:33), que não pagavam o que deviam ao dono das terras, este lhes enviou
cobradores, que eles espancaram e até mataram; o dono lhes mandou, então, o
próprio filho, que também foi morto; parece que Jesus quis dizer que, antes
dele, já houve outros mestres ou profetas, os quais não foram ouvidos.
Portanto, Jesus, além de fazer ver que os homens não o compreenderam, faz ver
também que ele não foi o único a tentar despertar os demais.
‘Porque, assim como o relâmpago vai do
oriente ao ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem’ (Mat 24:27) (o percebimento,
o ‘insight’, a chegada da consciência cósmica, da iluminação, é instantânea,
súbita; é o salto quântico da nova física).
‘... a respeito daquele dia e hora ninguém
sabe, senão o Pai. Portanto, vigiai,
ficai atentos, por que, à hora que não cuidais, virá o Senhor.’ (Mat 24:36, 42,
44) (estejamos preparados e atentos para o percebimento, como nas parábolas do
servo fiel e das virgens que aguardavam a chegada do noivo).
‘...os apetites da carne e os do espírito
são contrários... as obras da carne são: fornicação, impureza, discórdia,
superstição, inimizade, ódio, ambição, inveja e coisas semelhantes;... vos
previno: os que as praticam não entrarão no reino.’ (Gl 5:16) (são distração,
desatenção, obstáculos à meditação; dificultam a meditação e o percebimento; assim, também os
‘pecados ditos capitais’ das religiões cristãs: preguiça, gula, ira, luxuria
etc.).
‘O que o homem semeia, isso mesmo
colherá.’ (Gl 6:2ss) (mas não é verdadeiramente quem semeia.....???parece que,
mesmo a escolha não sendo nossa, temos uma certa autonomia de vontade que, embora
pequena, nos faz responsáveis moralmente; ou, então, Paulo está afirmando que
aquele que ainda não chegou ‘lá’ não compreendeu ainda e, portanto, não está
livre do sofrimento).
‘...porque é gratuitamente que fostes
salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus.
Não provém de vossas obras, para que ninguém se glorie. ’ (Ef 2:8) (não é pelos
nossos méritos, pelas nossas boas obras, que somos salvos; é pela graça, pelo dom
de Deus que já estamos salvos; pois ‘é o senhor que opera em nós o pensar e o
fazer’).
‘... que a tribulação produz perseverança;
a perseverança, experiência (mística); a experiência, esperança na glória...(Ro
5:3,4) (‘aquele que perseverar até o fim será salvo’; aquele que perseverar na
meditação, na compreensão da totalidade da vida, pode chegar à experiência que lhe
trará a gloria da iluminação).
‘...pelo Espírito Santo que nos foi
outorgado...’ (Ro 5:5) (já nos foi dado desde sempre: já temos em nós o divino;
já o somos; não há de que se salvar. Apenas nos falta chegar ao percebimento dessa
verdade).
‘... os que recebem a abundância da graça
e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.’
(Ro 5:17) (abundância da graça e dom da justiça é o que recebe quem chega lá: isso
ocorre em vida mesmo, e não após a morte; e percebe-se que o Cristo, Deus, a
iluminação, está em todos, e que todos somos um só com ele).
‘Não viveis, segundo a carne, mas segundo
o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós.’ (Ro 8:9) (se
consegues perceber que o Espírito és tu mesmo é que já chegaste lá; vida
segundo o Espírito, isto é, vida perfeita e em bem-aventurança; é o novo modo
de existir, de Krishnamurti).
‘Se alguém não possui o espírito de
Cristo, este não é dele.’ (Ro 8:9) (esse ainda não chegou à iluminação, não
percebeu o Cristo; ainda está na escuridão).
‘O espírito mesmo dá testemunho ao nosso
espírito de que somos filhos de Deus.’ (Ro 8:ss) (o percebimento mostra que
somos filhos de Deus, isto é, de sua natureza, feitos verdadeiramente à sua ‘semelhança’).
‘...enquanto aguardais a manifestação de
Jesus Cristo, não vos falta dom algum.’ (I Col 1:7) (nada nos falta para que o
Cristo nasça em nós, nem perdão, nada; apenas temos que ter a percepção disso; é
o que os iluminados afirmam e é o que pode nos dar a meditação).
‘... até que tenhamos chegado à unidade da
fé e do conhecimento do filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito,
a estatura do Cristo’ (Ef 4:13) (que se pode atingir pela meditação; então, se
percebe a unidade da fé (fé-convencimento), isto é, que a verdade é uma só: ‘eu
e o Pai somos um’).
‘Renovai sem cessar o entendimento de
vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem e semelhança de
Deus...’ ((Ef 4:23, 24) (tentar sem cessar até que venha o percebimento que nos
transforma no homem novo e mostra que somos semelhantes a Deus; mais que isso:
que somos a própria divindade).
‘...o Cristo será glorificado no meu corpo’
(pelo percebimento).
‘...por isso Deus glorificou soberanamente a
Jesus’ (Fel 2:9) (pelo percebimento; do mesmo modo, por sermos iguais e todos
um, seremos glorificados quando tivermos o percebimento).
‘Na verdade julgo como perda todas as
coisas em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo’ (a
iluminação). (Fel 3:8) (Teresa, João da Cruz, Krishnamurti e outros afirmam o
mesmo: que tudo o mais é lixo, fútil, inútil; apenas ilusão).
‘Além disto, irmãos, tudo que é puro,
verdadeiro, nobre, justo, amável, virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar
vossos pensamentos’ (Fel 4:8) (quando temos o percebimento, quando chegamos lá,
todas nossas ações serão corretas, sem esforço ou imitação; nossa natureza será
essa).
‘...auxiliado por sua força (do Cristo)
que atua poderosamente em nós.’ (Col 1:29) (busquemos ou não, a escolha, a
vontade e a força são do Pai e não nossas, mas atuam em nós; sabemos que a
decisão não é nossa).
‘Quando Cristo, vossa vida, aparecer...’
(Col 3:4) (pelo percebimento).
‘...mas somente Cristo, que será tudo em
todos...(Col 3:5ss) (com o percebimento veremos que sempre foi assim).
‘No princípio era o verbo... e o verbo era
Deus... e o verbo se fez carne e habitou entre nós (é nós mesmos); aos que
crêem no seu nome deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jô 1:1 e
seguintes) (o nome do verbo: Eu Sou; eu, nós; crer nesse nome é ir pelo caminho
do eu, para dentro de nós, pela meditação).
No
principio era o Verbo e o verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. Ele estava
no principio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do
que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a
luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam
‘... em verdade te digo: aquele que não
nascer de novo não poderá ver o reino de Deus.’ (Jô 3:3) (o novo nascimento, o
homem novo; o ‘satori’ traz a nova visão; a iluminação nos dará interpretação
correta; cessam todas as ilusões; vamos conhecer a verdade, veremos o ‘reino’).
‘Ninguém pode vir a mim se o Pai que me
enviou não o trouxer.’ (Jo 6:44) (novamente, nem a escolha, nem o agir, são
nossos; e mais: não seria ‘vir ao Eu, aprofundar-se no Eu’, que Jesus falou, e
não ‘vir a mim’? Ou seria vir ao Cristo, à iluminação).
‘...a vontade daquele que me enviou é
esta: que todo aquele que vê o Filho tenha vida eterna.’ (Jo 6:40) (isto é, aquele
que tem o percebimento do Cristo, a iluminação, vê que não existe morte, que a
vida é eterna, que já estamos na eternidade).
‘... e todo aquele que ouvir o Pai e for
por ele instruído vem a mim.’ (Jô 6:45) (aquele que segue os ensinamentos vai
ao Eu, chega ao percebimento, pela meditação; e é o Pai, que opera tudo, que o
faz ir).
‘...o pecado que consiste em não crer em
mim.’ (Jô 16:9) (se não praticamos aquilo que Jesus ensinou, é que não cremos
nele; assim, não veremos o reino, não por não crermos, mas por não o buscarmos
ainda).
‘O que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele
vo-lo dará.’ (Jô 16:23) (o que ‘quisermos’; ao chegarmos à estatura do Cristo, maravilhosa
criatividade despertará, e não haverá mais obstáculos).
‘Tudo que é meu é Teu e tudo que é Teu é
meu.’ (Jô 17:10) (pois somos um só).
‘Para que todos sejam um, como tu, Pai, és
em mim e eu em ti; que também eles sejam um em nós.’ (Jô 17:21) (idem).
‘Eu neles e Tu em mim.’ (Jô 17:23) (idem).
‘...quero que, onde eu estiver, eles
estejam comigo (na percepção do divino), para que vejam a glória (a iluminação,
a bem-aventurança) que tu, Pai, me deste...’ (pois Jesus chegou lá) (Jo 17:24).
‘Eu estarei convosco até o fim dos
tempos...’ (idem; não o homem Jesus, mas o Cristo; a luz está conosco sempre,
agora e no novo modo de existir).
‘Pedi e recebereis.’ (Jô 16:24) (pela
prática da oração de recolhimento e quietude, sem palavras, isto é, pela
meditação, estamos ‘pedindo’, nos abrindo àquilo que nos será dado um dia: o
percebimento, isto é, a verdade que de tudo liberta).
‘A fé é o fundamento das coisas que se
esperam, a prova das coisas que não se vêem.’ (He 11:1) (esperamos o reino, e
não o vemos, mesmo ele estando em nós; mas, se o buscamos, é pela fé em sua
existência, pois que tantos iluminados falaram dele; mas não podemos ficar
apenas na fé sobre ‘as coisas que não vemos’, ou nas coisas ‘que esperamos’.
Temos de passar da fé à convicção e esta só vem com a meditação).
‘As coisas visíveis não são feitas das
coisas aparentes. ’ (são produzidas pelo colapso das nuvens quânticas, que não
são aparentes, pela observação de seres sencientes, segundo a física moderna;
tudo, seres, coisas, eventos, fenômenos, vem do atemporal, do qual as coisas saltam
inesperadamente, como da água de um lago tranqüilo salta, inesperadamente, um
peixe; tudo vem do ‘campo das infinitas possibilidades’).
‘Tudo é possível ao que crê. ’ (He 11:6) (ao
que chegou; ao que já percebeu; sua crença já não é simples crença, é
convencimento e tudo lhe é possível).
‘Tudo quanto pedirdes, orando, crede que
já o tendes recebido e tê-lo-eis.’ (Mc 11:24) (tudo é possível, não àquele que apenas
crê, mas àquele que teve a experiência e, por isso, está convencido).
‘Deleita-te no Senhor, e ele te concederá
o que deseja teu coração.’ (Sl 36:4) (na percepção do Senhor reina total
bem-aventurança e nada mais é desejado; tudo que o coração desejava, o homem,
agora, tem; não deseja mais nada; ‘o demais virá por acréscimo’).
‘O que fizerdes, por palavras ou atos,
fazei-o em nome do senhor Jesus Cristo...’ (aqueles que têm o percebimento agem
como o próprio Cristo; a vontade, o discernimento, são os mesmos).
(Muitas vezes Jesus falou: ‘fazei
penitência, pois o reino dos céus está próximo’. A verdade é que o reino está
bem mais perto do que pensamos, dentro de nós mesmos, conforme Jesus, Paulo,
Tereza e outros afirmaram em várias passagens; ‘penitência’ é o ‘trabalho’ necessário
para abandonarmos o caminho largo e já conhecido, e para entrarmos no novo).
