Uma conversa com o amigo X.
X:... Entendi que a conversa teria
chegado ao fim devido aos diferentes pontos de vista já expostos.
Cel: meu amigo, esta conversa só chega ao
fim qdo não mais houver ‘diferentes’ pontos de vista.
Aliás, o q tenho apresentado não é ‘meu’
ponto de vista, opinião, ou avaliação, julgamento, mas o resultado de
descobertas da ciência mais avançada do planeta, cujos primeiros experimentos
dividiram a ciência clássica, anterior, de 3 ou 4 séculos, em ‘antes’ e
‘depois’ deles; ciência q trouxe contribuição extremamente valiosa para a vida
do ser encarnado e q tem afetado, profundamente, todas as áreas de atuação do
homem.
Como, também já lhe disse, resulta de
revelações q vêm de místicos e sábios de desde séculos A.C até nossos dias, de
ensinamentos de Jesus, de Paulo, de evangelistas, meditadores e homens q
passaram pela experiência da união com Deus e, assim, puderam, como Jesus, dizer: ‘eu e o Pai somos um’!
É evidente q essas experiências, como todas as demais e sem exceção de nenhuma,
se dão na área psicológica e nela são interpretadas, fato q, para muitos, não
têm a qualidade necessária para trazer convencimento; mas, a construção do
universo é assim: não existe experiência q se dê fora da área psicológica do
ser encarnado.
No entanto, como também já lhe disse, de um século para cá e pela primeira
vez na historia do mundo, essas revelações estão sendo legitimadas pela
ciência moderna.
Outro fato importante a considerar é q, sendo a maior aspiração de todos os
homens, sem exceção de nenhum, do mais virtuoso ao mais corrupto, seja através
de ações no campo do bem, ou no campo do mal, e desde q se lhes desperta a
consciência e daí para sempre, conquistar, afinal, uma felicidade duradoura e
sem mácula, ela traz, conforme depoimentos, extrema felicidade, elevação
moral, iluminação intelectual (sabedoria); consciência de imortalidade e
conseqüente perda do medo da morte; convencimento de q não existe
‘pecado’ (qualquer pecado q devemos evitar praticar ou ter de resgatar
no futuro); fascínio que faz com que os demais se sintam atraídos
pelo experienciador; ‘transfiguração’ muitas vezes percebida
pelos outros; certeza esmagadora de que o universo, exatamente como sempre foi
e como é neste momento, é tão completamente correto e perfeito que não
necessita de qualquer explicação ou justificativas além da de que ele
simplesmente é assim como é; os problemas e sofrimentos, de q natureza
forem, cessam; o ser maravilha-se diante de tudo, coisas e fatos, incluindo
até aquilo que, comumente, seria considerado ‘o pior, o perverso, pervertido, o
extremamente maléfico ’; e não se consegue encontrar palavras para expressar a
perfeição e a beleza da experiência. Ao q a experimenta, vem-lhe a impressão de
que o mundo se tornou luminoso e transparente, enquanto sua simplicidade dá a
certeza de que tudo está ordenado por uma inteligência suprema. É comum
perceber que todo o mundo se tornou seu próprio corpo e que o indivíduo sente
que aquilo que ele é, não se tornou assim com a experiência, mas que sempre foi
assim como agora é. E lhe vem a convicção de que, o q é e o q está acontecendo
neste mesmo instante, seja qual for sua natureza, é o q é e o q tem de
acontecer neste mesmo instante, aqui e agora.
Êxtase emocional, sensação de profundo alivio, liberdade e leveza e, com
freqüência, um amor quase insuportável pelo mundo, coisa q leva,
muitos q por ela passam, a tentarem, até a morte, ensinar aos semelhantes como
fazer para conquistarem essa percepção libertadora. E a compreensão disso tudo nunca se
apaga.
X: As citações de Jesus, de Paulo, Jung e
tantos outros são colocadas pelo amigo de modo a defender sua tese.
Cel: como já coloquei acima, não é minha
tese, nem meu ponto de vista. E apenas coloco citações para corroborar aquilo q
os místicos, e os q passaram pela experiência, e a ciência moderna afirmam,
e para mostrar suas concordâncias.
