domingo, 2 de janeiro de 2011

MEDITAÇÃO NÃO É REFLETIR; É ESQUECER.

Amigos


Cito uma amiga:

”... não se ascende espiritualmente através da meditação; a meditação apenas ajuda a pessoa a encontrar-se consigo mesma e com Deus... somente através da vida encarnatória... é que a pessoa consegue evoluir, e evolui porque sofre as vicissitudes da vida e...”.



Aí ela estabeleceu uma longa e séria conceituação do que seja a meditação. Lembrem-se que meditar, no sentido do sagrado, nada tem a ver com o sentido que o profano lhe dá; não é pensar ou refletir sobre um tema elevado, no amor ao próximo, nos exemplos que Jesus deixou, na paz mundial, imaginar ou visualizar isto ou aquilo; pedir graças, orar, suplicar, agradecer... nada disso” A meditação visa apenas aquietar o eu, silenciar o eu (Antigo Testamento: “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”). O que pode nos levar à percepção do Sagrado não são as religiões e crenças populares, nem as orações e súplicas, mas o afastamento do ego através da meditação. Depois que a própria ciência mais avançada do mundo, a física quântica, concluiu que as meditações das tradições orientais podem levar a estados elevados de consciência (estados que, até há pouco tempo, nem eram considerados pela ciência ocidental), estados nos quais nós podemos entrar numa condição de felicidade indescritível, chamada de ‘bem-aventurança’ pelos místicos e iluminados, muitos cientistas, psicólogos, religiosos e estudantes praticam técnicas de meditação. Mas, o objetivo dessa meditação, agora, não é mais apenas, como geralmente acreditamos no mundo ocidental, acabar com o estresse ou trazer saúde para o corpo. É muito mais do que isso: é conhecer a verdade que liberta, o que ou quem realmente somos; o que é o “eu”, conhecer aquilo a que damos o nome de Deus.

Por isso um sábio aconselhou: “Você tem de se libertar (de todos os problemas, ignorância, dúvidas e conflitos) e essa libertação não é alcançada nem pelo pensamento, nem pelo raciocínio. Ela é alcançada pela meditação – meditação que traz a compreensão da totalidade da vida, sem qualquer forma de fragmentação. Uma vez que você tenha chegado a essa compreensão, estará livre de toda ignorância e sofrimento”.

Assim, tb, o sentido de “O Tao da Física”, de Fritjoff Capra, cientista quântico pesquisador do hinduísmo. Esse livro, passo a passo, compara as revelações atuais da nova ciência com as revelações obtidas pelos místicos, desde há milhares de anos, nas suas penetrações, pela meditação, em níveis mais elevados de consciência.

A meditação proveitosa leva à percepção de Deus, que sempre esteve dentro de nós, como afirmaram Jesus, Paulo, Teresa de Ávila, João da Cruz, Jacob Boheme, Meister Eckart, todos os místicos ocidentais e orientais e, hoje, a ciência moderna.

Para as doutrinas cristãs essas palavras parecem blasfêmias. A crença católica, a evangélica, a espírita e outras, ensinam que somos incapazes de nos aproximar de Deus, porque estamos cheios de pecados e imperfeições. Enquanto isso, as revelações trazidas pela meditação ensinaram ao místico que desde sempre somos a própria divindade (‘eu e o Pai somos um’); que nosso trabalho, para nos libertarmos da ignorância e do sofrimento é, como afirmou Jesus, conhecer essa verdade. Por isso, hoje, a meditação é praticada, no Ocidente, por cientistas, psicólogos, psiquiatras, padres, monges, freiras, estudantes. Ela é a porta pela qual o ego sai e Deus entra. Hoje, e pela primeira vez na história do mundo, religião e ciência, tradicionais adversárias, se dão as mãos, pois a visão de mundo da ciência se confunde com a visão de mundo do misticismo milenar, o mesmo misticismo que a ciência ocidental considerava, até há pouco tempo, um amontoado de superstições, bobagens e até patologia.

Como vimos, o objetivo da meditação é: calar a mente, aquietar a mente, isto é, cessar com todas as operações mentais; trazer silêncio ao cérebro, fazer cessar o ‘eu’, com suas lembranças e condicionamentos e, se houver perseverança nessa condição, podemos vir a perceber aquilo que os místicos perceberam: que nós não somos essas criaturas impotentes e sofredoras, envolvidas pela escuridão da ignorância; que podemos dar o vôo da águia, subir às alturas e conhecer que somos a própria divindade que em nós habita.

