domingo, 16 de janeiro de 2011

MEDITAÇÃO - UM TESTEMUNHO

          Um amigo diz:
          “Vejo que a tendência de vários amigos é a de engrandecer a meditação, chegam até a colocá-la como uma salvação!”


          Resp: não é “como” uma salvação; é a própria “salvação”, se bem que, como testemunham aqueles que já estiveram “lá”, não há qualquer necessidade de salvação para ninguém; “todos” os problemas com que nos envolvemos em nossa vida, no mundo, como a prática de qualquer forma de mal, por atos, pensamentos, ou o que for, são apenas fruto das ilusões do ego. Vamos ver um testemunho:


          “Richard Maurice Bucke, psiquiatra canadense, que passou pela experiência, tentando explicá-la diz: “Ela está além das palavras e símbolos (Paulo: “... e lá vi e ouvi coisas inefáveis”); a) a pessoa, de repente, sem aviso, tem a sensação de estar mergulhada numa chama ou nuvem cor de rosa ou avermelhada, ou de que sua mente está preenchida por essa nuvem; b) no mesmo instante, se vê banhada por uma emoção de alegria, confiança, triunfo, salvação; esta palavra não representa exatamente o que significa a coisa, mas é a convicção de que a salvação não é necessária, pois o esquema do universo já é nesse sentido (Paulo: “Não é por vossas obras que sereis salvos, mas pela graça de Deus”). É um êxtase muito além de tudo imaginado. Isso foi relatado em todo o tempo por aqueles que passaram por ele. Assim, Jesus (o Cristo), em seus sermões e parábolas, Gautama (o Buda), em seus discursos, preservados pelos Sutras; Paulo, nas Epistolas; Dante, no Purgatório e no Paraíso; Shakespeare, nos Sonetos; Balzac, em Serafita; Whitman, em Folhas da Relva; Eduard Carpenter, em Rumo à Democracia; Pascal, em seu Amuleto Místico, e muitos outros); c) simultaneamente, recebe uma iluminação intelectual impossível de ser descrita (sabedoria). Como um raio, apresenta-se à sua consciência uma clara compreensão que lhe dá o significado e direção do universo. A pessoa não passa simplesmente a crer, mas “vê e sabe” que o cosmos não é matéria morta, mas presença viva. Que os seres sencientes são partículas de morte relativa num oceano infinito de vida. Vê que a vida do homem é eterna; que a alma do homem é tão imortal quanto Deus. Que o universo é construído e ordenado de tal forma que, sem sombra de dúvida, todas as coisas funcionam juntas para o bem de todos; que o principio criador do mundo é o que chamamos amor e que a felicidade de todos é absolutamente certa. A pessoa conhecerá, em alguns instantes de duração dessa experiência, mais do que poderia conhecer em muitos anos com os melhores mestres. Aprenderá o que nenhum estudo jamais ensinou nem poderia ensinar. Obtém, sobretudo, uma concepção da totalidade, do Todo, da unicidade de todas as coisas, que excede a qualquer outra concepção, imaginação ou especulação. Tal concepção torna velhas, insignificantes e até ridículas todas as tentativas anteriores de apreender o significado do universo e seu sentido. Os mistérios maiores não lhe são revelados: ele os “contempla”. Vê a origem de todos eles, de todos os contrastes e princípios discordantes, de toda dureza e suavidade, severidade e brandura, doçura e amargor, amor e sofrimento, bem e mal, céu e inferno. Junto com essa elevação moral e iluminação intelectual surge uma consciência de imortalidade. É muito mais do que uma convicção, é muito mais simples e elementar; é uma certeza absoluta e total de que sempre foi assim. O medo da morte, que faz sofrer a todos, cai como um manto velho, não como resultado do raciocínio, mas simplesmente desaparece. O mesmo acontece com a noção de pecado; não que a pessoa, a partir da experiência, escape do pecado, mas ela deixa de ver no mundo qualquer pecado do qual deva escapar. Essa iluminação é como deslumbrante relâmpago numa noite escura que ilumina tudo que se acha oculto à mente; é a visão total. Mesmo a aparência da pessoa pode se tornar semelhante à de quem está sob intensa alegria (a transfiguração de Jesus, Moisés, Francisco de Assis, Walt Whitman). Há uma gigantesca ampliação da consciência e das faculdades intelectuais independentemente de qualquer processo de aprendizado. O individuo percebe que absolutamente não é um individuo ou um “eu” separado, uma consciência separada das demais e do mundo; que tudo é Um. Adquire, instantaneamente, uma capacidade infinitamente maior de conhecimento e de iniciativa para praticar qualquer ação (sabedoria). Sabe que o universo está construído para a felicidade de todos; que a existência continua para além do que chamamos morte.