‘... Tudo isso para que procurem a Deus e
se esforcem para encontrá-lo como que às apalpadelas, pois, na verdade, ele não
está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o
ser, como até alguns de vossos poetas disseram: nós somos também de sua raça’
(At 17:27, 28) (ele está dentro de nós mesmos, mas o procuramos fora de nós, às
apalpadelas, pois não o percebemos, como disse S. Agostinho: ‘procurei-Te tanto
fora de mim, mas fui achar-Te dentro de mim mesmo’).
‘... (orando pelos discípulos): Pai, santifica-os
pela verdade.’ (Jo 17:17) (‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’;
isto é, nos tornará sãos, santificados).
‘...se me conhecêsseis, também,
certamente, conheceríeis ao Pai.’ (Jo 14:10)... como, pois, dizeis: mostra-nos
o Pai? Não credes que eu estou no Pai e o Pai em mim? As palavras que vos digo
não as digo de mim mesmo, mas o Pai que permanece em mim as diz..’. (Jo 14:20)
(outra prova de que Jesus ensinou que Deus está em nós e que nada escolhemos;
como afirmam os místicos, somos a própria divindade; se conhecêssemos o Cristo,
a iluminação, saberíamos disso e que todos somos um).
‘...‘...se me conhecêsseis, também,
certamente, conheceríeis ao Pai.’ (Jô 14:20) (idem; saberemos, então, que todos
somos um).
‘Conheço minhas ovelhas e elas me
conhecem, como meu Pai a mim conhece e eu conheço o Pai (pelo percebimento)...
Tenho, ainda, outras ovelhas que não são deste aprisco (que não perceberam
ainda). Preciso conduzi-las também (ao percebimento), e ouvirão a minha voz, e
haverá um só rebanho e um só pastor.’ (Jô 10:14ss) (ouvir a voz do Cristo é ter
o percebimento; o que nos conduz a Deus é o próprio Deus, mas há aqueles que
não chegaram ainda; porém todos somos iguais; então, pelo percebimento, haverá um
só rebanho).
‘Queremos apedrejar-te por que, sendo
homem, te fazes Deus. Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa Lei: Vós
sois deuses? (Sl 81:6)...e a escritura não pode ser desprezada.’ (Jô 10:33ss)
(nós o somos).
‘Interrogado pelos fariseus sobre quando
havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com
aparência exterior. Nem se dirá: Ei-lo aqui, ou Ei-lo acolá; pois o reino de
Deus já está dentro de vós.’
(Lc 17:20) (sem comentário).
‘Não recolho meu conhecimento de cartas ou
livros; eu os possuo dentro de mim mesmo; porque o céu e a terra, com todos os
seus habitantes, e o próprio Deus, estão dentro do homem. ’ (J. Boheme) (este
percebeu).
‘...enquanto os irmãos não se
comprometerem com negócios...; não se habituarem a conversas fúteis; não
sentirem preguiça; não freqüentarem grupos ou com eles forem tolerantes; não
sentirem a influência de desejos pecaminosos; não se desviarem do caminho por
coisas de menor importância, devemos esperar que os irmãos prosperem e não
caiam...’ (Buda) (pois estão se aproximando do percebimento).
‘... a preocupação de acumular dinheiro, a
ele escravizando os dias e as noites, eis a maior das fraudes da civilização moderna.
’ (Whitman) (isso é distração, obstáculo à meditação, à percepção daquilo que
já somos).
‘... sem (auto) conhecimento não há
meditação; sem meditação não há (auto) conhecimento’. (Buda) (são simultâneos: é
o conhecimento daquilo que somos na realidade, mas ainda não percebemos).
‘Buscai primeiramente o reino de Deus e
sua justiça, e tudo o mais vos virá por acréscimo.’ (Mt 6:33) (com o percebimento,
vemos que de nada mais necessitamos; nada mais é necessário; é por esse motivo
que se deve buscar, em primeiro lugar, o reino).
‘O reino de Deus é semelhante a um tesouro
oculto no campo, que, certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante
de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.’ (Mt 13:44) (como
todos afirmaram, tudo o mais é nada em comparação com o percebimento; desfez-se
de tudo, porque tudo o mais não é tão importante: está transbordante de alegria porque, agora,
é bem aventurado).
‘...um homem que procura boas pérolas; e,
tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que tem e a compra.’ (Mt
13:45) (idem).
‘Eis que vos digo um mistério: na verdade,
nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e
fechar de olhos, ao soar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e seremos transformados..’ (I Cor 15:51) (o
percebimento é instantâneo; transforma a todos, e os que estão mortos para a
verdade, isto é, que ainda não despertaram, ao perceberem a verdade
despertarão, agora incorruptíveis).
‘Purifique sua alma de todo medo e
esperança tola sobre as coisas da terra; mortifique o seu corpo, domine o
amor-próprio e os apetites, e o olho do mais íntimo (Deus) começará a exercitar
a sua visão clara e solene. Tudo aquilo que contribui para purificar a mente
ajudá-lo-á a atingi-la (a visão, a consciência cósmica) e facilitará a
aproximação e repetição desses felizes intervalos (Plotinus) (como todos os
iluminados aconselham que façamos algo, isso talvez seja sinal de que devemos
ter certa autonomia de vontade; usemo-la para nos aproximarmos do feliz
momento; como afirmam eles, toda esperança sobre as coisas da terra é tola,
pois tudo é incerto e não há segurança em nenhum lugar ou situação; estaremos
plenos de felicidade quando o ‘olho do mais íntimo’ (onde o ego cessa) exercitar
sua visão; a purificação da mente pode ser obtida pela meditação, que afasta o
‘eu’ e, com este, todo o lixo mental, todo o condicionamento).
‘Na verdade não convém que me glorie!
Passarei, entretanto, às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em
Cristo (isto é, que chegou lá), que, há catorze anos foi arrebatado até o
terceiro céu... e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem
repetir (indizíveis, não há como comunicar a grandeza do que viu). Demais, para
que a grandeza das revelações não me
levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne... para me livrar do perigo
da vaidade.’ (II Cor 12:1ss). (sem comentário).
‘O infinito (Deus) só pode ser apreendido
por uma faculdade superior à razão (isto é, além do ego), que nos faz entrar
num estado no qual você já não é mais o seu eu finito.’ (Plotinus) (você é,
portanto, seu ‘Eu’ infinito, isto é, Deus; só quando somos Deus é que o
apreendemos (como diz Eckhart). Lembrar-se de Paulo: Já não sou eu que vivo,
mas o Cristo é que vive em mim).
‘...em primeiro lugar a alma deve retornar
a si mesma (como se estivesse perdida e tivesse que encontrar seu caminho, o
caminho de casa); isso se alcança pela prática das virtudes, cujo objetivo é despoluir
(limpar) a mente (para que se torne semelhante) à semelhança com Deus e que
conduz ao próprio Deus, pelas quais a alma se liberta da sensualidade (da ação
dos sentidos, fato que elimina o ego)... Por meio de práticas ascéticas
(meditação) o homem uma vez mais se converte num ser espiritual, livre de todos
os pecados. Entretanto, ainda há um escalão mais alto: não basta ser sem
pecado (isso apenas nos limpa a mente); é preciso converter-se em Deus
(Eckart: ‘nos confundirmos com Deus’). Isto se alcança pela contemplação (meditação)
do Ser Único ou, em outras palavras, por uma aproximação extasiada (em êxtase)
desse Único. O pensamento (a imaginação, o intelecto, o ego) não pode chegar a
isso... pois é apenas um estágio preliminar dessa aproximação (portanto, pensamento, intelecto, ego devem ser eliminados).
E é apenas em estado de perfeita passividade e repouso (sem operações do ego;
meditação) que a alma pode reconhecer e tocar (sentir) o Ser Divino. Para
atingir esse fim mais alto, a alma necessita passar por um currículo
espiritual. Iniciando na contemplação das coisas corpóreas, em sua
multiplicidade e harmonia (isto é, conhecendo a vida, o mundo em sua
diversidade; ‘compreendendo a totalidade da vida’, como diz Krishnamurti),
retira-se para dentro de si mesma, nas profundezas de seu próprio ser (para
dentro do eu)... Mas, o mais alto não está ainda aí... O último estágio é
alcançado quando, na mais alta tensão e concentração, no silêncio e esquecimento
de todas as coisas (sejam boas ou más: meditação), a alma acha-se apta a
perder-se em si mesma (o eu não mais opera). Então, ela pode ver Deus, a fonte
da vida, do ser, a origem de todo o bem, a raiz (origem) da alma. Nesse
momento, a alma desfruta da bênção mais indescritível; é como se fosse banhada
pela divindade (Plotinus). (‘virtudes que levam à semelhança de Deus’, isto é,
que tornam a consciência pura, livre dos condicionamentos. ‘Não basta ser sem
pecado’: isto, no dizer dos sábios, não retira o homem da multidão; só
tranqüiliza a mente preparando-a para a meditação. ‘O pensamento, a imaginação,
a razão, o intelecto, não podem chegar a isso’; são finitos e só uma faculdade
infinita, isto é, algo além do ego, pode apreender o infinito. ‘Em perfeita
passividade e repouso’: relaxamento externo e interno, isto é, na meditação;
dentro de si mesmo, ‘no silêncio e esquecimento de todas as coisas’ (meditação);
‘na mais alta tensão e concentração’ - dizem os sábios que, somente quando a
paixão é tão grande que o homem derrama lágrimas, é que a luz chega – ou, como
afirma o bramanismo, ‘para se subir à presença do mestre, os pés devem ser
lavados no sangue do (próprio) coração’. ‘Perder-se’: perder o ego, o ego
cessa. ‘Poderá ver Deus’: ter o percebimento, a iluminação, ver que tudo, que cada
ser é Deus).
‘...pois, quanto maior a importância que a
alma atribuir ao que sente, compreende e imagina (às coisas do mundo, ao
conhecido), e quanto maior o apego que a isso tiver, seja coisa espiritual ou não (coisas agradáveis ou desagradáveis, profanas ou
sagradas, boas ou más) mais se afasta do bem supremo, mais demora em
alcançá-lo.’ (João da Cruz).
‘...quanto mais a alma se preocupa em
ligar-se às coisas criadas, nelas depositando sua força e confiança, por hábito
ou inclinação (apenas sentimos confiança e segurança naquilo que já conhecemos,
pelo nosso condicionamento cultural; mas segurança, seja física ou psicológica,
não existe em nenhum lugar ou tempo), menos se dispõe a essa união, à união com
o divino.’ (João da Cruz).
‘Não sou eu, o eu que sou, quem sabe estas
coisas; mas Deus sabe das coisas em
mim.’ (Jacob Boehme) (pois ‘eu e o Pai somos um’).
‘...pois Cristo, o filho de Deus, tem que se
fazer homem (fazer-se você) e nascer dentro de você (pelo percebimento); de
outro modo você estará num estábulo escuro (entre fezes e urina; na escuridão
da ignorância) e aí continuará, procurando sempre por Jesus Cristo. Você olha
para as estrelas, procurando Deus distante, nos céus’. (Boheme) (procura vã,
pois ele está dentro de você (S. Agostinho) e, se você não percebê-lo aí,
estará realmente na escuridão, ou ‘morrerá como um cão danado’, como assegurou
Gurdjeff. ‘A vida só tem significado quando temos o percebimento’, como afirmou
Krishnamurti).
‘Discípulo: Isso está ao nosso alcance, ou
muito longe?
Mestre: Está em você (dentro de você mesmo e
você o perceberá) se, por um instante, puder deixar de pensar e de desejar
(meditação); então, ouvirá de Deus palavras indizíveis.
Discípulo: Como posso ouvir se não deixo
de pensar e desejar?
