domingo, 9 de janeiro de 2011

EGO, QUE É, COMO ELIMINÁ-LO - PREDESTINAÇÃO - O MAL PODE SER EVITADO?

Bom domingo.


O que é o ego?

Veja: quando o espírito/criança vem à existência no espaço-tempo, no calor e aroma da mãe, usufruindo do alimento morno e saboroso, na tranqüilidade e segurança que a mãe lhe oferece, está num verdadeiro paraíso; nada a perturba; tudo está perfeito. Contudo, logo essa paz se desfaz; as primeiras cólicas, o outro que lhe tira o que tem na mão, e a criança descobre o não-eu, um mundo ameaçador a seu redor; aí nasce o ego, verdadeira defesa psicológica, que a acompanhará até ser destruído, ou pela morte biológica, ou pela iluminação; esse é o ego: uma capa protetora que, para nossa segurança, filtra tudo, interpreta, desconfia, repele, e cuja ação é intensificada pelos condicionamentos que a vida lhe acrescenta, entre eles as ilusões que nos são impostas, desde que nascemos, pelas tradições, costumes, crenças, religiões, cultura, suposições, sociedade. Todo nosso relacionamento com o mundo é feito através desse véu protetor, carregado de ilusões, mas que impede que saibamos o que e quem somos e o que o Todo é, pois nos oculta a realidade. Esse é o ego.

Como eliminar o ego?

O ego é destruído, ou pela iluminação, ou pela morte biológica, pois então não há mais necessidade de defesas. Logo, é eliminado, ou pelo meditar, ou pelo morrer.

A prática do mal poderia ser evitada?

Veja o que é a vida, o que somos nós: a vida é um eterno fluir de eventos sempre incertos e impermanentes; uma correnteza sem fim que tudo arrasta; somos apenas bolhas que na corrente se formam, duram mais ou menos tempo e são destruídas; somos, a cada instante, o resultado de todos os movimentos desse fluir, desde o “início” de tudo. Esse movimento contém tudo que nos constrói, instante a instante, e que nos chega através de nossos antepassados mais remotos, e que continuam em nós, com todas as transformações que a vida exigiu; somos o resultado de todas as reações internas, psicológicas e fisiológicas, vindas das ações externas percebidas em nosso relacionamento com o não-eu. Tudo fez e continua fazendo o que somos: somos, portanto, o resultado do passado. Logo, nenhuma autonomia temos. É essa “massa” que nos empurra para frente. Talvez, por isso, Paulo tenha afirmado: “É o Senhor que opera em nós o pensar, o querer e o fazer”; pois não somos “donos” nem de nossos pensamentos! Talvez, também, por isso, assegurou Paulo: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”.

Se já está tudo predestinado?

Talvez não seja bem assim; talvez, para nós, isso se configure como destino, porque nada podemos fazer; somos apenas testemunhas. Mas, predestinação implica finalidade, planejamento, objetivo a atingir e, conforme os sábios, nada disso existe; tudo apenas é o que é, dentro desse fluir; tudo vai acontecendo e somos arrastados pela corrente, às vezes turbulentas, às vezes tranqüilas, conforme encontre ou não obstáculos pela frente, e quer queiramos ou não. Talvez por isso tenha aconselhado Krishnamurti: “... uma boa dose de humor e uma grande dose de indiferença” e Jesus: “... não vos preocupeis... olhai os lírios do campo... as aves do céu... a cada dia basta seu mal; o amanhã cuidará de si mesmo”.

Um abraço.

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