X: Se analisarmos outros discursos destes
e de tantos outros místicos encontraremos uma infinidade de citações que
contrariam essa tese.
Cel: peço ao amigo q cite algumas dessas
discordâncias para, se for o caso, as estudemos e, se houver capacidade nossa,
as aceitemos ou rejeitemos.
Não devemos esquecer q, para muitas
culturas, abandonar crenças e suposições de séculos ou milênios, em si mesmas
absolutamente arraigadas, é extremamente difícil. Muitos acreditam q algo q foi
considerado verdade por muitos anos, séculos ou milênios, seja mesmo
verdade porq assim foi considerado por tanto tempo. Por isso, muitos mestres,
não puderam ser perfeitamente claros em seus ensinamentos ao povo em geral.
Não esquecer, também, de q há religiões e
‘religiões’, umas se direcionando aos homens em geral; outra ‘nascidas’
(palavra inadequada) daqueles homens q não mais encontram, em suas crenças, as
respostas procuradas e decidem procurá-las ‘além’ daquilo q as religiões
comunicam.
X: Sugiro que o amigo leia atentamente,
se já não o fez, o evangelho de João, o qual retrata os ensinamentos de Jesus
em seu conteúdo mais puro, mais espiritual, reproduzindo as experiências
vividas ao lado do mestre.
Cel: sinto, meu amigo, me desculpe mesmo,
pois não tenho mais ‘fôlego’ para voltar a ler o q já li e reli dezenas de
vezes, nestes últimos 60 anos. Peço mesmo ao amigo q, se desejar, traga aqui
alguns desses textos para sobre eles conversarmos.
X: Também, as obras de Jung: Memórias,
Sonhos e Reflexões em que encontramos toda fenomenologia mediúnica vivenciada
por ele: clariaudiência, clarividência, fenômenos de incorporação e
experiências de quase-morte.
Cel: repito, aqui, o pedido q fiz acima. E conheço poucas obras de Jung, mas
sei q ele enaltece sobremaneira a experiência de se perceber ‘um com Deus’,
dizendo-a “a experiência mais importante e sublime na vida do ser
humano”, bem como diz de sua extrema importância relativamente às
enfermidades do corpo e da mente, chamando-a de ‘experiência de Deus’: “O
fato, que tenho comprovado numerosas vezes, em meu consultório, é que a ‘experiência
de Deus’ é a verdadeira terapia e, na medida em que as pessoas por ela
passam, se afastam da maldição da patologia”.
Outras observações de Jung:
“O atentar para a Mente intemporal é tarefa redentora para todas as pessoas. Em
nosso tempo, essa tarefa é particularmente difícil porque colocamos, no
dia-a-dia, nossa ênfase no aqui-agora, no fazer, no consumir, nos aspectos
práticos, no progresso material. Como valorizamos o aspecto material, estamos
separados dela. O resultado é patológico: tornamo-nos vítimas de nossos
próprios impulsos inconscientes e o mundo ‘demonizou-se’. Nossa verdadeira
tarefa de vida é exatamente o contrário: tornarmo-nos conscientes dos conteúdos
que emergem do inconsciente, criar cada vez mais consciência; esse o
objetivo único da existência humana: acender uma luz na escuridão do ser,
liberar a alma. Seguramente, a alma não é algo insignificante, repleta de
defeitos e imperfeições, como as religiões ocidentais a consideram; ela
é a própria Divindade
Radiante”.
“Religião não é aquilo que pensamos q seja, isto é, esta ou aquela crença ou
doutrina; é a vivência da transformação que se opera na mente de quem teve a experiência
de Deus”.