M: Quando você afastar pensamentos e
vontades de seu eu (pela meditação), surgirá o eterno no ouvido, na fala, na
visão. E Deus ouvirá, falará e verá através
de você (nossos olhos e ouvidos são os olhos e ouvidos de Deus). Você esquecerá
sua própria audição, visão e fala, para só ver e ouvir a Deus.
D: Como, se ele está acima da natureza e
das criaturas?
M: Quando você estiver no silêncio e na
paz (meditação), você conseguirá.
D: O que me entrava que não consigo
chegar a isso?
M: A sua vontade, a sua visão, audição,
desejo e pensamento (que pela meditação podem cessar) sobre as coisas terrenas,
trazem sua visão, audição etc. ao nível terreno de tal forma que você não
consegue atingir... Há que caminhar pelo caminho mais difícil (a porta estreita
e o caminho pedregoso), tomar o que o mundo rejeita, e não fazer o que o mundo
faz... então, terá encontrado o caminho mais próximo para isso... pois (como
disse Paulo) o caminho para o amor de Deus parece tolo para este mundo, mas é
sabedoria para os filhos de Deus.’ (a sabedoria dada pelo percebimento).
‘... Docemente cresceu e se espalhou em
torno de mim a paz e o conhecimento além de todo o argumento da terra
(sabedoria além de todo conhecimento terreno), e eu sei que a mão de Deus é a
promessa da minha (é o que a minha será pelo percebimento), e sei que o
espírito de Deus é irmão do meu e que todos os homens já nascidos são meus
irmãos (todos somos um)... e que a criação sobrevive graças ao amor... De
repente, me senti cheio de paz, alegria e conhecimento, transcendendo (indo
além de) toda a arte e sabedoria da terra.’ (Whitman) (somos todos da mesma
natureza de Deus).
‘Na verdade eu diria que apenas na
perfeita incontaminação e solidão da individualidade (a mente não contaminada, só,
livre dos sentidos, dos desejos, lembranças e pensamentos), pode surgir,
positivamente, a espiritualidade da religião (que, antes, era mais por costume
ou desejo de respostas). Somente aqui, e nessas condições, a meditação, o
êxtase devoto, o vôo elevado (consciência una). Somente aqui, a comunicação com
os mistérios (encontro de todas as respostas), os problemas eternos: de onde?
para onde? Sozinho, o pensamento silencioso (apagado, cessado) e a aspiração (o
desejo de chegar) e, então, a consciência interior (o Eu Sou), com sua
inscrição prévia invisível (o Cristo, que desde sempre está ali, mas não
percebido, ‘invisível’ para nós), em tinta mágica (não o víamos e agora
passamos a ver), irradia suas linhas maravilhosas para os sentidos (mostra-se e
o percebemos)... e todas as afirmações, igrejas e sermões, desaparecem como
vapores (tudo que antes conhecíamos não tem mais valor ante a grandeza do
percebimento). As bíblias podem afirmá-lo e os clérigos expô-lo, mas é
exclusivamente mediante o trabalho do eu isolado (ninguém chega à verdade pelos
trabalhos da religião, através de suas práticas, mas pelo exercício da
meditação, sozinho) que se entra no puro éter da veneração, que se alcança os
níveis divinos, que se comunga com o supremo (a percepção da verdade do que
somos)... Tu, Tu, enfim, conheço!’ (Whitman).
‘...
visto (à luz do Cristo interior, isto é, sob o ponto de vista de um
iluminado), tudo é perfeito, inclusive aquilo que visto fora dessa luz parece
imperfeito...’ (Dante) (‘... do perfeito tirando o perfeito, o que resta é perfeito...
’, de um cântico do bramanismo; isto é, tudo é perfeito, embora não o
compreendamos; só os iluminados compreendem).
‘Quando os seus pensamentos se tornarem
fixos (cessarem de fluir) você perceberá, dentro de si mesmo, a consciência
absoluta (consciência total, a divindade, a iluminação, Deus). Existe,
realmente, um fato concreto e reconhecível, ou seja, um estado de consciência
que já foi experimentado inúmeras vezes e que, para os que por ele passaram,
ainda que em leve grau, pareceu superior a toda uma vida de devoção... Nesse
instante, tornei-me consciente do surgimento, dentro de mim, de uma região que,
em certo aspecto, transcendia os limites comuns da personalidade (além do ego),
e à luz da qual minhas próprias idiossincrasias de caráter, defeitos,
qualidades, limitações, já não tinham importância (tudo é sem importância,
comparado a isso): uma absoluta liberdade em relação à mortalidade (não há
morte), seguida de indescritível sentimento de felicidade e calma (bem aventurança).
Imediatamente vi, ou senti, que essa região do eu, existente dentro de mim,
existe igualmente em todos os demais (somos iguais; temos as mesmas
possibilidades). Diante dela, as simples diferenças de comportamento, que
geralmente diferenciam e dividem os homens (ocasionando toda espécie de
conflitos, até as guerras), tornaram-se indiferentes (sem importância) e
abriu-se um campo no qual todos podiam encontrar-se, no qual todos eram
verdadeiramente iguais... Se eu pudesse transmitir (aos demais) a metade do
esplendor que o havia inspirado (ao livro que publicou a seguir), seria bom e
não teria de lutar para escrever nada mais (pois ele conteria tudo o que se
precisa saber para se chegar ‘lá’)... ’ (Edward Carpenter) (a consciência da
presença de Deus em nós traz bem-aventurança e livra-nos do medo da morte, pois
ficamos cientes de que ela não existe; todos
somos iguais, o Cristo é um em todos e todos somos um só, e em todos está a
mesma possibilidade de chegar à iluminação).
‘...acabadas todas as penas, abrindo-se
dentro de mim um profundo oceano de felicidade... todas as coisas são
transfiguradas, cantando felicidade sem fim (pelo percebimento). Naquele dia, no
dia da tua libertação (‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’), ela
(a verdade, a libertação, o Cristo) virá a ti em lugar que desconheces, sem que
saibas em que tempo (Jesus disse: ‘estai preparados, pois não sabeis nem a
hora, nem o lugar’)... tu estarás livre para sempre... deixa que a felicidade
te invada... a morte já não te separará daqueles a quem amas (perceberás que
todos somos um; não há separação)... o mundo da igualdade... da felicidade total...
’ (Carpenter). (o percebimento da verdade nos liberta de todas as dores; como
afirmou Buda, ‘a iluminação é o fim de todo o sofrimento’, e Jesus,
‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’; o ‘mundo da igualdade’, pois
então perceberemos que todos somos iguais; mais ainda: um só).
‘(O Amuleto místico de Pascal): Ano da
graça de 1654, segunda-feira, 23 de novembro, dia de São Clemente, Papa e
mártir... desde cerca das dez horas e meia da noite até cerca de meia-noite e
meia... FOGO... FOGO (transfiguração, iluminação, como Jesus, Moisés, Buda,
Francisco de Assis). Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob, não dos
filósofos e sábios. Certeza, alegria, certeza, sentimento... alegria, paz
(sentimentos indizíveis porque não existe meio de comunicá-lo a ninguém; a
verdade é incomunicável, é aquilo que realmente somos, mas que temos de
perceber por nós mesmos). Deus de Jesus Cristo, meu Deus e teu Deus...
Esquecido do mundo e de tudo (para a meditação tem-se que esquecer de tudo, o
que se obtém fazendo cessar o pensamento, fato que afasta o eu pensante) exceto
de Deus. Ele só é encontrado nos caminhos dos Evangelhos. GRANDEZA DA ALMA
HUMANA (por reconhecê-la o próprio Deus). Pai justo, o mundo não te conhece,
mas eu te conheci (tive o percebimento). Alegria, alegria, alegria, lágrimas de
alegria. Eu não me separarei jamais de Ti... Meu Deus, não me abandones, não me
deixes separado de ti eternamente. Esta é a vida eterna que se ganha depois de
te conhecer, o único Deus verdadeiro e aquele que tu enviaste – Jesus, o Cristo
(o percebimento traz uma vida repleta de felicidade e alegria; e cessa qualquer
receio da morte, pois fica-se sabendo que a vida é eterna; e conhecendo-se
Deus, conhecemos que nós o somos). Eu me havia separado dele; eu o havia
abandonado, crucificado (não tinha o percebimento); que eu não seja jamais
separado (sem o percebimento, estamos separados; com ele, tudo é um); ninguém
se salva a não ser pelo caminho dos evangelhos... RENUNCIAÇÃO TOTAL E DOCE...
(renuncia-se àquilo que chamamos vida pois o que se tem, agora, é muitíssimo
mais belo e mais prazeroso). Submissão total a Jesus Cristo e a meu Diretor
(agora a ação é totalmente correta; não há o que escolher; temos plena
percepção de que a consciência una, Deus, é que opera em nós; por isso,
submissão total). Eternamente em alegria por um dia de exercício sobre a terra
(esse instante jamais é esquecido, pois nos transforma radicalmente; é a
ressurreição, o nascer de novo)... jamais esquecerei o que me ensinaste (como
todos afirmam, o que se aprende naquele instante é mais do que se aprenderia em
muitos anos com os melhores mestres). Amém. ’ (Pascal) (a percepção, por mais rápida
que seja, traz alegria para sempre; cessam todos os problemas).
Pascal, após certa noite, esquivou-se do
mundo; passou a viver recluso. Quando morreu, um criado encontrou, costurado
com cuidado dentro da bainha de seu gibão, um pergaminho com os dizeres acima;
esse pergaminho recebeu o nome de ‘amuleto místico de Pascal’ e está, hoje, na Biblioteca
Nacional, em Paris. A
reclusão entende-se quando nos lembramos de outros místicos, como Jesus, que se
retirou para o deserto, Paulo, que foi viver entre tecelões, e outros mais que
buscaram um tempo, a solidão, para assimilar a ‘luz’ que lhes viera.
Charles G. Finney: Que nenhum homem pense
que aqueles sermões, considerados tão poderosos, foram produzidos por minha
cabeça... Eles não são meus, mas do Espírito Santo que habita em mim.’
(sem comentário).
‘Aquele que, pensando em nada, fazendo a
mente parar de trabalhar (cessando pensamentos, lembranças, expectativas),
aderindo à meditação ininterrupta, repetindo apenas a silaba OM (o ‘nome’ de
Deus), atinge a meta suprema.’ (do ‘Bagavad Gita’, a Sublime Canção da
Imortalidade, do bramanismo).
‘A vida real não é acreditar que existe
uma divindade...; é conhecer
essa divindade. Não se conhecem os nomes da verdadeira divindade e de seu
Cordeiro até que sejam revelados, individualmente
a cada um (cada um deve chegar lá por si mesmo)... Portanto, o filho do
Espírito Santo só se revela (age) naquele em que é gerado (que teve o
percebimento; como disse Paulo, em palavras semelhantes, ‘aguardo as dores do
parto do Cristo que nascerá em vós’)... pois, a não ser que o homem nasça de
novo, não poderá vê-lo... (o novo nascimento, resultado da experiência
mística). Nesse dia sabereis que ‘eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós.’
(que todos somos um) (Richard M. Bucke, ‘Consciência Cósmica’).
‘Deus é o pai de cada um de nós; mas
ninguém, sem a iluminação (sem a percepção da verdade), pode compreender o profundo
significado destas palavras.’ (Bucke).
‘... uma espécie de certeza imortal de que
o Cristo havia nascido em mim e, em mim, permaneceria eternamente.’ (a vida não
tem fim) (Bucke).
