quarta-feira, 12 de maio de 2010

COMO ENTENDER O CHAMADO (12)

DAS TENTATIVAS DE COMPREENDER AS PALAVRAS DE JESUS

‘Permanecei em mim que eu permanecerei em vós...; o ramo não poderá dar frutos de si mesmo se não permanecer na videira; eu sou a videira, vós os ramos... O Pai podará todo ramo que der frutos, para que dê mais frutos ainda... ‘ (por nós mesmos, seres do espaço-tempo, nada fazemos; já àquele que chegou ao percebimento, sua conduta é sempre correta, seus frutos, idem, pois sua consciência, agora, é crística e, consequentemente, dará mais frutos ainda).


‘Sois meus amigos se fazeis as coisas que vos mando.’ (somos todos iguais, o que se tornará evidente se fizermos o que ele ensinou).

‘Ora, a vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti, um só verdadeiro Deus, e a mim, o Cristo, a quem enviaste... ’ (não apenas crer, mas conhecer, melhor ainda, ‘ser’ (esse o objetivo da meditação); aí está o segredo da vida eterna e abundante).

‘Pai, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci.’ (o percebimento, com que a maioria nem sequer sonha e, por isso, não o busca) (Pascal).

‘Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem’. (na verdade, numa análise profunda, veremos que nada sabemos; por isso, não há culpas). ‘É o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’ (Paulo).

Na parábola das dez virgens, Jesus ensinou o valor da atenção simbolizada pelas cinco virgens que, cuidadosas, atentas, se precaveram colocando azeite em suas lâmpadas, à espera do noivo (a iluminação que pode chegar a qualquer momento, em qualquer lugar e aparentemente sem razão), ao contrário das outras cinco que, desatentas, imaturas, não se muniram de azeite e, com isso, não tinham luz suficiente (percepção, consciência suficiente) e, assim, não perceberam a chegada do noivo (a iluminação). O mesmo significado tem a parábola do servo fiel, que permaneceu vigilante (atento) à espera do patrão, que chegaria a qualquer momento.

Existe um tipo de espera que requer atenção total. A ‘coisa’ pode acontecer a qualquer momento e se não estivermos completamente acordados (atentos, ‘vestidos com vestes nupciais’) e calmos, vamos perdê-la. Nesse estado de total atenção (meditação) não há lugar para pensamentos, lembranças, emoções, isto é, interferência do ego, mas apenas uma presença alerta. Seja como o servo da parábola esperando a volta do senhor. Ele desconhece a hora em que o patrão vai chegar; então fica acordado, vigilante, aprumado, atento e sereno, para não perder a chegada do patrão (a iluminação).

‘...esta é a justiça de Deus... não há distinção;... todos são ‘pecadores’ (cometem aquilo que denominamos pecado) e todos estão privados da glória de Deus, mas são justificados gratuitamente por sua graça: tal é a obra de redenção realizada em Cristo’ (isto é, no percebimento de Cristo, na iluminação; vamos então perceber que não pecamos, pois nem os pensamentos que temos são nossos e que todos somos iguais (não há distinção); todos já estamos, e gratuitamente, salvos) (Ro 3: 21).

‘...para que, como Jesus ressurgiu dos mortos’ (o nascer de novo, a ressurreição, o nascimento do novo homem) ‘pela glória do Pai’ (pela percepção de que ‘eu e o Pai somos um’), ‘assim também nós vivamos uma vida nova’ (a vida do novo homem; a vida só tem significado quando chegamos ao percebimento). ‘Se somos o mesmo ser com ele’ (iguais a ele) ‘por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição... portanto, vós também considerai-vos mortos para o pecado, porém vivos para Deus, em Cristo Jesus’ (Ro 6: 5, 11) (se chegastes lá, isto é, ao percebimento, ao Cristo, não ‘pecarás’ (não errarás) mais; serás um novo ser, um ser igual a Jesus; nasceste de novo).

‘... Os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura, que nos deve ser manifestada’ (com o percebimento). ‘Por isso, a criação aguarda ansiosamente’ (mesmo inconsciente; por isso o sofrimento do homem que, não sabendo o que procura, cai em tantos erros por se apegar, iludido, a satisfações substitutas) ‘a manifestação do filho de Deus’ (a manifestação do Cristo em nós; a percepção de que somos um com o Pai apaga todos os sofrimentos) (Ro 8: 18, 19).

‘... não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito’ (Ro 12: 2) (a transformação é fruto do percebimento, que produz total renovação do ser, o homem novo; aí, pode-se discernir a vontade de Deus, que, então, será a mesma vontade daquele que ‘chegou’, porque ‘eu e o Pai somos um’).

‘Sede perseverantes na oração.’ (Ro 12: 12) (Pedi, buscai, batei... ; a perseverança, na meditação, torna possível a ocorrência de hiatos cada vez mais longos entre os pensamentos, o que pode resultar na percepção do que está além do ego, além do espaço-tempo).