          Resumindo: 1) luz subjetiva; 2) elevação moral; 3) iluminação intelectual; 4) consciência de imortalidade; 5) perda do medo da morte; 6) perda da noção de pecado; 7) desponta subitamente; o fascínio adquirido pela personalidade que faz com que os demais se sintam atraídos por ela; 9) a aparência de “transfiguração”, muitas vezes percebida pelos outros; 10) com tudo isso vem uma certeza esmagadora de que o universo, exatamente como sempre foi e como é neste momento, é tão completamente correto e perfeito que não necessita de qualquer explicação ou justificativas além da de que ele simplesmente é. A existência não apenas deixa de ser um problema; a mente fica tão maravilhada diante de tudo, das coisas e fatos, incluindo até aquilo que, comumente, seria considerado “o pior”, que não consegue encontrar palavras para expressar a perfeição e a beleza da experiência. Vem-lhe a impressão de que o mundo se tornou luminoso e transparente, enquanto sua simplicidade dá a impressão de que tudo é ordenado por uma inteligência suprema. É comum perceber que todo o mundo se tornou seu próprio corpo e que o indivíduo sente que aquilo que ele é, não apenas se tornou assim com a experiência, mas que sempre foi aquilo que tudo o mais é. Percebe que a existência individual é apenas um ponto de vista adotado por “alguma coisa” desmedidamente maior do que ele mesmo. O cerne da experiência parece ser a convicção ou compreensão de que o “agora” imediato, seja qual for sua natureza, é a meta e a realização de todo o viver. Êxtase emocional, sensação de profundo alivio, liberdade e leveza e, com freqüência, um amor quase insuportável pelo mundo, fluem dessa percepção. E a compreensão disso tudo nunca se apaga”.


          Cito o amigo:
          “As pessoas que vocês alegam terem se iluminado através da meditação, já não traziam dentro de si a iluminação e o fato de meditarem foi apenas um efeito e não a causa?”


          Resp: boa pergunta; contudo, todos os que passaram pela “experiência” asseguram que não há uma continuidade do “eu”; que o “eu” é apenas uma ilusão, um feixe de memórias que a vida “marcou” no cérebro de cada um.


          O amigo:
          “Eu acredito no efeito benéfico que a meditação produz nas pessoas, mas esse momento especial de buscar alguma coisa a mais dentro de si mesmo, é porque essa coisa já esta dentro de nós, esse conhecimento já esta assimilado e foi vivenciado por nós. São as idéias inatas que se encontram no âmago de cada ser. Essa idéia de encontrar as respostas apenas meditando e contraria a lei de reencarnação, pois ela afirma que precisamos vivenciar para adquirir o conhecimento”.


          Resp: é certo o que vc diz: “tudo” já está dentro de nós, toda a sabedoria e felicidade, a solução de todos os conflitos e problemas, nada nos vem de fora; por isso mesmo Jesus disse: “... pois o reino de Deus já está dentro de vós”, Paulo: “O Senhor habita vossos corações”, “Vós sois o templo do Altíssimo”, “O Senhor está à esquerda e à direita, à frente e atrás, em cima e em baixo, dentro e fora”, “Nele vivemos e respiramos...”.


          O amigo:
          “No meu entendimento a meditação apenas nos proporciona uma vaga lembrança ao nosso conhecimento espiritual já adquirido e que pode mudar a nossa visão da vida que levamos, ou seja, nos dá uma outra perspectiva e não que ela nos proporcionará uma absorção de novos conhecimentos e muito menos de podermos ver a Deus”.


          Resp: ninguém vê Deus; Deus não é uma coisa, um objeto, alguém que pode ser visto; Deus, “sente-se” pela grandiosidade que “desperta”. E é um estado de ser muito mais rico e perfeito do que podemos imaginar em nossos "mais ousados vôos de fantasia". Como disse o Buda, é o "fim de todo sofrimento" e, como disse Jesus é a "libertação".


          Abraço.














Um comentário:

  1. muito bom!! adorei..

    Estou começando a meditar, e percebi que fico mais em paz a cada meditação!

    entre no meu blog tambem: http://arespostaparatudo.blogspot.com/

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