‘A
partir daquela experiência, minha confiança tornou-se ilimitada... Aquilo que
procuramos, com paixão, aqui e ali, dentro e fora, encontramos, enfim, dentro de nós mesmos. O reino
interior! Deus! Essas são palavras cujo significado não devemos fantasiar (C.M.C.,
‘Consciência. Cósmica’) (também S. Agostinho conta que, depois de procurar Deus,
por muito tempo, fora dele, encontrou-o dentro dele mesmo, no mais íntimo de
sua alma. Jesus disse: ‘... o reino de Deus está dentro de vós’, e Paulo: ‘vós
sois o templo do Altíssimo’, ‘o Altíssimo habita em vós’).
‘Deixar (o ego) ir e deixar Deus vir... A
cessação (das operações do ego) dos pensamentos, objetivos e projetos são as
coisas mais importantes que devemos fazer, insistem os hindus e iogues, para se
atingir essa meta tão elevada...; não devemos permitir-nos preocupação por
dinheiro, comida, roupas, abrigo e outras necessidades (são distração,
desatenção, que perturbam a meditação)... ’ (CMC, ‘Consc. Cósmica’) (‘quando o
eu não é, Deus é’, isto é, quando o eu cessa, Deus está presente; Jesus: ‘não
vos preocupeis com o dia de amanhã; a cada dia basta o seu cuidado’).
‘Quando estás a sós em tua cela, fecha a
tua porta e senta-te a um canto; afasta tua mente de todas as coisas vãs e
transitórias (das coisas do espaço-tempo, que são coisas finitas e o que é
finito não pode perceber o infinito); volta teus olhos e pensamentos (para
dentro de ti) e busca o lugar do coração, da tua alma (de onde nascem os
pensamentos; isso é meditação). No princípio, tudo estará escuro e sem
conforto, mas se perseverares dia e noite, sentirás uma alegria inefável e, tão
logo a alma descubra o lugar do coração (onde Deus habita), te sentirás
envolvido por uma luz mística e etérea.’ (Abade Mestre, séc.11, monastério do
Monte Athos) (Jesus: ‘Aquele que perseverar até o fim será salvo’ e ‘O reino de
Deus já está dentro de vós’; Paulo: ‘Vós sois o templo do Altíssimo’).
‘O
fenômeno místico, a experiência direta de Deus,... deve ser, necessariamente,
considerado o vértice das aspirações da inteligência e do coração... é uma
vertigem de luz.’ (Pietro Ubaldi).
‘...o fator moral ocupa o primeiro plano e
constitui, não só condição predominante, mas absoluta e irrevogável, tanto que
ela representa o vértice da perfeição moral e religiosa...’ (Pietro Ubaldi)
(para aquele que chegou).
‘... nada de miraculoso, excepcional, de
gratuita e arbitrariamente concedido pelo céu (Pietro Ubaldi) (comparar com
Carpenter e Teresa).
‘... assim, às diferentes fases da
evolução moral correspondem diversos graus de conhecimento e diferentes
aproximações da revelação da verdade. Quanto mais se aperfeiçoa o indivíduo,
tanto mais sensível e potente se torna o instrumento consciência...’ (PU) (a
iluminação é a expansão máxima da consciência).
‘... é necessário subir... por humildade
de coração, pureza de intenção, sublimação de paixão...’ (PU).
‘...cada ser se torna escravo daquilo que
ama... a comunhão de vibrações nos torna semelhantes àquilo que amamos... (seja
relativo ao bem ou ao mal)... O evangelho é o método de harmonização
universal... (pois ensina como chegar à percepção)... Deus não se demonstra; sente-se... A evolução espiritual
(indicativa do caminho) é o aprofundamento de nossa consciência em nosso
próprio interior... porque Deus está no fundo do coração do homem... A
Ascensão, pois, é para dentro
de nós mesmos... A intuição, que está na profundeza, é um contato mais próximo
da verdade, do que a razão, que está na superfície... A consciência se estende
em profundidade, nas zonas interiores, avança para Deus e tende à unificação
com o Todo, a que se chega, pois, por introspecção
(pela penetração no âmago do ser, pela meditação)... (PU).
‘O eu é uma estrada que se prolonga ao
infinito... na direção de Deus... Aquele que se lança por esses caminhos, deve
perder o apoio da compreensão humana (os demais dificilmente o compreenderão,
quando não o hostilizam ou menosprezam...) O universo é harmonia que guia ao
supremo amor, que é Deus; eu, simplesmente, me harmonizo (meditação). A
sensação do sublime, o percebimento do sagrado, ‘paga’, largamente, cada
esforço e, aos práticos se poderia dizer: o ‘negócio’ convém (práticos, os que
acham que o buscador é apenas um sonhador, fora da realidade, quando é o mais
prático dos práticos pois investe para a felicidade total)... O grau de
ascensão do ser nos níveis espirituais (de consciência) mais elevados mede-se
pelo grau de harmonização que sua consciência consegue atingir. E o índice
exterior dessa harmonização é o amor’ (PU).
‘Humilho-me! Anulo-me!’ (PU) (humilhe-se!
anule-se! entregue-se, na meditação; o ego deve cessar suas operações).
‘Nada receies, Eu Sou!...’ (não há o que
recear; buscamos Deus, isto é, a nós mesmos; quando perguntaram a um mestre Zen
o que é buscar Deus, ele respondeu: ‘é cavalgar o boi para procurar o boi’,
isto é, nós já o somos; o que nos falta é perceber isso, o que se pode
conseguir pela meditação).
‘A oração é apenas a harmonização inicial.
Harmoniza-te em toda parte, na majestade do canto gregoriano, no simbolismo
litúrgico, nas correntes que emanam das catedrais; ainda mais diante do
espetáculo divino do criado... dum ato de bondade e de amor fraternal... este é
o caminho que conduz a Deus... A chegada (a percepção) de Cristo se dá em nosso
interior... (PU).
‘Aquele que põe a mão no arado e olha para
trás não é apto para o reino de Deus.’ (Lc 9:62) (aquele que, decisivamente,
inicia a busca, não deve ter saudades dos projetos e desejos que ficaram para
trás, nos planos para o futuro; planos
que, agora, devem ser abandonados; só assim poderá, eventualmente, chegar lá).
‘...Minha mente, profundamente
influenciada pelas idéias, imagens e sentimentos despertados pela leitura e
conversas da noite, achava-se num estado de tranqüilidade e paz; desfrutava de
um estado de quietude (mente tranqüila, silenciosa)... Súbito, sem qualquer
aviso, vi-me envolvido por uma nuvem avermelhada. No primeiro momento, pensei
em um incêndio subitamente deflagrado na grande cidade. Em seguida, porém, percebi
que a luz estava dentro de mim mesmo. Imediatamente se apoderou de mim um
sentimento de exaltação, de imensa alegria, logo seguido por uma iluminação
intelectual (sabedoria) impossível de ser descrita. Em meu cérebro explodiu uma
fagulha do esplendor divino... Em meu coração... um sabor de paraíso (bem-aventurança).
Entre outras coisas, nas quais eu não acreditava, vi e soube que o cosmo não é
matéria morta, mas uma presença viva; que o ser humano é imortal; que o
universo é tão bem construído e ordenado que, sem nenhuma casualidade, todas as
coisas funcionam juntas para o bem de cada uma delas e do todo (Krishnamurti:
‘todos chegarão lá’); que o fundamento do mundo é o que chamamos amor e que a
felicidade de cada um é, a longo prazo, absolutamente certa. E, inegavelmente,
afirmo que aprendi mais durante os poucos minutos dessa experiência do que nos
muitos anos de estudo anteriores, e mais do que poderia ter aprendido com
qualquer mestre ou escola... Soube que o cosmo é totalmente imaterial (pura
consciência, conforme, hoje, a física quântica também afirma), espiritual e
vivo; que a morte é um absurdo; que todos têm uma vida eterna, que o universo é
Deus e que Deus é o universo, e que o mal não pode aí penetrar... No mesmo
instante, senti-me invadido por uma emoção de alegria, segurança, triunfo,
salvação. Esta última palavra não deve ser tomada no sentido comum; é uma
salvação não necessária, pois o esquema da construção do próprio universo basta
para isso (como asseguram sábios e escrituras, já estamos salvos)...
Acompanhando instantânea ou simultaneamente as sensações referidas, e as
experiências emocionais, surgiu em mim uma iluminação intelectual (sabedoria) impossível
de ser descrita. Com um clarão, apresentou-se à minha mente uma clara e nítida
compreensão do sentido do universo, e uma consciência de imortalidade... (Richard
M. Bucke, ‘Consciência Cósmica’).
‘Um
estado mental tão feliz, tão glorioso, que tudo o mais na vida é nada se
comparado com ele...’ (Budismo) (o nirvana, o satori, a iluminação, céu,
samadi; comparar com o que disseram Jesus, Paulo, Teresa, João da Cruz,
Krishnamurti e outros).
‘Com Cristo (com a percepção) tem início a
verdadeira vida (Krishnamurti: o novo modo de existir; a iluminação), que se
difundirá até se tornar universal. Aí será o fim da velha ordem. Depois disso,
desaparecerão as ‘regras’, ‘autoridade’, ‘poder’; todos serão livres e iguais.’
(budismo) (sem o percebimento, a vida não tem sentido; com ele, o homem não
mais precisará de regras e autoridades; todas suas ações, então, serão corretas).
‘Mas, aquele que alcançou a regeneração (o
novo nascimento), vê sua vida terrestre como a pior das prisões (se comparada
com ele). Nesse reconhecimento ele compartilha a cruz de Cristo...’; ‘O
homem..., escondido na figura humana externa, está tanto no paraíso quanto
Deus, e Deus está nele e ele está em Deus...’ (Boheme) (o homem é um com Deus; ‘eu
e o Pai somos um’).
‘...essa sabedoria soberana (obtida pela
iluminação) é de tão grande excelência que nenhuma faculdade ou ciência humana
pode comparar-se a ela.’ (João da Cruz).
‘Ó, como a alma se sente feliz quando
consegue escapar da casa de sua sensualidade! (no despertar, ao deixar de lado os
sentidos, memórias, pensamentos, emoções). Ninguém consegue compreender isso,
penso eu, a não ser aquele que já tenha passado por tal experiência... Tal é a
doçura e prazer profundo que esses toques de Deus provocam, que apenas um deles
é recompensa mais que suficiente para todos
os sofrimentos da vida, por maiores que tenham sido.’ (João da Cruz).
‘...e, num quarto de hora, vi e aprendi
mais do que veria e aprenderia em muitos anos de universidade. Por essa razão
estou muito admirado e dirijo a Deus minha oração, agradecendo-lhe, porque vi e
compreendi o ser de todos os seres, o abismo dos abismos e a geração eterna da santíssima trindade, o
descendente e a origem do mundo e de todas as criaturas (o próprio Deus)...;
(antes) havia iniciado árdua batalha contra minha natureza corrompida
(concepção inculcada no homem pelas religiões populares)..., e, ajudado por
Deus, uma luz maravilhosa surgiu dentro de minha alma... e nela reconheci a
verdadeira natureza de Deus e do homem, e a relação existente entre eles (o
auto-conhecimento que nos faz perceber que todos somos um só)... que entra na
alma como um clarão súbito... (‘como o relâmpago que corre do leste para o
oeste’)... de repente o meu espírito rompeu as barreiras (do ego, foi além do
ego, do ‘eu’)..., mas a grandeza do triunfo que surgiu no espírito não posso
exprimir por palavras escritas ou faladas (indizível, como diz Paulo). Tampouco
posso compará-la com qualquer outra coisa... a não ser com a ressurreição da
morte (o nascer de novo)..., pois o Cristo, o filho de Deus, tem que nascer em
você (você tem de se iluminar), se você deseja conhecer a Deus. ’ (Boheme).