‘Naturalmente é difícil compreender como essa figura abstrata (a experiência
imediata, a experiência mística, a percepção daquilo a que as religiões dão o
nome de Deus, que nada é mais que uma experiência subjetiva, pois na psique do
homem) desperta o sentimento da ‘mais sublime harmonia’... Contudo esse tipo de
experiência não é, para mim, nem obscuro, nem longínquo. Muito ao contrário,
trata-se de um fato que observo quase todos os dias em minha vida profissional,
de psicoterapeuta... Conheço um número consideravelmente grande de pessoas que,
se quiserem viver, terão de levar a sério sua experiência íntima... que, para
elas é “tudo” e, sem a qual não podem mais viver’
‘Essa experiência (a experiência mística) é exatamente como se o espírito e a
carne, eternos inimigos na visão do cristianismo, tivessem feito as pazes... o
sagrado e o mundano se acham conjugados numa inesperada situação de paz. A
austera seriedade do espírito parece tocada por uma alegria semelhante àquela
que a antiguidade pagã conhecia, perfumada de vinho e rosas. Seja como for,
essa experiência faz com que se esqueçam todas as dores e penas da alma... ’
“O inconsciente coletivo apresenta as características da
mente não-localizada (mente fora o espaço-tempo, no atemporal, isto é, a mente
una, cósmica, universal, Deus); não pode ser fixado no espaço e no tempo, e
transcende o ego individual, envolvendo
todas as mentes”.
“Uma vez que todas as distinções, diferenças, desaparecem na condição
inconsciente, é lógico que a distinção entre mentes separadas deve
desaparecer também. Toda vez que há diminuição do nível consciente, deparamos
com exemplos de identidade
inconsciente”.
"Os exemplos q escolhi para ilustrar aquilo que chamo
de ‘experiência imediata’ (a experiência de ‘Deus’) certamente pouco
significarão para um olhar inexperiente... Mas, apesar disso, a experiência
individual... é sangue quente e rubro, que pulsa nas veias do homem que a teve.
Para quem busca a verdade, essa experiência é mais persuasiva do que a melhor
das religiões, do que a melhor das tradições... Se quisermos saber algo a
respeito do significado da experiência religiosa para aqueles que a tiveram,
esse algo é: ‘tudo’... ’
Para terminar estas citações, coloco a seguir uma de Teilhard de
Chardin, místico, cientista, filosofo, teólogo e padre católico, condenado,
pelo Vaticano, ao silêncio até o dia de sua morte por dizer coisas como estas:
“Para que os homens de toda a Terra aprendam a se amar uns
aos outros, não basta que saibam que pertencem a uma mesma coisa; devem
adquirir a consciência, não de que pertencem, mas de que todos somos
tão somente uma e a mesma coisa, um só ser. Assim, devemos abrir os
olhos para a natureza imortal e onipresente e para a Mente Una que
somos, para a realidade de que tudo e todos, homens e animais, somos apenas
Um”.
Mais uma, esta de físicos quânticos:
“Há quem afirme que as imagens que fazemos do mundo são uma só
porque existe um só mundo lá fora, mas a física moderna já provou que, na
realidade, não há nenhum mundo “lá fora”, exterior, objetivo, nada e muito
menos algo que seja igual para todos. O que há é uma realidade mais profunda
que a dos objetos “lá fora” que, em última instância, é a Mente Una,
Única, Mente Universal, e que, em sua expressão mais abrangente, é
aquilo a que chamamos Deus”.
Diaz: Mesmo em Paulo, veja AT16,16 e
tantas outras passagens onde deixa claro que fora da caridade não há salvação.
Cel: não me recordo de palavras de
Paulo nesse sentido... e em Atos, q vc lembrou, está apenas uma referência a,
talvez, uma moça ‘considerada’ obsediada.
Terminando, deixo, ao amigo, uma questão
para sobre ela refletir: o livre-arbítrio é uma realidade, ou é apenas um
estratagema que as religiões usam (com nobres intenções ou mesmo por crer seja verdade) para tentar
explicar o, para elas, inexplicável sofrimento do mundo?
Se não for realidade, não
existirão culpas nem culpados, nem lei de causa e efeito moral, nem mundos de
expiações, nem bondade nem maldade, nem méritos, nem deméritos, nem encarnações
multiplicadas para o resgate de erros cometidos, e, conseqüentemente, nem
encarnações do mesmo eu etc.
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