Por isso: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus!’, isto é, aquiete o ego, cesse com suas ações de pensar, imaginar, recordar, se emocionar e você poderá, se for perseverante, ‘ouvir’ a voz de Deus, ‘sentir’ Deus, ‘tocar’ Deus. Como disse o iluminado: ‘Aquele que perseverar até o fim será salvo!’.

Quando falamos de místicos, estamos falando de místicos de todas as denominações porque qualquer e toda denominação cessam ao, pela meditação, se conhecer a verdade. Todas as ‘religiões’ do Ocidente e do Oriente, judaísmo, cristianismo, budismo, bramanismo, todos os numerosos ‘ismos’, isto é, quer sejam religiões populares ou tradições sérias buscadoras da ‘re-ligação’ com a divindade, perdem as características que as tornam diferentes umas das outras, e ‘se fundem numa única compreensão perfeita e universal’ (como disse Jung (ou Einstein?) quando se tem o conhecimento da verdade; isto é, quando se tem a extraordinária percepção de que ‘eu e o Pai somos um’. Em qualquer época da história e em qualquer lugar onde tenha ocorrido, a experiência é semelhante ou igual para todos os que a tiveram.

A experiência vinda da meditação foi exaltada por todos os que por ela passaram como a experiência mais sublime que o ser humano pode ter. Jung, o psiquiatra, usou palavras semelhantes, e Jesus a considerou a pérola, o tesouro que quem encontra ‘vende tudo o que tem’, isto é, desiste de tudo o mais, e ‘compra aquele campo’. Jesus chegou até a afirmar que, ‘quem não abandona pai e mãe para segui-lo’, isto é, para buscar essa experiência, ‘não é digno dela’; com essas palavras fazendo ver que esse tesouro é muito mais importante do que qualquer outra coisa, conquista, bem ou posse.

Outros, como Teresa de Ávila, afirmaram que ‘comparado com essa experiência tudo mais é lixo’; Krishnamurti, o sábio indiano contemporâneo, ensinou que ‘tudo o mais é fútil e infantil’; e um poema Zen assegura que, ‘se você já esteve lá’, isto é, se você já teve a experiência, ‘como lhe parecem sem importância todas as outras coisas’.

Maharish Maharesh Yogi, que trouxe para o Ocidente a Meditação Transcendental, afirma que, enquanto não temos essa experiência, somos, ainda, meramente subumanos, enquanto Krishnamurti diz que a vida só tem significado quando chegamos ‘lá’. Por isso, com razão, Jesus aconselhou: “Buscai o reino de Deus...”; disse que, conhecida a verdade, de nada mais necessitamos. Vamos perceber, então, que a morte não existe e que não há necessidade de salvação, pois que desde sempre estamos salvos porque ‘Eu e o Pai somos um’. Com disse Paulo: “Não somos salvos por nossas obras, mas pela graça de Deus”.

Portanto, a meditação é de extrema importância, pois é a única saída da escuridão em que estamos. É aquietar o eu, esquecer o eu’, penetrar numa condição além do eu. A meditação nos leva para além de nosso nível comum de consciência, além das limitações de nossa mente, e faz com que penetremos em níveis mais elevados de compreensão.

Então, minha amiga, a única solução para todos os problemas é a meditação. Sentar-se em posição confortável, na qual nada esteja perturbando ou oprimindo, e esquecer o ‘eu’, esquecer tudo, até mesmo que estamos meditando; até mesmo o desejo de esquecer, sempre sem qualquer esforço ou esperança, que apenas reforçam o ego. Esse esquecimento nos leva para ‘além do ego’, para fora do tempo e do espaço. Esse é o verdadeiro ‘salto quântico’, um salto para fora do sistema do espaço-tempo, para o atemporal, onde podemos vir a perceber Deus.

E isso será o fim de todo sofrimento e de toda ignorância e o começo da felicidade, da sabedoria e do amor.

Lembrem-se das palavras, hoje esquecidas, de padres do cristianismo dos primeiros tempos: ‘Meditação é a coisa mais importante que a humanidade tem a fazer’.

Um abraço.

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