‘... E aquele pobre rapaz pensa que é um
anjo exilado do céu. Quem, dentre nós, tem o direito de desapontá-lo (negá-lo)?
Serei eu, eu, que tantas vezes me vejo suspenso deste mundo por um poder
mágico? Eu, que pertenço a Deus? Eu, que constituo um mistério para mim mesmo?
Terá ele escalado um degrau mais arrojado na fé? Ele crê; sua crença, sem
dúvida, o levará a um caminho luminoso, semelhante àquele pelo qual eu
caminho..., o caminho que conduz ao infinito (Deus)’ (Balzac).
‘Sinto e sei que a morte não é o fim de
nada, como pensávamos, mas, na verdade, é o autêntico princípio e que, com ela,
nada se perdeu, nem pode perder-se ou morrer... O comando interior (o
percebimento), potente, sentido, mais forte do que as palavras... tenho certeza
de que ele, realmente, se origina de Ti...’; ‘Tu, ó Deus, iluminaste minha vida
com raios de luz serenos, inefáveis, concedidos por Ti, luz rara, indizível,
iluminando a luz verdadeira (iluminando a outra luz, a do sol), além de todos
os sinais, descrições e línguas (além de toda compreensão)... Que clarão e
infinito que tudo arrastam! Comparado com isso, que mísero frangalho parece
tudo o mais.’ (Whitman) (àquele que chegou, ‘como parecem prosaicas todas as
coisas!’, como diz o poema Zen).
‘... para os que não viveram os mesmos
pensamentos (os que não passaram pela experiência), as palavras dos que falam
sobre essa vida (iluminada) devem soar falsas... Ela alcança os simples e os
humildes, os que se desfizeram do orgulho e da presunção (o que se consegue
pela meditação); chega como uma súbita percepção (num relâmpago), com
serenidade e grandeza. ’ (Ralph Waldo Emerson, ‘Consc. Cósmica’).
‘... só então saberá como todas as coisas
da nova aliança (a iluminação) são percebidas espiritualmente, pois só então
conhecerá a única divindade verdadeira e seu Cristo. Assim, a razão saberá, com
absoluta certeza, por sua própria experiência, que tudo aquilo que o
primogênito (Jesus), Paulo e outros sabiam sobre a verdade, e eles a conheciam
plenamente, chegou até eles por meio de revelação interna, e não por sinais ou milagres externos... ’ (C.P.) (a
percepção vem do interior, pelo caminho que leva ao eu; interioridade e não
exterioridade).
‘Enquanto as rajadas do desejo perturbarem
a expansão celestial do coração (forem obstáculo ao percebimento), haverá pouca
possibilidade de vermos o Deus resplandecente.’ (Ramacrishna) (são obstáculos à
meditação; perturbam a expansão da consciência).
‘... e eu o ressuscitarei no último dia. ’
(Jo 6:40) (o percebimento é como a ressurreição para uma vida nova, um novo
nascimento, o nascer da consciência cristica em nosso interior; um novo homem
entra em cena).
Nesse dia sabereis que ‘eu estou no Pai,
vós em mim e eu em vós.’ (que todos somos um) (Richard M. Bucke, ‘Consciência
Cósmica’).
‘... aquele que crê em mim tem a vida
eterna.’ (Jo 6:47) (o percebimento revela que não existe morte).
‘... o espírito é que vivifica, a carne
para nada aproveita.’ (Jo 6:63) (durante a fase biológica do viver, a carne tem
sua serventia; mas, para a iluminação, a propiciadora é a consciência livre do
ego).
‘... as palavras que vos digo são espírito
e vida. ’ (Jo 5:63) (pois se praticarmos o que ele nos ensinou chegaremos ao espírito,
a Deus, à vida real).
‘... se alguém tem sede (de luz), venha a
mim (vá ao eu, pois o caminho é para o interior) e beba (isto é, receba a luz,
perceba a luz que já está em nós). ’ (Jo 7:37).
‘...Porque a vós é dado conhecer os
mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; porque àquele que tem,
mais se lhe dará, mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado...
porque eles vendo não vêem e, ouvindo, não ouvem nem compreendem...
bem-aventurados sois vós porque vedes e ouvis...’ (Mat. 13:11 ss) (vós = os que
chegaram à iluminação; vêem, ouvem e compreendem, por isso são bem-aventurados;
àquele que têm o percebimento, mais se dará de glória, felicidade, sabedoria e
amor; ao que não o tem, até o que possui de felicidade lhe será tirado, pois
sem o percebimento, ‘muitos pesares por certo ainda terá’).
‘...Todas as coisas foram feitas por ele
(o Verbo) e, sem ele, nada do que foi feito se fez... (Jo 1:3) (o verbo, a
palavra, o pensamento, o fator do primeiro dualismo que produziu a divisão ‘eu
e não-eu’, ‘eu e o mundo’; não houvesse o pensamento, ação do ego, nada
existiria, nada seria feito, pois haveria apenas o Um, a unidade absoluta,
nenhuma divisão, nem tempo, nem espaço, nem objetos, nem seres; por isso todas
as coisas do espaço-tempo foram feitas pelo verbo e, sem ele, nada
se
fez).
“ninguém vem a mim se o Pai q me enviou
não o mandar a mim,,,
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EXTRATOS do “Curso Avançado de Filosofia
Yogui”:
Considere cada ato, pensamento, gesto,
movimento, insinuação, sorriso, olhar, palavra, passo, exemplo, idéia, serviços
divinos (pois Deus é que está operando em nós o pensar, o querer e o fazer;
somos apenas máscaras de Deus, estamos envolvidos no grande drama da criação,
cujo ator é apenas um em todos os personagens: Deus).
Veja Deus em tudo, em todo ato,
circunstância e evento, em todas as pessoas, seres e coisas. Todo lugar, toda
coisa e todo ser é Templo de Deus, é Deus mesmo (‘vós sois o templo do
Altíssimo’). Estamos, em todo lugar e tempo, sempre em sua presença, perante
Sua vista e Seu saber (sufismo) (Da Bíblia Cristã: ‘nele vivemos, nele
respiramos; Deus está acima e abaixo, à direita e à esquerda, atrás e a frente,
dentro e fora de nós’).
O amor de Deus se estende,
incondicionalmente, a todos os seres, não importando se estes o amem ou não,
creiam ou não, ou o neguem. Deus não exige serviço, nem adoração, nem oração,
nem reverência. Deus está além de tudo
isso. Há, sim, benefícios àqueles que se abrem ao amor divino, mas este
amor se dirige, incondicionalmente, a todos. O sábio reconhece que a oração
mais sentida ou comovente não traz o favor de Deus; que Ele não se deleita
pelas orações dos homens, por suas súplicas ou louvores. Contudo, a oração é um
benefício para o homem pois, por meio dela, o homem se abre e se entrega a Deus
e pode entrar em harmonia com o infinito, e, então, terá esse amor, poder e
sabedoria.
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CITAÇÕES de Teresa de Ávila e outros:
‘Deus está em toda parte. Onde está Deus,
está o paraíso. Compreender esta verdade é ver que, para falar com o Pai, não
se tem necessidade de ir ao céu, nem de clamar em altas vozes. Ele está tão
perto que sempre nos ouvirá. Basta pôr-se em solidão (oração de quietude,
meditação) e olhá-lo dentro de si mesma.’ (Teresa).
‘Depois de muito procurá-lo fora de mim, fui
encontrá-lo dentro de mim mesmo. ’ (S. Agostinho).
‘... chama-se oração de recolhimento,
porque nela tudo se recolhe, a alma, todas as faculdades, vontades, desejos,
memórias, emoções, expectativas, (tudo deve ser recolhido, escondido, esquecido)
e entra dentro de si mesma com Deus (onde já está Deus). Aí, o divino mestre
vem ensiná-la, dando-lhe oração de quietude.’ (Teresa) (oração de recolhimento:
recolhem-se os sentidos, a memória, o pensamento, o ego; com o recolhimento,
vem o silêncio mental, a oração de quietude (‘aquieta-te e sabe: Eu sou Deus’,
do Velho Testamento), a meditação, que pode proporcionar a percepção daquilo que
buscamos).
‘...acostume-se a não olhar coisa alguma
que a distraia... Não permaneça em lugar onde possam se distrair os sentidos
exteriores...(pois a distração exterior causa distração interior); assim
chegará a beber água na própria fonte. Caminha muito em pouco tempo. É viajar
pelo meio mais rápido... chega-se mais depressa. ’ (Teresa) (às noviças: atenção,
atenção, atenção!).
‘... durante a oração... recolhendo os
sentidos para dentro de si mesmas. Quando o recolhimento é verdadeiro,
sincero... produz tal efeito (a oração de quietude) que não sei como descrever.
Entende a alma que tudo que há no mundo não é mais que um jogo, um divertimento
(‘tudo é fútil e infantil’). Eleva-se, ergue-se, de repente...’ (Teresa).
‘...é deixar de lado todas as coisas
exteriores, delas retirando os sentidos...(para isso só a cessação do eu, que a
meditação torna possível); cerram-se os olhos para não mais as ver, e para mais
se aguçar a vista da alma. Nelas (nas que fazem essa oração) se acende mais
prontamente a labareda do amor divino. Estando mais perto do fogo, com alguns
sopros do intelecto, ao saltar uma fagulhinha, logo é total o incêndio... pois
não há embaraços no exterior, e estão a sós com Deus (no interior).’ (Teresa)
(a sós com Deus, porque o ego cessou de operar; ‘ou eu, ou Deus’; ‘Aquieta-te e
sabe:Eu sou Deus).
‘...o palácio de Deus é nossa alma...’
(Teresa) (‘vós sois o templo do Altíssimo’, Paulo).
‘Há, dentro de nós, um mundo mais precioso
que de modo nenhum se compara com esse mundo exterior que conhecemos...’
(Teresa).
‘...se sempre vivêssemos com cuidado,
lembrando-nos freqüentemente de que temos em nós tal hóspede (Deus)... veríamos
que as coisas do mundo são mesquinhas comparadas às que temos dentro de nós.’
(Teresa).
‘...Não imitemos os animais (nas coisas do
mundo) que, ao verem isca ou presa fácil, logo se precipitam para saciar a
fome... Durante muito tempo não o compreendi tão claramente. Bem entendia que
tinha alma, mas quanto ela merecia e quem estava dentro dela, eis o que me
escapava... As vaidades da vida nos tapam os olhos, e não enxergamos o que devíamos...
’, ‘...mas o Senhor não se dá de todo enquanto não nos damos de todo a ele.
Isto que vos digo é coisa certa e de tal importância que o repito tantas
vezes.’ (Teresa) (dar-se a Deus é a entrega de si mesmo, proporcionada pela
meditação, pois afasta nosso próprio ego pensante, dando lugar a Deus. ‘Quando
o eu não é, Deus é’).
‘...olhai para a intimidade de vossas
almas; aí, achareis nosso Mestre, que jamais nos faltará...’, ‘...todos os
favores humanos são mentira se desviam a alma da oração de recolhimento...’
(Teresa).
‘...isso, o encontro (com Deus), sucede
quando a alma quer, entendei bem; não se trata de coisa sobrenatural...’
(Teresa) (quando a alma quer e, por isso, busca).