‘Abençoai, não os praguejeis, aqueles que vos perseguem...’ (Ro 12:14) (somos um só e, depois, Deus é que opera em nós o pensar, o fazer e o querer).

‘... Acaso não declarou Deus ser loucura a sabedoria deste mundo...?’ (I Cor 1:20) (grandes psicólogos e sábios afirmam: nossa sociedade é totalmente insana. A sanidade está apenas na percepção do sagrado).

‘Coisas que os ouvidos não ouviram, nem os olhos viram, nem o coração humano imaginou’ (‘coisas inefáveis’, como disse Paulo), ‘tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam’. (I Cor 2:9) (para aqueles que o seguem, que o buscam).

‘...que cada um viva na condição na qual o Senhor o chamou... não te preocupes disto. Pois o escravo, que foi chamado pelo Senhor, conquistou a liberdade no Senhor’ (I Cor 7:22) (cada um é o que é, não há como modificar isso; mas, qualquer que seja sua condição, aquele que teve o percebimento está absolutamente livre de toda autoridade, medo, ilusões, condicionamento, crenças, superstições e sofrimentos).

‘Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A um é dada a sabedoria para proveito comum; a outro, a ciência; a outro, a fé; a outro, a graça de curar doenças... Mas o mesmo Espírito distribui esses dons a cada um conforme lhe (a Deus) apraz’(I Cor 12:4) (mais uma vez, a escolha não é nossa; tudo que fazemos ou somos na vida é o ‘senhor’, aquilo que está além do espaço-tempo, que decide, que faz).

‘... embora muitos membros formem um só corpo, assim também em Cristo’ (na consciência crística todos formamos um só corpo, somos um só)...; ‘os membros do corpo que parecem os mais fracos, são os mais necessários’ (todos somos necessários)... ‘Ora, vós sois o corpo de Cristo, cada um é um membro’. (I Cor 12:12 a 27) (na visão da atual teoria científica dos sistemas, não há nenhuma coisa que seja mais importante do que qualquer outra; tudo que existe, existe por que tem, necessariamente de existir; assim eu, assim você; assim o mal, assim o bem; o agradável e o desagradável).

‘Aspirai aos bens superiores. ... se eu não tiver caridade (amor) nada sou... Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá... Hoje vemos como por um espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face’ (perfeitamente, sem erro; quando chegar o que é perfeito, isto é a luz, compreenderemos que nada é imperfeito); ‘hoje, conheço em parte’ (por isso, interpretamos imperfeitamente), ‘mas, então conhecerei totalmente’ (I Cor 13:1 a 12) (‘Conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará... ’; a iluminação traz-nos a verdade, é o conhecimento da verdade; a interpretação será, então, perfeita e veremos que aquilo que nos parece imperfeito é também perfeito; se não tenho amor é porque não cheguei ainda lá; de um cântico do bramanismo: ‘do perfeito tirando o perfeito o que resta é perfeito’).

‘Pois, se os mortos não ressuscitam, nem o Cristo ressuscitou’ (I Cor 15:16) (deduz-se, daqui, que Paulo diz que somos iguais a Jesus).

‘Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual’ (I Cor 15:35ss) (com o percebimento nasce o homem novo, ressuscitado, totalmente livre de erro).

‘Eis que vos revelo um mistério’ (para ele não é mais mistério): ‘nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados’ (num repente, acontece a iluminação e seremos todos transformados). ‘É necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista da imortalidade’ (pelo percebimento) (I Cor 15:51ss).

‘A morte foi tragada pela vitória’ (I Cor 15:55) (aquele que chegou lá venceu a morte; vê que ela não passa de ilusão).

‘... nós somos a vossa glória, exatamente como vós sereis a nossa, no dia do Senhor Jesus’ (II Cor 1: 14) (a gloria que tereis, no dia do percebimento, será igual à minha, à que já tenho: nesse dia tereis o extraordinário percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’).

‘...tal a convicção que temos em Deus, por Cristo’ (por termos tido a percepção). ‘Não que sejamos capazes de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus.’ (II Cor 3:4,5) (Deus é que opera em nós...; não temos a paternidade nem dos nossos pensamentos; portanto, a responsabilidade por nossos erros ou acertos não é nossa).

‘Já estais separados de Cristo, vós que procurais a justificação pela Lei; decaístes da graça... Estar circuncidado ou incircuncidado, de nada vale em Cristo Jesus, mas sim a fé que opera milagres’ (Gal 5:4,6). (a fé-convencimento; esta, como Jesus a teve, opera milagres; a justificação deve vir pela graça (de Deus), pela iluminação, não pela obediência a mandamentos, regras e leis, que não passam de exterioridades, coisas que as religiões convencionaram).

‘O mistério da salvação dos gentios:... (continua)

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