‘...cumpre-nos desapegar-nos de tudo para
nos aproximarmos de Deus interiormente... Desejemos, sempre, retirar-nos ao
mais íntimo de nós mesmas, ainda no meio das ocupações do dia-a-dia (é o que
ensina o Zen). Embora dure um só instante, é de grande proveito a recordação do
Senhor que nos faz companhia dentro de nós mesmas...’ (Teresa).
‘...a alma sente-se penetrada de tal
reverência... Interiormente e exteriormente as faculdades ficam numa espécie de
desfalecimento (o eu cessa)... o corpo experimenta suavíssimo deleite e a alma
grande satisfação (alegria, felicidade). Tão contente está de se ver junto à
fonte que se sente farta antes mesmo de beber... nada a penaliza, nada a aflige
(não há mais sofrimentos, medos, culpas, remorsos)... enquanto dura esse estado
de satisfação e deleite, fica de tal modo inebriada e absorta que nem pensa em
desejar outra coisa...’ (Teresa) (‘... tudo o mais virá por acréscimo’).
‘Jesus disse: ‘Eu estou em vocês’.
Valha-me Deus! Como essas palavras são verdadeiras! Como as compreende bem a
alma que, estando nessa oração, sente-as (percebe-as) realizadas em si mesma.’
(Teresa).
‘... nossa alma é um castelo onde habita o
Senhor; vejamos o que se há de fazer para penetrar no seu interior (para
percebê-lo)...’ (Teresa).
‘Esta é a grande descoberta que Teresa
divulga com seus escritos: Deus habita no íntimo da alma... (o mesmo afirmaram
Jesus e Paulo) Contra ela, por isso, se colocaram vários de seus padres
confessores, os quais admitiam a presença divina apenas através da graça, nunca
em essência. Teresa ,
porém, é clara: Deus se encontra na alma, como se encontra no céu. Por isso
mesmo, a própria alma é o céu, um castelo no qual se pode entrar... O corpo é a
muralha do castelo, cuja entrada é a oração (meditação). ...uma alma é tão
repleta quanto um mundo vivo e cheio de gente e de grandes segredos. A gente
são as faculdades que, às vezes ajudam, às vezes atrapalham. Costumam se
desorientar sobretudo quando o Hóspede se faz notar, quando sai de seu aposento
para se comunicar com o espírito.’ (Prof. Jacyntho J.L. Brandão, UFMG).
‘...bem maior, que a dos animais
irracionais, é nossa insensatez, pois desconhecemos o seu valor (da alma, que é
criada à semelhança e imagem de Deus) e concentramos toda nossa atenção no
corpo...; as riquezas que há na alma, quem nela habita, eis o que, raras vezes,
consideramos. Todos os cuidados e atenção se consomem no grosseiro engaste, nas
muralhas do castelo, que são nosso corpo, em vez de se consumirem naquele que
ali habita.’ (Teresa).
‘... assim também não nos prejudica
sabermos que é possível, ainda neste
desterro (ainda em vida; a mansão da morte, de Krishnamurti), tão grande Deus
comunicar-se a vermezinhos asquerosos como nós... Pode-se objetar que isso é
impossível... mas é menor mal não o crerem alguns, do que tirar do proveito
espiritual os demais... Quem se recusa a crer dificilmente terá a experiência
da presença divina em si.’ (Teresa) (ela afirma que, mesmo nesta vida, podemos perceber a
divindade; mostra, também, a concepção que a igreja tem do homem – ‘verme
asqueroso’; como ensinam os sábios, isso se destina a manter o homem preso à
igreja, pois lhe incute a idéia de que, sozinho, não pode salvar-se, de que
necessita de intermediários, sacerdotes e ministros, templos, penitências e
orações, confissão e comunhão, do perdão de Deus).
‘...pelo que eu entendo, a porta de
entrada desse castelo é a oração, (a oração de recolhimento e de quietude, isto
é, a meditação.) (Teresa).
‘...torno a afirmar: é sumamente
importante entrar primeiro no aposento do conhecimento próprio
(auto-conhecimento, para sabermos quem realmente somos). Aprofundar o
conhecimento sobre nós mesmas, é este o caminho... todos os danos (sofrimentos
e conflitos) vêm de não nos conhecermos devidamente.’ (de não sabermos quem
somos) (Teresa) (quando chegamos ao autoconhecimento, percebemos que somos a
própria divindade).
‘...nossos defeitos (ignorância,
distrações, suposições, crenças, ilusões) são como ciscos nos olhos que não nos
deixam ver o Senhor, que está ali, bem à nossa frente...; embora a alma não
esteja em mau estado e deseje sinceramente apreciar sua própria formosura (que
é o próprio Deus), é quase impossível desvencilhar-se de tantos impedimentos
(distrações).’ (Teresa) (só pela meditação se pode fazê-lo).
‘... mesmo mergulhados em nossos
pensamentos, negócios, prazeres e seduções do mundo, ora caindo em pecado, ora
levantando-nos, apesar de tudo o Senhor não deixa de chamar-nos para que nos
aproximemos dele...’ (Teresa) (Krishnamurti: ‘não ouvimos essa imensidade chamando’,
e lamentava-se Jesus: ‘Os homens não me compreenderam... ’).
‘... Não vos desanimeis, portanto. Quando
vos acontecer cair em pecado, não deixeis de querer ir adiante (na oração, na
meditação)... peço aos que ainda não começaram, a recolher-se em si mesmos (a
praticá-la). Aos que já começaram, que enfrentem todas as dificuldades para não
voltar atrás... aí ela, a alma, as subjugará todas (às distrações, desatenções)
e zombará de seus assaltos. Aí experimentará, mesmo nesta vida, tal abundância de bens, como jamais poderia supor
(indizíveis)... ’ (Teresa) (Jesus: ‘Buscai primeiramente o reino de Deus, e tudo
o mais vos virá por acréscimo’).
‘... quando não achamos quem nos ensine, o
Senhor fará tudo redundar em nosso proveito, contanto que não deixemos a oração
(meditação)’ (Teresa).
‘... é insensatez pensar que poderemos
entrar nos céus sem primeiro entrarmos em nós mesmas...’ (Teresa) (o caminho é
para o nosso interior, na direção do ‘eu’).
‘O Senhor disse: ‘ninguém irá ao Pai senão
por mim’ e ‘quem vê a mim, vê o meu Pai’... Ora, se nunca pusermos os olhos
nele que está dentro de nós (se não entrarmos na alma), não sei como o
poderemos ver. (Teresa). (não teria Jesus dito: ‘ninguém irá ao Pai senão pelo
eu’ e ‘quem vê o eu, vê o Pai’? pois o caminho é para ‘dentro, na direção onde
pensamos que está nosso eu’).
‘... a alma se sente segura se não recua
no caminho começado... ’ (Teresa).
‘... Entrai, entrai em vós mesmas, filhas
minhas!...’ (são palavras sempre dirigidas às noviças, por Teresa; o caminho é
para dentro).
‘...
mas, sempre e sempre, humildade; considere-se sempre servo inútil.’ (da
parábola de Lu 17:10; não se impaciente, nem perca o ânimo; com humildade,
persevere nas tentativas de meditação) (Teresa).
‘...para que de tudo (de sucessos ou
insucessos) tireis humildade, e não inquietação (impaciência, descrença etc)...
pois somos mais amigos de prazeres que de cruzes... ’ (Teresa) (não deixe que
os obstáculos o desanimem. Como falou Jesus: ‘Que te importa a ti; segue-me tu’).
‘...não nos perturbem o pensamento e a
imaginação, nem façamos caso deles (quando, na tentativa de meditação, não cessam
de fluir...). O remédio é ter paciência (perseverar)... humildade e desapego de
verdade... ’ (Teresa) (é o que ensinam os místicos).
‘... é certo que melhor encontramos Deus
buscando-o no íntimo da alma, a exemplo de S. Agostinho...’ (Teresa).
‘... Excelente é este modo de pensar
(imaginando Deus em nosso interior), por que se baseia numa grande verdade:
Deus está dentro de nós mesmas. Cada um o pode provar’ (pela meditação). (T).
‘...prepare-se, também, a alma para saber
escutar a Deus... não discorrer, tanto quanto possível, com o intelecto (cessar
com as orações discursivas), mas conservar-se atenta à divina ação... Por mim,
nossa atitude deve ser... pedir, usando a imaginação e o intelecto, e esperar,
não mais usando nada (silêncio mental), procurando não exercitar o intelecto
tanto quanto possível (afastar o ego; oração sem palavras, meditação)...
Deixar-se (entegar-se), então, nas mãos de Deus. Ele faça como quiser e fique a
alma num total descuido (esquecer tudo) de si própria, tanto quanto puder...’
(T) (do Zen: ‘Esvazia-te!’, e nada de expectativas sobre o que poderá vir).
‘...a simples preocupação de não pensar em
nada, será motivo de pensar muito...; como poderá estar despreocupado de si
quem fica tão preocupado em não pensar, em não se distrair, que nem ousa
mexer-se? ... Deixemo-las (as faculdades, imaginação, memória, intelecto, etc.)
fazer seu ofício (isto é, não as forcemos; deixe que os pensamentos continuem
vindo mas não nos agarremos a nenhum deles), até que o Senhor as promova a
outro ofício maior... ’ (nada o preocupe; se acontecer, tudo bem; se não acontecer,
tudo bem, também, como ensina o Zen). ‘...
sem força e sem ruído, procure atalhar o intelecto com seus discursos, sem
suspendê-lo, nem à imaginação...’ (T) (Krishnamurti: sem esforço, porque isso
reforça o ego em vez de afastá-lo).
‘...na perseverança está encerrado todo o
nosso bem...’ (T) (Jesus: ‘aquele perseverar até o fim será salvo’).
‘...fomos chamados à oração (de
recolhimento) e à contemplação (meditação, oração de quietude)... Descendemos
dos santos padres do Monte Carmelo que... buscavam esse tesouro, essa pérola
preciosa (da parábola)...’ (T) (igual ao primitivo cristianismo).
‘...já que podemos gozar do céu estando
ainda na terra... pedi ao senhor que nos dê seu favor, a fim de não o
desmerecermos por culpa nossa; que nos mostre o caminho e nos conceda forças
para cavarmos até encontrar esse tesouro escondido, na verdade, dentro de nós
mesmas. É o que gostaria de fazer-vos entender’ (T) (Krishnamurti: ‘a mansão da
morte; Jesus: ‘a pérola’).
‘...eis, irmãs, o que faz aqui nosso Deus,
para que a alma se reconheça como sua: dá-lhe o que tem de mais precioso, isto
é, as condições que comunicou a seu filho neste mundo...’ (T) (o mesmo que deu
a Jesus, isto é, igualdade com o Pai: ‘eu e o Pai somos um’; nós somos um com
ele).
‘...ninguém poderá alcançar a verdade sem
ter chegado à submissão à vontade de Deus...; quanto mais adiantadas estiverdes
no amor ao próximo, tanto mais adiantadas estareis no amor de Deus... esse é o
sinal...’ (T).
‘... e Deus concede-lhe um encontro...
dura brevíssimo tempo... Com os sentidos e faculdades (intelecto, raciocínio,
memória, imaginação) não poderia a alma, absolutamente, entender, em mil anos,
o que aqui entende num relance... ’ (T)
(temos que ir além do ego, deixar as faculdades para trás).
‘...Descuidando-se, porém, e pondo a
afeição em algum objeto, perderá tudo... Entendo que não há segurança neste mundo.
Onde me parece haver mais segurança é em andar com particular atenção e cuidado
(observação de si mesma; orai e vigiai). A alma que aspira tão alto, não pode
deitar-se a dormir (conforme o cristianismo primitivo, o maior pecado é a
desatenção; a maior virtude, a atenção; e não existe segurança física ou
psicológica em nenhum tempo ou lugar) (T).
‘...A alma já ferida (que teve vislumbres)
pelo amor de Deus, procura mais ocasiões de estar só. Conforme lhe permite seu
estado, aparta-se o mais possível de tudo que lhe estorva a solidão (de tudo que
a faz desatenta)...’ (T).
‘... se ainda nesta vida esperamos exultar
neste bem, que devemos fazer nós? Que empecilho é tão grande que nos faça
deixar de buscar, por um instante que seja, o Senhor?... Ninharia é tudo o que
existe no mundo se não nos conduz e ajuda nesta empresa, ainda que durassem
para sempre os deleites, riquezas e alegrias deste mundo, por maiores que se
possam imaginar. Tudo é lixo e esterco em comparação a esse tesouro... Ó
cegueira humana! Até quando permaneceremos com os olhos cheios de terra (sem perceber
a verdade)?’ (T).
‘... o que é a honra? Eu prezava a honra;
em quantas pequeninas coisas sentia-me ofendida! Agora disso me envergonho... E
não olhava nem fazia caso da verdadeira honra que é zelar pelos interesses da
própria alma. Esta é a única honra proveitosa. Como estamos sem direção! E
temos a ousadia de pensar que fazemos muito, quando perdoamos um nadinha
qualquer...’ (T).
‘Tudo que aprendi reduz-se a mostrar ao homem
como despertar, em si mesmo, o divino mundo da luz. Esse mundo está aqui e
agora, e meu maior desejo é abrir os olhos dos homens para esta verdade: somos
aquilo que formos capazes de fazer de nós mesmos’. (pela meditação; os que
chegaram lá não conseguem se calar; desperta-se neles a compaixão pelo
sofrimento dos que ainda não chegaram) (Boheme).
‘Admira-me muito que Deus tenha-se
revelado assim, plenamente, a mim, um homem tão simples, sem cultura, tão
pequeno neste mundo...’ ‘Quando o mal foi vencido, a porta celestial se abriu
para o meu espírito que, então, contemplou o divino e celestial Ser, não fora
de meu corpo, mas exatamente na fonte do coração (dentro), onde surgiu um
resplendor de luz... ’(B). (Deus habita em nós).
‘...reúna todas suas forças, seu coração,
sua afeição, pensamentos e vontade, para, ininterruptamente, pressionar a
misericórdia e o amor de Deus (pedi, batei, buscai...) Ainda que passemos por
loucos, aos olhos do mundo, não devemos nos perturbar... ’ (teime na meditação;
‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’ e ‘que te importa a ti? Segue-me
tu’) (B).
‘O verdadeiro céu está exatamente onde
você está... Quando o seu espírito alcança a mais profunda e interior criação
de Deus (o Cristo em seu interior), e nela penetra (tem percebimento), então
seu espírito está no céu (atinge o reino)... ’. ‘Se queremos saber o que é o
novo nascimento, devemos conhecer o que é o homem, como ele é a imagem de Deus,
como Deus mora nele... ’ (Boheme) (o que se consegue pelo autoconhecimento,
meditação; o homem é o próprio Deus).
‘Deus está a um só tempo fora e dentro de
cada coisa... Assim, nada existe separado de Deus... ’(somos um). ‘O espírito
santo fica em seu céu... Se perguntas onde está esse céu, eu responderei que
está em teu coração... A luz que brilha em tua alma é o céu, o próprio filho de
Deus. ’ (Boheme).
‘... olhem para dentro de si mesmos;... e
quando vocês dizem que não há senão um único ser em Deus, que Deus não tem um
filho, observem em seu interior e verão claramente... que em seu coração, veias
e cérebro, reside Seu espírito. ’ ‘...este espírito santo, que provém de Deus,
reina também em você; Deus reina no interior do homem. ’(Boheme) (‘vós sois o
templo do Altíssimo’).
‘... não podemos mencionar coisa alguma da natureza que não seja divina,
pois Deus é a única causa e Deus é o único efeito...’. ‘...é preciso que o
homem se examine bem para não agir cegamente, e não procure sua pátria eterna
(Deus) longe de si; ela está nele... O homem exterior, visível, não é a
verdadeira imagem de Deus; é uma imagem do separador (isto é, o corpo é que
limita, separa uns dos outros e de todos os objetos), um envoltório do homem
espiritual; este sim é a verdadeira imagem de Deus,... é preciso que o espírito
se entregue a Deus (que o ego cesse), a fim de que o interno (Cristo, Deus) se
manifeste...’. ‘Se a minha vontade é um nada, isto é, se não mais ajo conforme
minha vontade, mas conforme a vontade de Deus, Ele está em mim... então, não
mais me conheço, mas a Ele...’ (Boheme) (como Paulo: ‘já não sou eu que vivo, mas
o Cristo é que vive em mim’).
‘Jesus
disse: ‘Busca e encontrarás’. A jóia valiosa, o reino, deve ser buscada, mas o
indolente não a encontrará. Embora o homem leve consigo essa jóia, não o sabe.
Porém, aquele a quem ela se revela, enche-se de felicidade, porque sua virtude
é inesgotável...’ (B).
‘Ó homem, busca-te a ti mesmo e te
encontrarás, pois tua alma é o próprio Cristo a quem buscas. Abre os olhos de
teu interior (meditação), e aprende a ver corretamente (pois aquele que só vê o
exterior, vê apenas aparências e ilusões; a verdade está dentro de nós)’. (B).
‘... quando a encontra (a jóia, a pérola,
o tesouro, a iluminação)... nenhuma pena (escrito, palavras) pode expressar...
(B) (Paulo: ‘vi coisas inefáveis’).
‘O critério humano considera-a
insignificante (em geral, os homens, por não crerem, não dão atenção à busca
dessa jóia que é o próprio Deus)... Ninguém repara nela... e, no entanto, não
há ninguém neste mundo que não a deseje... essa pérola deve ser procurada, pois
é muito mais preciosa do que tudo neste mundo... (comparado com o reino, tudo o
mais é lixo e esterco, conforme Paulo, Teresa, João da Cruz)... quando a
encontrares terás encontrado o paraíso, o reino dos céus... ’ (B) (Buda: ‘é o
fim de todo sofrimento’; é a bem-aventurança; Jesus: ‘é a libertação’).
‘...
para chegares a isso terás que submeter tua vontade à vontade de Deus, devendo
mergulhar até o fundo em sua misericórdia (meditação); deverás renunciar a tua
própria vontade (entrega total) e abster-se de fazer aquilo a que ela te
conduz; deverás colocar tua alma sob a cruz com o fim de resistir às tentações
da natureza humana. Se fores capaz de fazer isso, ouvirás o que o Senhor fala
em ti...’ (‘fala’, está sempre falando, pois o Senhor está sempre presente, mas
não temos, ainda, condições para percebê-lo). ‘Perceberás, então, que toda
sabedoria humana é um despropósito...’ (B) (Paulo: ‘a sabedoria dos homens é
estultícia perante Deus’, e ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens).
‘... silencia (limpe-a de tudo, seja bom
ou mau), portanto, tua mente, e ela, através da prece (meditação), se dispõe a
encontrar essa jóia que, para o mundo parece coisa insignificante, mas que é
tudo para os filhos da sabedoria (para os que sabem, porque já chegaram, como
também disse Jung)... O caminho para o amor de Deus (para a iluminação) é uma
loucura para o mundo, porém é sabedoria para os filhos de Deus;... mais
brilhante que o sol, mais doce do que a coisa mais doce, mais forte do que toda
a força... mais embriagador e agradável do que tudo que possamos imaginar de
delicioso neste mundo...’ (é essa jóia, a verdade que liberta e traz
bem-aventurança...) (B).
‘Deus prefere, de ti, o menor grau de pureza de consciência
(mente não poluída por pensamentos, associações, emoções, imaginações, que são
obstáculos ao percebimento), do que
quantas boas obras fizeres (‘não é pelas obras que sereis salvos’)... Deus
quer, de ti, o menor grau de obediência e sujeição (aos ensinamentos), do que
todos esses serviços que ‘pensas’ prestar-lhe.’ (João da Cruz) (analise com cuidado!).
‘Ó, amor de Deus, tão pouco conhecido!
Quem te encontrou a fonte, repousou. ’ (J. Cruz) (de nada mais tem necessidade;
‘... tudo o mais virá por acréscimo’).
‘...na solidão de todas as coisas
(meditação), (a alma) comunica-se interiormente
com Deus, num sossego saboroso, pois o seu conhecimento (de Deus) é em silêncio
divino...’ (conhece-se a verdade, as coisas de Deus, através do silêncio do cérebro,
da mente, isto é, na meditação) (J. Cruz).
‘Eu não te conhecia, Senhor meu, porque
ainda queria saber das coisas (do mundo; como S. Agostinho) e saboreá-las...’.
‘Meu Deus, não és um estranho para quem não for esquivo contigo; como dizem,
então, que te ausentas? ...’ (isto é, Deus está sempre presente e, de modo
consciente para quem encontrou a verdade; não se pode dizer que Deus não existe
ou que está distante, alheio a nós; só não lhe sentimos a presença porque não
chegamos lá). (J. Cruz).
‘...
para encontrares a verdade... só muita humildade, negação das coisas do mundo,
purificação da alma de estranhos desejos, posses e apetites... pondo de lado
teu gosto e inclinação...’ (J. da Cruz) (isso se consegue pela meditação; ver
Pesquisas Científicas sobre a Meditação Transcendental; ver, também, a
‘Doutrina Suprema’ de Benoit. Se você usa a humildade antes de ter chegado lá, essa
virtude ou é forçada, ou falsa ou incompleta).
‘...aplica-te à solidão acompanhada de
oração e santa e divina leitura, e aí persevera, esquecendo-te de todas as coisas.’
(oração de recolhimento e de quietude, meditação; persevera, ‘pedi, buscai,
batei’). ‘...quem deseja a luz, entre dentro de si mesmo e trabalhe na presença
daquele que sempre está ali presente...’(J. Cruz) (idem, Teresa de Ávila).
‘...traga interior desapego de todas as
coisas e não ponha o gosto (afeto, confiança, desejo) em qualquer temporalidade
(coisa do mundo); assim, sua alma colherá bens que não conhece (indizíveis).
(J.Cruz).
‘...no silêncio (da mente), a voz de Deus
é ouvida pela alma.’ (a iluminação). ‘...o costume de falar muito, um pequeno
apego a qualquer pessoa ou coisa, roupa, livro, cela, comida, conversas,...
gostinhos em saborear, em saber, em ouvir coisas... não somente impedem a
união, como impedem que se chegue à perfeição.’ (a distração, como ensinam o
Zen e o cristianismo primitivo, impede a meditação) (J. Cruz).
‘Detive-me e esqueci-me... ’ (a meditação
faz deter tudo, esquecer tudo, a ação dos sentidos, pensamento, memória,
emoção, imaginação, quem é, onde está, o que faz etc.) (J. Cruz) (Para a mente silenciar:
atenção total ao próximo pensamento que vai surgir em seu cérebro. Experimente!).
‘O templo mais decente e propício para orar
é o interior de nós mesmos,... Deus é o tesouro escondido aí, no campo da
alma... O centro da alma é Deus... Em realidade, verifica-se na alma o que diz
Paulo: ‘vivo, já não eu, mas Cristo é quem vive em mim...’ (J. Cruz).
‘...a alma é o lugar onde, certamente,
encontra-se Deus, é onde Deus se esconde... o que primeiro a alma tem que fazer
para conhecer Deus é o exercício do próprio conhecimento (auto-conhecimento).
(Veja-se Teresa, e outros, que dizem a mesma coisa)... Se Deus está em ti, porque não o percebes?
Porque ele está escondido e tu não te escondes, não penetras (pela meditação) no
esconderijo dele (que é teu interior)...’ (J. Cruz).
‘Buscai Deus lendo e o encontrareis
meditando (leituras que inspiram induzem à meditação, o caminho para se
encontrar Deus)... O melhor é aprender a conservar em silêncio as potências
(faculdades da mente, imaginação, raciocínio, pensamento, remorsos, emoção,
sentidos, memória), fazendo-as se calarem para que se possa ouvir a voz de
Deus...’ (J. Cruz).
‘...o
filho de Deus, o Pai e o espírito santo, estão escondidos no interior da
alma... O que mais desejas, ó alma, se tu mesma és o local onde ele habita?
Toda felicidade e alegria se acham tão perto de ti, a ponto de estarem dentro
de ti... Que mais queres? Porque o buscas fora de ti, nos templos, nas igrejas,
nas montanhas, campos, na imensidão dos céus, se aquele que buscas está bem aí,
dentro de ti?’ (J.Cruz) (Paulo: ‘vós sois o templo do Altíssimo’; Jesus: ‘o
reino dos céus está dentro de vós’; idem, S.Agostinho).
‘...Assim, se o homem quer despertar, se
quer compreender a si mesmo (auto-conhecimento), deve enfrentar o fato de que o
verdadeiro caminho para Deus é para dentro; deve dirigir-se diretamente para
seu interior; não há outro caminho...’
(Paul Brunton, Ph.D., yoga).
‘Aqueles que se esforçam, providos de yoga
(meditação), percebem Deus morando no ‘eu’. ’ (hinduísmo).
‘A viagem redentora é na direção para
dentro de nós. Ali se encontra o Senhor, Brahman, o Ser Absoluto.’... ‘Vamos
praticar e praticar até que possamos dizer: Eu e meu Pai somos um.’
(Hermógenes) (‘pedi, buscai, batei’).
‘...não
obstante nossa aparente miséria, nossas aparentes imperfeições e fraquezas,
nossa aparente pequenez, reduzida visão e compreensão,... aqui, dentro de nós,
se encontra o Senhor.’ (Hermógenes).
‘... quando mais aprendo é quando,
sentado, sentidos desligados (inoperantes, cérebro em silêncio), corpo
relaxado, mente silente
(meditação), mergulho dentro do eterno aprendiz que sou, tento compreender-me
(auto-conhecimento), buscando entender a linguagem silenciosa, mas
infinitamente expressiva, do universo interno e profundo que eu sou (Deus).’
(Hermógenes) (veja C.G. Jung, nas diversas obras publicadas; do Zen: ‘o mais
importante é sentar-se’).
‘As potencialidades infinitas do Ser
Supremo, que nós somos, não chegam a se manifestar, pois nos encontramos
condicionados por vícios, hábitos, posses, afazeres, doutrinas, ideologias,
partidos, preconceitos, culturas, crenças, dogmas, ilusões e estúpidas vaidades
que, embora nos empobreçam, limitem (a vida, a mente, a liberdade) e façam
sofrer, são por nós defendidos como fatores de nossa total segurança, nos quais
depositamos ilimitada confiança (em face de nosso condicionamento).’
(Hermógenes) (ver Krishnamurti e outros, para saber que não existe segurança,
nem física, nem psicológica, em nenhum lugar, tempo ou condição e que temos
medo de abandonar o conhecido para buscar o desconhecido).
‘No dia que eu conseguir deixar de ser
Antonio, Pedro,... e passar a ser a realidade que todos somos (ver H. Benoit,
Doutrina Suprema), a Alma Universal, que cada um é e eu também sou, só então
terei chegado (à verdade) e nada mais me perturbará. ’ (não haverá mais
problemas, conflitos, nem sofrimento, nem ignorância) (Hermógenes) (Buda: ‘é o
fim de todo sofrimento’).
‘Senta-te, emudece o cérebro, aquieta-te,
e em solidão medita... Junta-te a ti mesmo. Une-te àquele que és Tu mesmo (‘eu
e o Pai somos um’)... Persiste, continua batendo; bate sempre; a todo instante;
persiste batendo mesmo que duvides que exista uma porta.’ (Hermógenes) (Jesus:
‘pedi, batei, buscai’...; do Velho Testamento: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus’).
‘O Ser espiritual que habita em ti é
Bagavan, Deus, e isso (a percepção disso) tu tens que realizar. ’ (ninguém e
nenhuma religião realizarão isso por ti). (Hermógenes).
‘Devemos experimentar, tentar
experimentar, a realização (o encontro de Cristo em nós) aqui e agora.’ (por
que deixar para depois, se depois os argumentos serão os mesmos? e, com a
realização, a vida será totalmente plena, só então a vida terá sentido) (Mouni
Sadhu).
‘...Se você quiser experimentar esse novo
nascimento deve afastar-se de todos os agrupamentos e voltar ao ponto de
partida, ao centro de sua alma (ao interior). Os agrupamentos são a memória, as
associações, a vontade, as crenças, as ilusões, as emoções em todas suas
diversificações e movimentos (o ego). Deve deixar tudo isso: a percepção dos
sentidos, a imaginação, e tudo que descobrir em si e tudo que você é... ’
(Eckhart) (afastar o ego, para que sejas um novo homem).
‘... pregamos a sabedoria de Deus,
misteriosa e secreta, que Deus determinou antes de existir o tempo, para nossa
glória (isto é, para que alcancemos a percepção de que somos a própria divindade),
sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu. É como está escrito:
‘Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano
imaginou (Is 64:4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o
amam.’ (que seguem os ensinamentos) (I Cor 2:7ss).
‘Eu gostaria de deixar bem claro que, com
o termo ‘religião’, não me refiro a uma dada profissão de fé religiosa. A
verdade, porém, é que toda confissão religiosa, por um lado se funda
originalmente na experiência do numinoso (sobrenatural, transcendental) que, na
experiência religiosa pode ser o influxo de uma presença invisível que produz transformação
especial na consciência; tal, pelo menos, é a regra universal; e, por outro
lado, na fé e na confiança relativa a uma experiência de caráter numinoso e na
mudança de consciência (o nascer de novo) que daí resulta. Um dos exemplos mais
frisantes, nesse sentido, é a conversão de Paulo. Poderíamos, portanto, afirmar
que o termo ‘religião’ designa a atitude particular da consciência transformada (expandida) pela
experiência do numinoso... ’ (Carl Gustav Jung).
‘Os sonhos que escolhi para ilustrar
aquilo que chamo de ‘experiência imediata’ certamente pouco significarão para
um olhar inexperiente... Mas, apesar disso, a experiência individual... é
sangue quente e rubro, que pulsa nas veias do homem (que a teve). Para quem
busca a verdade, ela é mais persuasiva do que a melhor das religiões, do que a
melhor das tradições... Se quisermos saber algo a respeito do significado da experiência
religiosa para aqueles que a tiveram, esse algo é: ‘tudo’...’ (C.G.Jung).
‘... Por último, chega-se ao conhecimento
de seu caráter divino, principalmente por uma iluminação e uma comoção interior
mediante a qual Deus aclara a mente do homem (dá-lhe sabedoria) e toca sua
vontade de tal modo, que o convence da veracidade e autenticidade de seu
próprio sonho; reconhece Deus como seu autor, com uma certeza e evidência tão
grandes, que é obrigado a acreditar, sem a mínima sombra de dúvida... ’
(Benedictus
Pererius, S.J., 1598).
‘Essa experiência é exatamente como se o
espírito e a carne, eternos inimigos na visão do cristianismo, tivessem feito
as pazes... o espiritual e o mundano se acham conjugados numa inesperada
situação de paz. A austera seriedade do espírito parece tocada por uma alegria
semelhante àquela que a antiguidade pagã conhecia, perfumada de vinho e rosas.
Seja como for, faz com que se esqueçam
todas as dores e penas da alma’. (C.G.Jung) (Pascal: ‘alegria, alegria,
lágrimas de alegria’; Buda: ‘é o fim de todo sofrimento’; Jesus: ‘é a
libertação’).
‘...Naturalmente é difícil compreender
como essa figura abstrata (a experiência de Deus, que nada é mais que uma
experiência subjetiva, pois na psique do homem) desperta o sentimento da ‘mais
sublime harmonia’... Mas esse tipo de experiência não é, para mim, nem obscuro,
nem longínquo. Muito ao contrário: trata-se de um fato que observo quase todos
os dias em minha vida profissional (de psicoterapeuta)... Conheço um número
consideravelmente grande de pessoas que, se quiserem viver, terão de levar a
sério sua experiência íntima...’ (a vida, daqueles que tiveram a experiência de
Deus, será transformada obrigatoriamente por força do novo conhecimento, a
iluminação que lhes veio dela) (C.G.Jung).
‘Toda alma é, potencialmente, divina. O
objetivo é manifestar essa divindade, ‘controlando-se’ a natureza interna e
externa. Façamo-lo pelo trabalho, pelo psíquico... por um só ou por todos os
meios, e nos tornemos livres. Eis toda a religião. As doutrinas, dogmas, orações, rituais, templos e as formas, são
detalhes secundários. ’ (Vivekananda) (como Withman).
‘Esse estado, produzido na meditação, é o
mais alto estado da existência humana... Somente para a alma que atingiu esse
estado o mundo se torna realmente belo e vale a pena viver.’ (Vivekananda). (Krishnamurti
e outros: a vida só adquire significado quando se chega ‘lá’; a interpretação
do mundo será correta e, a vida, bem-aventurada).
‘...a aspiração do místico é conseguir a
união consciente da alma pessoal com sua fonte, Deus. O místico entende que não
basta pertencer a Deus (ou perceber, sentir); que é necessário penetrar na
pletora (esfera) da divindade (confundir-se com ela), numa plena consciência de
sua união com a fonte da alma... Consegue-se isso pela meditação, que traz
mudança e ampliação da consciência de modo a podermos buscar a essência divina
existente no ‘eu’ (no íntimo de nós mesmos).
O místico, para vivenciar o êxtase da união, não depende de nenhum intermediário (padre, pastor, santo, guru,
templo). Deve inverter, de certo modo, sua consciência.’ (para dentro, e não
para fora como sempre a temos) (Ralph M Lewis, Imperator da Ordem RC).
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Chuva nevoenta sobre o Monte Lu
E ondas encapeladas no Rio
Che.
Se você ainda não esteve lá,
Muitos pesares por certo terá.
Mas, uma vez lá, e no caminho de casa,
Quão prosaicas parecem todas as coisas.
Chuva nevoenta sobre o Monte
Lu
E ondas encapeladas no Rio
Che. (do Zen).
Se
você não esteve ainda lá, isto é, se não teve o percebimento, muitos pesares
ainda terá, isto é, viverá ainda em conflitos e conseqüentes sofrimentos. Mas,
se esteve, não por efeito de drogas ou traumatismos, mas no caminho de casa,
isto é, no caminho para a vida real e plena, na busca de Deus, como todas as
coisas no espaço-tempo lhe parecerão sem importância (infantis e fúteis,
segundo Krishnamurti; lixo, no dizer de Teresa de Ávila). A transformação é
interior e não exterior, tanto que, antes dela e após ela, o mundo (ondas,
chuva etc.) continua o mesmo; a transformação iluminadora e libertadora, acontece
em nosso íntimo e não fora de nós.
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